Desculpe, Anna escrita por TMfa


Capítulo 1
Capítulo 1




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Estava cada vez mais difícil para Elsa acordar primeiro que Anna - a rainha acordava sua amada irmã todos os dias desde que retornara ao seu reino - nas últimas semanas, alguns pesadelos assombraram as noites da rainha do gelo. Alguns deles remetiam aos pais, outros à Anna, contudo todos apresentavam o mesmo perigo: o descontrole dos poderes de Elsa.

– Anna? Vamos acordar? - chama Elsa delicadamente tocando em Anna

– Mais cinco minutos - geme Anna em pedido

– Ah não... vamos, levante-se. O dia está lindo para ficar dormindo!

– Tudo bem - cedeu Anna erguendo o tronco ainda de olhos fechados

– Depois de receber o conde de Eredon para terminar o contrato, nós duas vamos ver os fogos lançados do mar - contou Elsa abrindo a janela do quarto

– Então me acorda quando eles forem embora - pediu Anna deitando-se novamente

– Não, não, não, não. - negou Elsa erguendo a irmã - eles só vem no fim da tarde. Antes disso temos muita, mas muita coisa para fazer. Tenho uma surpresa para você-ê - acrescentou Elsa quase cantando

– Surpresa?! Que surpresa? - perguntou Anna despertando e pulando da cama

– Nenhuma - responde Elsa rindo - era só para você levantar logo.

– Assim não vale.

– Vale sim - contrariou Elsa bocejando

– Você anda com sono, devia descansar mais - aconselhou a irmã

– Não é necessário. Agora vamos, pedi sorvete para o café da manhã!

Então Elsa puxou Anna para fora do quarto e, com um pouco de magia, transformou a delicada camisola da irmã em um vestido floral adequado ao café. As duas passaram o dia inteiro na companhia uma da outra. Ainda havia muito locais do palácio que eram desconhecidos de Elsa, Anna aos poucos apresentava cada milímetro do seu lar para sua irmã, o que proporcionava às duas uma maravilhosa diversão. Não existe melhor sensação do que a felicidade; e ambas a sentiam todos os dias estando lado a lado.

A noite caiu e três homens foram recebidos no castelo de Arendelle a fim de proteger o conde de Eredon. Anna sentiu-se um pouco entediada nas duas horas em que Elsa esteve trancada com aqueles senhores na biblioteca, Kristoff não estava por perto e Olaf estava no castelo de gelo na montanha visitando seus "irmãozinhos". Quando Elsa finalmente saiu e aqueles senhores foram para os aposentos dos hóspedes a fim de descansar para a viagem do dia seguinte, Anna sorriu o máximo que seus delicados lábios permitiram, ela arrastou a rainha para fora com a intenção de ter sua companhia no momento em que os primeiros fogos iluminassem os céus em comemoração ao primeiro ano de reinado da rainha.

– Quando começa? Já devia ter começado, não é? Fiquei preocupada que você demorasse e perdesse os fogos. São homenagem a você, não pode perder! - disparou Anna empolgada arrancando um sorriso da irmã

–Eu já estou aqui, não estou? - perguntou bocejando

– Aquela reunião deve ter sido um tédio - disse Anna em resposta ao bocejo

– Um pouco. Mas não importa agora. Os fogos já estão para começar, olha a lanterna azul ali - aponta Elsa para um dos barcos no fiorde que exibia uma luz azul em direção ao reino

Em poucos segundos os primeiros fogos foram lançados, o espetáculo parecia ainda mais belo da varanda do palácio onde as duas se encontravam. A confusão de cores no céu maravilhavam a todos que a assistiam, azul, amarelo, vermelho, branco, não importava a cor em que se espalhavam as rajadas cintilantes.

– Veja isso - avisou Elsa esfregando as mãos

– O quê?

A resposta de Anna foi um forte risco no céu que surgiu das mãos de Elsa em direção aos fogos formando o nome da princesa de Arendelle no teto do mundo.

– É lindo, Elsa. Obrigada

A rainha sorriu e mordeu o lábio inferior para conter a euforia. Ambas continuaram maravilhando o espetáculo que durou mais alguns minutos e então se retiraram.

