Ordinary Human escrita por Stef


Capítulo 7
Do lado de fora


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei demais com esse capitulo! Até mesmo eu estava ansiosa e brava, mas ai esta e espero que gostem ^^



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O sol queimava a pele, não mais da forma carinhosa, mas como chicotadas sem cessar. Meus pés ardiam enquanto eu pisava naquela terra seca, quase desértica, que havia envolta da base. Olhando ao redor não havia nada, apenas eu, a base e um céu sem nuvens acima de nós. Eu já havia andando alguns metros quando senti sede e fome. Estava fraca e com certeza com machucados que precisavam de cuidados. Não havia andando muito, mas eu sabia que precisaria de forças para me afastar ao máximo possível do lugar. Mesmo que eu ofegasse e visão turva me enganasse, eu precisava continuar andando.

Quando a base já parecia a miniatura de uma casa as minhas costas o primeiro disparo acertou o chão a poucos centímetros do meu pé direito. E ali quase soterrado na areia eu vi que as balas eram reais e não mais armas de choque.

–Fique parada! –ordenou uma voz feminina já conhecida. – Ou não terei problemas em te matar.

Virei-me para encarara-la. Nora, a mulher responsável pelo meu interrogatório, segurava uma pistola com as duas mãos e estava tão machucada quanto eu. Ela esboçava um sorriso cínico e vitorioso. Levantei os braços em um sinal de rendição.

–Peguei a 762, mandem um helicóptero para nos buscar estamos na fronteira com a reserva. –ordenou ela em um radio que ela carregava preso em seu colete à prova de balas.

–Mais algum sobrevivente? –a voz veio do aparelho com muita interferência.

–Essa vadia foi a única que sobrou - debochou Nora rindo enquanto desligava o rádio e voltava as duas mãos para a pistola. – Ella... –ela pareceu pensar enquanto pronunciava meu nome. – Nome interessante para uma garota comum, eu não dava nada por você, serio! – e riu mais uma vez- O problema é essa minha mania de subestimar os PROJETOS, veja só, você foi a única que nos sobrou e é a nossa esperança, então é por isso que uma bala ainda não atravessou seu crânio, entende?

–O que aconteceu com os outros PROJETOS? –perguntei recuando alguns passos.

–Morreram ou matamos, não faz mais diferença. –ela deu de ombro. - Eu não esperava que os radicais explodissem a CIAB, a merda toda foi aos ares e olha só como nos duas estamos agora.

–Radicais? –indaguei confusa, a palavra era familiar, mas não se ligava a nada especifico.

Nora deu um tapinha em sua testa e sorriu.

–Como pude esquecer você nem mesmo lembra quantos anos tem quanto mais dos radicais. –ela pareceu sentir uma pena sarcástica- Depois que roubamos suas memórias, você ficam meio retardados e só se lembram de que comem para viver. Mas sabe Ella, vocês são bem importantes por aqui, é a cura desse mundo doentio.

Antes que eu pudesse me aprofundar nas coisas que Nora dizia o barulho do helicóptero fez areia voar em todas as direções. Percebi que nessa conversa havíamos andando alguns passos, o suficiente para que eu visse que atrás de mim havia um morro de areia que terminava em uma floresta estranha.

–Vamos. –ela apontou com a pistola para mim e depois para o helicóptero. – É mesmo um azar da sua parte ter sobrevivido a isso.

Balancei a cabeça negando e sorri ao deixar meu corpo cair como uma pedra e rolar o morro na mesma intensidade. Ouvi os barulhos de tiro, mas eu rolava e capotava sem direção ou controle. Só parei quando as minhas costas bateram contra as raízes de uma arvore. Ouvi o barulho do helicóptero e me escondi por dentro do gigantesco tronco enquanto esperava a mata silenciar. A dor latejante no meu braço revelava a bala de raspão que o atingiu. Minha cabeça também sangrava e as pernas pareciam mais pesadas do que o habitual.

Só quando o barulho da brisa parecia ser o único som no local eu saio do buraco com extrema dificuldade e olheo ao meu redor. A mata não era tão densa como aparentava, mas as árvores pareciam alcançar alturas surpreendentes e tamanhos grotescos. Suas copas eram tão ao topo que se era quase impossível ve-las, as raízes e troncos grossos e sem rumo se espalhavam como um tapete para todos os lados. Não havia barulhos a não ser o farfalhar das arvores criando um ambiente hostil e monstruoso.

Andei sem uma direção certa, apenas a procura de um pouco de água. Contudo, nada encontrei e logo supus que aquele lugar não era uma floresta qualquer. Quando voltei minha atenção por ande andava eu já não me encontrava na floresta, mas na fronteira do que parecia uma cidade em ruínas.

Os prédios cobertos de fuligem estavam destruídos, com suas vigas de ferros expostas e vidros quebrados. A rua desértica de pessoas, apenas papeis voando e semáforos piscando em seqüência. Uma estatua com uma tocha esculpida na mão estava praticamente em pedaços no chão, havia moscas aqui e ali e urubus em cima de casas ou postes. Tudo parecia ter sido destruído há poucos minutos, mas pelo modo como a mata havia tomado conta das ruas com suas trepadeiras, estava claro que isso acontecerá a anos.

Levantei a cabeça em busca do sol escaldante que estava essa manhã, felizmente o ceu havia se tornado uma cor de barro intensa e o frio gostoso era fácil de respirar. Acima da minha cabeça um urubu posou em uma placa e passou a me observar, embaixo das suas patas se liam: “L...S Ang...les”. Forcei minha mente a trabalhar e lembrei como uma lâmpada acendida na escuridão.

