O despertador tocou. Abri meus olhos lentamente. O teto do meu quarto me encarava, levantei meu braço direito como se pudesse toca-lo, estiquei todos os meus dedos enquanto sorria sem motivo. Despertador continuava a tocar, eu podia facilmente ignora-lo, mas o barulho era muito irritante para isso, desci meu braço e o esticando-o para o celular e em um toque o silencio reinou no quarto.

- Olliver! - Escutei minha mãe gritar de algum lugar da casa - Acorda! - Ela voltou a gritar, respondi com um longo e alto resmungo.

Levantei-me pouco tempo depois. Talvez tenha sido um pouco mais. Provavelmente foi mais, andei lentamente até o armário e quando o abri, me deparei com minha imagem refletida no espelho. Eu estava nu, coloquei a mão em volta do meu pescoço, fechei meus olhos e comecei a descer ela lentamente pelo meu corpo. Um toque suave, quente, reconfortante, prazeroso. Quanto mais descia, mais prazeroso se tornava. Me permiti soltar leves gemidos, mas parei ao chegar na parte "pecaminosa" do corpo masculino. Abri meus olhos lentamente e sorri a me deparar com meus próprios olhos azuis me encarando. Novamente me voltei para o armário novamente, peguei uma blusa de manga longa com listas horizontais azul e brancas, calça jeans azul escuro e um sapato branco que havia debaixo da cama.

Fui até o banheiro e me encarei novamente no espelho, meus cabelos loiros e ondulados estavam bagunçados e iam para qualquer direção. Eu gosto assim. Só precisei abaixar um pouco o volume com minhas mãos e tirar um pouco do cabelo na frente do meu olho, após isso escovei os dentes. Vualá! Estava pronto para o inferno.

A mochila em minha costa. Bom, deveria estar me minhas costas, mas eu uso ela na altura da minha bunda. Balançava para frente e para trás de acordo com meus passos largos. Bastou eu me aproximar do colégio, que fui a atenção de variós olhares. Não por ser bonito, mas a minha fama chama a atenção de todos, mulheres e homens. Enquanto subia as escadas para o segundo andar do colégio, fazia meus dedos "andarem" pelos corrimões, mas a brincadeira acabou quando cheguei ao segundo andar, minha sala de aula já era a primeira após a escada. Era uma sala "grande", paredes brancas, um grande quadro negro na frente com a mesa do professor, e doze duplas de cadeiras divididas em três fileiras. No momento que passei pela porta, novamente, fui alvo de olhares.

- Perderam alguma coisa? - Pergunto sem conseguir deixar de sorrir, mostrando meus caninos. No mesmo estante todos voltaram ao que estavam fazendo antes da minha pessoa entrar no local, menos um.

Atravessei a sala devagar, passava minhas mãos pelas as mesas desocupadas que deixava para trás. Andava em direção ao menino de cabelos negros que ainda me encarava, mesmo que pelo canto do olho.

- Puta - Murmurou a menina de cabelos coloridos degrade que iam de um roxo quase preto na raiz até um rosa claro nas pontas enquanto eu passava pela mesma. "Assim como você" pensei passando por tal sem mesmo a olhar ou deixar de sorrir.

Sentei-me na cadeira a frente do garoto e me virei para trás para encara-lo, mas agora o garoto parecia fascinado em olhar sua mesa em branco, fazendo os vários fios de cabelo caíssem sobre seus olhos.

- Dói? - Perguntei para o garoto, que olhou para mim com uma expressão confusa, então coloquei o dedo sobre minha narina esquerda "mostrando" do que eu estava falando e resolvi reformular a pergunta - O piercing no nariz, dói?

- Não muito - O mesmo respondeu, voltando o olhar para a mesa.

- Você é novo? - Pergunto cruzando meus braços sobre a mesa e apoiado minha cabeça nos mesmos.

- Não - Ele nem tirou o olhar da mesa

- Tem certeza? - Tombo um pouco a cabeça tentando olhar direito nos seus olhos.

- Não, só estou fingindo que sou veterano mesmo - Respondeu o garoto com desdém voltando a me encarar, seus olhos azuis escuros pareciam tão profundos quanto o mar à meia noite.

- Gostei dos seus olhos... - Murmurei me levantando ignorando completamente seu tom de voz.

Mal tinha me levantado e o professor entrou entrou na sala, então fui me sentar. Dessa vez no lugar de sempre, ná ultima dupla do lado esquerdo da sala, duas mesas atrás do garoto. Onde uma garota de cabelos ruivos, olhos verdes e sardas no rosto, ocupava uma das mesas.

