Como Vês escrita por Valkyrie Narissa


Capítulo 1
Capítulo 1




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- VOCÊ É APENAS MINHA, PORRA.

Não era a primeira vez que eu escutava essas palavras. Cinco anos juntos e ele ainda não confiava em mim. Cada vez que ele tinha surtos como esse eu saía machucada, as vezes fisicamente, mas sempre emocionalmente.

Devia saber que me envolver com Draco Malfoy, maníaco por controle e ciumento ao extremo, seria uma furada. Dês de o início do nosso relacionamento, cinco anos atrás, ele se mostrou possessivo. Eu pensava "Calma Hermione, é só uma fase. Vocês estão começando agora, vai de vagar.". Não era apenas uma fase. Draco me amava e eu o amava mais ainda, mas era praticamente impossível suportar essas brigas e um dia acabaríamos nos matando.

Ele quer me destruir

Eu não sou ninguém

Até a hora de acorda

Até mais além

- Quando você irá começar a confiar em mim? - perguntei calmamente, com lágrimas escorrendo por minhas bochechas, para o loiro suado, irado e com as mãos sangrando devido aos socos que distribuiu pelas paredes. - Estamos juntos há cinco anos e eu nunca lhe dei motivos para desconfiar de mim.

- Eu não duvido de você. - falou tentando ficar mais calmo. - Eu só não quero te perder. Eu te amo, cacete. - tomou meus lábios em um beijo lascivo e possessivo no qual ele me dominava por completo.

Eu sempre fui uma mulher de personalidade, nunca aceitei ordens de homem nenhum, nunca abaixei minha cabeça, mas Draco Malfoy tinha o poder de me desarmar. Pouco a pouco destruiu as paredes que isolavam meu coração e por fim me dominou. Nunca entendi como começou, e talvez nunca venha a entender. A única coisa que sei é que ele me tem por completo e que eu o amo com todas as minhas forças.

Eu fazia tudo que Draco queria, bastava um olhar e eu me tornava submissa a ele. Isso me irritava porque essa não era eu. Draco me mudou, me transformou da água para o vinho e muitas vezes me arrependia de ter escolhido ficar com ele. Porém, o amor que sentíamos um pelo outro superou todas as barreiras que o destino impôs, e isso inclui meus amigos. Harry, Rony, e Gina, até isso Draco Malfoy destruiu. Minha amizade com os três acabou no momento em que Draco me obrigou a escolher entre eles. Pergunto-me muitas vezes se escolhi o certo.

Como vês o amor vai carregar

As coisas na hora que ele chegar

Vai levar tudo que conseguir

Chutando as paredes que eu construí

- Eu também te amo, Draco. - disse ao nos separar do beijo. - Mas eu não aguento mais continuar como está. - tentei dizer com o tom mais calmo e firme possível para não deixá-lo mais irritado. Afastei-me de seu aperto, mas como pensei, ele se irritou.

Empurrou-me com toda força me fazendo bater o rosto contra a parede fria do nosso quarto na Mansão Malfoy. Senti algo quente escorrer por meu rosto e levei os dedos ao meu surpercílio onde constatei o corte aberto. Não era a primeira vez que eu me machucava e provavelmente não seria a última. Sem me controlar, desabei no chão soluçando de dor, raiva, tristeza, remorso e amor, principalmente amor por esse loiro babaca.

Draco se ajoelhou ao meu lado e segurou meu maxilar com o polegar e o indicador me forçando a encarar suas orbes cinzas. Abaixou-se lentamente e beijou o corte sujando sua boca de sangue para logo depois tomar meus lábios em um beijo calmo e carinhoso.

Nunca havia sido beijada por Draco dessa forma em todos esses anos, sempre foram beijos possessivos e vulgares. O carinho que recebi nesse momento fez eu me sentir viva. Porém, sentir o gosto do meu próprio sangue em meio ao beijo não me deixava esquecer as inúmeras vezes que Draco me machucou, me fazia lembrar de tudo que abri mão por causa dele. As inúmeras propostas de empregos no Ministério da Magia que foram recusadas por causa de seu machismo, os passeios que deixei de fazer por causa de seu ciúme, o filho que perdi quando fui empurrada escada abaixo por Draco em um dos seus acessos de raiva.

Ele quer me destruir

Eu não sou ninguém

Até a hora de acordar

Até mais além

- Nunca duvide do meu amor por você, Hermione. - disse ao terminar o beijo. - Eu nunca irei deixar você ir embora. Você é minha e apenas minha. - distribuiu beijos estalados por toda minha face. - Você não vai me deixar.

- Eu sei, meu amor. - forcei um sorriso. - Eu só não aguento ser destruída por você todos os dias. - desabafei chorando. - Eu também te amo, mas sinto que não sou nada para você além de um troféu. - o estalo do tapa e a ardência na minha bochecha direita vieram em seguida.

