A manhã de quarta não estava lá das melhores, estava tão fria que não tinha vestígios de que a semana havia começado ensolarada. Diferente dos dias ”normais” em que a morena sempre acordava indisposta a se levantar, esta quarta foi diferente, ela levantou assim que abriu seus olhos, sem ao menos reclamar de acordar cedo.

Assim que levantou foi direto ao banheiro lavar seu rosto e em seguida a cozinha preparar um chá bem quente, quando terminou de fazer o chá sentou-se em um banco sob janela com assento confortável e almofadas floridas que ficava em seu quarto, ela acariciava o Lion que estava em seu colo e bebia seu chá com calma admirando à rua pela janela.

POV BONNIE

Por um milagre consegui levantar cedo sem nenhum impedimento, talvez seja porque hoje é o meu primeiro dia como “funcionária” da empresa Salvatcar, não conseguia me imaginar trabalhando para Damon, talvez eu esteja sendo muito rude com ele, mas ele tem que aprender que uma mulher não é um objeto que se usa e depois joga fora, sabia que as intenções dele não eram de “chefe e funcionária”, mas sim fazer com que eu o deixasse me dominar, talvez seja porque de cara eu mostrei que não sou como as outras que ele conseguia com facilidade.

No momento em que aceitei trabalhar para ele, estava tão enfurecida que mal pensei que eu poderia usar isso contra ele, mas é claro, desde que esse filhote de capiroto apareceu na minha vida não tenho agido com clareza, esse jeito frio e autoritário me lembra do meu pai e de alguns homens que apareceram na minha vida após a morte da minha mãe, todos eles agiam friamente comigo e sempre me faziam sofrer. Mas no momento não quero lembrar do passado.

Já eram 7 horas da manhã, em um dia normal eu já estaria indo para o trabalho, mas não vou da esse gostinho ao Damon, porque até mesmo as regras dele não diziam que eu não podia chegar atrasada.

— Ainda lembro-me de você ter me traído com aquele homem — acaricio as costas de Lion enquanto olhava a movimentação na rua — mas como sou uma boa pessoa, vou esquecer-me disso — levo o meu olhar para o gatinho — Sabe, vou entrar no jogo com ele, amo jogos e sei que ele ama ser jogador. Vou usar meus dotes femininos para tê-lo em minhas mãos — Sorrio para o Lion.

Fiquei um bom tempo acariciando o gato alaranjado e olhando as pessoas na rua, mal percebi que meu celular estava tocando.

— Não sei por que coloquei música lenta como toque, sempre me faz pensar que estou em um clipe musical — levanto do banco sob janela e procuro meu celular pela cama, que por sinal estava uma bagunça — até que fim te achei — falo pegando ele de baixo do travesseiro. Ligo a tela do mesmo que dizia “Filhote de capiroto” claro que recusei a ligação, não sou obrigada a ouvir uma ordem desse homem essa hora da manhã, tive uma amiga brasileira na faculdade que chamava todos que ela não gostava de filhote de capiroto, achei que combinou perfeitamente com o Damon.

Coloco meu celular em cima da bancada e vou em direção ao banheiro, me olhei por um bom tempo “Acho que to virando narcisista, não é possível” faço uma careta na frente do espelho.

Tiro o meu pijama que hoje era azul turquesa do mesmo modelo que o vermelho e entro no boxe. Tomei um banho de 40 minutos, precisava relaxar o corpo, estava andando muito tensa ultimamente.

Dessa vez escolhi um vestido tubinho preto social, que tem as mangas longas no ombro e um corte v, com um sinto dourado na cintura deixando o mesmo mais justo em meu corpo, vesti um scarpin preto e como companhia uma bolsa marrom.

Coloco meu notebook e uns papéis dentro da bolsa, ouço o celular tocar novamente “Mais que merda, não tenho paz um segundo” pego o celular e mais uma vez é ele perturbando.

Ponho o celular na mesa, aceito a ligação colocando-o no viva voz.

— Em que posso ajudar meu lorde Demônio do olho azul? — sorrio enquanto termino de arrumar minhas coisas.

— Demônio de olho azul? Não sabia que estava apaixonada ao ponto de criar apelidos carinhosos para a minha pessoa — assim que ouvi a resposta desfiz o sorriso, e sabia que ele estava sorrindo do outro lado da linha, “Mas se acha mesmo”.

— Não vou lhe dar esse gostinho

— Veremos. — ele da uma pausa e continua — Não era para a senhorita já esta aqui? — sua voz estava séria, como sempre.

— Bom, no contrato que você me fez assinar não estava escrito que eu deveria chegar na hora certa — pego o meu celular e vou em direção à cozinha, coloco o mesmo sobre a bancada e pego a ração do Lion coloco em seu potinho e em seguida ponho água em outro pode para ele.

— Você como minha funcionária deve chegar às 7h em ponto — seu tom de sério mudou para autoritário, ouvia cada palavra enquanto preparava um sanduíche.

