As Divassas do Zodíaco escrita por Dija Darkdija


Capítulo 5
5- O Look


Notas iniciais do capítulo

Inhaêeeem... ansiosos por mais um capítulo das aventuras do Sensei?? Pois ele chegou com tu-do! Tá mais hilário do que nunca, confiram. Boa leitura, no final fofocamos! ;)



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– RAITUUUUNDOOOOOOO!!!!! RAITUNDO! RAITUNDO! ACORDA!!! – gritava uma voz estridente enquanto algo batia no peito de Sensei.

– Hmm...

– Acorda! Ei, me escuta! – e algo começou a bater na cara dele. Ele segurou o algo e se sentou na cama. O algo era a incansável Kane.

– Ah, é você... mas estamos de dia. O que diabos você faz acesa a essa hora, poste?

– Eu não sou um poste!!! – disse ela, pendurada pelo pé, de cabeça pra baixo, por trás da saia que havia virado pelo avesso. Sensei jogou-a pra longe. Ela abriu o guarda chuva e pousou suavemente no criado mudo. Só então ele percebeu que havia um criado mudo ali. E estava em uma cama. E estava coberto só com um lençol, e mais nada.

– Pera, mas... Ok, poste... preciso de uma luz mesmo...

– Eu não so-

– Isso é fácil de explicar, meu lindo. Você apagou comigo. Lembra não? – disse uma outra voz, serena e delicada.

– Eu... o quê???? – disse ele, se enrolando no lençol, e levantando para encarar a dona da voz: Mulan.

– Você apagou comigo. Na minha casa. Então eu resolvi deixar você descansar um pouco antes de seguir viagem pra encontrar minhas amigas. Você mereceu... se esforçou muito, apesar de ter sido meio rápido.

– Ahn... mas... eu só lembro de...de estar lutando com você e...

– E depois ter caído no chão. Como eu não queria te deixar lá, mandei te colocarem aí e não encostarem em você.

– Ahh... – suspirou aliviado – então foi isso... você podia falar de um jeito menos ambíguo, por favor?

– Hm, nem dá heim... sabe o que que é? É que nós somos ambíguas por natureza, sabe. Somos e não somos, você sabe né...

– Ahn... não?!

– Ah, você vai aprender... tudinho... mas agora, o importante é que Kane conseguiu lhe acordar. Você precisa ir para a próxima casa. A casa das bovinas.

– Tá... mas antes... será que dá pra devolver minhas roupas?

– Aqueles trapos horrorosos? Eu consertei tudo. E fiz umas customizações, claro. Estão muuuuito melhores agora! Agora sim você vai poder ser o divasso bronzeado.

– O o quê??? - gritou, arrumando o lençol que quase caiu.

– O divasso bronzeado que obteve permissão para passar pela Casa das Arianas. É assim que todas estão comentando, e você sabe, né, quando elas começam a fofocar...

– Tá, tá... mas onde estão minhas roupas?

– No meu ateliê, somente esperando o seu corpo nu... Vem...

Depois de engolir seco e amarrar o máximo possível o lençol em volta do corpo, Sensei seguiu Mulan até outro cômodo, muito maior e cheio de roupas, paetês, lantejoulas e todo tipo de material de costura. Antes de entrar, porém, Mulan pediu para que esperasse do lado de fora.

– Muralha de Glitter! Pronto, pode vir.

Sensei então atravessou a porta, e, de repente, percebeu que sua pele estava... brilhando?!

– Gostou, né? Essa é a minha muralha de glitter. Geralmente serve para criar uma barreira e impedir que as inimigas encostem em mim, mas também serve pra deixar o recalque delas bater e voltar em forma de samba, e de quebra pra dar uma realçada básica na pele, afinal nós precisamos brilhar tanto quanto nosso Gleeter que brilha dentro de nós. Enfim, olha só o que eu fiz... não ficaram um luxo? Disse a bicha, apontando para um manequim no meio da sala.

E então Sensei olhou para as roupas que vestiam o manequim. E em vez de responder, olhou mais uma vez. E coçou a sobrancelha. E o queixo. E finalmente disse com a testa franzida:

– É... realmente espetacular o que você conseguiu fazer com elas...

Incrédulo, olhou de novo peça por peça antes de chegar perto do manequim.

– Ai, sabia que cê ia adorar! Me permita explicar esse look divino, só pode ter sido inspirado pela deusa, esse ficou ó... Aliás, antes disso, preciso dar um jeito nessa sua cara de quem não fez amor hoje. Prepare-se para se sentir outra pessoa. EXTINÇÃO MAQUILAR! – gritou Mulan de repente. Sensei foi jogado na parede do ateliê, e quase revidou, mas lembrou a tempo que estava só de lençol e já havia sido vencido uma vez.