- Nunca mais diga uma coisa dessas. - falou com o maxilar trincado. - Eu te amo, mas você me tira do sério com essas dúvidas.

- E você me tira do sério com essas desconfianças. - retruquei. - Olha o que estamos fazendo, Draco. Não é a primeira vez que você me machuca fisicamente e emocionalmente. Olha no que você me transformou. - apontei para mim mesma com o indicador. - Essa não sou eu. Eu sou um fantoche para você.

Como vês o amor vai desbotar

As cores nas fotos que ele tocar

Vai levar no vento que soprar os dias

Os meses e o que virá

Draco ficou calado, ele sabia que eu tinha razão. A antiga Hermione não existe mais, foi substituída por um fantoche de aparência igual, porém, com a personalidade facilmente mutável por certo loiro. Por mais que eu queira voltar a ser como eu era antes, eu sei que é tarde de mais. Perdi meus pais, meus amigos, e minha vida, eu só tenho ele agora.

- Eu te amo. - falou mais uma vez. Todas as nossas brigas acabam com ele dizendo que ama, eu sorrio, abaixo a cabeça, fazemos amor (ou fodemos, como preferir) e tudo volta a ser como era antes. Mas eu estava determinada a mudar as coisas.

- Dessa vez será diferente, Draco. Vamos "lavar louça suja". - me levantei e sentei na cama que fora o palco de inúmeros espetáculos nossos. - Eu não quero mais isso. Quero ser livre de toda essa merda. Quero viver, trabalhar, estudar, ter amigos... Quero ter uma vida.

- Você não me quer mais? É isso? - Draco se levantou de supetão e avançou para cima de mim, mas desviei a tempo. - Eu não... eu não... - gaguejou olhando para sua mão no ar e para o canto do quarto em que eu estava encolhida, e com medo. - Hermione, você sabe que eu te amo, mas esse sou eu. - apontou para si mesmo. - Eu sou o reflexo do meu pai, infelizmente, fui criado assim e é assim que eu sou.

- Não podemos continuar com isso, Draco. - me levantei com o que restou da minha dignidade. - Eu vou embora, para sempre.

- VOCÊ SÓ SAI DAQUI MORTA.

Como vês o amor vai carregar

As coisas na hora que ele chegar

Vai levar tudo que conseguir

Chutando as paredes que eu construí

Me assustei com suas palavras. Seu olhar não foi desviado do meu nem por um segundo sequer. Ele falava sério. Eu só sairia morta dali.

- Você me quer morta? - perguntei com a voz embargada devido ao choro.

- Prefiro te ver morta do que nos braço de outro. - falou com a voz fria e sem sentimentos. - Eu morreria longe de você, morreria com você.

- Você quer me destruir. - falei chegando perto dele. - Conseguiu o queria, eu estou morta por dentro. Me mate logo, Draco. Acabe com todo meu sofrimento. - implorei ao me jogar em seus braços.

- Você terá que me matar ao mesmo tempo. Não suportaria viver em mundo em que você não exista. - me soltou e se afastou para pegar sua varinha na mesa de cabeceira. - Pegue a sua.

Como sempre, não precisou pedir duas vezes, por mais que eu quisesse contrariá-lo eu não conseguia. Eu pertencia a ele, eu era submissa a ele a qualquer hora, em qualquer circunstância. Peguei minha varinha e fiquei cara a cara com ele novamente.

Ele quer me destruir

Eu não sou ninguém

Até a hora de acordar

Até mais além

- Me desculpe, por tudo. - pediu, pela primeira vez, com lágrimas nos olhos. - Eu te fiz sofrer tanto. Por mais que eu não quisesse, eu sou a cópia de Lucius Malfoy, assim como ele queria. Eu te amo, meu amor. - selou nossos lábios em um último beijo, o beijo de despedida, o beijo que expressava todo amor que sentíamos um pelo outro.

- Eu te amo mais ainda, querido. Me desculpa por não conseguir ser o que você queria. Eu tentei, juro que tentei, mas não dá. Eu te amo.

- Juntos? - perguntou e eu assenti. Apontei minha varinha para seu peito e ele fez o mesmo comigo. E juntos proferimos as palavras que acabariam com nosso sofrimento, que acabariam com nossas dores, mas que eternizariam nosso amor.

- AVADA KEDAVRA.

Como vês o amor vai carregar

As coisas na hora que ele chegar

Vai levar tudo que conseguir

Chutando as paredes que eu construí

Como vês o amor vai desbotar

As cores nas fotos que ele tocar

Vai levar no vento que soprar os dias

Os meses e o que virá


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