Evangelion: Whisper Of Death escrita por Edvampire


Capítulo 1
Capítulo 1 NOVATO




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Capítulo um: Novato

Shinji passou um tempo com os olhos fixos ao chão. Não que ele estivesse vendo alguma coisa ali, por que na verdade estava tudo muito escuro, e o luar era o único brilho intenso. Mas ele não era o tipo de garoto que se interessava em socialização. Gendou Ikari estava totalmente imerso a uma conversa com um cara que parecia ter o dobro de sua idade – o mesmo que trouxera Shinji ao Ikari Gakkou.
- Sem problema algum, Fuyutsuki-san. – Disse Gendou. – Shinji vai passar hoje à noite lá no nosso prédio. Amanhã, com certeza, a profª Akagi conseguirá um quarto no dormitório Sul para ele. Além do mais, ele ainda precisa conhecer seu novo lar.
Shinji, mesmo ainda fitando o gramado escuro, sabia que seu pai o olhava. Levantou a cabeça devagar e, quando seus olhos encontraram os escuros e pequenos de seu pai, deu um sorriso forçado.
- Certo... pai – disse.
Os três andaram um longo percurso até o prédio principal, onde se instalavam os professores e o diretor – Gendou Ikari. O garoto Ikari, que estava fadado a passar o resto de sua vida escolar naquela academia criada pelo seu pai, não podia deixar de se surpreender com a estrutura dos prédios que, ou eram dormitórios, ou eram ginásios imensos de esporte. Havia também praças bem iluminadas onde se viam alunos conversando sobre bancos de madeira, ou se beijando - ainda eram 19h39min, muito cedo para o toque de recolher.
Quando enfim chegaram ao prédio principal, Shinji agradeceu por não precisar ir para qualquer outro local com pessoas da sua idade. Ficar ali, naquele fabuloso dormitório - que mais parecia um castelo moderno – dos professores era muito mais confortável, pensou ele. A porta dupla da entrada estava entreaberta e as janelas acima dela estavam fechadas e cobertas por cortinas grossas totalmente opacas. O velho Fuyutsuki foi o primeiro a entrar. Shinji foi o último. O saguão era repleto de quadros esquisitos a Shinji. O tapete persa era uma coisa de enlouquecer qualquer dona-de-casa metida a dondoca. O lance de escadas que levava aos quartos estava localizado no final do saguão.
- Shinji, você pode ir subindo – disse Fuyutsuki. – O quarto em que vai se instalar fica no terceiro andar. Quarto 305. Aqui está a chave. Não precisa ir dormir agora, se não quiser. Mas lembre, as onze em ponto todos os alunos terão, obrigatoriamente, que estar em seus respectivos dormitórios. Nunca quebre as regras. Prometa. Agora, se me dá licença – e virou-se em direção ao lance de escadas e começou a subir lentamente. Então Shinji lembrou que seu pai ainda estava ao seu lado, e provavelmente fitando-o.
Ele sentiu as orelhas ardendo.
Arrastou os pés em direção ao lance de escadas. Gendou o seguia com os olhos. Na verdade, Shinji não estava nada com sono, a viagem para a Ikari Gakkou havia sido bem cansativa, às vezes ele sentiu saudades de casa, mas não queria fechar os olhos ainda e acordar no outro dia para ir direto parar em uma sala de aula desconhecida. Bem, ele vira alguns alunos vagando pela academia e não eram nem oito horas ainda. Talvez se ele pedisse ao pai para dar uma volta. Talvez se ele tivesse coragem de pedir ao pai para dar um volta.
- Shinji – Gendou ajeitou os óculos num movimento um tanto lento, como de costume. – Você não me parece muito cansado agora. Não há nada que lhe impeça de ir conheça a academia. Claro, terá que voltar assim que o toque de recolher soar. Afinal, você já faz parte disso tudo, não é mesmo? – Shinji virou-se e encarou o pai, como poucas vezes fizera desde que chegara. – Só não me arranje confusão. Mas eu sei que você não é esse tipo de garoto. – Acho que ele sorriu, pensou Shinji.
- S-sim, pai – a última palavra necessitou de uma força maior para ser pronunciada.
