As Divassas do Zodíaco escrita por Dija Darkdija


Capítulo 20
20 - A deusa


Notas iniciais do capítulo

Pois é, gente, chegamos ao penúltimo capítulo, mas nem por isso as surpresas acabaram. Boa leitura!



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Sensei acordou em uma cama. Pelado, pra variar. Correu para se enrolar no lençol, mas percebeu que não havia ninguém no quarto. As suas roupas estavam consertadas (com um toque extra de glitter), penduradas em um cabide. Começou a vesti-las, quando ouviu bater a porta. Sensei correu para segurar a porta.

– Peraí! Morte, agente do outro mundo, o que diabos você for, não entre agora! Se eu vou pro outro mundo ou seja lá onde, me deixe pelo menos ir vestido, ok?

– Que morte o quê, bofe! Você tá vivíssimo! – disse a voz do outro lado.

– Mulan? – perguntou Sensei, ainda segurando a porta.

– E tem outra?

– Então eu tô vivo mesmo?

– Tá sim, meu amor. A duas caras te salvou de última hora. Se monta aí que ela quer te explicar tudo. Eu vou tentar me segurar pra não tentar invadir aí. Vou tentar, né... Não prometo nada. A bunda é durinha, mas a carne é fraca!

Depois de se vestir (às pressas), Sensei seguiu Mulan por alguns corredores e voltou ao salão. Mulan se despediu e voltou para sua casa, deixando Sensei com Ageminotta. A diva estava esperando em pé, dessa vez vestida de divassa das duas caras. Os acessórios da Grande Bicha descansavam no trono.

– Bom dia – disse Sensei.

– Bom dia – respondeu a diva. – Aprendeu rápido...

– E que tipo de professor eu seria se não conseguisse?

– Certamente, não tão bom quanto é. O que você gostaria de saber primeiro? – disse, levando Sensei para uma varanda atrás do trono da Grande Bicha.

– O que vim saber primeiro: quem é aquela mulher que tentou matar o negão?

– Hmm... É difícil ter de te informar isso, ainda mais que você quase morreu por essa informação (você é doido, viu, sem mais) mas... Enfim, “ela” é “ele”, na verdade. Fong Fong Camaleón na verdade se chama Michel Lee. Ela é uma espiã dos Luminus.

– O QUÊ?

– Calma... É a vida... Por aqui tem muito dessas coisas, e nem conferindo dá pra ter certeza de quem é quem.

– Não, não é isso, sobre isso eu já tomei vacina até demais atravessando as doze casas noturnas. Como assim ela é uma espiã dos Luminus? Como eles vieram pra esse mundo?

– Meu amor, acorda pra sambar, né... – disse a gêmea estalando os dedos e se apoiando na varanda. – Você achou mesmo que era o único que podia transitar entre os mundos? Se você, quando era um menino qualquer, conseguiu ir parar lá naquele lugar que você chama de Montris, virar um herói e salvar tudo de uma destruição iminente, imagina o que os poderosos do lado de lá podem fazer?

– Droga... Eu nunca tinha pensado nisso. Nunca mesmo. E agora, mulher? Eu nem tenho mais poderes...

– Não tinha, você quis dizer.

– É verdade, eles voltaram. Bem, parte deles... Então quer dizer que-?

– Sim. Tudo combinado. Pedi ajuda do James para localizá-lo e trazê-lo até aqui. Você precisava se lembrar que tudo realmente aconteceu e que você realmente tem o poder de mudar o mundo. Só precisava voltar a acreditar. O mundo é cruel, Raitun. O mundo faz de tudo para nos desacreditar de nós mesmos. Nós do santuário sabemos disso, e especialmente você, que estava sozinho esse tempo todo. Você sofreu tanto quanto nós. Talvez até mais.

– Tenho minhas dúvidas. A vida de vocês não deve ser fácil. Mas então quer dizer que o objetivo dos Luminus era impedir que eu soubesse da existência deles e do fato de que eu poderia de alguma forma recuperar meus poderes.

– Ou talvez eles queiram justamente o contrário.

– É uma ideia bem paranoica. Porque eles iriam querer que eu recuperasse minha memória e meus poderes? A primeira coisa que eu faria seria-

– Voltar para Montris. Exatamente.

