Diana estava sentada na mata afofada verde, observando atentamente a lua.

"Ela é tão linda, essas malditas pessoas que não a aceitam. Um dia explodirei o sol e ele irá parar de brilhar, eu juro pela minha vida.” Apertou sua adaga que estava em seu colo, franzindo sua testa. Fechou os olhos e sentiu uma leve brisa bater em seu rosto. Abriu os olhos e levantou-se, indo para a direção do seu aconchego. Depois de cortar tantas plantas atrapalhando seu caminho, houve uma com espinhos que Diana empurrou-a e ela voltou, batendo em sua cara logo em seguida com rapidez. Diana tocou sua face que estava arranhada e gemeu de dor. Olhou sua mão e viu que estava com um pouco de sangue, então limpou-a em sua roupa. Voltou a olhar para frente e, pra sua surpresa, viu uma criatura deslumbrante que estava na sua frente. A única pessoa que tinha a apoiado na sua adolescência.

—O que você está fazendo aqui? – Diana armou-se, afastando-se com sua adaga na mão e ficando em posição de batalha.

—Não posso vir visitar uma velha amiga? – Aproximou-se da Lunari, soltando sua espada e seu escudo, fazendo emitir um barulho ao cair das armas. Diana aproveitou da chance e voou para cima da pessoa, colocando sua adaga por cima de seu pescoço.

—Leona, diga o que você quer comigo ou morrerá aqui e agora. – Franziu a testa, encarando a ruiva com seriedade. Encostou a ponta afiada de sua adaga no pescoço de Leona, e ela apenas sorriu.

—Já disse, vim te visitar. Não seja tão precipitada. – Diana desconfiou, e então apertou a adaga mais ainda. Leona grunhiu. – Vamos lá, Diana. Só quero conversar com você, vamos tirar essa história de nós sermos de tradições diferentes. Vamos tirar o fato que eu sou uma Solari e você uma Lunari, por favor. – Suplicou, fazendo beicinho.

—Esse beicinho não... – Diana finalmente riu. Quando adolescentes, Leona costumava fazê-lo quando pedia algo à ela. Removeu a adaga e saiu de cima de Leona, sentando-se no seu lado. Leona sentou-se também. O silêncio dominou por algum tempo, enquanto as duas olhavam para a lua que brilhava até que Leona o quebrou.

—Diana, você sabe muito bem que... Quando éramos ainda crianças, eu não fui contra você. – Olhou nos olhos da loira, enquanto Diana permanecia com sua atenção à lua. – Eu gostaria muito que ainda estivéssemos próximas tanto quanto aquela época. – Disse séria, agora fitando a lua. Diana olhou para os olhos esverdeados da ruiva e hesitou em assentir, mas o fez. Leona também a fitou e aproximou-se da loira, ficando com seus lábios a alguns centímetros do dela. – Me desculpe. – Sussurrou e encostou sua testa na de Diana. Diana ficou confusa por algum instante e, num movimento rápido e inesperado, Leona levantou-se e pegou sua espada, dando um golpe em Diana. Mas ela desviou, deixando só uma pequena ferida no braço de Diana. Diana olhou confusa para Leona, mas deduziu que aquela hora seria a hora de ‘explodir o sol’, pelo chamado da lua. Diana sentiu seu sangue ferver e voou para cima de Leona, mirou sua adaga na cabeça de Leona e lançou-a, mas Leona impediu o ataque colocando seu escudo na frente. Diana soltou um grito de guerra, indo para cima com todo o furor possível. Arregalou os olhos e começou a atacá-la de todas as maneiras possíveis, mas Leona defendia de todos com seu escudo. Leona achou uma chance de atacar com sua espada e mirou na perna de Diana, acertando-lhe em cheio, deixando um ferimento grave. Diana olhou para o machucado e grunhiu, indo para cima de Leona novamente. Dessa vez, conseguiu acertar-lhe um ataque que a deixou atordoada, que fez com que Diana pulasse encima de Leona de novo e mirasse sua adaga em Leona, lançando-a novamente e acertando sua barriga desprotegida. Leona desta vez não pôde defender e colocou sua mão sob sua barriga. Retirou-a e avistou sua mão encharcada de sangue e franziu a testa, remoendo os dentes. Diana olhou-a preocupada, mas logo saiu para outro ataque. Leona desta vez conseguiu defender, e quando achou uma brecha, conseguiu propositalmente cortar o cabelo de Diana, deixando-o curto. Leona sorriu ao ver a loira e logo sua expressão foi tomada por seriedade novamente. Mirou sua espada para o céu e um raio se formou envolta de Diana, a deixando atordoada. Não houve muito efeito por ser justo à noite, então Diana saiu de sua paralisia facilmente e voou para cima de Leona novamente, ferindo-lhe a perna direita e braços. Leona finalmente caiu e a vitória foi de Diana. As bocas de ambas sangravam, e a testa de Leona continha um ferimento grave e sangrava bastante também. Diana cambaleava até Leona enquanto a ruiva morria lentamente, cuspindo sangue e respirava ofegante.