A noite estava ventilada. O céu de uma negritude fascinante, sendo o lar de uma grande esfera adamantina, uma lua acolhedora e exausta. Saindo do prédio principal, Shinji Ikari não fazia a menor ideia de onde iria. Era um novato, um calouro desnorteado num paraíso do saber. Pé ante pé, o garoto se lamentava por ter deixado para trás sua vida de antes, sua mãe, por uma vida luxuosa, com um homem que não conhecia nem um pouco. Gendou para Shinji era como um homem qualquer, que sentiu uma forte pena dele e decidiu ajudá-lo. Nada mais. Perguntava-se se a relação entre os dois algum dia cresceria como sua mãe havia afirmado. Shinji era cético quanto a isso.
Com o vento fazendo seus cabelos dançarem, ele percebeu que teria que aproveitar cada momento do lugar novo, de modo que chagou a uma das praças bem iluminadas do internato e sentou-se num banco largo de madeira vermelha.
Um bom tempo de reflexão. Era só disso que ele precisava, ou pelo menos achava isso. Pensar em vários rostos fixos nele no dia seguinte era duro, porque, além dele ser o novato – o único – de uma escola tão grande e famosa, ainda era o filho do seu fundador e diretor. Se não tentarem me bajular, não me odiar, pensou, ou um, ou outro. O vento ainda batia violentamente em seu rosto, uma sensação nova e gostosa.
Mas, uma coisa deixou Shinji um bom tempo intrigado, não só intrigado como também confuso. Como ele havia lido em um folheto de dez páginas com todos os regulamentos da escola, a parte do vestuário e da sauna tanto dos garotos como das garotas ficavam em regiões diferentes. Então, ali onde ele permanecia sentado vendo a hora passar, era, com certeza, a região Sul, onde ficavam os prédios masculinos etc.
Entretanto, alguns pareciam não dar valor algum às normas estabelecidas por professores e pelo seu pai. Duas figuras exatamente da mesma largura e altura, estavam à espreita da sauna masculina, tentando a qualquer custo espiar alguém, isso Shinji podia afirmar com convicção. Em cima de uma árvore, parecia ser uma boa. Porém, as duas garotas estavam parcialmente visíveis, e não pareciam ter ciência disso.
Shinji teve vontade de ir lá, poderia ser uma boa chance de fazer novas amizades, mas aí lembrou que não era, e nunca fora uma pessoa de ir conversar com outras que nem conhecia. Também não tinha vontade de mudar isso. Embora parecesse que a decisão estava tomada, no momento em que ele bateu a vista em uma delas, e entendeu que ela estava prestes a levar um tombo muito grande de cima da árvore, e que a sua amiga não tinha tanta força para lhe segurar, levantou subitamente do seu banco e apertou o passo em direção às garotas, correndo, mas fazendo o possível para não chamar atenção.
Claro, um adolescente correndo desesperadamente pela escola sem nenhum motivo aparente e ainda por cima à noite, não pode esperar não chamar atenção. Algumas cabeças se viraram e fixaram os olhos no novato desesperado. Na verdade, Shinji não se importou. Tinha uma garota prestes a cair com força no chão de uma árvore de porte médio, quem ligaria para cabeças curiosas atentas a um menino correndo?
Quando finalmente chegou aos pés da árvore, tratou de imediatamente subir e ajudar a garota de cabelos laranja a subir sua amiga. Pôs os pés com dificuldade no tronco da árvore e agarrou um galho grosso com a mão direita e com a outra, segurou a mão firme da menina segura.
Ela não pareceu se importar se ele era um total estranho, claramente percebeu que era uma ajuda e queria salvar sua amiga, que se debatia de medo, cada vez mais afrouxando a mão que ainda lhe permitia estar a salvo.
- Asuka, por favor, não me deixe cair – gritou a voz trêmula da garota em perigo.
- Claro que eu não vou deixar – respondeu Asuka em tom encorajador.
Shinji sentou-se no galho que parecia firme e agarrou a outra mão da garota. Assim, ele e Asuka fizeram muita força pra cima, tentando puxar a garota de cabelos azuis escuros, como Shinji havia acabado de reparar.