– E por que-

– “Eles iriam querer que eu volte para lá”? Não sei, mas estou muito desconfiada, gato. Eles tinham meios de te eliminar, sabe? Você poderia ter sido morto a qualquer momento durante esses anos todos que você enlouqueceu. Você ficou completamente vulnerável por quase vinte anos. Porque eles não te mataram então, se você era um empecilho em potencial para os planos deles? Alguma coisa tem, meu amor, e é coisa grande (eu até diria que adoro, mas nesse caso...).

– Entendi. Última pergunta: como você sabe de tudo isso?

– Sendo quem eu sou, preciso saber.

– Mas você não é a Grande Bicha, então teoricamente, não precisa.

– Não, eu sou mais que a Grande Bicha. Eu REALMENTE preciso saber.

– ...

– Eu lhe disse que tenho faces múltiplas, não disse? Eu sou Ageminotta, a atual divassa da casa das duas caras. Mas também sou a Grande Bicha. E mais: eu sou a reencarnação da deusa Ookama.

– “A deusa dos travestidos, das drags, dos andróginos, dos indecisos, dos que se decidem por tudo...” A deusa que aceita a todos? Sério? Isso não é tipo o final de algum sonho maluco e aí eu vou acordar em um plano espiritual ou algo do tipo não?

– Não. É sério. É realmente sério. Quem mais poderia te curar em dois tempos? Você iria morrer ali mesmo ou dali a pouco sem a minha intervenção.

– Ah, eu estava até respirando mais ou menos, sabe. Aí você encucou de me aplicar um golpe mortal... Pelo menos até onde eu me lembro.

– Eu apliquei um golpe que seria mortal SE eu não fosse uma deusa. O efeito original do “Explosão Orgástica” é fazer o inimigo morrer de exaustão extrema com uma overdose de prazer através de uma sobrecarga no sistema nervoso por meio de estímulos extremos nos cinco sentidos. O que eu fiz foi moderar milimetricamente a quantidade de poder até chegar ao ponto de apenas lhe proporcionar um orgasmo ma-ra-vi-lhoso e te fazer apagar. Um pouco a mais e você morreria na hora. Um pouco a menos e você não apagaria, e então morreria agonizando. Seu corpo estava anestesiado pelo calor do combate, mas na verdade estava em pedaços. Eu vi. Todas viram. Mas aí deu tudo certo, eu pude usar meus poderes de deusa e puff, macho novinho em folha. Praticamente ressuscitado, meu amor. Mais 5 minutos e íamos ter que esperar mais uns muitos milênios até o nascimento de outro herói (além de apelar muito pra ser do seu nível ou superior).

– Agradeço pela parte que me toca. Em particular, a parte da quase ressurreição. Eu não queria morrer ainda (ainda mais por uma informação de que “ela” era “ele”...). Mas... Só mais uma pergunta, se você me permite... Como-

– “Como você virou tanta coisa ao mesmo tempo”? Sim, permito. E sim, eu leio pensamentos, sou uma deusa. Eu sei, você acha isso chato e constrangedor e queria fazer as perguntas de uma vez, mas não temos tempo para isso. E bem, você continua me perguntando assim mesmo porque costuma lidar com seres não-divinos, e a maioria deles precisa que você fale pra poder responder. Então é lógico, não?

– É... Mais ou menos. Então... Como?

– Ah... O recalque, claro. O velho e bom recalque. Uma das minhas inimigas interferiu um pouco na minha jornada. Eu deveria ser apenas a reencarnação da deusa. E meu irmão seria a divassa de duas caras, e futuramente a Grande Bicha. Mas a recalcada aprontou pro meu irmão, impedindo-o de assumir seu papel. Então eu tive que tomar seu lugar na casa das duas caras, e acabei com essa tripla jornada. Mas ele é bonzinho e me ajuda muito, mesmo assim. Só continua muito cabeça quente. As outras adoram isso na cama, mas na vida prática não ajuda em nada.

– Deve ter sido muito difícil... – disse ele, colocando a mão no ombro da deusa sem nem perceber. Sem nem perceber, conseguiu um feito que poucos heróis no mundo fariam: fez uma deusa corar.

– Si-s-s-sim, foi. Mas como eu disse anteriormente, – disse ela, se desvencilhando e olhando para o horizonte. – Todas-

– “Todas que moram aqui tem histórias muito longas e complicadas de contar”.

– Então você consegue ler pensamentos...

– Eu tive que controlar salas de aula. Dá quase no mesmo.

E riram. A diva-deusa parou de repente, e suspirou, com um olhar triste.

– Eu tenho que lhe contar uma última coisa. Na verdade, eu tenho que lhe fazer uma súplica. Infelizmente...

