As Divassas do Zodíaco escrita por Dija Darkdija


Capítulo 11
11- Shakeella, Shakeella


Notas iniciais do capítulo

As vezes as verdades absolutas são reveladas das formas mais simples possíveis. Mas esse não é o nosso caso. Nada é tão simples quanto parece nessa história...

Boa leitura!



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MECÂNICO DE ALMAS

na vida passada o mecânico
juntava karma depressa
reencarnou com sucesso
(mas encontrou cada peça...)

mudou em quase tudo
menos na sensação
de querer consertá-las

Sensei

***

Enquanto a versão psicopata da boneca-poste partia o bando das cachorras ao meio e Kruba torcia para seu plano dar certo, Sensei e Shakeella estavam no caminho para a sexta casa.

– Você é parecido comigo, sabia? – Diz Shakeella, andando um pouco a frente de Sensei.

– Não, não sabia... Em que exatamente?

– Você analisa tudo... E pensa demais. Quer consertar tudo sozinho, até mesmo as pessoas às vezes.

– É?

– Você é do mesmo signo que o meu. Só que é um pouco mais estressadinho, né, migs. Você precisa aprender a meditar um pouquinho.

– Vou meditar sobre esse ponto. Ou não...

– Se for, está no lugar certo para isso. Seja bem vindo à casa das Monjas Dançarinas Ten Bundistas – disse Shakeella, jogando o hábito pra cima. Por baixo da roupa comportada usava uma espécie de véu cheio de miçangas como saia, uma blusa curta de lenços trançados, e um cordão de miçangas na cabeça. Tudo dourado como ela. Outro detalhe é que o cabelo de repente tornou-se maior e cacheado. Sensei ficou tão focado em tentar entender a transformação repentina que se esqueceu de olhar os detalhes da parte de fora da casa (não fez muita diferença na verdade, parecia com todas as outras). Porém, uma coisa lhe chamou atenção: ela mantinha a venda dourada nos olhos.

– Ihh, que foi? Olha o babador, heim.

– Não, não é isso...

– O cabelo, eu sei... Babyliss, gato! Faz milagres!

– Não, não é isso... é que eu estava prestando atenção na venda que você usa. Na hora do desespero eu mal notei.

– Ah... sim, temos uma tradição que pode lhe parecer um tanto estranha. As monjas Ten Bundistas abdicam de abrir seus dois olhos para que possam atingir um grau elevado de abertura do terceiro olho, se é que você me entende... (e de brinde adquirimos algumas vantagens extras, como conseguir ouvir e sentir tudo e mais um pouco que acontece ao nosso redor).

– Ah, entendi... Então você...

– Sim, eu ouvi tudo e fui lá te socorrer.

– Entendo. Fico agradecido pela ajuda. Só mais uma pergunta: você disse... Monjas? “Tem Bundistas”... Mas você não era uma freira ou algo do tipo? Ou não... Até porque você falou antes sobre signos, e considerando que você é a sexta...

– Sim, eu sou de virgem. Só no signo, claro, assim como você, né? A fantasia de freira era só pra me disfarçar, senão a bicha mestra ia pegar no meu pé até a barba daquela leoa lá cair de uma vez. Eu vou te contar a verdade absoluta sobre as divassas. Mas antes, você precisa entrar na minha casa, né? Vem!

Sensei seguiu Shakeella para dentro da sexta casa. Parecia com as outras, a não ser pelas atendentes, que pareciam odaliscas (todas vendadas), e as paredes, pintadas com temáticas sacroprofanas.

“Gostou, né gato... me chama de Kama e deita ni mim que a gente Sutra! Gostoso!”, pensou ela.

– Então, essa é a casa das... Monjas...? – perguntou Sensei, tentando relembrar o nome inteiro.

– Monjas Dançarinas Ten Bundistas. É que não somos “zen” bundistas, né. A gente tem, e muito. Se quiser conferir... – disse a dourada, rebolando.

– Agradeço a oferta, mas... Não, obrigado.