– Isso foi muito lindo! Tem que ter todos os anos, Elsa! E quando Arendelle fizer aniversário, e no seu aniversário e... - A empolgação de Anna é interrompida pelo bocejo de Elsa que apenas concorda com um sorriso aos pedidos de sua irmã - O que foi? Não gostou?

– Imagine. Eu adorei. Só estou um pouco cansada

– Faz dias que está assim, precisa de férias - sugeriu Anna

– Não precisa. Até agora está tudo muito bem em Arendelle, sem trabalho puxado - brincou Elsa

– Então por que você anda tão cansada? Alguma coisa está te preocupando, tirando seu sono? - questiona a princesa preocupada

– Não é nada, Anna. Sério, não precisa se preocupar. Acho melhor eu ir dormir agora. Boa noite - despediu-se abraçando Anna

– Boa noite

Elsa dirigiu-se ao seu quarto e sentou-se em sua cama, não queria preocupar Anna com coisas tolas, eram apenas pesadelos, correto?

– Só pesadelos - Elsa verbalizou seus pensamentos suspirando

Ela deitou-se tentando imaginar quem seria a vítima da rainha do gelo em seus sonhos essa noite. Torcia para que não fosse Anna, esses eram os mais desesperadores. De qualquer modo, precisava dormir, amanhã acordaria Anna com chocolates. Estava tão cansada que Morfeu logo a deitou em seus braços.

Não demorou muito para os pesadelos começarem: Era uma bela manhã, o frio da madrugada se esvaía com a chegada do sol. Seus pais embarcavam em um belo e seguro navio, podia os ver de longe, a bandeira de Arendelle hasteada permitia observar de longe a embarcação seguindo seu destino. De repente a visão começa a ficar turva, o vento não permite acompanhar o percurso do navio. O que é isso? Neve?! Não pode ser, por que estaria nevando agora? Não... o mar! Não, não, não! Não se torne gelo, mar, por favor! Elsa corre até o fim do porto e estende os braços pedindo ao gelo que termine seu caminho ali. Mas ele não obedece, pelo contrário, ao erguer os braços uma forte rajada atinge o mar acelerando o congelamento. Que desespero! Pare, pare! Ah não... o gelo está alcançando o navio. Não, não o navio.

Sim, o navio; o mar completa sua metamorfose e o gelo engole o navio, não apenas o engole, o parte, o destrói e o naufraga.

– NÃO! - grita Elsa despertando do pesadelo

Ela respira ofegante e olha ao redor, todo o quarto está coberto de neve. Por quê? Todas as noites será sempre assim? Elsa sente as lágrimas queimarem seus olhos pedindo permissão para descer, ela

tenta enxugá-las com as mãos e assusta-se com o que vê: Suas mãos ainda liberam poder, não consegue controlar. O desespero a envolve. O que está acontecendo? Ela ordena que pare e a ordem é rejeitada. Seu corpo começa a iluminar o quarto, sua pele libera gelo.

– É um pesadelo, um pesadelo. Só um pesadelo. - repete tentando convencer-se; não funciona - Anna... - sussurra

Se havia alguém capaz de a livrar de tudo isso seria Anna. Essa não, as paredes, elas estão rachando, há neve dentro delas. Precisa controlar, tem que controlar!

– Anna!

Não, não pode chamar Anna. Já está perigoso demais. Elsa fecha os olhos e chora de medo, sua respiração está ofegante demais, ela sente o poder a dominando, a controlando, a destruindo; e pior, está se espalhando, o castelo vai desmoronar se não controlar. Tem que parar isso de qualquer jeito! Está doendo, não controla, não consegue parar, sente gelo em seu peito e o vê em tudo. Finalmente ele vai matá-la, e depois? Anna... Essa maldição já foi longe demais, acaba aqui.

Em um último esforço, Elsa põe-se em pé e se encolhe ao máximo - sua pele continua liberando neve, não foi uma tarefa fácil.

– Desculpe, Anna - sussurou ela antes do seu sacrifício

Ela se ergue bruscamente deixando sair o pouco que contivera criando a sua volta um bloco de gelo, congelando a si mesma.

*****************

Anna estranha a ausência de Elsa no seu despertar, continuou em sua cama alguns minutos na espera de sua irmã. Ao perceber que Elsa não apareceria, Anna levantou-se e foi até o quarto da rainha.