—Por que, Leona...? – Diana disse aos prantos, ajoelhada ao lado de Leona, que ainda cuspia sangue.

—Eu sempre quis... Matar-te... Eu nunca quis ser sua amiga, eu te enganei a vida toda, Diana... – Tossiu, cuspindo mais sangue. Diana, ao ouvir aquelas palavras, deixou uma lágrima cristalina escorrer por sua bochecha, caindo no rosto de Leona. Pegou sua adaga e enfiou na barriga de Leona, revoltada. Leona apenas sorriu, apesar da dor que estava sentindo, e não era apenas a parte física. Diana ficou confusa, ainda chorando. Quando a Solari estava quase morta, ela pegou a nuca de Diana e puxou-a para perto de si, aproximando os lábios da loira contra os seus e beijando-a gentilmente enquanto lágrimas saíam de seus olhos também. E então, a mão de Leona escorregou pelos cabelos de Diana e caiu. Leona finalmente estava morta.

“Eu explodi a Solari... Mas por que isso dói tanto...?” Se perguntava confusa com o que acabara de acontecer. Ao visualizar melhor Leona, viu que tinha uma carta um pouco ensanguentada escondida em uma das mangas de sua camisa. Pegou-a e a abriu. Seus olhos passaram letra por letra e mais lágrimas começaram a sair de seus olhos.

“Diana, desculpe pelos ferimentos que te causei. Principalmente minhas últimas palavras, eu realmente não queria ter te dito isso mas, se não fosse por essas palavras, você hesitaria em acabar comigo. Eu sempre senti sua falta ao meu lado desde quando você virou uma Lunari, e eu não aguentava mais morrer de amor. Se fosse para morrer, iria morrer vendo você uma última vez. E sei que, se eu tentasse trazer você de volta para viver comigo como Solari, você recusaria. Você é fiel ao seu povo, Diana. Eu admiro isso em você. Eu não poderia me transformar em uma Lunari pois, como você sabe, sou uma Solari de ferro. Não só uma simples, mas como a escolhida do Sol, então não poderia apenas abandonar todas as promessas que fiz, se bem que... Eu acabei de fazer isso por você. Você deve estar chorando enquanto lê essa carta e me culpando eternamente por isso, eu compreendo. Culpe-me, e não tenha pressa de morrer. Viva o quanto tem que viver. Ah, e só pra avisar, seu cabelo curto sempre foi mais bonito, você fica mais linda e radiante, como a lua. E, por favor, nunca desanime da ideia de aceitação da lua, eu creio que um dia os Solaris e os Lunaris irão ficar juntos e batalhando lado a lado, igual a mim e você quando crianças. Eu estarei presente para “vivenciar” isso. Ah, e fique de olho na(o) próxima(o) Solari, não deixe-a(o) fazer besteiras e ensine à essa pessoa à viver em comunhão com os Lunaris, ela pode ser a nossa esperança para um futuro de paz entre nós. Até a próxima, Diana. Não conte para os outros o que aconteceu aqui e, por favor, esqueça esse momento. Só não esqueça os momentos que tivemos felizes, dos momentos que rimos. Diana, eu te amo.

Ass.: Leona, sua eterna Solari.”

—Sua idiota... Sua idiota... Idiota, idiota, idiota! – Diana gritou e retirou a adaga da barriga de Leona. Abraçou Leona e afagou seu cabelo, vendo a pele pálida da ruiva. – Eu não quero explodir o Sol, Leona. Volte pra mim, eu não quero... Explodir o Sol... – Falou entre soluços, abraçando sua eterna Solari que estava num sono profundo no chão. De repente, Diana sentiu uma brisa forte bater em seu rosto que fez seus novos cabelos curtos voassem. Sorriu e olhou para o sol que estava pronto para sair de trás das montanhas.

“Eu também te amo.” Sussurrou.