– Existem uns tais de “Zen Vagabundistas” também, mas não conheço muito sobre eles. Cada escola tem uma verdade absoluta. Como eu te disse, eu irei contar a verdade absoluta sobre as divassas. Sente-se – disse, apontando algumas almofadas.

– Pelo visto a história é longa – respondeu o professor, sentando no lugar que a divassa havia apontado. Imediatamente algumas das odaliscas começam a cuidar dos ferimentos de Sensei com óleos que ele nunca havia visto. Shakeella sentou-se em posição de posição de lótus e fechou os olhos por um tempo. Depois começou a falar, enquanto mexia os braços lentamente no ritmo de alguma música que Sensei não conseguia identificar.

– Nós somos as Divassas, guerreiras que servem à Ookama, deusa dos travestidos, das drags, dos andróginos, dos indecisos, dos que se decidem por tudo... A deusa aceita a todos. Oficialmente, existem 69 de nós. As 12 mais fortes são as douradas, as 24 que ficam no meio (ui) são as prateadas, e as 33 restantes (três atrás de outras três, adoro) são as bronzeadas. E tem as agregadas, claro, mas elas não contam como oficiais. São as aposentadas, tipo a Sheyoncé ou que aprenderam os preceitos da deusa mas saíram pelo mundo, tipo a Sayumi.

– Você conhece elas?

– Claro, meu amor. Ouço tu-do! E eu sei que você conhece elas, o babado aqui rola solto. Eu só queria que descobrissem o segredo da Sheyoncé, porque ela se aposentou faz uns 200 anos e continua linda daquele jeito.

– Quê? Ela tem mais de 200 anos?

– Tem! Nem parece que tem 25, aquela bandida! Enfim, pelas minhas contas, e olha que meu terceiro olho é bom em ver essas coisas, você é o agregado de número 37, o divasso dos nove rabos (ui), por causa dessa sua coisa com as raposas. Só número bom, meu amor. Sua raposa te dá sorte e abundância mesmo (ô abundância!)... E a gente aqui com fome de loba, né? Enfim, como você já deve ter ouvido ou percebido, aqui é o nosso refúgio, o Santuário Vermelho. É onde se localizam as melhores casas noturnas do mundo. Nós, as douradas, somos as mais poderosas de todas, cada uma de um signo, com sua própria especialidade e casa noturna, responsáveis por guardar o Santuário Vermelho. Por isso só recebemos clientes muito especiais, e quem quer ver a Grande Bicha tem que aguentar a mundialmente famosa “maratona das divassas”. E tudo isso tem um motivo, claro.

– Eu acredito que eu vou me arrepender de perguntar, mas... qual?

–Hm, bicha curioooosaam... ai, tá bom, eu já contando tudo mesmo...

– Contam! – disse Sensei, ironizando a outra.

– Ai, contooo! – respondeu ela, não captando a ironia com a empolgação em que estava. – É que assim, a grande bicha um dia leu aquelas revistas que dão conselhos pra tudo e em tudo, sabe, a “SEJA”, a “CAPRICHOOOSA!”, tal... Você sabe, né? Essas revistas cheias de horóscopos e dietas e ideias malucas que ninguém em sã consciência seguiria e... Bem, e aí teve uma ideia. Essa ideia mesmo. Ficou metida, sabe, criou isso tudo aqui e dedicou à deusa Ookama. O povo aqui (que nem gosta de uma fofoca também, né) diz até que ela é como se fosse uma reencarnação da própria deusa... Que ela é a mais forte de todas, pelo que dizem. Outros dizem que não, ela é só a mais respeitada de todas. Eu não faço ideia, mas prefiro não entrar em conflitos, se possível. Aquela coisa das inimigas de mil dias, sabe, mas a Le Onna tava merecendo, viu... A gente precisa ser egoísta e dizer que é a mais top sempre, mas ali já era demais.

– Eu também não queria conflitos, mas vocês nunca me deixam passar amigavelmente...

