As Divassas do Zodíaco escrita por Dija Darkdija


Capítulo 16
16- José Shurio ... de la Silva


Notas iniciais do capítulo

Sangue, suor, nenhuma lágrima e muita briga de espadas. Tá esperando o quê pra ler o capítulo dessa semana?



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armadura dourada do silêncio
espada prateada da palavra

que o deus verbo se faça metal
a cortar meu inimigo
se preciso defender
esteja eu ponto
uma vez ou três

que a deusa palavra se faça rima
entreventos melodia
e no ritmo da dança
possa o ataque defender-me

não uso escudos
quero dançar apenas
afiar minha lâmina
no pedresconhecido

que venha o próximo corte
se tiver sorte
que venha a próxima luta
se tiver morte
que morra eu
e fique para o próximo a armadura

que meu pupilo dome a arma
que ganhei do mestre nada

eu caminho
sobre o fio
dessa espada

Sensei


***

– O divasso dos nove rabos passou da casa das vai e volta!

– O que? Ele deu uns amassos na casa das vai e volta?

– Sabia! Então o divasso adora um vai e volta...

– CALA A BOCA, BANDIRAPARIGA! E ARGHH QUE RAIVA! COMO ASSIM ELE PASSOU DA VAI E VOLTA TÃO RÁPIDO ASSIM??? ARGH! Mas agora ele vai se ver com ela... Aquela espada... Nossa... Duvido que ele aguente aquilo tudo. Nem eu aguento direito...

***

“Casa del Cabritón”

Era o que estava escrito no letreiro que Sensei leu antes de suspirar, passar o dedo na sobrancelha e a mão nos cabelos.

“Ótimo, o nível tá subindo. Já virou meio estrangeiro. O que vai vir depois disso? Aliens? Andróides? E por que diabos eu ainda não desisti dessa maldita jornada?”

Ah sim, antes que vocês criem alguma expectativa ou tensão sobre o que aconteceu a seguir... Bem, desculpem informar, mas foi o de sempre: ele pensa demais, e acaba que bem na hora de arrumar uma boa resposta é interrompido por alguma coisa, seja lá o que for. Eu sei, isso ficou meio batido, mas seja lá quem escreveu o destino dele ou curte a ideia ou não teve outra melhor ainda, então não posso fazer nada. Sou aquilo que conta, reclamem com aquele que cria. Dessa vez ele viu o chão se partindo na sua frente e se obrigou a dar um passo pro lado. Sim, um passo apenas.

– É, pelo visto não é só o frio que é cortante aqui heim... Se bem que... É, taí, esse é um bom motivo. Faltam poucas pra eu terminar, se eu voltar corro o risco de ter de passar por aquelas doidas todas de novo. Melhor continuar mesmo e... – e teve que desviar de novo. – Ei, peraí né? Quem é? Que palhaçada é essa?

– Quien soy yo? Eu soy apenas yo! E yo quiero saber se quando tu me olha... ay caramba, do jeito que você me olha vai a dar namoro, chico? – disse uma voz de dentro da casa.

– Quê? Mas eu nem te vi ainda, pra começar! A maldita porta da casa tá fechada, mariquinha! E bem, mesmo que eu veja continuará não dando nada, só pra avisar.

– Ah, descúlpame! Contempla-me em todo mi esplendor!

E as portas da casa abriram. E ele viu o dono da espada mais comentada de todo o santuário vermelho.

Botas de salto pontudas. Calça boca de sino branca. Colada. Com glitter. Camisa branca. Colada, com um abdômen torneado por baixo e um decote em V gigantesco. Mais glitter. Colete dourado (coberto de você sabe o que) com chifres dourados nas ombreiras. Bigode baixo e bem cortado. Olhos verdes semicerrados, cobertos por um sombreiro. Um sombreiro grande. Com chifres. Grandes. Era tudo grande, inclusive ele, que talvez era maior que o próprio Sensei. Não enorme como a Ladiba, mas grande. Bem grande. Ou pelo menos foi o que Sensei achou depois de avaliar a bicha da cabeça aos pés. Eram do mesmo tamanho? Quem era maior? Ele não sabia. Ela também parecia não saber. Mas como a etiqueta manda, as damas (ou as que se sentem uma) falam antes.

