Rose não acreditava em como fora tão covarde.

Afinal o seu amor era correspondido, afinal Scorpius a tinha beijado e ela havia se sentido como se estivesse flutuando naquele momento, sentira algo tão intenso queimar que não podia controlar.

Mas era isso, porque ela não podia controlar ela tinha medo, é claro, e por isso o afastou, e também por isso inventara desculpas toscas. Ela sabia que ele nunca a beijaria se também não estivesse apaixonado, Scorpius podia ficar com muitas sem compromisso, mas não seria assim com Rose e ela bem sabia disso. Ele sabia mais do que ninguém que o que eles tinham era especial demais para se jogar fora por uma noite ou por uma semana.

E agora tudo o que ela fazia era chorar de arrependimento, se culpar e ficar relembrando cada coisa que fizera de errado na noite passada.

Estava tudo tão perfeito, o por do sol, suas mãos entrelaçadas e o beijo que eles deram... Mas ela tinha que estragar, ela sempre tinha que estragar tudo. Só que isso era importante demais, Rose não conseguia parar de chorar, queria ter um vira-tempo para corrigir as coisas.

Rose não estava muito animada para continuar o dia de aulas, só queria continuar na cama o dia inteiro e chorar, lamentar. Mas ela também sabia que fazer isso de nada adiantaria, ou ela ia até Scorpius e lhe pedia desculpas ou nada aconteceria, ele já havia dado o primeiro passo, ela só não havia correspondido corretamente. Não podia esperar que ele fosse atrás dela depois do que disse.

Por isso ela se levantou e se arrumou, todas as meninas do dormitório já haviam acordado e não havia mais ninguém ali.

Mas quando ela desceu para a sala comunal, esta estava cheia, ela foi até Hugo e Lily e sorriu, esperando disfarçar a tristeza.

–Achei que não iria mais, já estava subindo lá para te acordar – Lily falou assim que viu Rose. – Você está bem?

–Estou sim, só um pouco cansada, não consegui dormir essa noite – ela respondeu. – E vocês?

Hugo deu de ombros, Lily respondeu:

–O de sempre, só que agora estou me sentindo melhor – ela sabia o que Lily queria dizer com aquilo, e ficava super feliz por ela.

Rose seguiu seu caminho para a aula de poções aquele dia e encontrou com Alvo no caminho, ele não estava com Scorpius, o que ela estranhou.

Eles chegaram na sala e ela imediatamente viu Scorpius sentado na mesa ao lado, ela olhou para ele, que nem sequer notou – ou fingia não ter notado.

–O que há entre você e Scorpius? – Alvo perguntou, percebendo os olhares de Rose. – Estão nessa de brigas e reconciliações ou o que?

Rose deu de ombros, não queria falar, não queria relembrar.

–Não é nada, só discussão boba de amigos.

Ela percebeu que Scorpius olhara para baixo justamente quando ela dissera isso, só queria poder consertar tudo com alguma poção mágica – literalmente.

–Eu só queria poder me redimir – ela murmurou, pensando se ele a escutara, ela achou que não.

Ele estava sentado com seu outro grupinho de amigos da Sonserina, Rose não gostava nada deles, eram pura maldade e ambição, porém não havia nada que ela pudesse fazer, especialmente naquela hora.

E então ela realmente resolveu tentar algo, ela interrompeu a professora em sua explicação levantando um dos braços – o que, de fato, não era típico de Rose, ela realmente não gostava de fazer isso a não ser que estivesse com alguma duvida ou problema – e perguntou, a pergunta mais idiota que ela já fizera na vida:

–Professora, será que não haveria alguma poção para fazer a pessoa voltar no tempo e concertar algumas coisas, coisas que ela não deveria ter feito, gestos que ela deveria ter aceitado de bom grado e... – ela estendeu a pergunta, porque era para isso que a havia feito, para que Scorpius escutasse que estava arrependida e queria o seu perdão. – E ter dito o que deveria dizer... Que o ama mais do que a qualquer um.

Todos a olhavam, sem entender um pingo da vergonha que Rose havia passado ao perguntar aquilo, ela observou Scorpius, que parecia indiferente, era como se ela tivesse feito aquilo por nada.

