–Agora vou por você a par de tudo Granger.–ele falou com tanta naturalidade que estranhei, não tinha sarcasmo, nojo ou raiva em sua voz.

Fiquei quieta, ele fez um gesto pra que me sentasse em um dos dois sofás que tinha no quarto, acompanhado por uma mesinha redonda, que até esse momento não tinha notado. Fiz o que ele me pediu me sentei em um dos sofás e ele em outro.

–Não está curiosa para saber o que aconteceu com o seu machucado?–após ele dizer isso levei minha mãoa cabeça e não tinha nenhum ferimento.

–Você usou um feitiço de cura nem mim? – fiquei em choque, desde quando um sangue-puro cuida de gente como eu, em uma guerra cujo objetivo é nos eliminar? Será que ele se importava comigo? Que pensamento bobo Hermione!

Mas, após essa pergunta, Malfoy ficou quieto por um tempo, parecia que estava pensando, ou melhor, parecia que estava em uma luta interna consigo mesmo. Então ele me olhou, ficou me encarrando, por fim desviei o olhar.

–Quando te trouxe pra cá estava tão preocupado e assustado que nem lembrava dos feitiços de cura–enquanto falava ele fazia uma cara de dor.–Portanto minha mãe que cuidou de seus ferimentos –fiquei surpresa ao saber que a senhora Malfoy cuidou de mim, então ela é Medibruxa, porisso foi ela que confirmou a morte do Harry.

Lembrei da morte do meu melhor amigo e do abandono do Rony na floresta,então comecei a derramar lágrimas pelo meu rosto, e uma onda de medo percorreu meu corpo, me fazendo lembrar que estava sozinha e nas mãos dos inimigos. Do nada vejo um Malfoy ajoelhando-se na minha frente, e com a pontas dos dedos secando minhas lágrimas. Eu fiquei calada, aquilo era surreal.

–Vai ficar tudo bem. Mas agora tenho que ir na reunião sobre missa na floresta, já sei que serei punido por sua fuga–falando isso ele se levantou e beijou o topo de minha cabeça, desparecendo pelo espelho.

Eu continuei no sofá, olhando o nada, a última cena não saia da minha cabeça e com certeza ele seria punido por não ter me entregado. Mas porque ele não fazia isso? Porque não me entregava? Ele teria a glória de entregar um dos membros do trio de ouro e ganharia mais privilégios nesse mundo negro que estamos vivendo. Fiquei tão perdida em pensamentos que nem vi quando uma senhora de pele muito pálida, e vestes pretas entrou no quarto.

–Está melhor Senhorita Granger?–ela perguntou, em um tom de carisma.

–Estou sim, muito obrigada Senhora Malfoy –respondi com a maior educação.

–Pode me Chamar de Narcissa –ela respondeu.

–Não sei se é o certo, quer dizer... nem sei o que falar.–fui franca, jamais me vi assim, na casa do inimigo e com intimidades com eles. Já basta a cena de antes com o Malfoy... esquece isso Hermione...

–Tudo bem querida, mas logo você vai ver que queremos o seu bem–ela dizia, olhando no fundo do meus olhos,com um tom tão maternal, que lembrei de meus pais, então, mais que depressa desviei olhar e dei um sorriso, tentando afastar essa lembrança de minha mente.

–Você deve estar com fome.–Após isso me lembrei que fazia horas desde a última refeição. E minha barriga roncou, confirmando minha fome. Então ela conjurou algumas coisas de comer e um suco de abóbora emcima da mesinha de centro.

–Obrigada –agradeci, afinal realmente estava com fome. Enquanto eu comia ela se sentou no outro sofá, e me fez companhia.