– Uh... que bofe. Isso tudo és realidade ou fantasia?? E entón, tu gostaria de mamar los pechos del cabritón? Pode mamar quando quiser, porque a cabrita é tua.

– Hein? Ah, entendi. E não, valeu. Não quero mamar nem uma cabrita. Só quer-

– Porque? Estoy aqui, queriendo-te, afogando-me de curiosidade de saber tudo de ti!

Sem paciência, Sensei foi entrando no lugar (decorado de chifres por todos os lados), mas foi seguro pelo sobretudo e empurrado para cima de um balcão.

– Eu sou só um Sensei. Nada mais que isso.

– Ay, shuram? Yo quero libertar-me de suas mentiras, chico. Tu eres todo autossuficiente, pelo que vejo. Quero libertar-me de ti! E te libertar-te también, chico... Se suelte! – disse, ainda segurando Sensei no balcão e chegando mais perto. O nosso divasso conseguiu se soltar, e saiu de perto, dizendo:

– Onde diabos você aprendeu tantas frases prontas? E quem diabos é você, afinal?

– Me chamo José Shurio Hernández Manoel Miguelito Joaquín de Maria Guadalupe Aparecido de la Silva, la divassa dourada que protege el casa del cabritón, discípula e fã da grandivassa, la terrivelmente famosa Frida Mercurio. O cabritón da casa soy yo, claro. – disse ele, incrivelmente sem parar pra respirar no meio, piscando um olho, mordendo os lábios e passando a mão no tórax.

– José o quem? – perguntou Sensei, não entendendo (por motivos óbvios) o nome da bicha, ainda mais pronunciado rápido como havia sido.

– Não entendeu? Ay, shuram? Chama-me La Cindy entón, como todos los otros... – respondeu, visivelmente desanimada.

– Ok, La Cindy ou seja lá quem você for... Desculpa qualquer coisa, mas eu só preciso passar pra próxima casa.

– No puedo. És mi dever como dibassa. Para me tornar la divassa perfeita no puedo deixar-te passar, chico. Descúlpame. Afiei mi espadón todos os dias para esso.

– Ser a divassa perfeita?

– Si. Desde que vi todo el esplendor de mi diva, Frida Mercurio, mi suenho és ser la dibassa perfeita. Senta-te, vou a contar-te tudo.

– Hm... Tive uma ideia melhor. Que tal lutarmos? Dizem que é o melhor jeito de se conhecer outra pessoa. E se eu ganhar, você me deixa passar.

– Aceito. Tu no puedes ganar del espadón... el espadón que pirou todo lo santuário vermelho, La Trepadera!

– Quem me garante que você vai cumprir sua promessa?

– La garantia soy yo, chico. Puedo começar? Sí? Defende-te!

Dito isso, finalmente largou o bofe e se afastou. Só não deu tempo para ele relaxar. Esticou o braço direito e fez um movimento rápido. Sensei pulou pro lado por instinto. Quando levantou, o balcão estava partido em dois.

– Ah... Então é assim que você corta tudo. Você mexe o braço rápido o suficiente pra criar uma lâmina de ar que corta as coisas. Muito legal. Só tem um pequeno problema... – disse, fazendo uma pirueta seguida de um movimento rápido com o braço esquerdo. La Cindy só viu um pedaço da aba de seu sombreiro cair no chão. – Eu sei fazer isso tão bem quanto você. Também sou um mestre de espadas.

– Ay, shuram??? Agora estoy bem sexycitado para saber qual espadón es maior, mejor, mais afiado, mais..Ayayayyyy! – e começou a desferir uma série de cortes seguidos, todos rebatidos por Sensei, agora usando o braço direito.

“Assim isso não vai acabar nunca... Eu preciso passar, caramba!

...

...

talvez se...”

Talvez se Sensei pensasse mais não tentaria algo tão suicida. Ele parou de rebater os golpes e começou a desviá-los e chegar perto. Um passo, dois, cinco, correu até chegar perto o suficiente e quase recebeu um golpe na cabeça. A agilidade e a sorte o ajudaram, e ele conseguiu se abaixar e contra atacar de baixo pra cima. La Cindy caiu sentada, um sombreiro caiu partido no meio. Sensei manteve-se de pé, mas seu maxilar caiu por uns instantes.