– Ai, desculpa! – disse Mulan prontamente – Foi muito forte. É que a Extinção Maquilar é originalmente um golpe em que eu ataco com o meu Gleeter, e de brinde ainda retiro a make dazinimiga. Elas ficam lou-quinhas de ódio. Aí eu aplico em mim mesma quando eu preciso de uma limpeza de pele rápida.

E então Sensei percebeu que sua pele estava realmente limpa. Seus cabelos milagrosamente haviam se arrumado. Até sua barba, apesar de não ter sido raspada há uns dias, parecia melhor que antes.

– Ai, agora sim eu posso fazer alguma coisa. Espero que não vá forte demais também. REVOLUÇÃO MAQUILAR!!!

E Sensei sentiu outro impacto. E não gostou do nome do golpe, nem da sensação que havia sentindo em seu rosto. Gostou menos ainda de ter se olhado no espelho e visto que, além de estar completamente maquiado, havia o desenho de um raio prateado gigante no lado esquerdo do seu rosto, começando da testa e indo até a bochecha, passando pelo olho (teve que fechar o olho para entender exatamente o que diabos era aquilo).

– A Revolução Maquilar, além de atacar pode realmente revolucionar a vida das inimigas. Eu posso fazer o que quiser na cara delas. Eu até poderia fazer elas morrerem com uma cara um pouco menos feia, mas claro que eu não faço nada de bom na cara delas, sou bicha má mesmo, confesso. Mas como o nosso caso é outro... (e apesar de mal ter começado, já estou adorando...) – disse ela, observando sua criação – Ah, agora sim, você tá com cara de divasso. Aliás, tá com cara de herói. Já tô até vendo a história: “O divasso que sobreviveu”, os outros copiando sua marca de raio, me louvando por ter criado a make, ai, adoro! Espero que você sobreviva mesmo às outras onze pra contarmos essa história fechosa, meu amor. E eu sei, você não gostou, tá na sua cara, mas se você quer passar por nós, então tem que seguir nossas regras. Aqui você vai ter de ser uma de nós. E confiar no seu Gleeter. É parecido com o que você deve ter feito em algum lugar, de algum outro jeito (se é que você já fez isso alguma vez, né). Essas coisas de poder interior é tudo igual, meu amor, só muda o nome. E não tem nome mais gay, top e lusho do que Gleeter, tem? Então você só precisa descobrir a essência do Gleeter e alcançar o sétimo samba pra lacrar de cadeado nas casas das doze bichas.

– Gleeter? Sétimo samba? – perguntou um Sensei que... bem, não estava entendendo porra nenhuma, por motivos mais que óbvios. Estava se sentindo nu. Literalmente, metaforicamente, espiritualmente... qualquer outro mente que você possa encontrar pra encaixar aqui. Caiu de cara naquilo, e sem paraquedas.

– Gleeter é o nosso “poder interior”, que nos faz brilhar tanto quanto ou até mais que o universo inteirinho. O sétimo samba é o nível máximo de Gleeter que nos faz sambar na cara dazinimiga. E ai, para com essa cara feia, tá estragando minha make, é só uma roupa, você não vai deixar de ser gostoso só por que eu escolhi o seu look (aliás, vai até ficar mais gostoso, porque eu escolhi algo muito melhor do que você jamais poderia escolher, né...). Você vai perceber com o tempo que foi a melhor escolha. Por enquanto só aceita que dói menos, ok? Ó, toma um beijinho no ombro pra melhorar!

– Não, não precisa... Tá... tudo bem... – respondeu, segurando a outra com o braço livre (não podia soltar o lençol. NÃO. PODIA. Era sua única certeza no meio daquela maluquice toda).

– Bem, se é assim, então tá né. Não se arrependa depois (hunf, não sabe o que tá perdendo...). – disse ela, esperando alguma resposta. Como não conseguiu, resolveu continuar. – Ah, agora sim eu posso lhe apresentar minha obra prima!

– Tá... - “e eu tenho outra escolha?” pensou Sensei olhando da bicha super empolgada pro manequim super parado e mais do que super exótico. Não sabia o que era mais estranho. Talvez ele, que resolveu passar por aquilo sem nem saber o porquê direito.

