– Kitty. - Sugar falou o nome com desgosto - Odeio essa garota.

– Foi aquela idiota que te prendeu no banheiro? – Santana perguntou enquanto observava Kitty maltratar alguns garotos.

– Sim. – Sugar falou com a voz baixa, pois a loira havia acabado de passar por elas – Semana passada ela me prendeu na lavadora da minha própria casa.

– O que essa imbecil estava fazendo lá? - Santana praticamente gritou.

– Ah, ela é a namorada da Marley. – Sugar apontou com a cabeça na direção da mesa onde Marley estava sentada, e Kitty se aproximava.

– Marley tem namorada? – perguntou a latina espantada.

Marley já havia contado para a família de seu interesse pelas garotas, e todas lideram muito bem com isso. Mas o que espantava a latina era o fato de saber que sua garotinha já estava namorando, e pior, namorando a maior valentona da escola. Santana teve a visão de seus pesadelos, quando viu Marley beijando Kitty. Não era um beijo normal, pareciam que as duas iriam engolir a boca uma da outra a qualquer instante.

– Sabe, estou muito decepcionada com a sua irmã. – Santana confessou, ainda observando a filha mais velha.

– Tá fazendo contato visual, não faça. Ela é meio temperamental. – Sugar advertiu a latina, mas esta permaneceu em sua posição.

– Acho que eu vou encarar sim. – a latina cruzou o olhar com o de Kitty que já se dirigia a sua mesa.

– Ô tampinha. – Ela falou se pondo ao lado de Sugar - Se quisesse te ver aqui, não teria te prendido na privada. – Sugar não olhou, continuou cabisbaixa como se aquilo não tivesse a atingido.

Santana sentiu seu sangue ferver. Quem ela pensava que era para falar com sua filha daquela maneira? Sua vontade era de voar no pescoço daquela branquela. Mas tinha de se controlar, pois ela era uma adulta e não podia sair por aí batendo em adolescentes.

– Hey, babaca. – se levantou chamando a atenção de Kitty – Eu não vou deixar você falar assim com ela. – Kitty e Sugar a olharam surpresas. Nenhuma pessoa naquela escola havia sido corajosa o suficiente para encarar a loira daquela maneira.

– É mesmo? – ela riu debochada – E o que você vai fazer? – Kitty falou em tom desafiador.

Todos no local, já haviam parado de fazer suas refeições e agora davam atenção a discussão. Um silêncio se formou e as únicas pessoas que falavam eram a latina e Kitty.

– O que eu vou fazer? – Santana se afastou da mesa – Primeiro eu vou chamar o seu papai. – todos riram da brincadeira da latina.

– Isso é sério? – Kitty perguntava incrédula.

– Sabe Kitty, eu tenho pena de você.

– Você nem me conhece.

– Ah, eu conheço sim. – Santana se aproximou da loira – Muito bem.

– Você é A garota. Capitã do time de vôlei, namora as garotas bonitas, a escola é seu reinado. – falava enquanto dava voltas ao redor de Kitty. - Mas pessoal. – chamou a atenção de todos – A Kitty aqui é uma valentona – apontou pra loira – Por quê? Seria fácil dizer que ela tira proveito dos mais fracos, simplesmente porque é uma imbecil. – Kitty já estava começando a se irritar com a latina.

– Não, não. – Ela parou de frente pra loira – Kitty, é muito mais complexa que isso.

Kitty fechou os punhos com força se controlando para não avançar na direção da morena.

– Há três razões para isso. 1ª – Kitty deve ter apanhado demais quando era criança, por isso ela desconta sua raiva nos outros.

Kitty ficou desnorteada. Como aquela garota falava de sua vida sem ao menos saber de nada dela.

2ª – O cérebro da Kitty é mal desenvolvido, como o de um homem das cavernas. Por isso ela não tem controle nenhum.

Aquilo já estava passando dos limites. Mas a loira resolveu pagar pra ver.

– E a 3ª. Bem.. - Santana riu - Deve ser provavelmente causa do tamanhinho dela. - ela podia ouvir as risadas - Nunca será una diva, pequeña.