– Pois é, se você pedisse eu faria tudo que você quisesse (tu-di-nho), mas são ordens da Grande Bicha. Agora pra chegar nela você tem que passar pelas doze douradas, uma por uma... Ai, bom pra gente que aproveita antes dela. Ah, e cada casa que você passa é uma estrelinha que você ganha com a Grande Beesha, ela tá lá contando e vendo tudo. Quando você juntar as doze tem direito a um encontro com ela, com direito a jantar, massagem e tudo mais que você quiser (tu-di-nho!).

– Hm... Entendi... Então é isso?

– Sim, é isso.

– Ok. Entendi tudo agora, eu acho. Você bem que podia me dar a sua estrela então, Eu sei que você já foi muito legal em ter me contado tudo isso, mas eu não queria ter que te machucar, sabe...

– Ai bee, nem, dar só com carinho, óóóquei? Eu sou a divassa mais próxima da deusa e a conselheira da Grande Bicha, gato, aí você chega do nada e quer que eu vá dando assim pra você, sem nem rolar um papinho antes? Nem um jantar ou um buquê? Um chocolatinho que seja?

– É. – Shakeella parou de dançar e encarou Sensei por alguns instantes. Por fim, disse:

– Pelo menos você é franco.

– Sou. Vai dar ou não?

– Não.

– Então vou ter de pegar à força.

– Ui, a-do-ro! Então Shakeella, a divassa dourada mais próxima da deusa Ookama, conselheira da Grande Bicha e guardiã da Casa das Monjas Ten Bundistas (virgem só no signo) será sua oponente. Prepare-se, gato, e sua sorte que eu te curei pra você não morrer no primeiro golpe. Receba! RENDIÇÃO DIVASSA!!!!

A única coisa que Sensei conseguiu ver foi um brilho intenso que quase o deixou cego. Ao mesmo tempo, uma onda de energia bateu em seu corpo e o jogou contra a parede.

– Sua vez... – disse a dourada para um Sensei que tentava se levantar após o impacto – Se você conseguir se levantar, claro. Pode levar o tempo que quiser – após dizer isso, começou a fazer outra coreografia na qual parava em várias posições diferentes. Depois de várias posições de mão e arranjos com os dedos, parou com as mãos juntas na frente do peito e continuou: – Não gosto daquelas lutas que você se acostumou a lutar, em que um procura não dar descanso para o outro, e não quero sujar muito minha casa, eu acabei de fazer essa decoração nova. Então, que tal criarmos algumas regras?

– Bem, eu não me importo... – respondeu o outro, de pé, mas com a mão em uma costela.

– Cada uma bate de uma vez. Quem bater mais ganha. Quem aguentar mais ganha. Quem tiver mais Gleeter vai brilhar mais, e ganhar. Quando um bater o outro pode usar o que quiser pra se defender, mas não pode contra-atacar diretamente. Ok?

– Ok.

– Sua vez então – disse a dourada, sem sair do lugar nem da posição em que estava.

Sensei e Shakeella começaram a realmente brilhar, ou ao menos pareciam emanar um brilho que os envolvia. O de Sensei era prateado, quase branco, o de Shakeella era dourado. Vários raios prateados começaram a emanar da aura de Sensei e se concentrar na sua mão, até que...

– RAGING THUNDERFORCE!!

...Sensei correu, fechou a mão e soltou um soco poderoso que mirava a cara da Shakeella.

– WAKHAN! – movimentando o quadril Shakeella criou uma espécie de barreira com o brilho do seu Gleeter que impedia o soco de Sensei de prosseguir, por mais que ele continuasse forçando. – Eu disse que sou banhada no Gleeter... “hmm... esse golpe é forte mesmo, mas...” UUUI!!! – com outro movimento de quadril, a bicha dourada expulsou uma onda de choque e Gleeter que conseguiu afastar e desarmar o golpe de Sensei.

– Você não vai conseguir ganhar do meu Wakhan assim. Pelo visto você já tem até o sexto samba, usou os cinco sentidos pra me analisar e o sexto, a intuição para automaticamente tentar partir para uma luta corporal, já que não é minha especialidade. Quase me pegou desprevenida, bicha. Ainda bem que eu tenho meu mantra. UUUUI! E quando eu recito esse mantra...

