A Depressão De Amy Cortese escrita por Letícia Matias


Capítulo 13
Capítulo 13: Dispensa


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!!! Espero que vocês gostem do capítulo e tenham uma ótima sexta feira!!! FINALMENTE SEXTA!!!! ;)
Boa leitura!



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Empurrei-o e olhei para ele.

– O que está fazendo? - perguntei.

Ele sorriu.

– Qual é, Amy! - ele disse e se aproximou de mim novamente.

– Sai fora! - eu disse e empurrei ele novamente. - O que está pensando? Não é porque você transou comigo uma vez que isso te dá o direito de sair me beijando.

Ele respirou fundo e ficou me encarando.

– Tudo bem. - Sean falou e tornou a se sentar na cadeira. Pegou a garrafa e virou-a na boca.

Ele estendeu a garrafa para mim. Relutante, andei em direção a mesa e peguei a garrafa de vodca de sua mão. Ele ficou me olhando enquanto eu dava grandes goladas na bebida.

– Você vai voltar para a escola depois do verão? - ele perguntou.

– Sim. - respondi.

Ele assentiu e olhou para seus pés.

– Eu preciso ir. - eu disse entregando-lhe a garrafa.

– Não vai curtir a festa?

Olhei para ele.

– Não.

Ele deu de ombros.

– Posso te perguntar uma coisa antes de você ir embora?

Assenti.

– Ainda odeia todo mundo, mesmo depois de ter passado o tempo que passou no hospital?

– Sim, praticamente todo mundo.

Ele sorriu e assentiu.

– Por que? - perguntei.

Ele deu de ombros.

Balancei a cabeça e segui em direção a porta. Parei e olhei para ele.

– Você ainda tem LSD?