La Cindy, além de definida, era muito bonita de rosto, coisa que o sombreiro escondia. Sensei não imaginaria nunca na vida ver um rosto daqueles naquele corpo. Nem mesmo os implantes salientes da testa que imitavam um par de chifrinhos pareciam fora do lugar. Era uma beleza exótica, afiada como o espadón, pronta pra despedaçar corações.

Mas o instante de contemplação passou rápido. Sensei levou uma rasteira. Caiu de lado, e foi sua sorte. Sentiu o vento de uma mão em forma de ponta de espada cravando no chão do lugar. Se apoiou nas mãos, girou o corpo e chutou La Cindy pra longe, pra ter tempo ao menos de se levantar. Foi só esse o tempo que teve. A bicha aceitou a provocação e colou nele.

Começaram uma perigosa e divertida brincadeira de espadas.

Sem sair do lugar, eles trocavam uma sequência quase infinita de troca de golpes com os braços direitos. De perto e se chocando um contra o outro, o efeito do corte de ar quase não existia. Percebendo isso, La Cindy tentava se afastar para conseguir um ataque mais efetivo, mas Sensei se mantia o mais em cima da bicha que podia. Usando chutes como distração, conseguia até fazer pequenos rasgos nas roupas da outra.

Finalmente conseguiu uma brecha suficiente, e combinando um giro, um chute e um golpe rasgou ao meio a camisa da divassa. Só que a ousadia saiu muito mais caro do que ele pensou.

– RAPARIGA!

Sensei foi chutado pra longe o suficiente, e La Cindy aproveitou pra despedaçar a roupa e a pele da inimiga. Por sorte, nenhum corte profundo. No fundo, eles queriam se matar, e mais no fundo, queriam continuar lutando o máximo de tempo possível. Ele começou a tirar as botas. Ela também.

– Parece que vamos ter que mostrar ainda mais a dureza das nossas espadas, né...

Ele tirou o sobretudo rasgado. Ela mordeu os lábios.

– Sí, chico. Você só vai passar por mim se me mostrar suas armas mais secretas e bem treinadas por todos esses anos. Voy a te mostrar todo el poder de La Trepadera. Te darei memórias inesquecibles!

Ela tirou o casaco em pedaços e o resto da camisa. Ele não tirava os olhos dela.

Eram só dois machos musculosos um de frente pro outro, sem nada além de calças, força e coragem. Ele era um pouco menos definido, mas fez melhor as unhas e tinha mais cabelo. Os olhos de ambos brilhavam, transbordando poder. Os dele, prateados. Os dela, verde-piscina. Os cabelos balançavam. Ele sangrava um pouco mais. Ela sorria um pouco menos. Acabaram percebendo que eram mais ou menos do mesmo tamanho, até nas espadas. Mas qual era mais dura? Era o que queriam descobrir.

– Agora estamos em condições iguais.

– Sí, chico. Não importando quem ganhe, nós somos los campeones, mi amigo. E vamos continuar lutando até el fim! VAMOS! MOSTRA-ME TUA ESPADA!!!

Dois machos brilhando de glitter, suor e desejo corriam de encontro um a outro em um salão vazio. Podia ser uma boa cena de romance, mas era um pouco mais brutal. Só um pouquinho. Brilhavam de suor e glitter, mas também de sangue, e o único desejo era de descobrir quem tinha a espada mais dura, provando aquilo com a vitória. Começaram uma briga de socos e chutes e golpes com os braços direitos. E eram quando suas espadas se cruzavam que Sensei começava a entender, e pouco a pouco ver tudo de La Cindy.

O corpo definido, forjado pelos exercícios incansáveis. A personalidade afiada forjada pela determinação. Um golpe. Os traços mestiços. Dois, três. Um chute. A pele, formato dos olhos. Um golpe de baixo pra cima. O rosto andrógino, mas ainda assim másculo. Os cabelos curtos, mas bem cuidados. Os adereços exóticos. O bigode. A força de cada golpe. O braço direito doía de um jeito indescritível. La Cindy era uma máquina de guerra e sedução em busca da perfeição de corpo e alma. Mas máquinas não são perfeitas. Máquinas perfeitas não falhariam.