— Não se esqueça que é por pouco tempo, até logo meu lorde — falo cinicamente desligando em sua cara.

Termino de preparar meu sanduíche e pego um suco para beber, sento-me no bar da minha cozinha, como tranquilamente enquanto observo o Lion fazer o mesmo.

Assim que termino o café, acaricio a cabecinha do gato, pego minha bolsa e saio de casa.

Ao chegar no primeiro andar e ouço alguém me chamar.

— Hey, BonBon — era o Kol que acenava vindo em minha direção, ele estava com um terno preto, o que não é nada comum.

— Uol, milagres acontecem, nunca pensei que o viria de terno — sorrio.

— É, minha mãe finalmente me convenceu a trabalhar.

— Ela está certa, do que adianta ter concluído a faculdade de contabilidade e não trabalhar.

— Pois é, você não vai acreditar onde fui contratado para trabalhar — ele sorrio enquanto abria caminho para que eu saísse do prédio, viro pra ele com uma cara de duvida.

— Onde? Na empresa em que trabalho?

— Quem dera, adoraria passar mais tempo com você — ele sorrir mostrando os dentes — É na empresa daquele homem, como é mesmo o nome — Ele passa seus dedos da mão direita no queixo, enquanto a outra ele segura sua pasta de trabalho, estava muito pensativo — empresa Salvatcar — na mesma hora congelei — Eae quer uma carona? — ele já estava abrindo a porta do carro.

— Sim... é claro — estava completamente chocada.

Dentro do carro contei que também trabalharia lá por um tempo, pois estava sendo obrigada.

Ele olhou pra mim — Nossa aposto que você quase pulou no pescoço dele — voltou a olhar para a direção — Sei que você odeia que te deem ordens, mas pelo menos vou passar mais tempo com você — sorriu.

Durante toda a trajetória conversamos sobre isso.

POV DAMON

Acordei na manhã de quarta-feira completamente nu, tinha esquecido como a noite de ontem havia sido agitada, na verdade eu sempre esqueço. Me levantei sentando-me na cama apoiando meus braços em minhas pernas.

— A água estava maravilhosa — Diz uma loira secando seu cabelo com uma toalha branca, estava completamente nua saindo do meu banheiro. “Quem é essa? Clear, Sam, Madison...?” ela se aproxima sentando em meu colo de frente pra mim — Podíamos fazer isso mais vezes — sorriu.

— Sinto muito, mas não vai rolar — levantei a tirando do meu colo, entrando no banheiro.

Demorei uns 20 minutos no banho, vesti um terno slim preto com uma blusa social branca por baixo e uma gravata azul com listras pretas.

Saí do banheiro e a mulher ainda estava lá e ainda nua.

— Porque não foi embora? — disse friamente

— Eu achei que poderia te convencer a ficar — ela morde os lábios e da um sorriso safado.

— Você esta agindo como uma vadia, não vai rolar de novo, não gosto de repetir a mesma dose — do um sorriso falso — Agora saia do meu apartamento! — volto a ficar sério, na mesma hora a loira levanta vestindo suas roupas me olhando com raiva.

(...)

Cheguei na minha empresa as 7h em ponto, minha secretária arruma seus óculos retangulares e vem em minha direção.

— Bom dia Sr. Salvatore — ela sorrir.

— A Sra. Já chegou? — dei de ombro o seu bom dia. Ela negou com a cabeça.

Entrei em meu escritório imediatamente e sentei-me em minha cadeira, tentei ligar para ela umas sete vezes, depois de uns 20 minutos ela finalmente atendeu. “Até que fim” pensei. Ela me chamou de “Demônio de olho azul”, se outro funcionário me chamasse assim eu o demitiria na mesma hora, mas quando ouvi a Bonnie me chamar disso achei graça, “Um apelido carinhoso” sabia que não era um apelido carinhoso, mas para a mulher que sempre me desafia isso já era um bom começo.

Terminamos de nos falar com ela desligando na minha cara, não gostei disso, mas tinha coisas mais importantes para me preocupar.

(...)

Pego o telefone que fica no escritório e peço para que a mesma viesse ao meu escritório. 2 minutos depois ela aparece, abrindo a porta e vindo em minha direção.

— Leve esses documentos para o novo funcionário de contabilidade, quero ver se ele realmente merece esse cargo em minha empresa — ela arruma os óculos e pega os documentos de minha mão — Que horas ele chegou?

— Hm, ele chegou agora a pouco com a Sra. Bennet — Ao ouvir isso sinto meu rosto esquentar, não sei exatamente o porquê.

— Mande os dois entrarem — falei seriamente enquanto ela assentiu com a cabeça.

Alguns segundos depois os dois entram em minha sala e param na minha frente.

Observo os dois seriamente, principalmente ele — Não tolero atrasos em minha empresa... — o idiota me interrompe.

— Sr. Me desculpe, isso não vai acontecer novamente...— o fuzilo com os olhos levantando-me da cadeira e o interrompendo.