Um sonoro - Oooh – ecoava pelo refeitório. Estavam todos boquiabertos, impressionados com a atitude da latina. Kitty sentia seu rosto queimar de raiva. E a latina se aproximou novamente.

– Se eu te ver perto da Sugar novamente, pode se preparar porque eu vou descer a Lima Heights em você. – Santana sussurrou no ouvido da loira – Não vai se machucar por aí, tampinha.

Xx

No treino de vôlei. Santana se destacava como sempre, suas habilidades com o esporte estavam de volta e mais fortes do que nunca.

– Sabe quando for mais velha. - falava com uma das garotas que também fazia o teste - Vai ter um troço bem aqui. - Apontou pra própria barriga - E nada vai fazer você se livrar. E gordura localizada é tudo mentira. - A menina apenas assentiu enquanto se preparava pra jogar – Sabe.. - falou com outra garota, essa era mais cheinha - Deixa pra lá - deu um tapinha no ombro da menina e continuo a correr na quadra - A bola. - ela pediu - E ponto! - comemorou.

A treinadora a observava e achou muito impressionante a habilidade da morena, poderia ser de grande uso em seu time.

– Hey, garota. - Sue a chamou e Santana correu em sua direção - Treinadora Sylvester. - ela estendeu a mão para morena.

– Uau, ainda esta aqui? - Santana a cumprimentou

– O que?

– Nada. É que você e uma lenda - desconversou.

– Sim, são muitos de trabalho duro. Na verdade esse é meu ultimo - Santana assentiu - Tem uma ótima mão garota.

– Tenho?

– Sim, estou à procura de um talento. Você bem que viria a calhar. Por que não aparece aqui pra um jogo?

– Serio? - Santana esboçou um sorriso - A treinadora assentiu - Obrigada. - Ficou alguns segundos encarando a garota em silêncio

– Ok, eu já terminei, fora daqui - ordenou a mais velha. Santana saiu voltando ao treino.

Avistou Kitty com as amigas, sentadas na arquibancada tirando sarro das garotas que treinavam, não tinham muito jeito, mas aquilo não dava o direito de rirem.

Santana pediu a bola e uma ideia se plantou em sua cabeça enquanto um sorriso maléfico se formava em seu rosto. Arremessou a bola na direção da loira, e a acertou em cheio na cabeça. Esta se levantou furiosa e suas amigas ficaram boquiabertas.

– Oops! - Santana falou rindo

A loira caminhou na direção da latina.

– Por acaso tá tentando se matar? - perguntava em tom ameaçador.

– Me desculpe. O que? - Santana se fazia de desentendida.

– Já é a segunda vez que me enfrenta hoje. - se aproximou mais seu rosto quase colado com o da latina. Sue apitou dando fim ao treino.

– Para o chuveiro! - gritou a treinadora.

– Se eu fosse você eu tomava cuidado. - Kitty ameaçou e depois saiu acompanhada das amigas que a seguiam como cães obedientes, chegava a ser ridículo aquilo.

Santana bufou enquanto assistia a loira se afastar.

– Você que tem que tomar cuidado. Santana Lopez, esta de volta.

Xx

A latina, mal entrou em casa e já começou a vasculhar os armários. Estava faminta o que era estranho, na verdade tudo em seu corpo estava estranho ultimamente.

– Não, não. Isso não é higiênico. – Rachel ralhou após entrar na sala e ver Santana derramando o chantili direto de uma lata, dentro da boca – Essa agora, é a sua lata, iremos por um rotulo nela. O que esta comendo?

– Não sei, só sei que estou com fome. – a latina deu uma mordida em algo que Rachel não decifrou o que era.

– Entrou para time?

– Sim – afirmou. Se levantou e foi até a geladeira pegando uma cerveja – A treinadora praticamente me pôs nele.

– Aonde pensa que vai?– Rachel tomou a bebida de sua mão – A não ser que seu guia te arrume uma identidade falsa, isso aqui é meu. – Abriu a lata e levou o liquido até a boca.

– Chata! – Santana resmungou se sentando à mesa novamente.

– Quer dormir na rua?

Começou a montar um sanduíche colocando várias coisas dentro, o que Rachel estranhava enquanto observava a cena.

– O que aprendeu na escola hoje?

– Que sou uma péssima mãe. – Santana falou enquanto mastigava.

