Death Note: Resurgence escrita por NanaKiryuu


Capítulo 5
Death Note - Redenção




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/60565/chapter/5

"Se suicidar é uma forma possível de morte. A princípio, qualquer ser humano pode pensar em cometer suicídio."

( Death Note - How to Use It - Rule 23)

 

 

 

 

Um farfalhar baixo e contínuo.

Essa era o único som que ouvia. Finalmente, ele abriu os olhos. Enxergou apenas um tom azul-marinho, mesclado mais ao acinzentado diante de si. Aquilo era o mar? Não, achou que era qualquer outra coisa, mas definitivamente não era o mar. Seus olhos giraram nas orbes, até que ele foi capaz ver além do 'céu'. Parecia estar num lugar vasto de uma terra de cor muito curiosa. Suas mãos sentiram essa terra. Ele elevou-as para pertos dos olhos, vendo-a manchada de um cor escura e de um material áspero. Assemelhava-se muito ao carvão, ou a uma terra que fora arrazada por um vulcão em erupção, à algum tempo atrás.

Sentou-se no chão. Curvou suas costas ao fazer isso. Seu corpo - completamente sem roupas - diferente de antes, estava mais pesado. Era como se a gravidade voltasse à puxá-lo para o centro da Terra. Sentiu-se vivo. Até mesmo podia sentir sua respiração outra vez, saudável e ritmica. Seu coração fazia o trabalho de bombear sangue para aquele corpo. Aparentemente tudo estava normal, exceto aquele lugar no qual mal sabia onde era.

 - Tá sentindo o ventinho nos cabelos, uh? - grunhiu a voz, anteriormente ouvida. O rapaz virou seu rosto para o lado, vendo Ryuuku. Ao ouvir sua frase, ele notou: aquele lugar soprava um vento constante e incessável. De certa forma, chegava a ser incômodo, pois um zunir irritante era produzido em seus ouvidos.

 - O q-que é aqui, Ryuuku? - pela primeira vez depois de um tempo calado, ele conseguiu sentir o timbre de sua voz vibrando as cordas vocais em desuso. Até sentiu suas palavras enroscarem na traquéia.

  - He. Aqui? Você quer saber onde está? - Ryuuku abriu os braços, como se mostrasse o lugar em volta - Seja bem-vindo, Raito Yagami, ao Mundo dos Shinigamis!

Raito imediatamente deslocou seu olhar em volta. Então aquele provavelmente seria o inferno...

 - Não. Esse não é o inferno. Aqui é um pouquinho pior, só. Ha!

O homem fitou o Shinigami desconfiado, como se ele tivesse descifrado o olhar de Raito.

Ele desviou a atenção de Ryuuku para o material que produzia o farfalhar. Ele estava estacado bem na terra, ao seu lado. Era um pedaço de madeira comprido e roliço, fino, que possuía uma lâmina tortuosa e cega. Amarrada perto da lâmina, havia um pedaço de pano encharcado de vermelho, este vermelho que pingava periódicamente na terra.

 - Vê isso aqui? - disse Ryuuku, apontando com seu dedo torto para a foice - Isto é uma Kaihatsu*. Ela me parece bem 'sujinha', se posso dizer. Sabe à quem era pertence?

Raito fez menção de levantar-se, mas logo interrompeu sua tragetória. Esperava uma resposta.

 - Ela é sua, Raito. Completamente sua. Quanto mais suja ela estiver, melhor para você agora. Se bem que acho que você não tem o menor problema, ela ainda derrama sangue! Hehehe!

 - Para quê serve isso?

 - Oras! Ainda me pergunta? Tente adivinhar, é chato pra caramba ter que explicar tudo assim, sabia? Já dei o nome, já dei as dicas.

Ele franziu o cenho, vendo que Ryuuku começou a levitar à um metro do chão, cruzando os braços e pernas, como se sentasse numa cadeira invisível. Raito fitou de novo a tal Kaihatsu. Enfim, decidiu se levantar. Logo deu alguns passos para mais próximo da lâmina. Seu dedo foi corajoso para perto da parte onde deveria-se cortar, porém a lâmina estava tão cega que nem ao menos conseguiu fazer cócegas na ponta de seu dedo.

 - Isso que dá usá-la demais. - sussurrou Ryuuku, virando os olhos como se não quisesse dar palpites.

Raito não o olhou. Passou a mão pelo pano, sentindo o sangue frígido manchar suas mãos. Mesmo em suas mãos, ele não parava de pingar. O chão aos seus pés sugava todo o sangue que o atingia, quase imediatamente.

 - Então, quer dizer que quanto mais pecados eu cometo, mais manchado o pano estará.

Ryuuku abriu um sorriso, mostrando todos os seus dentes desformes.

 - Está quase correto, mas chegou muito perto!

O Shinigami saltou do ar e tocou suavemente o chão. Andou desleixado para perto da Kaihatsu, pertencente a Raito.

 - Bom, o motivo de o Rei Shinigami lhe convocar de volta à vida é por isso aí. Todos aqueles que possuem pecados mórbidos em sua vida terrena, acabam 'contruindo' uma foice destas. No seu caso, o pano está encharcado apenas da sua vontade de... como dizem na Terra... carnificina?

 - Como assim, carnificina? Eu queria apenas justiça!

 Raito sentiu-se ofendido por aquelas palavras do Shinigami. Todos sempre confundiam suas intenções. Seu orgulho impedia de considerar-se um assassino voluntário de seus atos, que matava apenas por desejo.

 - Por isso fez uso da carnificina. Não pode negar isso, Raito. Você matou muita gente. Ceifou almas, destruiu vidas, acabou com famílias humanas, desfez laços, massacrou corpos, botou medo em toda a humanidade por tantos anos! Isso aí - Ryuuku apontou novamente para a foice - é o resultado de sua jornada. Esse foi o interesse do Rei Shinigami: sua vontade de matar.

 - EU NÃO MATEI POR VONTADE!  - berrou Raito, sentindo um aperto muito forte no peito.

Neste momento, ele caiu para trás, como se sentisse seu coração sendo arrancado. Cravou as unhas na terra imunda, até que a dor sumisse. Ele arfou, olhando assustado para Ryuuku.

 - Mentiras não são engolidas tão facilmente aqui quanto no mundo humano, Raito. É melhor controlar seus ímpetos. Ele tudo vê, Ele tudo pode.

Ryuuku fez suas asas surgirem. O sorriso voltou à face, ainda mais distorcido. Com apenas alguns bater de asas, ele sumiu da vista de Raito.

Este, por sua vez, voltou a se levantar. Postou-se à frente da Kaihatsu mais uma vez. Via seu reflexo fosco na lâmina. Porém... aquele não era um reflexo comum. Chegou mais perto. Ele então viu: seu rosto estava sujo de sangue, assim como seus cabelos demasiadamente desarrumados. Achou um verdadeiro psicopata naquele reflexo. Seus olhos tinham perdido o tom acastanhado, para ganhar um escarlate escuro e tenebroso. Raito viu o reflexo fazer gestos contrários às suas expressões, tanto que a imagem ali parecia rir da cara do próprio dono, em silêncio. Será que ele era mesmo um assassino por vontade...?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Kaihatsu : Da fanfic. Um nome meio que manipulado, criado por mim. Quer dizer, mais ou menos, 'revelador'.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Death Note: Resurgence" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.