Les Parfums d'un Amour Mort escrita por Tachibana Aoi


Capítulo 1
Doce frutescência


Notas iniciais do capítulo

Que Bombom me perdoe e a Weibby também. Não me espanquem. Pls.



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Hipérbole. Não sabia como.
Eu estava simplesmente voltando para casa com alguém, de carro. A distância era longa, o tempo não.
Conversa jogada fora e assuntos sem noção iam e voltavam, até que tudo seguiu um rumo só. E, não, nada demais foi dito. Simplesmente me encantei com as palavras e o jeito que ele agia.

E também não sabia como ele dirigia e olhava para mim ao mesmo tempo. Deveria estar prestando atenção na estrada. Eram tantos “nãos” que me cercavam que eu não sabia se realmente podia negar as coisas assim. Esquisito. Ao mesmo tempo em que me fazia crer que nada era impossível.

Elogiava o mundo e elogiava tudo, a vida era a maravilha maior, enquanto que eu vivia reclamando de qualquer coisa ruim que acontecia.Ele ainda via qualidades minhas que eu nunca tinha percebido ou consideraria como qualidades. Mal me conhecia e me dava aquela sensação de nostalgia ao falar com ele. Na verdade, algo até mais caloroso.

Adentrando aquela barreira do nada é impossível novamente, ele me fez amar... Sem ser recíproco. Não é como se eu não acreditasse em amor quer não fosse me apaixonar um dia, só não sabia que podia ser tão simples.

Minha intuição era meu bem maior. Parecia como um vidente algumas vezes. Estava sempre certo sobre as coisas e podia tomar as melhores decisões, não sei como, mas podia. Até no momento em que ele, na mais protuberante inocência, provou que eu podia errar como qualquer ser humano. Errar sobre ações e errar sobre sentidos e coisas localizadas no interior.

Com o passar do tempo, o mesmo vermelho que batia dentro de mim também passou a ressoar dentro dele. E no girar do mundo e com o passar dos dias, os nossos ecos se encontraram. Destruiu um pouco a visão do mundo que eu tinha. A minha vida se tornou o conto de fadas o qual tanto amaldiçoei e esperava que inexistente.

Será que um dia, iria ele, terminar¿
Eu só sei que permiti que ele guiasse minha alma ou a tomasse como melhor lhe conviesse. Não o fez. Guardou-me para mim.

Naquela mesma medida em que tomou a segurança de permitir que meu coração fosse somente meu.

.

Aquela vergonha que eu sentia sempre ao vê-lo perto de mim, aos poucos se expirou. Ele tapava meus olhos com suas mãos e me fazia sentir o calor do seu corpo me esquentando do frio da apatia que existia lá fora. Dizia que assim, eu não poderia ver se ele estava perto ou longe. Mas, obviamente, se suas mãos alcançavam meu rosto, ele estava perto, eu achava. Fui a perceber que estive a cometer mais um erro, quando ele não estava feliz.

Seus dedos não tinham temperatura.
Mas eu nunca, jamais, temeria, ao me virar, vê-lo ao meu lado. Feliz ou triste. Sorridente ou alegre.

Independente de estar feliz ou não, tentava me fazer o melhor. Ignorava a beleza e fazia-me enxergar a própria aparência de olhos vedados. Tornava-se meus olhos. Colocava a minha autoestima no topo da mais alta protuberância e dizia palavras tão doces daquela frutescência de vida em meus ouvidos e distante deles. Na minha frente e nas minhas costas. Era tudo tão perfeito e inacreditável que não sabia se eu realmente tinha a proeza de estar ali ou deveria correr.

Ser amado é algo estranho. Não dá pra saber exatamente se era você quem deveria estar ali.
E o egoísmo existe para que não permita correr.

Mas eu realmente queria correr. Não sabia se meio coração funcionava direito ao mesmo tempo em que não queria perde-lo.
Apesar de já tê-lo perdido.

E de estar frente a frente com ele todos os dias e não poder pegá-lo de volta e tampouco querer.