– O que aconteceu? Pensei que estava tudo indo bem.

– Pra mim, esta tudo indo bem, pra mim. – a latina suspirou – Mas daí eu descobri que Sugar passou os últimos dois anos, sendo motivo de chacota das lideres de torcida.

Rachel ficou espantada. A morena sabia muito bem o que era sofrer bullying, pois passou pelo mesmo, praticamente sua vida escolar inteira. Agradecia por Santana ter aparecido. Ela a defendera diversas vezes, mas nem sempre estava por perto. Resultando em Rachel sofrer a maldade dos que se diziam “superiores”.

– E depois disso. – A latina continuava – Eu assistir a Marley tomar um banho de língua da imbecil que fez isso com a irmã. – Santana terminou ao mesmo tempo em que havia terminado o seu sanduíche gigante. O levou até a boca e deu uma mordida.

– Nojento! – Rachel fez uma careta. - Espera. Marley tá namorando? – estava chocada.

– Sim, dá pra acreditar nisso? Meu bebê, que eu criei com tanto carinho.

– Uau, você quer chorar? Eu totalmente te apoio se quiser. – a morena brincou, mas seu tom era sério.

– Calada! – resmungou – Acho que entendi isso tudo errado. O meu objetivo.

– Aha! Eu te disse voltar pra escola é um erro. – Rachel pontuou.

– Não voltar está certo, mas não é sobre vôlei. É sobre ajudar Marley e Sugar. Humm. – ela largou o sanduíche em cima do prato antes mesmo de terminar e se levantou.

– Aonde vai?

– Pra casa. Minhas filhas precisam da mami – Santana caminhou até a porta e saiu.

– Adolescentes! – a morena comentou balançando a cabeça.

Xx

Santana dirigiu até casa das filhas. Entrou pela garagem onde Sugar treinava vôlei. Ficou impressionada ao ver todo o potencial que a filha tinha.

– Wow, o que foi isso? – Santana perguntou anunciando sua presença.

– Ah, hey Sam. O que tá pegando?

– O que tá pegando é que você é boa!

– Que isso. – Sugar corou – Não é nada.

– Não é nada? – Santana repetiu fazendo uma careta. – Você manda muito bem.

– São só algumas técnicas que eu aprendi com a minha mãe – Sugar falou fitando o chão – Quando ela morava aqui... Mas ela não está mais. – seu olhar era triste. Santana sentiu seu coração apertar naquele momento.

– Tenho certeza que ela tem seus motivos. – A morena falou sem encarar a menina.

– É, tem sim.

– Vamos ver com se sai com um pouco de pressão. – Santana retirou a jaqueta e seguiu para mais perto da ruiva, começando a jogar com ela.

Depois de alguns lances e pontos marcados, a latina estava impressionada.

– Você devia estar no time. Devia estar no time – sorriu apontando para a filha – Eu vou te colocar no time.

– Cara, tá falando do que? – Sugar foi buscar a bola.

– Nada.

Brittany chegou junto com Tina, que estacionou o carro próximo aonde as garotas jogavam. Brittany desceu cambaleando um pouco, visivelmente bêbada, e logo após sua amiga que a situação não era tão diferente. Santana automaticamente cruzou os braços ao ver aquela cena. Definitivamente ela não gostava da coreana.

– Foi tão divertido eu não vou a um Happy Hour há.. – a coreana dizia enquanto caminhava ao lado de Brittany – Muito tempo.

– Valeu Tina, eu estava precisando disso. – Brittany comentou. Passaram pelas meninas, mas nem se deram conta de que estavam ali. – Santana, quem é Santana, nunca ouvir falar dela.

Santana entortou os lábios. Assistia a cena toda incrédula. Como a esposa podia falar dela daquela maneira? E mais, com a mesma bem ali. – Espera, ela não sabe. Bem lembrado – a latina pensou ainda encarando as duas.

Sugar percebeu os olhos fixos da garota sobre sua mãe, achando aquilo esquisito. Jogou a bola na cabeça da morena para fazer esta despertar.

– Au! – Santana falou ao sentir o impacto. E se virou para encarar Sugar, esta deu de ombros.