– Provérbio divasso: Se não pode com as inimigas, junte-se a elas (e assim que puder, as derrube do salto, claro). Ah sim, falando em salto, vamo começar pelo salto, né. Olha só que luxooo!!! – disse ela pegando algo que estava ao lado do manequim. Parecia ser um coturno muito exótico, mas parecia ao mesmo tempo ser qualquer outra coisa que não fosse um coturno. E enquanto Sensei observava, tentando absorver aquilo tudo, Mulan despejava mais e mais detalhes sobre sua “criação suprema”, segundo ela.

– ...lhoso. Ai, presta atenção! Ah, tá babando né? É lindo, eu sei. Tive até vontade de fazer outro igual pra guardar na minha coleção, mas não. O seu vai ser modelo único assinado por nada mais nada menos que Mulan Mulady Mulorde! Cuide com carinho e sambe com gosto nas inimigas!

– ... ok...

– Deixa eu te contar do processo: primeiro eu peguei aquele seu coturno militar básico de couro reforçado, ou seja, forte e bom, mas muito chato e sem graça, e coloquei esse salto 17 aqui maravilhooooso...

– ...17?

– Sim, porque ele tem 17cm, e um detalhe especial, toque único e exclusivo by Mulan: brilho nitroglitterinado.

– Pera... brilho o quê?

– Nitroglitterinado, meu amor. Sabe por que? Porque quando você pisar nas inimigas, desfilar, etc., fizer qualquer pressão, o salto desse bebê aqui vai brilhar, e o brilho vai ser púrpura. Com. Glitter. Vai bom-bar! Por isso que é nitroglitterinado, meu filho! Porque quanto mais pressionarem o seu caminho, mais você vai brilhar sambando na cara das inimigas!

– Ok...

– Eu fiz assim, plataforma fantasma inteiriça pra dar mais estabilidade, é delicado mas guenta o tranco, viu, é que nem a gente, parece delicado, mas não é, e nem se preocupe que esse vazado não deixa ele mais fraco. Aliás, confessa bee, ficou um luxo esse vazado na lateral do salto fazendo uma estrela de nove pontas, foi genial, não foi?

– .... aham... – disse ele, sem entender nada, com a certeza de que não iria entender nem que nascesse de novo umas trinta e sete vezes.

– Aí eu coloquei umas garrinhas no bico do coturno pra manter a sua temática das raposas e dar um ar de agressividade, mantive a aparência rústica do resto e coloquei um cadarço dourado, porque tinha que ter um douradinho pra dar uma vida a mais, né. Um tchan, sabe?

– ...sei...

– Aí passamos pra calça: optei por uma estampa xadrez básica, rosa neon e preta, coladinha pra realçar essa perna grossa e essa bun... ui, vou nem falar que dá calor, enfim, fiquei em dúvida no tecido, queria algo bem brilhante mas com mobilidade e conforto pra você, então optei por uma malha especial, criação minha, claro... aí eu coloquei esses suspensórios caídos aqui pra dar um up, tem detalhes em couro sintético e presilhas de bronze em formato de cabeças de raposa, você vai amar, e aí vamos pra parte de cima...

– ... tá.

Estava com a cara mais entediada do mundo, mesmo que a maquiagem espalhafatosa não cooperasse nem um pouco para demonstrar toda sua falta de empolgação com aquilo. E Mulan não parava:

– Ai, eu morro de fofura só de olhar. Então, eu peguei aquele seu sobretudo surrado horroroso (você foi pra guerra com aquilo, né? Porque pelamoooooor... pelo menos era de couro de raposa com um forro quentinho por dentro), enfim, decidi jogar um magenta, sabe. Sabe que você foi um cliente muito trabalhoso? Euzinha que sempre decido e faço tudo muito rápido fiquei muito em dúvida na cor. Queria jogar um vinho mas falei “ai, vinho é tão... inho, né? Vou por magenta, que é pra ele chegar chegando, bem ‘sou magenta, bicha nojentaaa!!!’”. Aí ficou magenta. E é tendência. Aí joguei uma lantejoula aqui no ombro, na mesma cor, só pra dar um brilho básico (e pra destacar esses ombros largos, claro), tirei todas as abotoaduras e ia por um zíper, mas pensei melhor e no lugar do zíper, no capuz e nos punhos eu coloquei esse pelo lindo prateado, ficou um amor.

– ...é... aham... – disse, olhando sem olhar muito. Sentou-se em um banquinho que achou ali perto. Prendeu mais o lençol entre as pernas, por garantia.