Para a infelicidade dos três, o galho que sustentava Shinji e Asuka não se mostrou firme o bastante e então partiu ao meio, levando três adolescentes a sofrer um baque dolorido numa relva úmida e salpicada. Por sorte – bem, sorte das garotas -, Shinji foi o amortecedor da queda. Caiu de bruços no chão e, pra melhorar a situação, as duas caíram em sua coluna vertebral, que parecia ter se rompido igual ao frágil galho. Da sua boca saíram apenas alguns ‘’ui’’ e um xingamento baixo.
Asuka tratou de se levantar primeiro, não queria ser vista em cima de um garoto, principalmente um calouro, como ele parecia ser. Shinji e a outra garota se levantaram logo após Asuka. A essa altura, um homem de cabelos longos presos num rabo-de-cavalo apareceu da porta da sauna, com um ar de refresco e alívio. No mesmo instante, as duas garotas pareciam que iam explodir de tanta excitação. Aquele com certeza era a vítima daquelas pervertidas juvenis.
- Asuka? – disse o homem. – Ayanami? O que fazem aqui na frente da sauna masculina? – sua pergunta transbordou um excesso de desconfiança.
- kaji... – começou Asuka. – Ah, Kaji, como eu queria ver você! – com um tom falsamente inocente, Asuka atirou-se em Kaji. – Ah meu noi...
- Sai de cima, oh fura olho – atacou Ayanami, pegando Asuka pela gola do suéter e lançando-a para o lado. – Esse aqui já tem dona. – E aninhou-se no peito de Kaji assim como a momentos antes estivera a amiga.
- Eh... – Kaji pareceu constrangido. – Por favor, não façam essas coisas assim em público, e – parou um instante percebendo a presença de Shinji no local pela primeira vez. -, quem é o convidado?
- Ah! – Shinji sobressaltou-se. – Eu so...
- Ele – Asuka o interrompeu – deve ser o aluno novo da nossa classe. Aquele que a Katsuragi-san disse que viria, lembra?
- Hum... – Kaji acariciou o queixo mal barbeado. – Então você deve ser um Ikari, estou correto. Shinji Ikari, para ser mais exato. O primeiro, e único filho do nosso coman... Diretor Gendou Ikari.
- Si-sim – Shinji confirmou mexendo a cabeça nervosamente.
- Há, há! – Kaji soltou uma gargalhada alegre – prazer em conhecê-lo, Sr. Ikari – ele estendeu a mão a Shinji fazendo uma pequena reverência. – Sou Kaji Ryouji, seu professor de Trigonometria. Seja bem-vindo ao Ikari Gakkou.
- Claro – disse Shinji -, o prazer é meu. Obrigado.
- Filho do Ikari-san, é? – disse Asuka, passando o dedo pelo ombro de Shinji. – Até que não é muito feinho, né? – o rosto do garoto tomou uma cor rubra da cor do suéter de Asuka.
- Razão – disse Ayanami, aproximando-se de Shinji a ponto de ficar com o rosto colado na bochecha direita do garoto. – É fofinho mesmo. – Confirmou dando um sorrisinho malicioso.
- É, garotas – Kaji recomeçou a falar -, o papo aqui está ótimo, mas vamos largando o garoto – deu um passo a frente e puxou Shinji para perto de si, com o intuito de salvá-lo de predadores ferinos – que agora ele tem que voltar para o quarto, e eu também.
- Ah, não Kaji-chan – choramingou Ayanami. – Por quê? Você não quer a nossa presença? Se for a Asuka, ela sai. – Asuka olhou feio para Ayanami, que deu um sorriso de desculpas.
- Não, Rei – replicou Kaji -, não é que eu não queira – Shinji fez uma careta de duvida para ele. – Quer dizer, eu não quero – concertou , vendo a careta de Shinji. – Olha, voltem aos seus dormitórios, tá? Por hoje já conversamos demais. Tchauzinho.
Kaji deu as costas às garotas e puxou Shinji em direção ao dormitório principal, onde Shinji disse que estava instalado temporariamente. Entretanto, a alguns passos de distância dos garotos, Asuka lembrou-se de que se esquecera de falar algo ao novato, assim, gritou:
- Ei, novato. – Shinji e Kaji viraram-se. – Eu ia esquecendo, obrigada. – Shinji deu um sorriso tímido e acenou com a mão dando tchau. Asuka retribuiu o sorriso, erguendo a mão a altura do peito.

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Notas finais do capítulo

Essa FIC entre quinze a vinte capítulos



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