- Hey Sam - Comprimente enquanto arruma minhas coisas na mesa e em troca recebi um sorriso dos lábios da garota. A ruiva voltou seu olhar para o professor na frente da sala, porém escreveu alguma coisa em minha mesa "Brinquedo novo?" - Prefiro chamar de experiencia nova - A garota sorriu novamente e apagou a mensagem.

O resto da aula foi entediante, as palavras dos professores me davam sono. Sinceramente, foi muito mais divertido observar as nuvens passarem pelas janelas, ou mexer nas mechas de meu cabelo, ou encarar o garoto a duas mesas na frente. Ele parecia tão interessado na aula quanto a mim, sua cabeça estava abaixada sobre seus braços cruzados, mostrando claramente que estava dormindo. O mesmo se repetiu nos dois horários seguintes, simplificando, foi uma chatice e graças a deus que o sinal bateu, simbolizando o intervalo.

Levantei enquanto fechava meu livro e caderno de matemática, que no qual eu fingia estar fazendo alguns exercícios. A ruiva fazia o mesmo sem fazer quase nenhum barulho. As vezes ela me dava medo por ser tão silenciosa, silenciosa demais até para uma muda.

- Sam, vai na frente - Digo para ruiva, depois viro meu olhar para o garoto que eu havia conversado mais cedo - Depois nos encontramos no lugar de sempre - A mesma apena sorriu maliciosamente e saiu da sala. Fui até o outro e me sentei no lugar de hoje mais cedo, o observava dormindo, nem o sinal da escola foi o suficiente para acorda-lo. Com o dedo indicador, comecei a fazer movimentos circulares em seu cabelos, enrolandos um pouco no meu dedo, mas logo em seguida seu cabelo liso caia. Não demorou muito para o mesmo acordar e afastar sua cabeça de mim com uma expressão misturando susto e sono - Bom dia, belo adormecido, hora do intervalo, quer vir comigo? - Perguntei me levantado

- Não - Respondeu o mesmo, também e levantando, assim ficando alguns vários centímetros mais alto que eu - Prefiro ficar sozinho

- Ah, sério? - Exclamei fazendo uma cara meio triste, que logo foi trocada por um sorriso sarcástico - Pena que eu não ligo pra isso - Então em um movimento brusco pego seu pulso e começo a puxa-lo para fora da sala.

O moreno protestava, reclamava e até me xingava enquanto eu o puxava pelos corredores do colégio, porém embora suas palavras mostravam certa indignação pelo meu ato, seu corpo não fazia nada para protestar, apenas se deixava ser puxado por mim, me fazendo sorrir e ignorar tudo o que dizia. Sam estava sentada encostada em uma árvore e comia um sanduíche natural quando chegamos, ao seu lado

Annie, com seus olhos puxados e cabelos curto, negros e repicados parecia ver algumas fotos em sua câmera fotográfica. Leah, a garota de cabelos coloridos, estava sentada ao lado de Sam e fumava enquanto olhava para o horizonte.

- Chegamos - Aviso tanto para o moreno, quanto para as garotas, sentando-me de frente para Sam, ao lado de Annie, e fiz menção para o outro se sentar também, que mesmo meio confuso se sentou, fechando um pequeno circulo.

- Quem é esse, Ollie? - A asiática perguntou, erguendo a câmera e sem dar tempo de reação, tirou uma foto do novato.

- Um novato - Respondo colocando a mão no bolso pegando um pacote de chiclete e colocando um na boca - Leah, é proibido fumar na área da escola - Comento para irritar a outra, uma pequena revanche por ter me chamado de puta

- Foda-se - A outra respondeu grosseiramente sem intenção alguma de parar de fumar, porém Sam tirou o cigarro da boca dela e o esfregou no chão até apagar - Feliz? - Apenas sorri junto com a ruiva como resposta - E por acaso esse novato teria um nome? - Leah perguntou, então todos nos viramos para o moreno, que até agora permanecia calado.

- Luccas - Em seguida voltou a permanecer calado.

- Luccas, pode se considere um garoto de sorte... - Paro de falar de repente, um pensamento passou voando por minha cabeça "Luccas"... "Sorte"... "Luck"... - Acho que vou chama-lo de Lucky - Comento em voz alta um pouco avoado - Bom, Lucky, se considere com sorte, você agora é da nossa turma! Yeah! - Exclamo sorrindo

- Que? Mas eu...

- Não venha de "mimimi" - Leah cortou a fala de Lucky - Você não parece ter muito amigos mesmo, apenas aceite.