– Você fica mais forte.

– E uma onda de choque atinge o adversário, afastando-o, mas sem o atacar diretamente. Então é uma técnica de fortalecimento que também conta como defesa, já que afasta, mas não machuca.

– Ou seja, você não quebrou as regras. Ou seja, você não é uma bicha burra. Ou seja, é a sua vez de novo. Ou seja, eu me ferrei. Ou seja, pode vir...

Shakeella saiu da sua posição e começou a dançar e colocar incensos acesos em volta de Sensei. Depois de completar um círculo ao redor de Sensei a aura de Shakeella começou a brilhar intensamente, e a dourada, voltando sua posição inicial gritou:

– CÍRCULO DAS SEIS INDECÊNCIAS!

– O quê?

– O círculo das seis indecências pega as inimigas numa armadilha de incenso e glamour, meu amor. Eu vou agora te mostrar seis indecências, e você vai ter que conviver com a imagem de uma delas pro resto da vida!

– Faça o seu melhor, bicha dourada!

– A primeira indecência é o inferninho. Você vai conviver com a imagem de um bordel de quinta caindo aos pedaços empestado de homens, mulheres e trans que não tiveram outra alternativa a não ser se prostituir. A maioria delas vai morrer jovem por uma DST ou um acidente misterioso sem que ninguém ligue para elas.

– Próxima.

– A segunda indecência são as insaciáveis. Você vai conviver com a imagem de pessoas tão viciadas, mas tão viciadas em sexo que nem tem tempo pra comer, e aí se comem umas às outras literalmente para ter mais tempo de se comerem, se é que você me entende...

– Entendo... próxima.

– A terceira indecência é o bestiário. Um lugar onde as pessoas cedem aos instintos mais primitivos, como bestas. Você vai conviver com a imagem da mais completa falta de humanidade. Tudo é movido a sexo, fome e luta. A quarta é a dos guerreiros. Um lugar cheio de sangue, muitas chicotadas e BDSM, pessoas amarradas e torturadas por uma dominatrix forever. Tudo consensual, claro. Além disso, você vai ter de conviver com a imagem de várias pessoas que parecem dragões e só um verdadeiro guerreiro encarararia.

– Certo.

– O quinta indecência é a insensível. Um lugar cheio de bicha pão com ovo que não liga pra nada além da própria aparência. Você vai conviver com a imagem da humanidade mais insensível que existe.

– Falta mais um.

– O Paraíso. Você vai conviver com a imagem de você fazendo o que você quiser com quem você quiser, só as tops tipo euzinha, a Mulan... Lá elas abrem o terceiro olho pra você quando você quiser. Só que se você der o menor vacilo, não aguentar o tranco ou desistir de encarar o desafio em algum momento você vai passar a conviver com a imagem do inferninho, das insaciáveis ou do bestiário.

– E se eu não quiser escolher nenhum?

– Eu vou jogar todas de uma vez na sua cabeça, querida! Você tem até de quatro pra pensar! E é uuum...

– Ei, calma aí!

– Dois....

– Ok, ok...

– Três...

– Tá, já escolhi.

– UUUUI!!!

– RAGING THUNDERFORCE!!! – Gritou Sensei ao mesmo tempo que a dourada. O brilho dos raios e da aura do professor concentrou-se em volta de seu corpo e afastou o incenso e qualquer possibilidade de ataque.

– Nossa bicha, você é destruidora mesmo. Então quer dizer que seu ataque é versátil... Quando você estava na casa das bate cabelo usou o golpe para atingir a casa inteira e destruir os holofotes. Aqui você concentrou o golpe na mão e tentou potencializar seus socos. E agora você usou no corpo inteiro, como uma barreira para os incensos, assim se livrou das seis indecências. E como isso conta como defesa, já que você não me atacou, ainda é a sua vez. É, você é realmente destruidora, heim... Mas pelamor da luz elétrica, gato, vê se troca a faixa que tá ficando chato você usar o mesmo golpe até pra fazer drink, né?