A palavra era “Los Angeles”. Uma cidade, conclui em seguida.

–LA 450 - sussurrei em meio ao emaranhado de pensamentos e lembranças. - Ele estava me dando o nome da cidade! –estalei os dedos ao perceber que tudo fazia sentido. – Mas o que seria o 4560?

Abri o mapa de Demitri que havia escondido nas ataduras em meu corpo e tentei compreender aquele emaranhado de ruas e riscos. Não entendia muita coisa, mas sabia que deveria chegar a onde o grande X marcava. Suspirei. Provavelmente eu estava perto, mas não conseguiria encontrar a rua certa.

Guardei o mapa e olhei para o céu em busca de mais respostas, talvez até mesmo na placa. Assustei-me ao ver que não havia mais apenas um urubu, mas sim, uns dez deles me cercando em prédios, postes ou placas. Pareciam me observar.

Dei o primeiro passo, mas eles não se mexeram. Senti meu coração palpitar, a cabeça doer. A sensação era estranha, a meu ver os animais não pareciam apenas me observar. Dei outro passo e um deles bateu as asas. O susto fez com que eu disparasse a correr rumo à cidade e como uma nevoa de asas pretas eles voaram de forma predatória. Podia sentir o quanto estavam agitados.

Embora meu corpo doesse o surto de adrenalina me mantinha ali, firme, correndo. Era somente disso que eu precisava, sobreviver. Continuei correndo, olhando e lendo placas ou papeis velhos. Tudo que me desse um sinal do que o garoto havia falado. Virei ruas, pareci correr em círculos, me senti como um animal sendo caçado.

No fim daquela avenida principal eu avistei a entrada para o metro. Parecia ali minha única chance de sair viva da cidade. Pulei os degraus em uma tentativa de ir mais depressa estava quase tudo escuro por exceção de algumas tochas que queimavam fracas nas paredes do lugar. Obviamente não havia nada nos trilhos e eu corri por ali até que eu não pudesse mais ver a luz do dia.

(...)

Parei em uma estação onde se lia “Estação 4560” e preferi arriscar que esse seja o significado para o que o garoto me dissera. Subia as escadas percebendo que o dia já cedia o lugar para um fim de tarde encantador. Provavelmente ainda estava em Los Angeles, não havia andado tanto para subir a superfície. A cidade continuava em ruínas, mas o silencio e o céu alaranjado dava um ar mágico ao lugar. O mundo deveria ser mais do que eu vi ali, onde estariam as pessoas então?

Um jornal velho rolou aos meus pés e eu o agarrei antes que fosse embora. Na primeira página se via uma rua lotada de pessoas marchando em um protesto contra alguma coisa referente à CIAB, mesma sigla usada por Nora na base. O corpo da noticia apresentava o governo e a Corporação de Armas Bilogicas em parceria para curar a Peste que matava tantos, enquanto parte da população se encontrava horrorizada pelos metodos adodatos para os experimentos.

Uma luz vermelha subiu pelo meu corpo até pousar na testa. Abaixei o jornal e vi alguém agachado segurando uma arma em cima de um prédio não muito distante de mim. Não era possível que Nora houvesse me achado ali, depois de tanto que lutei para fugir.

–É isso que a CIAB manda para mim agora? – ao meu ouvido sussurrou uma voz masculina. Então a lamina de uma faca encostou no meu pescoço. – Onde esta bomba que eles prenderam em você?

–Não estou com bomba nenhuma. –disse pausadamente sem me virar.

–Por que uma garota ficaria vagando no meio dos mortos? –indagou ele baixinho- A senhorita também deseja um café para acompanhar e leitura? –ironizou ele ao apontar a faca para o jornal.

–Eu apenas perdi alguns anos de noticias. –respondi sem entonação para brincadeiras.

Ele entrou no meu campo de visão para olhar o meu rosto com curiosidade. O homem parecia ter seus 30 e poucos anos, era careca e tinha tantas cicatrizes no rosto quantos tipos de facas presas a cintura da calça. Vestia-se com um emaranhado de roupa estranhas que pareciam trapos sujos, usava sapatos surrados e não se parecia nem de longe com alguém que trabalhava para a CIAB. Suas mãos enroscaram no meu cabelo e me empurraram para baixo. Ele passou os dedos calejados na minha nuca como se lesse escritos cicratrizados nela.

–Puta merda. –ele pareceu assustado e feliz ao me ver, suas mãos se atrapalharam um pouco ao pegar o radio e iniciar o contato com alguém. – Aqui é o Bob entrando em contato com a Cova, alguém na escuta?

Cova? Seria a tal “Cova dos Derrotados” que eu ouvira o garoto dizer antes de morrer e estava no rodapé do mapa de Demitri? Esse cara seria um radical? Alguns minutos de silencio intermináveis e a resposta veio de repente me sobressaltando:

–Precisa de reforços Bob? –a voz era feminina e tranqüila.

–Preciso de uma carona, duas garrafas de agua e um par de sapatos. –ele sorriu ao ver meus pes descalços - E tragam o Ryan... Acho que encontramos a irmã de


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Notas finais do capítulo

Um beijo e um abraço a todos que estão lendo e acompanhando mesmo com a minha demora com os capítulos. Eu amo vocês!