- Não se preocupe, depois de um tempo não é tão ruim quanto parece - Annie complementou colocando a lente de proteção em sua câmera

- Pelo visto eu não tenho muita escolha - Disse o moreno soltando um longo suspiro - Ok, eu fico - Então Sam bateu algumas palmas, como um "Parabéns por ser juntar ao grupo!"

- Agora irei nos apresentar - Anuncio em voz alta - Meu nome é Olliver, a dama de cabelos coloridos e que aparentar estar de TPM é a Leah - Digo apontando de acordo com os nomes que eu falava, e recebendo um dedo do meio - A ruiva de poucas palavras é a Sam - A mesma deu um "tchauzinho" com a mão - E a fotógrafa asiática é a Annie.

- E aqueles três se aproximando são Nathan, Gabryell e Leon - Comentou a fotógrafa olhando para o horizonte atrás de mim.

Me levanto e me viro, ficando de frente ao trio que se aproximava, Nathaniel andava na frente, seu cabelo era curto e penteado em um topete, Gabryell também de cabelos curtos, porém caídos em uma franja andava ao lado direito do outro enquanto limpava seu óculos na blusa, e ao lado esquerdo de Nathan, Leon, com seu "moicano" e cara fechada concluía o trio.

- Bom dia, como vão os três patetas? - Comprimento com um sorriso sarcástico no rosto.

- Cala boca, bicha! - Leon ameaçou com seu tom agressivo de sempre.

- Vem calar - Falo provocando-o com sucesso, o moreno se aproximou a passo largos, porém antes dele fazer qualquer coisa. Com um movimento rápido aproximei seus lábios dos meus e com as mãos segurei sua cabeça para o mesmo não recuar, como foi pego de surpresa ele demorou para reagir, mas logo fui empurrado - Pronto, você conseguiu, calou minha boca - Comentei me divertindo com a situação.

Em um segundo, eu estava no chão e sangue escorria pelo meu nariz lentamente até chegar na boca, deixando um gosto metálico na mesma. Havia levado um soco certeiro de Leon na parte esquerda de meu rosto, que no momento se encontra latejando e provavelmente vermelha. Então nosso pequeno encontro de amigos na hora do intervalo se transformou em um pequeno caos. Lucky que se levantou em modo de protesto quando levei o soco foi empurrado quase que instantaneamente por Gabryell, porem o novato se desequilibrou e caiu em cima de Annie, que estava com sua câmera em mãos.

- Minha CÂMERA! - A pequena gritou quando viu o estrago na lente, e em um salto a asiática se levantou e partiu pra cima do menino de óculos, como se o espirito de um ninja samurai tivesse baixado nela.

Estava apoiado por minhas mãos e pernas, em uma posição constrangedora "de quatro". Ou melhor "de seis", já que minhas mãos, pernas e pés estavam me apoiando, seis membros. Ainda estava meio tonto com o soco que levei, não tinha certeza se ia conseguir me levantar ,sem cair logo em seguida. Dou uma olhada em volta, observando a pequena confusão que se formara, pude ver Leah com seu celular em mãos apontando para a "briga" que se formava, Sam correu até mim e me ajudou a levantar, Lucky estava no chão e recebia alguns socos na barriga vindo de Leon, Nathan apenas observava de perto a confusão e, por fim, Annie estava caída ao chão junto com Gabryell, mas a garota dominava o garoto com uma chave de pescoço utilizando as pernas.

- Parem agora! - Gritou uma voz masculina, grossa e onipotente. Assim fazendo todos pararem de gritas, brigar e, no caso de Leah, filmar e olharem para o dono da voz, o Sr. Dawkins, um homem de idade, cabelos calvos de um castanho que estava se tornando branco aos poucos, e óculos redondos de haste fina, também conhecido como diretor do colégio - Vocês oito! Na minha sala!

A sala do diretor, tinha bastante espaço, com uma mesa de escritório no centro com computador, anotações e várias outras coisas de diretor, atrás da cadeira do mesmo, se encontrava uma grande estante de madeira escura com troféus que o colégio conquistou, fotos e algumas bugigangas. Só tinha duas cadeiras para "convidados", então rolou uma leve corrida para ficar com elas, os vencedores? Leah e Nathan, o resto de nós ficou de pé logo atrás deles, porém os oitos encaravam Sr. Dawkins em completo silêncio.

- Não quero saber quem começou ou o motivo da briga, só quero que não se repita, entendido? - Perguntou o homem

- Sim, senhor - Falaram alguns em um uníssimo impressionante, mas o resto, como a eu, permaneceram calados.

- Muito bem, detenção depois das aulas, na biblioteca, todos vocês - Concluiu o diretor, fazendo pequenas pausas. Então começaram os gemidos e resmungos de reclamação e protesto - Sem reclamações, ou eu deixo vocês na detenção hoje e amanhã! - Exclamou o homem, em seguida todos pararam de protestar e saíram da sala do diretor.