As duas mulheres pararam de andar e se viraram para as garotas após ouvir o lamento de Santana. A latina sorriu discretamente, ao sentir os orbes azuis sobre si. Aquilo seria interessante.

– Mãe essa é Samantha, filha da tia Rachel. – Sugar apresentou.

– Uau. – Brittany falou surpresa.

– Eu sei, alguém teve um filho com a tia Rachel. – Sugar fez uma careta – Eca.

– Algum problema Sra. Lopez? – Santana perguntou ao perceber que a loira lhe analisava de forma curiosa.

– É Pierce agora. – Tina fez questão de lembra-la. Claro, a mulher a desprezava de forma reciproca.

Brittany piscava algumas vezes tentando assimilar o que via. A morena parecia estranhamente familiar aos seus olhos, tinha certeza que já a viu antes. Talvez fosse a bebida, mas algo na garota a chamava muito atenção. Ela se aproximou da mesma sem aviso, olhou por mais alguns segundos até finalmente quebrar o silêncio. Como assim? Ela era idêntica a uma certa latina.

– Nossa. Nossa! – repetiu pegando nas bochechas da latina com as duas mãos – Você é a cara da minha ex mulher – comentava enquanto analisava Santana. – Nossa que estranho.

– É tão estranho. – Santana falou enquanto a loira apertava suas bochechas.

– Uau, igualzinha.

– Brittany vem. – Tina puxou a loira pelo braço a afastando da latina.

Sugar fez sinal para a latina e elas começaram a jogar novamente, mas a atenção de Santana estava na conversa das mulheres.

– Olha aqui, tem que esquecê-la. Ela não te faz bem, viu como está agindo? – Tina falava, mas Brittany prestava atenção na garota.

Era incrível o modo como a latina se parecia com Santana, até mesmo jogado ela lembrava.

– Ok, eu vou cheirá-la.

– Não. Brittany! – Tina a segurou antes que se movesse - Não pode sair por ai cheirando adolescentes.

– Tá legal, mas tem que admitir. Ela é exatamente como a Santana quando era mais jovem.

– Sabe o nome disso? - Tina perguntou e Brittany moveu a cabeça negativamente - Carência. Precisa de alguém urgentemente.

Santana parou por um segundo pensando se estava escutando bem. O que? Aquela coreana, extremante irritante estava sugerindo que Brittany saísse com alguém? Não, ela não admitiria isso. Sentiu a bola bater em seu ombro, e voltou pra o jogo.

– Sim eu mereço. – concordou a loira – Alguém que me dê flores, e que me elogie e que sorria pra mim.

– Mesmo que seja só pra te levar pra cama. – Tina acrescentou. Santana balançou a cabeça negativamente.

– É isso, eu vou começar a fazer isso. – Brittany falava confiante.

– Isso mesmo querida. Tem que sair dessa deprê em que a Santana te deixou. Tem que seguir em frente.

– Sim, eu irei fazer isso. - repetiu sem saber o porque concordava com aquela loucura.

Santana soltou a bola e respirou fundo. Aquilo já era demais, achou que havia ouvido o bastante então resolveu interferir antes que se descontrolasse e avançasse na maldita Chang bem ali.

– Me desculpa. – a latina se aproximou – Desculpa, acho que eu me distraí um pouco. – Falou enquanto Brittany tocava seu rosto com as pontas dos dedos – O que será que a Sugar vai pensar ao ouvir vocês duas conversado sobre o fato da mãe dela, que ainda é casada, sair por aí com a primeira pessoa que ela encontrar na frente. - tentava tirar as mãos da loira de seu rosto - Se estivéssemos no Afeganistão ela seria amarrada e suas mãos seriam cortadas. – Santana continuou e Tina estava querendo saber qual era seu ponto – Mas eu só to falando o que eu penso. – Levantou as mãos no ar – Só to falando, Tônia. – Santana errou seu nome, não podia perder essa.

– É TINA! – a coreana corrigiu irritada.

– Tanto faz.

Santana voltou ao jogo com a filha. Brittany com muita relutância seguiu Tina para dentro de casa. Ainda estava impressionada com a semelhança que a morena tinha com sua esposa, mas resolveu deixar pra lá. Não era o momento certo pra ficar pensando na latina.