– Dorminhoca, abre a porta - chamou Anna batendo na porta

Sem resposta. Deve ter dormido de mais. Espere, o que é isso sob a porta? Neve? Não! Anna empurra a porta preocupada e encontra um bloco de gelo à frente da cama da rainha, nele há uma imagem borrada devido a espessura do gelo. Não, não, não pode... Diga que é mentira. Não pode ser a irmã de Anna. Sim, é.

A princesa toca o gelo incrédula, as lágrimas surgem.

– Elsa, sai daí! Sai. SOCORRO! - Grita Anna batendo desesperadamente no gelo - Elsa, você precisa sair. Sai daí agora!

– O quê ac... - Kristoff havia chegado a alguns minutos para buscar Anna e ouviu seus gritos

– Tira ela dai, Kristoff, quebra esse gelo, tira a Elsa daí - suplica Anna desabando em choro.

– Anna, calma. Não chora - pede Kristoff afastando-a

– Não! Ela tá presa, ela não pode ficar aí. Ajudem ela. SOCORRO! - insiste ela lutando contra Kristoff, ele a abraça e consola seu choro em seus ombros - socorro - sussurra ela desistindo

*******************

Algumas horas se passaram, Anna estava mais calma e meia dúzia de homens persistiam em quebrar o gelo sem sucesso.

– Não adianta - desiste um deles - estamos a horas tentando quebrar e continua sem nem arranhar.

– Precisam continuar - insiste Anna chegando

– Vossa Alteza. - curvam-se os três - perdão, mas não há nada que possamos fazer, tentamos de tudo

– Não, não podem desistir.

– Anna, vamos descobrir um jeito - consola Kristoff aproximando-se

– Mas...

– Vamos dar um jeito - repete ele segurando suas mãos

Os dois trocam olhares preocupados e não percebem a saída dos homens. Agora, mais que nunca, Anna precisava de Kristoff.

– E-eu... posso ficar sozinha com ela?

– Tudo bem. Eu vou esperar lá fora - permite Kristoff

Anna encostou as mãos no gelo e ficou estática frente a sua irmã. Elsa parecia tão nobre, tão segura e certa do que estava feito, não parecia se importar de estar ali.

– O que aconteceu com você, Elsa? Por que não me contou? E-eu...

As lágrimas não permitem concluir a fala. Doi, doi demais. Era a segunda vez que a perdia e pelo mesmo motivo, não estava suportando. Anna ajoelhou-se diante do bloco de gelo, o frio começou a incomodar. Que incomode, não sairia dali de modo algum. Esperava congelar como a irmã, talvez assim doesse menos.

O tempo passou, Anna não saiu dali, adormeceu; acordou sem noção se tempo e assustada. Pensou que tudo não passara de um pesadelo quando deparou-se com a realidade.

– Anna? - chamou Olaf

– Olaf, o que está fazendo aqui? - perguntou ela enxugando as lágrimas

– Eu vim ver você e a Elsa, mas Kristoff não deixou. Então quando ele dormiu na porta eu entrei.

– Ah, Olaf. Como eu queria que fosse um pesadelo.

– Anna, vai ficar tudo bem. Elsa já congelou tudo uma vez e descongelou.

– Mas agora é diferente... É ela quem está congelada, Olaf.

Malditas lágrimas! Não podem deixá-la um minuto? Aos menos tinha Olaf para consolá-la.

Foi assim por alguns dias. Anna adormecia aos pés de Elsa e acordava em sua cama, carregada até lá por Kristoff ou um dos empregados do castelo. No terceiro dia Anna tentou esquecer que Elsa estava congelada. Não podia mais suportar ficar sem irmã, começou a conversar com a rainha animadamente, como se tentasse distraí-la. Falava do reino, contava histórias, perguntava sobre moda... Pobre Arendelle, sua rainha congelada e sua princesa louca.

– Anna, precisamos conversar - pediu Kristoff acompanhado de um homem

– O que foi?

– Majestade, eu sou o conselheiro real de Arendelle, deve ter visto a... rainha Elsa... em minha companhia

– Já sim, o que há?

– Bem ... - como contar? Força homem - Arendelle precisa de uma liderança, precisa de sua rainha. E como... bem...

– Onde quer chegar? - pergunta Anna séria

– Como sucessora do trono de Anrendelle...