---//---

Fui o ultimo a entrar na maldita biblioteca. No momento que abri as portas duplas que davam para o "centro de leitura e estudo", fui alvo dos olhares de todos os presentes no cômodo pela terceira vez no mesmo dia. O local tinha várias estantes recheadas de livros e varias mesas "redondas" espalhadas com cinco cadeiras cada.

- Sente-se Olliver - Mandou a unica pessoa em pé, olhei as três mesas ocupadas, uma tinha o trio de garotos, Leah se encontrava sozinha e por fim Sam, Annie e Lucky em outra. Escolhi a terceira opção.

Após todos estarmos sentados. Permanecemos em silêncio, olhávamos um aos outros e Dawkins olhava a todos, ficamos nessa situação por um longo tempo, sem poder conversar, dormir ou mexer no celular. Qualquer coisa era proibido. Até que, para alegria de todos, o celular do mais velho tocou, assim que ele atendeu começou a murmurar algumas coisas e ocasionalmente dizer um "sim".

- Quando eu voltar - Falou logo que desligou o telefone - Eu quero todos vocês aqui, entendido? - Então o homem saiu da sala, sem ao menos esperar a resposta.

No mesmo instante em que a porta se fechou, a dama de cabelos coloridos colocou seus fones de ouvidos e começou a mexer no celular, alguns murmúrios podiam ser escutados, mas não entendidos por qualquer um para quem não tivessem sido direcionados. Annie se levantou bruscamente, foi até onde os meninos se encontravam e colocou sua câmera sobre a mesa, mostrando o estrago feito por eles.

- Quanto custa? - Perguntou Nathan, que do trio, fora o unico que não participou da pequena briga, deixando a pequena um tanto confusa. - O concerto - Explicou o homem.

- Que... Ahn... Acho que uns quatrocentos - A outra respondeu meio confusa.

- Então, amanhã te entregarei o dinheiro, você concerta sua câmera - Alegou o moreno.

Ainda um pouco atordoada pela atitude do "líder" do trio, a asiática pegou sua câmera de cima da mesa e voltou a se sentar conosco. Após esse pequeno dialogo, o silêncio reinou na biblioteca, exceto por um comentário de Leah falando que haveria uma festa sexta-feira, mas fora completamente ignorada, ou simplesmente ninguém achou que deveria responder algo. Essa calmaria tediosa, até um pouco mórbida, me irritava. Não aguentava passar mais um segundo sentado sem fazer nada.

Sem pensar duas vezes, me levanto e começo a andar até a saída.

- Aonde você esta indo, Ollie? - Leah perguntou o que todos queriam perguntar, mesmo que todos provavelmente ja soubessem a resposta. Sem ao menos parar de olhar a tela do celular.

- Tomar remédio - Menti tirando uma pequena caixa de "Ritalina", onde eu secretamente guardava meu baseado - Alguém que vir comigo? - Perguntei revelando minhas verdadeiras intenções.

No mesmo instante, Leah, Leon, Lucky, Annie e Gabryell se levantaram, dei uma olhada para Sam, que permaneceu sentada, ela apenas balançou a cabeça negativamente. Garota exemplar, como sempre.

- Você não vem, Nathan? - Perguntou o garoto de óculos

- Não to afim - Ele respondeu para seu amigo

- Vamos logo - Mandei abrindo a porta e sendo seguido pelos cinco, caminhávamos em silencio pelos corredores, ninguém tinha um assunto e muito menos procurava um. - Droga - Murmurei quando vi o diretor conversando com a professora de matemática, parei de andar no mesmo instante, ele estava de costa ainda não tinha visto a gente. - Se escondam.

O grupo se separou em um segundo, metade entrou em uma sala vazia no lado esquerdo e eu, com a outra metade, entramos em uma porta a direita, infelizmente era a minuscula sala do zelador. Mal havia espaço suficiente para nós, Lucky, Leon e eu, era praticamente impossível não haver contato físico continuo naquela sala.

- Essa foi por pouco - Comento respirando fundo, eu tenho que manter a calma. Lucky concordou com sem abrir a boca soltando um "Ahãm"

Leon permaneceu calado, olhava a porta fixamente, como se algum monstro estivesse prestes a abrir a porta. Não pude deixar de observar seu tórax subir e descer de acordo com sua respiração. Ele deu uma pequena olhada para mim, mas logo voltou a encarar a porta.