– Ai, o melhor ficou na parte de trás (sempre caprichamos atrás) – disse Mulan, virando o manequim. – Olha só que liiinda essa estampa de raposa que eu coloquei! Ai que orgulho! Deixei só a cabeça e os nove rabos pegando fogo (haja rabo, heim...) pra ficar maior, cobrindo as costas inteiras, aí cobri com glitter, tava faltando um glitter aqui nessa roupa, afinal tudo aqui depende do glitter né, quanto mais brilho melhor, e aí pra finalizar...

–...hmm...

– Esse chapeuzinho aqui de raposa, no mesmo pelo do sobretudo, só a cabeça também. Fica assim preso na lateral – disse ela, ilustrando na própria cabeça – e esse broche aqui que fica no sobretudo. É a mesma estampa que tem nas costas e nas presilhas. Bronze também, com os olhinhos dourados. Lindo, né? Minha melhor criação de todos os tempos. Eu chamo de “Psicodelia do choque visual da raposa divassa de nove rabos”.

– ... legal... é, bem legal... bem... é...é legal, né...?! – disse Sensei, tentando dizer algo mais, qualquer coisa que fosse – Mas... só por curiosidade... você não esqueceu da camisa não?

– Camisa? CAMISA??? Pra que camisa?! Que mané camisa, que camisa o quê... Camisa... meu filho, ACOOOOORDAAAAMM!!! – disse a outra, estalando os dedos – Você é um divasso, uma raposa-macho-caçadora-fogosa de nove rabos e ainda por cima tudo pegando fogo, pra que camisa? Você não vai sentir frio nem que queira, pelo menos não enquanto tiver no meu look, certeza. Sem falar que ainda metaforizei o conceito da sua subida às casas noturnas: mostrando o peito, indo de peito aberto, foi a melhor sacada do mundo não colocar camisa no look! Agora vai se vestir senão eu mesma arranco esse lençol, tá?

Depois de se vestir o mais rápido possível (“melhor isso que correr o perigo de ficar pelado perto dela” pensou) e receber um ajuste ou outro no novo look (além dos comentários de aprovação da estilista, coisas como “ai que tudoooo, agora sim você tá pronto pra meter o pau nessas divassas todas!”), se dirigiu sem uma palavra até a saída. Mulan ainda perguntou se algo no look incomodava ou tava tudo ok, confortável, lindo, divo e maravilhoso. Recebeu como resposta apenas um sinal de positivo com a mão. Antes de sair, Sensei ainda ouviu um “cuidado com o terceiro chifre, e boa sorte, você nasceu pra brilhar”. Ficou se perguntando sobre o significado do tal chifre por um tempo, mas desistiu, imaginou logo que deveria ser algo cifrado que só elas entendiam. Suspirou algumas vezes e resolveu seguir caminho até a próxima Casa Noturna.


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Notas finais do capítulo

E então, gentes, já se recuperaram do Sensei só de lençol e das mais de oito mil zoeiras do capítulo? Bem, eu não tenho nenhuma informação extra a dar, como nos outros, só comentários gerais mesmo. Acho que ter feito a história inteira e agora estar revisando com calma cada capítulo antes de postar me ajudou a melhorar a qualidade. Tive muito trabalho com o figurino, então deixei uma ou outra coisa meio de lado. Sobre o figurino, só consegui criar essa loucura com muita ajuda da namorada e dazamiga. Elas foram essenciais pra montar o look hilário/fechoso do Sensei. Me inspirei um pouco nos saltos malucos/bizarros/exóticos da Lady Gaga, e na "Psicodelia do Choque Visual" que era o lema do X-Japan, uma das bandas que criou/popularizou o visual kei no japão. Sou super fã deles. E fora isso fiz muita pesquisa também, tô manjando geral dos paranauê. Acho que no final deu um bom resultado. Vocês que dizem: o que acharam d'O Look? Bizarro? Divo? Exótico? É porque vocês não viram os de algumas divassas ainda! kkkkkk

Queria agradecer a quem tá acompanhando, e reforçar que esse é um dos capítulos que tem menos ação e mais zoeira. Mas é a aquela coisa, né. Existem quatro coisas que não tem limite: o universo, a estupidez humana, a zoeira e o cosmo. Digo, o gleeter. Digo, o poder interior, seja lá qual nome tenha.

*insira música gay de encerramento aqui. Algo tipo... it's raining men (?)*

No próximo capítulo...

Sensei vai descobrir da pior (ou da melhor?) forma possível o que é o tal do terceiro chifre... não percam! As Divassas do Zodíaco, toda segunda, por aqui mesmo! Até lá!

P.S.: Aceitamos comentários, críticas, sugestões, surtos e recomendações, mas principalmente, agradecemos à sua leitura.



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