O medo me fazia querer correr.

E quando tentei, me arrependi... Vi a tristeza se materializando em olhos molhados, e essa é uma visão que abomino. Depois de tanto tempo perdido e tantas coisas que poderíamos ter feito e de tanto mundo que poderíamos ter descoberto, eu percebi que nunca poderei deixá-lo sozinho assim como não posso me deixar. Percebi as rédeas nas quais me amarrei depois de que ele cessara o toque. Jurei com todas as forças que tinha para apertá-lo que o manteria como um pássaro preso na gaiola.

Ele sugeriu o sinônimo, braço direito, e desesperadamente eu aceitei.
Porque percebi que queria roubar o que ele tinha de melhor, e ele desejava fazer o mesmo comigo.

Eu tinha uma chance para uma vida melhor...

.

Daqueles dias para frente, eu passei a correr do medo. Pois mesmo temendo e às vezes sozinho dentro de mim, no exterior eu tinha de largar aquela vontade de correr atrás. De fazer coisas que eu já sabia das consequências. De fazer coisas a machucarem o que eu não podia. De ganhar o jogo e perder o jogador.

Meu medo, antes, me freava. Meu medo, agora, eu amaldiçoo. Minha moral foi a inversão, assim como aconteceu com os contos de fadas.

Meu medo era um demônio.
E tudo o que eu sabia era correr, correr, correr do demônio disfarçado.
Como um tiro, um tiro, um tiro na noite.

Eu acreditava e ainda acredito que, em quem eu amo, há uma solução para um mundo melhor. E, quando minha hora chegasse, eu gostaria de poder me sentir bem ao ter me mantido firme em algo, coisa que ele sempre fez.

Pois assim, mesmo que morrêssemos sozinhos, teríamos partido juntos.

.

O que eu temia eram outras coisas, não a ele. Tentei fazê-lo feliz da mesma maneira que ele me colocava pra cima. Ele retirava as mãos dos meus olhos, estava ao meu lado. Meus pensamentos se dispersavam assim como frutas podres vão caindo das árvores. Talvez, nada do que eu tivesse em mente valesse a pena, e o que realmente importava, estivesse me fazendo viver.

E ele disse gostar de esperar comigo. Parecia que eu era agradável para ele e realmente era. Nós roubávamos um do outro, mas não era dinheiro. Não havia interesse.

Puxou minhas mãos e apreciou meus dedos. Perguntou se podíamos nos unir em um laço mais duradouro do que já havíamos.

Foi quando eu percebi que meu mundo nunca foi destruído, nunca foi do jeito que eu pensava.

Tampouco era tão grande quanto eu pensava.

Esse tempo todo, somente tinha alguns centímetros a mais do que eu.

Por mais que minha vergonha tivesse se dispersado, eu ainda tinha que correr de coisas que não me agradavam. Meus instintos me alertavam, a intuição me guiava. E meu amado vedava meus olhos novamente.

.

Mas, agora, já não há mais chances. Já não preciso correr, pois tudo estava escurecendo. A noite chegou aos meus olhos e a chuva dali também estava caindo.

Eu pedi para dirigir e virei o volante aos vinte e um. Minhas personas e eu nos tornamos corpo somente num. Minhas mãos e eu destruímos a última geração de esperança desse mundo.

O meu mundo... Meu doce mundo. Porque, novamente, a inversão veio e deixou o medo tomar conta de mim.

Eu somente queria conversar com ele e dirigir tão bem ao mesmo tempo. Somente queria agir como ele quando me apaixonei. Porém, como não tenho controle das coisas como quem sempre me guiava, eu soltei o volante e perdi muita coisa do que amava.


E por incrível que pareça, eu realizei meu sonho. Continuei correndo do medo. Tornei-me a bala na noite, mesmo que perdida. Firme com ao menos uma decisão.


E senti que, enquanto você estiver lá, juntos, podemos morrer sozinhos, G.


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Notas finais do capítulo

E então... ;-;