– Ok... desculpa – respondeu ele, meio sem jeito, pensando em outro golpe.

“Bem, tem aquele... meteoro.... meteoro de.... diamante...não, cólera...da...fênix? Trovão da nebulosa do dragão fluorescente! Corrente de pavão ascendente da rosa da morte da ilha negra da rainha da... Não, não é isso! Não... também não... de jeito nenhum... Merda, eu esqueci todos os golpes com nomes legais! Só lembro daquele tosco... “Reprovação relâmpago” que eu adorava usar nos alunos que não tavam nem aí pra nada e tal, mas seria ridículo, e ela é muito esperta pra ser reprovada... E agora?”

– E aí?

– E aí eu não tenho esses truques legais que você tem. Tudo que eu posso fazer é tentar te bater cada vez mais forte, até você decidir me dar de uma vez. Passagem, eu digo.

– Meus pêsames. Nem dou. E o mesmo golpe não funciona duas vezes contra uma divassa.

– Sei...

“Eu acho que eu já ouvi essa história antes”

– Nem adianta tentar.

– ... Mas quem disse que o mesmo golpe é sempre igual a cada vez que se usa?

– Então você está mesmo disposto a...

– Raging Thunderforce!

– Wakhan!

Shakeella conseguiu defender o punho de Sensei por alguns instantes, mas por haver subestimado o poder da insistência, não conseguiu detê-lo completamente. A aura de Sensei brilhou mais, quebrou a barreira e atingiu Shakeella de raspão, que foi obrigada a desviar com uma pirueta para não ter seu lindo rosto amassado. Ainda assim, sentiu um filete de sangue descer pelo seu rosto.

– Ai, que bruto. Eu até gosto, não vou negar, mas tirar sangue já foi demais. Ninguém nunca me fez sangrar... (não sangrou, sabe, foi com carinho). Você... É muito estranho. Meio que... Não consigo te analisar e dizer “ai, é isso”. Você parece uma de nós, mas parece algo totalmente diferente ao mesmo tempo... Bem, infelizmente não posso perder a noite inteira tentando te descobrir (se bem que eu queria muito te descobrir...). Receba o golpe mais poderoso da divassa de virgem (só no signo)!!

Sensei pensou em como se defenderia. Esperou o golpe. E de repente percebeu que o golpe já havia sido aplicado. Uma música provocante, um cheiro afrodisíaco, seguidos de uma coreografia de Shakeella. As figuras indecentes na parede pareciam vivas.

“O...o que é... Puts, uma ilusão?!”

– Isso é o Tesouro dos Véus. O meu golpe secreto, o meu número especial em que a Lótus de Ouro se abre com-ple-ta-mente... a verdade suprema do mundo das divassas. Nós somos divas devassas. Uma mais pervertida que a outra. E o mundo é uma inconstância eterna. Cada momento pode ser o último. Aliás, cada momento É o último, pois no próximo você não é mais o que era antes. Por isso, meu golpe secreto aproveita o momento em que é lançado para que eu possa aproveitar minha inimiga enquanto o instante ainda existe e a minha vida está completa. Você, sem estar alegre nem triste, meu caro professor poeta, vai perder os sentidos, um por um. Os 5. Depois, a intuição, o sexto. E por fim, até mesmo seu Gleeter, seu brilho, o sétimo sentido. E aí vai sobrar só seu corpo, pra eu fazer o que eu quiser com ele. Seu golpe que faz até suco detox não vai poder salvá-lo dessa vez. Você está paralisado pelo meu cheiro, pela minha visão, pelo meu toque... Pela minha voz... Pelo meu gleeter. E quando eu abrir meu terceiro olho...

