Foi num questionário da escola que esta divagação lhe passou em mente: "Quem sou eu?". Não era como se não soubesse, afinal, o que é que você responde quando lhe perguntam quem você é? Diz o seu nome certamente! Mas a rapariga sentia que esse não era o objetivo da professora.

O dia estava frio mas na pequena sala o clima era abafado. A garota começou a observar melhor todos na sala. Alguns de seus colegas conversavam alegremente entre si enquando os outros apenas rabiscavam algo em seus cadernos. Ela era a unica que se sentava sozinha, não que não tivesse amigos, apenas gostava de estar sozinha as vezes, assim podia pensar melhor. Será que isso definia que ela era?

Voltou a olhar a pergunta que tanto a atormentava, enquanto pensava se devia estar a importar-se tanto com uma coisa tão simples. Saberia ela quem verdadeiramente era? O auto-conhecimento não é uma coisa facil quando se tem uma mente imprevisível, mas, não podia ser tão dificil, ou podia? Ela decidiu não pensar mais, pegou no lapis e despejou na pequena folha de papel todos os nós de palavras que se iam formulando enquanto aprofundava a questão.

Quando finalmente terminou, entregou serenamente o questionário à mulher, e saiu da sala sentido-se boba, e com um sorriso na cara. Ainda não sabia quem era, mas já tinha uma idéia.

"Primeira questão: Quem é você?

Poderia dizer-lhe que sou nada, mas não seria verdade, mas se lhe disser que sou uma coisa apenas, também seria incorreto. Não posso de maneira nenhuma dizer que sou tudo, então direi apenas que sou como um intreválo de coisas, que me situo entre o + e o - infinito de coisas, que não uma, nenhuma nem todas, mas sou algumas, que não estou definida. Mas não vou ser eu, ou qualquer outra pessoa, e nem mesmo o tempo que me vão definir, porque é impossível definir alguém com algo tão simples como palavras ou gestos. Nós somos definidos pelos nossos sentimentos, então, acho que posso dizer-lhe agora: Prazer, eu sou a Anna, e você?"