Escolhidos. escrita por johnrdg


Capítulo 4
Capitulo 4




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– Está na hora de mudar, Andy. Está na hora de mudar, Andy. Está na hora de mudar, Andy.

Acordo apressada e vejo que isso só foi um sonho, mas logo percebo que essa frase não se passou de um sonho, foi real. Ontem a noite ouvir essas palavras não foi fácil, mas talvez ela fosse necessária para eu deixar de ser tão dura. Mas sinceramente, não sei o que há de errado em não socializar com alguém. Volto a dormi pretendendo acordar apenas com o despertador.

Minhas expectativas de acordar com o despertados falham, acordo as cinco da manhã e sem nenhum sono. Decido ir para o terraço ver o nascer do sol. Coloco um moletom, uma calça preta e minha bota e saio do quarto sem fazer barulho. Tento ser silenciosa para não ser seguida por ninguém.

Quando estou subindo as escadas lembro que há possibilidades de encontrar alguém lá em cima, mas afasto esse pensamento da minha mente e continuo subindo. Ao abrir a porta do terraço encontro alguém encostado na mureta, a neblina não me deixa ver o rosto da pessoa, mas posso imaginar que é Roger.

Aproximo-me devagar olhando pra baixo. Está frio e ainda não há nenhum sinal do sol. Caminho um pouco mais até a mureta.

– Acho que vamos nos encontrar aqui sempre. – Sim, é Roger. – Vem aqui com freqüência?

– Não. – Digo seca. – Quero dizer... Não muito. – Sinto meu rosto corar, mas tento não mostrar vergonha.

– Tem algum motivo?

– Para o que?

– Para você vir aqui. – Ele diz me encarando com um sorriso bobo.

– Ah... Não. – Minto.

Na verdade, subo no terraço algumas vezes por causa do meu pai. Sou muito apegada ao meu pai e quando descobrimos pelo meu teste que eu era uma escolhida ele ficou todo orgulhoso. Quando nos despedimos ele me disse que o terraço tinha uma vista tranqüilizadora para o terraço e foi ai que descobri que meu pai era um escolhido. Toda semanas recebemos cartas e enviamos carta para nossos familiares e foi através das cartas que fiquei sabendo de algumas aventuras do meu pai como escolhido e também porque abandonou a escola. Saber que meu pai já foi um escolhido me deixa inspirada para ser uma das melhores alunas.

Fico lembrando do meu pai e dos bons momentos que passamos juntos, sinto vontade de chorar, mas sei que não devo.

– Oi... Tudo bem? Andy?

– O que? – Volto para a realidade passando a mão nos olhos para secar as poucas lágrimas.

– Bem que seu irmão disse que você é um pouco desastrada e desatenta. – Roger dá um sorriso debochado e começo achar que é uma mania dele.

– Me Desculpa, eu estava... Não sou desastrada nem desatenta. – Digo como uma voz fina parecendo uma mimada. Fico envergonhada por falar desse jeito.

– Acredito em você. – Roger não só sabe dar sorriso debochado como fazer voz também. Irrito-me por um instante, mas ignoro.

Olho para frente e o tempo continua nublado, o sol já deveria estar nascendo, mas acho que hoje não será um dia lindo e ensolarado. Sento na mureta e olho para o céu coberto de nuvens cinzas.

– Se eu fosse você não sentaria ai.

– Mas como você não é. – Me arrependo de der dito essas palavras então fico calada.

Roger me olha e não faço o mesmo por motivo de vergonha. Não entendi o porque fico nervosa e na defensiva perto dele, ele é só mais um cara como qualquer outro, tudo bem que ele é meu instrutor, mas tenho outros instrutores e não fico nervosa na presença deles, tudo bem que não tenho muito contato com os outros.

– Já que não tem sol, vou voltar. – Digo me levantando. – Foi um prazer.

– Até breve. – Diz ele. – Aproveite seu dia, soube que ele é o melhor da semana.

Hoje é o sétimo dia na semana, dia do descanso. Nossos antepassados diziam que Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou e acreditamos que em uma semana devemos tirar um dia para relaxar do estresse que a semana trouxe.

Essa atitude de ter um dia de folga é essencial para nós e muitos acham que Deus é o melhor para nós, como dizia meu pai.

Desço e vejo muitos calouros no corredor. É uma atitude que temos de manhã para nos cumprimentarmos e conversar. Logo cada um vai se divertir de alguma maneira e eu não sei o que fazer, só sei que preciso me ocupar com alguma atividade social. Quero mudar, mas não descobri o que posso fazer em prol a isso. Não quero ser falsa, mas não quero ser uma sozinha.

Vou a direção ao meu quarto, mas sou abordada por Bryan e Jonathan.

– Posso saber onde a senhorita estava?

– Não. – Respondo para Bryan. Jonathan da uma risada abafada. – Bom dia Jonathan.

– Bom dia. – Ele responde tímido. Seu jeito bobinho é fofo e ele não é feio, apenas, desastrado. Jonathan é loiro com olhos verdes e tem cara de criança. Ele também não é muito alto, mas tem uma inteligência surpreendente.

– Você dando bom dia? O que aconteceu? – Bryan faz cara de bobo.

– Bom dia pra você também, irmão. – Não tenho costume de chamar Bryan de irmão, mas às vezes me sinto bem dizendo a palavra, pois Bryan é único familiar com quem posso ter contato constantemente.

Entro no quarto e não vejo Kelly nem Joyce, devem estar comendo ou no jardim. Não quero encontrá-las, mas também não quero ficar sozinha. Saio do quarto e vejo que Bryan e Jonathan ainda estão no corredor conversando. Junto-me a eles e percebo que eles estão falando de família. Não me intrometo apenas escuto.

Bryan decide ir comer e chama a gente para acompanhá-lo.

No caminho nos deparamos com um grupo de pessoas vestidas com roupas bem sociais. Nunca havia visto essas pessoas na escola. Vejo Carmem conversando com elas e isso me faz acreditar que eles são amigáveis, mas posso estar enganada. Continuamos andando, mas não desvio o olhar até entrar no corredor do elevador.


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