–Bem, não, não existe nada desse tipo, mas... Você está bem, senhorita Weasley?

Ela respirou fundo, alguns alunos riam sem nem tentar disfarçar, Rose afirmou com a cabeça e afundou na cadeira, cheia de vergonha e olhando de soslaio para o loiro, ela jurava tê-lo visto olhando para baixo, típico de quando ele estava pensativo, só temia estar tão paranoica que aquilo fosse invenção de sua mente.

Ela direcionou seu olhar para Alvo, que estava um pouco cabisbaixo e triste, ela notou. Porém ele a olhou com uma expressão de questionamento, Rose sorriu timidamente e deu de ombros, mordendo os lábios.

Não podia evitar olhar para Scorpius novamente, aquela aula ela já havia praticamente perdido, não ouvira nada da explicação da professora e estava perdida em pensamentos.

Quando a aula terminou, ela levantou-se imediatamente, determinada a ir falar com Scorpius, ela tentou segui-lo, tentou chama-lo, mas ele não a respondia e nem a olhava, além de tudo andava rápido demais e ela o perdeu no meio da multidão.

Mas Alvo a achou, tocou o braço dela e perguntou:

–Rose, o que está acontecendo? – ele tinha um olhar preocupado e triste ao mesmo tempo, Rose não entendia o porquê, ela percebia que ele estava sofrendo por dentro, mas naquela hora não tinha cabeça para isso, ela só precisava encontrar Scorpius.

–Eu fiz uma besteira, da qual eu possivelmente não vou me livrar das consequências tão cedo, preciso ir atrás do Scorp, Al, desculpe.

***

Rose não conseguiu achar Scorpius antes da próxima aula, nem durante os intervalos das outras, mas quando a ultima delas acabou, ela encontrou-se andando em um corredor, indo para o salão comunal da Grifinória, sem nenhuma intenção de encontra-lo, já cansada de procurar.

Mas o destino nos prega peças, isso é certo. Ela ouviu a voz dele antes de virar a esquerda e parou, ia continuar e finalmente lhe pedir desculpas quando ouviu mais duas vozes masculinas distintas e parou onde estava.

–E ai, Scorpius, o que há com aquela maluca da Weasley? Vocês tiveram um caso de uma noite e agora ela quer mais? – ela ficou nervosa quando ouviu aquilo, queria esbofetear a cara de quem quer que havia pronunciado aquelas palavras, mas ficou quieta

–O que cara? Tá ficando louco? Não foi nada disso – Rose ouvira a voz de Scorpius responder.

–Ah qual é, Malfoy, nós vimos o jeito que ela te olhou depois de ter dito aquela loucura na aula de poções.

Rose não viu, mas Scorpius havia revirado os olhos naquela hora, embora estivesse completamente nervoso com aquelas perguntas.

–Vocês acham mesmo que eu ficaria com a Weasley? Qual é, parem com isso né gente!

Rose estava começando a ficar com raiva de Scorpius, antes ela queria muito se desculpar, havia dito que o amava na aula de poções e escutado gente rindo dela por isso, e não havia se importado até agora, ele estava praticamente a desprezando.

Ela decidiu esperar mais um pouco, embora aquelas palavras doessem profundamente, talvez se ouvisse mais algo pudesse concluir que estava mal interpretando ele, ou talvez cair na real...

–Fala ai Malfoy, e a amizade de vocês, vai dizer que também é só fingimento?

Um momento de silencio deixou Rose aflita, nervosa e sem saber o que pensar, tinha medo da resposta de Scorpius depois do que ele havia dito para agradar os “amigos”.

–Bem, pode-se dizer que sim... – ele hesitou, mas depois continuou. – Afinal, ela tem Sangue Ruim, ao menos na família, não é mesmo? Como é que eu, um Malfoy, poderia me relacionar seriamente com alguém assim, ainda mais uma Weasley?!

Rose paralisou naquele momento, ela ouviu as duas outras vozes rindo e concordando, antes de virar o corredor abruptamente, as lagrimas já escorrendo em seus olhos, ah, o quão burra ela fora!

Ela continuava andando, sem parar quando ouviu de longe um grito que chamou seu nome:

–Rose, espere! – ele tinha um certo desespero na voz, mas ela não acreditou nele, ela não mais iria.