Ele sorriu e mexeu no bolso. Voltei e parei ao seu lado enquanto ele tirava de lá uma cartelinha com os pequenos papeizinhos.
– Você tem um estoque?
– Tenho meus contatos. - ele disse tirando um.
Estendi a mão. Ele olhou para mim.
– O que?
Franzi o cenho
– Acha que vai levar de graça?
– Está brincando comigo?
– Não
– Eu não tenho dinheiro.
– Então você vai ter que transar comigo
Revirei os olhos.
– Você é nojento.
Ele sorriu.
Antes que um de nós pudesse falar alguma coisa. Ouvimos os sons de sirenes.
Franzi o cenho.
Sean se levantou num salto da cadeira e olhou do terraço.
– É a polícia.
Arregalei os olhos
– Alguém deve ter chamado por causa do barulho. Porra! - ele disse.
Eu estava imóvel e não sabia o que fazer.
– Já sei! - ele disse - Tem uma dispensa no segundo andar. - Vamos rápido.
Ele correu em direção a porta e eu corri atrás dele.
Descemos as escadas correndo e demos de cara com uma porta de ferro um pouco enferrujada. Sean tirou uma chave do bolso e colocou na fechadura girando-a algumas vezes. A porta se abriu com um barulho alto e então Sean entrou na dispensa e depois eu entrei. Ele fechou a porta e a trancou.
Estava tudo escuro, parecia que estávamos num armário de vassouras apertado.
– Eu não estou vendo nada. - sussurrei.
Sean achou uma lanterna em meio a escuridão e a ligou apontando para minha cara.
Virei a cara para o lado estreitando os olhos e colocando a mão no olho. Depois, tornei a olhar para ele.
– Não é perigoso eles nos encontrarem aqui? - perguntei
– Não. A porta está enferrujada e velha. Eles não vão nos procurar aqui.
Olhei em volta. Havia prateleiras de madeira do chão ao teto nas duas paredes com bebidas de todos os tipos. O lugar era realmente apertado.
Olhei para Sean, ele estava me olhando.
– Sua mãe deve ficar louca. - eu disse
– Por que?
– Você só se mete em confusão. - respondi.
Ele sorriu afetado
– É, ela me botou pra fora de casa por causa disso.
Eu não sabia o que falar, então me calei.
– Meu irmão está indo para o mesmo caminho. - ele disse olhando para o além e sorriu
– Quantos anos ele tem?
–Dez.
– Como é o nome dele?
– Pat. É Patrick, mas todo mundo chama ele de Pat.
Assenti
– Ele mora com a sua mãe?
Sean assentiu.
Ficamos em silêncio por um instante.
– Por que sua mãe simplesmente te jogou pra fora de casa? - perguntei quebrando o silêncio
– Pelo prazer de pisar em mim. Todos amam pisar em mim. Todos sempre pisam em mim.- ele falou e se levantou pegando uma garrafa de cerveja. Ele me estendeu uma. Eu peguei e tirei a tampa. Levei a garrafa até a boca e dei alguns goles enquanto Sean se sentava novamente e abria sua cerveja.
– Eu fui preso no meu aniversário de 15 anos
– Por que?
Ele sorriu
– Me pegaram desenhando desenhos obscenos no muro da escola. - ele sorriu- eu estava com cocaína também. Depois disso, minha mãe me botou pra fora de casa.- ele disse e tomou um gole da sua cerveja. - Vadia.
Fiquei calada e pousei minha cabeça na parede. Olhei para o braço de Sean quando vi uma cicatriz perto do seu pulso. Era uma cicatriz de corte.
Olhei para seu rosto. Ele parecia estar longe, relembrando algo enquanto desfrutava da sua cerveja quente e amarga.
– Quando foi a primeira vez que você se cortou? - ele perguntou de repente olhando para mim.
Ouvi passos e nós ficamos em silêncio olhando para a porta. Ficamos em silêncio por um minuto e depois retomamos a conversa falando num tom de voz baixo.
– Eu tinha... 9 anos. - falei.
– Eu tinha 15. - ele disse e estendeu o pulso para que eu pudesse ver.
Peguei seu braço na mão e passei o dedo suavemente por cima da cicatriz horizontal. Olhei para ele.
– Posso ver as suas? - ele perguntou.
Sustentei seu olhar. Seus olhos pareciam mais escuros ali.
Estendi o braço para que ele pudesse ver as dez cicatrizes no meu pulso. Ele passou o dedo por cada uma delas.
– Parece funcionar. - ele falou enquanto passava o dedo por elas. Ele olhou para mim.
Está aí uma coisa que eu nunca poderia imaginar. Sean era depressivo e problemático também?
Assenti.
– Não faça isso de novo. - ele disse.
Olhei para seu rosto.
– Eu acho que eles já foram. - ele falou e se levantou me estendendo a mão.
Segurei a mão dele e me pus de pé. Ele ficou me olhando e eu fiquei olhando para ele. Nós ficamos nos olhando por um tempo.
Depois, ele se virou e tirou a chave do bolso e abriu a porta lentamente.
A música tinha parado, a boate parecia vazia.
Descemos as escadas e no andar de baixo, a luz negra estava ligada junto com as luzes fluorescentes.
Havia copos jogados pelo chão por todos os lados. A porta da boate estava trancada. Estávamos sozinhos.
– Eu... Acho melhor eu ir.
– Tem certeza? - ele perguntou vindo até mim. Ele já estava com uma garrafa se vodca na mão. Ele estendeu a garrafa depois de dar um gole.
Balancei a cabeça recusando.
Ele colocou a garrafa em cima da mesa e enfiou a mão no bolso. Tirou de lá a cartelinha de LSD e me entregou um.
– Não conte para ninguém.
Assenti.
– Vamos sair pelos fundos. - ele falou.
Segui ele até a porta dos fundos.
Ele abriu a porta com uma chave e demos de cara com um jardim pequeno com alguns copos vermelhos jogados.
Passamos pelo jardim e paramos na calçada.
Ele acendeu um cigarro parando do meu lado
– Não passa ônibus essa hora. - ele falou. - Eu posso te acompanhar se você quiser
Olhei para a rua deserta
– Tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, espero que tenham gostado, se vocês estão gostando, por favor, comentem, e se não estão gostando, comentem também!!! Eu simplesmente AMO falar com vocês :)
Até o próximo capítulo!!



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