“Ótimo... eu não posso me mexer. Legal. E agora ela tá passando a mão em mim...e...pera, agora eu não tô sentindo mais ela passar a mão! Como assim? E... Também não tô sentindo mais os cheiros! Nem ouvindo a música... Droga, assim eu vou realmente virar a porra do bonequinho dela! E minha visão tá embaçan- epa, assim ela vai acabar abrindo o tal do terceiro olho, e eu não quero ver mais “terceiro” nenhum! O tal do terceiro chifre já foi traumatizante o suficiente. Corpo, se mexe, pelo amor dos deuses! Gleetter, brilhe! Acenda! Relembre-se da sensação, do poder mais foderoso de todos! Vamo! Rápido! VAI, CARAMBA! FAZ ALGUMA COISA!”

Enquanto a mente de Sensei era um turbilhão de pensamentos, seus olhos foram apagando. Ele os fechou, não serviam mais para nada. O que ele não podia ver, ouvir, cheirar, nem sentir de forma alguma era Shakeella, aproximando a boca da sua para retirar-lhe o último sentido. E então, mesmo sem sentir, sentiu de alguma forma. Aquilo que parecia acabado e aquela sensação de morte acendeu algo em Sensei, e isso deixou a dourada chocada. Literalmente. Uma onda de choque quase derrubou a casa e teria jogado a dourada para o outro lado, se ela não tivesse usado o Wakhan. Quando recuperou-se do susto, percebeu que o Gleeter de Sensei havia mudado de cor.

– Mas... quê? Essa aura...

– É magenta, bicha nojenta!

– Eu não posso me mexer! Ele... Ele conseguiu reverter meu golpe! Mas... como? – gritou uma Shakeella espantada.

– Ela. Ela, tá. Bitch, please... Melhore, né?

– Como...??

– Ai, para, eu sei que tu gosta de uma inversão. E acorda, né, viada, tu acha mesmo que essa macumba toda ia pegar pro lado do bofe, querida? Me poupe, ele já enfrentou dragões mais bonitos que você! – disse Sensei, com os olhos prateados e uma mão na cintura. – E você acha mesmo que pode sair assim beijando ele? Tem dona, óquei?

– Você... Não é o bofe... Não, pera, é... É e não é ao mesmo tempo?! O bofe tem dupla personalidade e a parte fêmea curte a parte macha! MEU DEUS, EU TÔ PRETÉRITA! VOCÊ É OUTRO NÍVEL DE BICHA LOUCA, ADOROOOO!!!

– Claro que eu gosto dele, né, meu amor, sabe o que é amor próprio não? Ai, também né, com essa roupinha de odalisca barata... E dupla personalidade é pouco, ou tu acha mesmo que essa loucura toda vinha de uma cabeça só? Agora sai da frente que eu tô passando, tá? – disse Sensei, ou sua outra personalidade, antes de sair desfilando no salto 17 até o lado de fora da casa.

“Consegui...” pensou Sensei, desabando do lado de fora.

– ... Bicha, lacrou, heim. – confessou Shakeella

– Lacrei o tempo, meu amor... – disse Sensei, se jogando no chão.

– Deu esse show todo só pra me distrair e sair da minha casa. Agora você é assunto da próxima... É, você é realmente uma bicha des-tru-i-do-ra! Mas... Ainda não entendo... Você parece e não parece uma de nós... Aquela aura... Aqueles olhos... Foi como se a sua própria vida brilhasse. Você atingiu o sétimo samba por alguns instantes, parabéns. Parece que era uma questão de vida ou morte que eu não encostasse em você.

– Desculpa aí, mas... Não tô nem um pouco afim de descobrir o que é o tal “terceiro olho”, sabe...

– Bem, não sabe o que tá perdendo. Mas porque tanto esforço para atravessar as doze casas noturnas? Você nem conheceu o negão (aliás, não sabe o que tá perdendo mesmo...).

– Sei lá...

– Então você veio aqui se ferrar todo por um motivo qualquer? Pior: sem nem ter um motivo pra isso?

– Talvez... Faria diferença se fosse por um motivo nobre, como amizade? Eu teria que passar por vocês de qualquer forma. Eu fui com a cara dele. Acho que isso merece ser passado a limpo. Quero descobrir o que aconteceu, não quero deixar que isso fique assim.