- O que? - Perguntou ele com seu tom irritado de sempre

- Só estava admirando o movimentos de seus músculos enquanto respira - Respondo como se fosse a coisa mais normal do mundo com um sorriso que provavelmente era irritante

- Viado

- Curto e grosso como sempre - Comento sem deixar de sorrir, palavras assim nunca me afetaram - Vai falar que não gostou do beijo? - Pergunto sarcasticamente

- Não - Ele respondeu ríspido

- Então você gostou! - Afirmei

- Que? - Perguntaram os dois ao mesmo tempo e confusos

- Se eu pergunto se você não gostou de algo - Falo fazendo enfase no "não" - E você me responde dizendo "não", quer dizer que você não não gostou, ou seja, que você gostou. Entenderam? - Explico para ambos, mas parecia que eles ficaram mais confusos

- Cala boca, Ollie - Dessa vez quem falou foi o Lucky, mas apenas o ignorei.

Aproximei-me mais ainda de Leon, fazendo quase todo meu corpo encostar na lateral de seu corpo, e com minha boca perto de seu ouvido sussurrei.

- Mas e o beijo da festa, Leon? - Embora tenha sido um sussurro carregado de sarcasmo, acho que até o novato escutou, então me afastei do garoto e voltei a falar normalmente - Você não pode negar que gostou daquele.

- Eu estava bêbado e drogado - Retrucou o mais alto - E era segredo - Ele completou desviando o olhar para Luccas.

- Relaxa, ele não vai contar para ninguém - Digo me virando para o novato - Afinal, Lucky, você não quer que os outros saibam disso - Sem ao menos pensar no que iria fazer, o beijo, aproveito sua boca entreaberta e a surpresa do menino para usar minha linguá sobre ele. Dominava completamente o beijo, que o garoto parecia não recusar, enquanto o pressionava contra a parede. Então separo nossas bocas e apoio minha mão carinhosamente sobre sua bochecha - Ou vai contar?

- N-não - O garoto de olhos azul gaguejou, suas bochechas estavam extremamente vermelhas. Que fofo.
Passos e vozes começaram a ser ouvidas do outro lado da porta, todos nós ficamos em silencio instantaneamente, quase que paralisados, os únicos sons que davam pra ouvir eram nossas respirações nervosas e fora de sincronização.

Mas rapidamente as pessoas, provavelmente o diretor e a professora de matemática, foram embora. Porém esperei mais um tempinho antes de sair do minusculo comodo do zelador.

- Areá limpa - Informei para os outros dois que ainda estavam lá dentro. Enquanto a dupla de L's saiam da sala do zelador, fui ate a sala de aula vazia no qual o resto do grupo havia entrado, adivinha, a sala estava realmente vazia. - Eles não estão aqui

- E onde eles estão? - Lucky perguntou

- Foda-se onde eles estão - Respondeu Leon, amável como sempre - Vamos embora daqui logo.

Enquanto andávamos para saída, estiquei minha mão, segurando o da pessoa a minha esquerda, ficamos assim por um tempo, mas quando chegamos a saída, Leon puxou sua mão para longe da minha. Simplesmente sorri, então segurei a mão da pessoa a minha direita, Lucky ficou meio confuso, mas não soltou minha mão, pelo canto do olho pude ver ele ficar meio corado, não pude deixar de sorrir da situação.

Quando saímos do colégio, vimos Leah, Annie e Gabryell do outro lado da rua, sentados no banco do ponto de ônibus, todos rindo de alguma coisa. Quando nos aproximamos eles conseguiram parar de rir, embora de vez em quando Leah e Annie soltavam um "resto de risada".

- Demoraram - Comentou Leah rindo com um cigarro nas mãos - Onde vocês estavam?

- Ficamos presos no quarto do zelador - Respondi com tom sarcástico - E vocês? Tão rindo mais que hienas

- Escapamos pela janela da sala de aula... - Annie começou a contar mas começou a rir no meio da fala

- Mas quando o Gabryell foi sair... - Dessa vez foi a Leah que começou a rir - Ele... - A de cabelos coloridos não conseguia falar de tanto rir

- Qual é - Reclamou o garoto - Nem foi tão engraçado assim! Eu só tropecei.

- Tropeçou mas sua calça ficou presa na janela! - Exclamou Leah voltando a rir - Sua cueca de "Hora de Aventura" é hilaria!

- Cueca de hora de aventura? Sério? - Pergunto, não é possível que alguém tenha isso

- Foda-se! Vamos embora logo! - Exclamou Gabryell começando a ficar irritado

Fomos embora, os seis juntos, tudo começou com uma briga e acabou com todos juntos indo para qualquer lugar, fazer qualquer coisa. E ninguém pareceu reparar em minha mão entrelaçada com a do novato.