– Arendelle tem uma rainha! Elsa é a rainha! - interrompeu-o Anna - Ela está bem, é questão de tempo até tirarmos ela daqui.

– Majestade...

– Não se atreva a repetir essa bobagem aqui! Eu não vou assumir o trono que é da Elsa. Saia daqui, agora! - expulsou-o Anna gritando.

Kristoff precisou impedir Anna de bater no conselheiro real. O homem fugiu atemorizado enquanto Kristoff abraçava Anna irritada.

No dia seguinte, Anna novamente amanheceu em sua cama e seguiu a rotina automática de ir até o quarto de Elsa, desta vez foi abordada por seu duque que pediu um favor.

– Majestade, Arendelle precisa de notícias da rainha e da princesa. O povo está preocupado. Precisa fazer um pronunciamento

– Não tenho que pronunciar nada. - nega Anna relutante - Sabem o que aconteceu.

– Mas não a viram desde então. Correm boatos que a rainha não só morreu como matou a senhorita

– Elsa não está morta! - repreendeu-o Anna

– E-eu sei, majestade. E é isso que peço que diga ao povo.

Anna suspirou e pensou alguns segundos.

– Só... só me deixe ver a Elsa novamente.

– Como queira, vossa alteza.

Então Anna seguiu para o quarto da rainha e educadamente bateu na porta como se esperasse a permissão para entrar.

– Com lincença. - disse ela entrando - Bom dia. Bem, não tão bom dia... ah, Elsa, você não sabe quanta falta você está fazendo - confessou Anna abraçando-se - agora mesmo pediram para que eu faça um pronunciamento. Você fazia isso, sabe que eu detesto isso, mas eu tenho que fazer. As pessoas pensam que você está morta, acredita? Mas eu sei que não está. Talvez... talvez seja só esse poder. - Anna suspirou em sua pausa - Eu trocaria tudo para ter você de volta. Mas alguma coisa aconteceu e o seu poder tirou você de mim. Por quê? - pergunta ela aproximando-se do gelo - Por que você tirou a Elsa de mim? O que foi que ela fez pra você? O que EU fiz para você? Por que você me odeia? Primeiro tirou ela de mim, e agora de novo? Você é mesmo uma maldição! Você é tudo de ruim na minha vida! Você tirou tudo de mim! Tudo! O que você quer de mim, de nós?! Pode dizer! Eu troco tudo, só me devolve a minha irmã! Solta a Elsa! - grita Anna em pranto socando o gelo sólido - Deixa a gente em paz! Deixa a gente em paz... - sussurra ela chorando sobre o gelo - Por favor. Por... favor.

O silêncio nega o pedido de Anna, suas lágrimas escorrem sobre o gelo sem ao menos gerar atrito. Ela se senta no chão com o rosto encostado no muro que a separa de sua irmã e ali fica derramando as lágrimas no chão. Estava doendo ainda, e não tinha como parar de doer; até mesmo o vazio que passou a sentir doia fundo.

O que foi isso? Anna sentiu uma gota cair em seu cabelo, outra, e outra. Ela se ergue atônita, o quê?! As lágrimas regavam o sorriso em seus lábios. Uma lágrima de Elsa estava derretendo o gelo em volta de seus olhos. Seria possível? Sim! Está derretendo!

Aos poucos o gelo molhou o chão e, assim que Elsa teve as mãos livres, tratou de derretê-lo por completo. Um abraço apertado secou as lágrimas de ambas. Que saudades estavam.

– Ah, Anna, como eu queria te abraçar. - começou Elsa desesperada segurando as mãos de Anna -Eu juro que tentei sair antes, não consegui. E-eu... eu fiquei presa, tinha neve saindo por toda minha pele e...

– Tive tanto medo de te perder - confessou Anna interrompendo Elsa com um abraço demorado

– Me perdoe, Anna. Eu não consegui controlar e fiquei com medo que te machucasse. Por isso fiz isso.

– Você fez isso com você mesma?!

– Foi para proteger você...

– Por favor, nunca mais faça isso. Nunca mais me abandone - pediu Anna permitindo-se chorar

– Nem que a morte me leve eu vou te abandonar, Anna.


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Notas finais do capítulo

Se você não chorou, por favor. Me mande um comentário, porque quero conhecer esse insensível kk e se chorou, deixe um comentário para chorarmos novamente kk