— Não sei como as coisas funcionavam em seus outros trabalhos, mas enquanto estiver dentro de minha empresa nunca, nunca me interrompa — olhei para a Bonnie que estava quieta, mas sabia que estava furiosa, pois a mesma me fuzilava com o olhar e estava de braços cruzados — Olha, fiz um favor para a família Mikaelson de te aceitar aqui, mas não vou tolerar que chegue atrasado e ainda me desafie — sento novamente em minha cadeira apoiando meu cotovelo em minha perna e segurando em meu queixo — Agora saia e pegue os documentos com a secretária, você tem até sexta para me devolver pronto!

Senti a fúria em seu olhar, mas sem reclamar saiu da sala assim que terminei de falar.

Já a senhorita me olhava com tanta raiva, que sabia que ela iria reclamar, ela fica tão sexy irritada que não me importaria em vê-la reclamar comigo.

— Isso tudo só por causa de um atraso?! — disse apoiando suas mãos em minha mesa — Qual é o seu problema? Porque tem que tratar as pessoas mal para que as mesmas lhe respeitem? Sinceramente não sei como seus funcionários aguentam — Ela senta-se na cadeira e me olha.

— Acabou? Hoje me surpreendeu, achei que você iria ficar mais nervosa e avançar em cima de mim — Do um sorriso malicioso — Até que eu iria gostar — continuei sorrindo.

— Sabe? Hoje quando acordei, percebi que você estava me deixando louca, e isso não é bom para mim — pensativa ela morde seu lábio inferior — Eu aceitei trabalhar para você por obrigação, mas isso não significa que aturarei algumas de suas atitudes — ela cruza as pernas, acariciando a mesma “Merda, como me deixa excitado” — Para que eu continue aqui e possamos viver com harmonia, tenho as minhas regras — mordeu seus lábios novamente — Regra numero um — levantou o dedo indicador, com um sorriso irônico — Você me tratará com respeito, nada de me dar ordens absurdas ok? Regra número dois — Você me levará para almoçar com você, já que estou sendo obrigada a trabalhar aqui, mereço comer com classe — ela sorriu e levantou três dedos — E... Três, não serei sua submissa, não importe o que o papel diz, não deixarei que me trate como um lixo — Ela levanta-se e contorna a mesa caminhando em minha direção, põe uma de suas mãos no braço da cadeira e a outra no encosto da cadeira deixando próxima a minha cabeça, aproxima seu rosto ao meu mordendo seus lábios, em seguida aproxima sua boca ao meu ouvido — Espero que tenhamos entrado em acordo Sr. Salvatore — ela diz em um sussurro, sinto sua respiração quente em minha pele. Minha vontade era de agarra-la e beija-la ate que ficássemos sem ar, “O que ela esta fazendo comigo?” ela volta a sentar em sua cadeira, estava sorrindo.

Não gosto dessa sensação que estou sentindo, nunca gostei que alguém e dessem regras, mas estava disposto a descobrir até onde isso ia dar.

Levanto de minha cadeira e estico o braço em sua direção, com a mão aberta como se estivesse prestes a fechar um negócio — Acordo fechado minha dama — sorrio sem mostrar os dentes enquanto ela põe sua mão quente sobre a minha, balançamos as mesmas.

(...)

Conversamos amanhã toda sobre o projeto de propaganda dos novos carros que era o mais importante no momento, deixaríamos para falar sobre o perfume quando o do carro estivesse pronto.

Já eram 12h, terminava de assinar alguns papéis enquanto a Sra. Bennet me aguardaria la fora. Ao sair me deparo com ela conversando, com aquele sujeito que eu não gostava nem um pouco, estou começando a pensar se fiz certo ao aceitar a proposta de Klaus e Elijah em deixar ele trabalhar em minha empresa.

— Eaí vai aceitar almoçar comigo? — Ele dizia para Bonnie. Aproximei-me da mesma por trás e segurei em sua cintura.

— Sinto muito meu caro, mas ela já tem companhia para o almoço — do um sorriso de deboche para o mesmo — Vamos Sra. Bennet? — ela fez uma cara de pensativa, ainda com as mãos firmes em sua cintura, sussurrei em seu ouvido — Você iria se divertir muito mais em um almoço comigo — sorrio e observo Bonnie fechar a cara em uma carranca, quando ela ia me responder Kol toma a frente.

— Duvido muitíssimo Sr. Salvatore, eu e ela temos um grande passado, convenhamos que um almoço com um conhecido é bem melhor que com um estranho — Bonnie sorrir para ele, trinco os dentes tirando a mão da cintura da morena.

— Para o seu primeiro dia no trabalho você esta bastante atrevido — Aproximo-me do mesmo — Não acha? — falo em um tom raivoso, antes que ele viesse com suas desculpas esfarrapadas Bonnie interrompe.

— Homens! — balança a cabeça negativamente — Que tal um almoço triplo? — Ela sorrir.

Senti um pouco de raiva, “Ela só pode estar louca”. Porém ele aceitou imediatamente e eu não podia recusar, não podia deixar esses dois sozinhos.