– Imaginei... Você quer que eu volte o mais rápido possível até lá, não é?

– Sim. Não posso falar mais que isso. Você precisa descobrir o resto. Na verdade, nem adiantaria falar nada. A interferência deles é tão forte que vai apagar novamente a maioria das suas memórias sobre isso que aconteceu. Mas você precisa relembrar de tudo o que passou aqui, de tudo o que aconteceu em Montris, de tudo o que conversamos, e principalmente de quem é.

– Vou fazer o possível.

– Estou de mãos atadas, Raitun. A quase totalidade dos meus poderes está sendo usado única e exclusivamente para duas coisas. A primeira é impedir que eles entrem aos montes nesse mundo e tomem conta de tudo, mas eles estão se infiltrando aos poucos, cada vez mais. O mundo cinza está se corroendo. A segunda é manter esse lugar estável e longe de qualquer ameaça. Eu sou a mãe e protetora desses “monstros” que moram aqui. Os excluídos, os relegados à exclusão. Pessoas que não se encaixam em nenhum outro lugar do mundo. Elas precisam de mim. Da mami poderosa, do santuário vermelho... De tudo isso. Por isso eu te peço, como mami poderosa que te adotou como filho: lembre-se. Lembre de quem você é. Lembre de como é lindo ser exatamente quem você é, seja um monstro ou não. E lembre-se de que cada um tem uma missão. Faça tudo o que puder (e o que não puder também, por favor) para cumprir a sua.

O homem se ajoelhou diante da deusa, abaixando a cabeça durante alguns instantes. Parecia querer absorver tudo aquilo, para nunca mais esquecer. Para lembrar o que havia esquecido.

– Então me corrijo – disse, levantando a cabeça. – Senhorite GB Ageminotta, divassa dourada das duas caras e avatar da deusa Ookama, vou fazer o impossível. Ou continuar tentando, pelo menos.

A deusa sorriu. Sensei, pela primeira vez, se sentiu completamente em paz naquele lugar. Sabia que, de alguma forma, também estava em casa ali.

– Vai sim. Nós confiamos em você. E enquanto o momento não chega, seu maluco, - disse ela, quase cegando o professor com o brilho que começou a emanar – vá exercer sua loucura em OUTRA PERVERSÃO!

E então, ouviu-se um último suspiro. Não havia mais ninguém no salão gigantesco. O sol estava raiando, finalmente. A noite e o show haviam acabado. Por enquanto...


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Notas finais do capítulo

Então... Não sei mais o que dizer. Estamos em clima de despedida. O que falar? O que zoar? Não sei. Bem, acho que ainda posso comentar sobre a deusa, né.

Eu não sei bem de onde veio essa ideia de reunir tantas funções numa figura só, e sei que acabou apelativo e meio do nada, mas acredito que deu certo porque a Gaga, inspiração da Ageminotta, é chamada de "Mother Monster" pelos fãs. E ela é realmente bem protetora. Tanto nos discursos, quanto nas respostas aos repórteres, e até em mimos como jogar comida ou fazer uma rede social pros fãs dela. Enfim, acho que deu certo. Me digam o que acharam da deusa, ok?

Tá, mas e essa conversa toda de "Luminus" e "Montris"? O que é isso? O Sensei não era só um maluco? Bem... não exatamente, rs. Como eu já disse antes, a fonte de toda essa conversa estranha é "Memórias de um Aprendiz", que já está postado aqui e apenas precisa de uma revisão, e "Memórias de um Mestre Aprendiz", que não postei ainda. Esses dois "livros" são parte da saga original do personagem, uma história que escrevo desde sempre e é meu "xodó". Um dia termino. E se tudo der certo, um dia publico. Mas já fico feliz que publicarei um livro de poemas esse ano. As coisas estão se encaminhando. Bem, quem quiser conhecer mais do Raitun, leia "Memórias de um Aprendiz". Quem quiser mais do Kruba e da Kane, vai ter que esperar. Sobre as divassas, até o momento não há planos de uma nova saga, mas nunca se sabe dos planos das musas.

O que sabemos é: semana que vem tem um último capítulo junto de um extra exclusivo pra vocês com informações de todas as douradas. Nada mal para terminarmos, hein?

Não perca, As Divassas do Zodíaco, último capítulo: A lenda.

É segunda que vem!

Muito obrigado a todos que acompanharam até aqui, e até lá! o/



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