Foi tudo muito rápido. Sensei viu uma brecha, sacou sua “segunda espada” (ou seja, o braço esquerdo que estava guardando esse tempo todo) e encaixou uma sequência de golpes que lembrava um de seus golpes especiais. La Cindy tentou defender e revidar, mas não conseguia acompanhar a velocidade dos braços e pernas de Sensei só com seu braço direito. Tentou um último golpe de cima pra baixo, mas Sensei desviou e fez seu movimento vitorioso.

Estavam parados, mais suados e ofegantes. Sensei, depois de desviar o golpe, girou e conseguiu agarrar La Cindy por trás com o braço direito. As unhas da mão esquerda estavam no pescoço da oponente, prontas para acabar com tudo no próximo movimento.

– Ah, rapariga... Então tinha outra espada... E ainda mais afiada... Só esperando... Para cortar mi corazon... – disse a divassa, sem se mexer muito nem conseguir respirar direito. – Tu eres el culpado deste amor se acabar, chico!! Mas el show precisa continuar. Mesmo que meu corazón esteja em pedacitos... mesmo com mi make borrada...

– Se você se mexer vai morrer, tá sabendo, né...

– Si, sei. Por isso te declaro vencedor. Superaste La Trepadera. Tu espadón és lo mejor de todos! Puedes passar pela casa del cabritón, chico.

– Você é o melhor, José Shurio Hernandez Gabriel Manoel Miguelito Joaquín de Maria Guadalupe Aparecido de la Silva – respondeu Sensei, largando a diva e indo pegar suas roupas. Ou o que sobraram delas, pelo menos. Sentiu uma rajada de vento passando pelo corpo, e percebeu que sua hemorragia havia sido “cortada”.

– Agora você não vai mais morrer daqui pra chegar na próxima casa, chico. E yo soy La Cindy, divassa dourada de la casa del cabritón! – disse ela enquanto colocava o casaco sobre os ombros e passava a mão pelo corpo com um sorriso no rosto.

– Sim, sim. Se encontrou, então... Vou te ensinar uma lição, La Cindy: saber que não somos perfeitos é o primeiro passo pra atingirmos a perfeição de sermos nós mesmos. Seja lá o que nós formos.

– Somos campeones, mi amigo. Agora el show precisa continuar, chico. Vá. – disse ela, acompanhando o bofe até a saída.

– Vou. Se prepare, bicha da próxima casa. Se prepare, grande bicha. WE WILL ROCK YOU!!!! – respondeu, já do lado de fora, se afastando a passos lentos.

– Ayayay, shuram? – respondeu La Cindy, mais pra si que pra ele - Amigo, és um macho jovem. Um macho man fuerte gritando na rua. Vai a enfrentar el mundo todo de novo um dia, com sangue no corpo todo, mas tu alma non sangra, tu alma és afiada e inquebrable, né? Nunca irás dejar de agitar tua bandera, né? Buena suerte, rapariga!


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Notas finais do capítulo

- José Shurio Hernández Manoel Miguelito Joaquín de Maria Guadalupe Aparecido de la Silva é inspirado em Shura e El Cid de Capricórnio, Freddie Mercury, Frida Kahlo, Cindy Lauper e uma zoeira do Vai Seiya.
— José Shurio Hernández Manoel Miguelito Joaquín de Maria Guadalupe Aparecido de la Silva é um nome gigante que eu não vou decorar nunca na minha vida.
— Freddie Mercury é virginiano com ascendente em leão e um dos poucos divos homenageados da nossa história. Merecidíssimo.



No episódio 6 da paródia "Vai Seiya", El Cabalero de la Mujer diz o nome enorme de uma das mulheres dele: Maria Mercedes Joaquina Agustina Consuelo Rosalinda de Santiago de Compostela. Aí eu fiquei com essa zoeira na cabeça e criei a La Cindy. Como o El Cid é um dos mais machões e bad ass, tentei criar uma espécie de Macho Man. Como ele é um espanhol com uma espada britânica servindo a uma deusa grega, acabei fazendo essa mistura mestiça. Acho que ficou muito legal o resultado, e espero que vocês também tenham gostado dela tanto quanto eu. É uma das minhas preferidas.

Se prepare: o próximo episódio da nossa saga vai fazer você arrepiar tudo. Tu-do! Estamos na reta final!

Não percam o próximo capítulo: Kamizaki Frost.

Até lá! o/



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