– Você é sábio... Mas ao mesmo tempo é muito burro. Ou louco. Me pergunto que cara você tem: de sábio ou de louco?

– Não faço a mínima ideia. Por que você não vê com seus próprios olhos e julga você mesma?

– C-como assim...?

– Tira, ué.

– Ui...

– A venda, ok? Só a venda!

– Droga... Tá, vou tirar, a curiosidade é maior. Mas ó, segredo divasso, viu? Ninguém pode saber.

– Segredo divasso. Ou como costumo dizer, ‘informação confidencial’.

Shakeella tirou a venda e, ainda de olhos fechados, chegou mais perto de Sensei. Abriu seus olhos lentamente e inclinou a cabeça para ver o homem que a derrotou. Ele estava deitado do lado de fora, suado, de peito aberto, encarando-a como ela nunca achou que poderia ser encarada antes.

– Olhos bonitos. Bem azuis... Imaginei que eram verdes, por algum motivo. – disse ele, despreocupadamente.

– E eu imaginei que você teria mais cara de héroi ou de louco. Você tem a cara dos dois e de nenhum ao mesmo tempo... É como se você realmente tivesse duas personalidades. O que diabos você é, bofe?

– Apenas... Um Sensei... – resmungou, antes de apagar completamente.

“Espero que você me ensine mais lições qualquer dia desses...” pensou a dourada, voltando para suas meditações cotidianas.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam da verdade absoluta das Divassas? Agora, vamos a mais algumas verdades:

— Shakeella foi inspirada na cantora Shakira (uau! sério? Sim, eu não tinha nenhum trocadilho melhor pro "Shaka", e "Asmita" não dá pra parodiar. Então usei o trocadilho óbvio, até porque alguém poderia me cobrar depois)
— Shakira é do signo de Aquário.
— Eu sou virginiano.
— O Sensei também.
— E alguns de vocês. Outros não são. Ou seja, isso não faz sentido.
— Estou postando isso na semana da minha formatura (será sexta), então estou achando bem curioso o capítulo da semana ser logo o do meu signo.

Enfim, comentando sobre esse capítulo: pois é, eu digo que meus protagonistas nasceram comigo. Geralmente são todos virginianos, até porque o único mapa astral que eu realmente conheço é o meu. Como não sei de algum site que faça mapas fictícios, acabei indo pelo caminho mais fácil e olhando pra mim mesmo. Bem, eu adoro os cavaleiros do meu signo, obviamente, então tentei caprichar o máximo possível. Eu caprichei tanto, mas tanto que quase esqueci da tradição de virgem privar um dos sentidos! shuashauhsuasa
A venda foi adicionada em uma revisão posterior, inspirada em Klahan, o cavaleiro de virgem de uma fic chamada "Klahan - O escolhido dos deuses", da Katrinnae Aesgarius. Essa fic foi muito legal de ler porque 1- é bem escrita, e é interessante ver um cavaleiro de virgem inventado. Nada de Asmita ou Shaka ou Shijima, e mesmo assim, super virginiano e fodástico, e 2- porque a autora me indicou uma outra fic muito boa de cdz chamada "Naquela noite" que me fez dar muitas risadas e me desempacou desse capítulo que na época, estava só na ideia.
Sobre essa possível desmunhecada do Sensei: pode ter sido mera atuação ou ele realmente tem muitas personalidades e uma delas ser bem feminina. No meu caso, como eu sei do resto da história dele, sei que é a segunda possibilidade, mas se guiando apenas pelas divassas, fica em aberto pra vocês acharem o que quiserem, até porque nem eu sei se uma delas despertou mesmo ou não aí nessa cena, rs.

Enfim, é isso. Eu gostei muito do resultado final, e espero que vocês também tenham curtido, e vejo vocês semana que vem. Qualquer coisa, repito, qualquer coisa mesmo, só deixar nos comentários.

E não percam o próximo capítulo de As Divassas do Zodíaco: A bicha velha. Até lá! o/



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