Nico sorria como nunca havia feito antes, ele odiava praia e isso não era segredo para ninguém, mas ele estava tão feliz ali.

Sua cabeça repousava no colo de Jason, que lhe acariciava os cabelos fazendo algumas piadas. Estavam no meio da tarde e o Sol brilhava imponente naquele fim de inverno, a luz que refletia na água formava um caminho bonito até o mesmo. Percebendo que era aquilo o que o rapaz encarava aquilo, Jason resolveu brincar.

— O que rola se eu resolver seguir o caminho da luz?

Nico riu-se como uma criança, tirando os olhos do oceano para encarar o loiro.

— Eu iria te trazer de volta... Ou ir com você, sei lá, vai que tem pizzas no paraíso?

Jason sorriu.

— Acho melhor não, você ia comer todas sozinho.

— Se tivesse hambúrguer eu te trazia de volta e ficava com todos só pra mim. Sério.

O mais novo sorriu com a própria brincadeira, mas Jason apenas suspirou.

— Eu estou falando sério.

O moreno se sentou apoiando os cotovelo na coxa e o rosto na palma das mãos. Dessa vez ele encarava as nuvens que corriam pelo céu.

— Eu estou falando sério, Nico.— ele repetiu.

— E eu também! — O garoto gritou se virando para o loiro seus olhos estavam cheios de lágrimas. Jason suspirou.

— Isso é ridículo, você era terrível comigo antes e agora… Você se mataria por mim?

— Eu não disse isso — Só se eu não conseguisse te trazer de volta… — ele falou fazendo um bico infantil de criança birrenta que o mais velho até acharia graça em outra situação.

— Por Júpiter, di Angelo! Não dá, desse jeito não dá! — o azul do céu estava com nuvens brancas e que brincavam de fazer formas, assim como os olhos de Jason, brincando de fazer travessuras com o moreno. — Um dia... Eu vou precisar ir!

Nico olhou para os pés.

— Então apenas apague esse dia e simplesmente não vá. — aquilo deixou o outro confuso. — Eu acharei os restos de Cronos e destruirei esse dia, então você ficará para sempre comigo.

— Nico... Não é...

— Não, Jason! Eu posso! Eu... Eu te trago de volta, nem que eu me mate– Melhor ainda! Eu destruo o dia que você morreu!

Nico chorava, de verdade, aquilo era triste, deplorável.

— E destruir o olimpo? E se destruir? Não, Nico... Eu morri como um herói, finalmente eu pude me tornar melhor que Percy, finalmente você e todos os outros olharam para mim comose eu pudesse salvar o mundo e não ele. E eu gostei disso.

O silêncio se formou.

— Doeu?- Nico fez a pergunta que a tempos guardou dentro de si com medo de ser ofensiva demais. — Quer dizer, morrer. Doeu morrer?
Jason sorriu negando.

— Eu morri fazendo a única coisa que o Jackson nunca poderia fazer: voando. Eu apenas fechei os olhos... Foi como ouvir o canto das sereias.
Nico riu em meio as lágrimas

—"Porquê não fugiu? Você... Estava na sua área, cercado de raios... E então você morreu.

Jason o abraçou, era tão estranho pensar que só Nico poderia abraçar ele. Ele e todos os outros seres espectrais.

— Eu nunca iria fugir com alguém em perigo, parece até que não me conhece a tanto tempo... Eu nasci para liderar, um líder só abandona seu navio depois de morto.

— Ou de todos estarem salvos! Eu não estou a salvo sem você!!

— Você está vivo, di Angelo. Isso não é o suficiente?

Nico apertou mais forte o pescoço do loiro como se tentasse prendê-lo ali.

— Não, Grace, sem você nada é suficiente!

Jason riu com força, um riso forçado, mas Nico não percebeu.

— Dramático! Você nem mesmo falaria comigo se eu estivesse vivo.

Nico fechou a cara envergonhado, Jason estava certo, mas agora Nico não conseguiria viver sem ele.

— É esta a conversa, não é, Grace? — Jason concordou. — Então… Está na hora?

Jason concordou novamente.

— Mas antes... No que você acreditava, sabe, antes de saber que os deuses gregas existiam e tal.

— No que eu acredito, Jason. Eu ainda acredito em Deus...

O loiro sorriu.

— Então você também acredita em anjos? — Nico confirmou confuso. — Então... Pense em mim como um anjo, seu anjo da guarda. Eu vou estar de olhando lá de cima.

— Você vai pro mundo inferior, Jay — Jason ficou desconfortável e feliz com o apelido. Aquela era a pior hora para ganhar um. — Não vai poder me ver.

— Onde está a sua fé, di Angelo? Confie no seu anjo.

— Então eu ainda irei te ver?

Jason se levantou pulando na areia e andando de costas até entrar no mar.

— Talvez! Quem sabe no dia de Ação de Graças?

Nico gritou para que ele parasse de fazer piadinhas, mas Jason já estava seguindo em direção ao Sol e quão surpreendente foi quando o reflexo da estrela começou a se elevar em uma escada até o céu.

E logo após Jason sumir, Nico se enfiou pelas sombras até o mundo inferior, passando dias ali procurando por Jason, mesmo sabendo que ele não estava ali, afinal, Jason perguntou aonde estava sua fé, então ele precisava encontrar.

Ao contrário do que se esperava, quem morreu salvando o mundo na guerra contra Gaia foi Jason, não Leo. O latino morreu e a cura do médico foi usada nele, mas o mal ainda não havia sido vencido, por tanto o loiro acabou se entregando em uma batalha mortal que salvou o mundo e o Olimpo.

Nico di Agelo encontrou seu espirito três meses depois, na Italia. Cinco anos depois eles ainda continuam juntos até finalmente o espirito de Jason ir para o mundo inferior.

Quatro anos depois, Nico com 22 anos e casamento marcado, descobriu o loiro na ilha dos abençoados onde conversaram pela última vez.

Hoje, com 34 e uma filha de sete e um filho de três, ambos adotados, ele nem mesmo imagina que Maria delle Grazie é o seu anjo, a sua fé e a sua graça.

Eles se conheceram no dia de ação de Graças, quando eles comemoram o aniversário da menina.