Capítulo 21

Acordei quando me dei conta que estava dormindo na cadeira da enfermaria, esfreguei os olhos e olhei ao redor, algumas lâmpadas estavam apagadas e outras acesas. Olhei para Melany, ela ainda estava dormindo, fiquei imaginando em quanto tempo iria melhorar para podermos ir para casa, depois de um tempo viajando em meus pensamentos levantei da cadeira, dei um beijo em sua testa e comecei a andar rumo ao meu quarto.

***

Havia novas roupas no meu armário: roupas íntimas, calças, blusas, casacos. As outras que estavam antes, inclusive as minhas ensanguentadas foram levadas. Lavei o rosto, e vesti roupas novas, nem havia reparado, mas tinham colocado uma bandeja com café da manhã em cima da cama, parece que não queriam que eu comesse junto com os outros. Terminei de comer, sai do quarto e fui para a ala de treinamento. Admito que me perdi um pouco, havia muitos corredores mas achei o caminho e a sala, por incrível que pareça, Marco era o único na sala

— Pensei que o treinamento era em grupo - falei enquanto descia os degraus e entrava no espaço para treinamento- Onde estão os outros?

— Eles já estão treinando há um bom tempo, hoje tiveram treinamento em campo. E a propósito, você está atrasada. - Marco respondeu em um tom um pouco seco

— Me desculpe, dormi sem querer na enfermaria

— Ok, vamos começar

No inicio, ele me mostrou uma posição de defesa. Braços levemente projetados para frente, e punhos cerrados. Prontos pra defesa.

— Pronta? – Marco perguntou já em posição. Afirmei com a cabeça – Tenta me acertar

Tentei soca-lo, mas ele desviou. E em um ato reflexo, ele atingiu meu braço com um tapa, depois acertou meu pescoço com o antebraço, e meu rosto com socos laterais leves. Tombei levemente pro lado, mas não sai da posição.

— Você nunca lutou antes?

— Não.

— Ok. Fique em posição novamente.

Obedeci o comando e tomei a posição básica de defesa, tentando permanecer mais atenta. Tentei soca-lo novamente, mas ele desviou e segurou meus braços, firmando-os as minhas costelas. Ele passou a perna entre as minhas, e entrelaçou sua panturrilha na minha, me fazendo perder o equilíbrio. Minhas costas se chocaram contra o piso do tatame, Marco pressionou o pé contra minha barriga, me impedindo de levantar.

—Para uma primeira luta até que foi razoável, mas você está desatenta, o objetivo não é só atacar, se defenda também - ele falou tirando o pé de cima de minha barriga e me ajudando a levantar - De novo

Respirei fundo e começamos o combate novamente. Desta vez não fui tão ruim, antes de começar a luta, Marco me ensinou alguns golpes de defesa e ataque. Consegui me desviar de alguns golpes e lhe dar um soco no queixo fazendo seu lábios sangrar.

— Agora você está começando a melhorar - ele elogiou me entregando um copo com água, bebi a água e guardei o copo- Agora podemos elevar o nível do combate

Marco caminhou até o lado esquerdo da sala, onde havia um armário de armas, ao abri-lo pude ver várias armas, facas, adagas, armas de fogo e munições. Marco pegou duas facas e fechou o armário

— Para que precisamos disso se temos podres? - perguntei me levantando e ficando de frente para ele, que vinha caminhando de volta - É muito mais fácil

— Mesmo que não precisemos disso, é útil. Se você estiver lutando com seu inimigo e o derrubasse, ele poderia ter uma faca escondida pra te acertar enquanto se recuperava do ataque com os poderes - Marco explicou me dando uma das facas - Essas facas não machucam, são especiais para treino, podem até te arranhar mas não vão te matar

— Ok, vamos começar- peguei a faca e fiquei em posição de luta

Marco deu primeiro golpe tentando acertar minha barriga, consegui desviar por pouco, agora era minha vez, bati o cabo da minha faca em sua nuca o que o deixou meio desnorteado, voltei para meu lado me afastando um pouco mais.

"Está muito fácil, assim será mais rápido matar meu inimigo" pensei mas logo depois me arrependi, mas já era tarde. Consegui colocar fogo na lâmina da faca com uma das mãos, girei pra pegar impulso e lancei na direção de Marco, mirando em sua cabeça. Por sorte ele fez um escudo protetor em sua volta, o que fez a faca bater e cair no chão apagada, se eu tivesse golpeado ele mais forte talvez a faca teria entrado no meio de seu crânio

— C-como você fez isso? - ele perguntou ainda paralisado, mas abaixando as mãos pra desfazer o escudo

Não respondi, sai correndo da sala. Eu podia realmente matar ele. Eu ia matar ele! Continuei correndo até chegar ao meu quarto, tinha que sair daquele lugar pelo menos por algumas horas.

***

Consegui sair depois de muito esforço e alguns dólares de chantagem. O primeiro lugar que me veio à mente foi meu apartamento, lá eu poderia descansar um pouco e pegar algumas coisas para levar para o Abrigo. O apartamento não ficava muito longe, então foi rápido chegar, tentei abrir a porta com a chave mas ela já estava destrancada, a abri sem fazer barulho, colocando a mochila que havia trago comigo no canto dentro do apartamento.
A sala estava normal, acendi uma bola de eletricidade com uma das mãos e caminhei devagar até meu quarto, havia uma mulher olhando para a janela.

— Eles não são estupidos? Não sei como Izy se juntou a eles, esses normais não fazem a mínima ideia do que está acontecendo ao redor deles - a mulher falou, reconheceria aquela voz em qualquer lugar - Oh querida, pode desfazer essa bola de eletricidade, não vou te machucar

Victoria estava usando uma calça de couro preta com uma blusa branca com as costas maior, quase chegando ao seu joelho. Seu cabelo estava liso e solto, sem aquela formalidade toda tinha a aparência de uma garota de 19 anos

— O que você veio fazer aqui? - perguntei

— Vim te treinar - ela colocou-o uma das mãos ao lado da boca e se inclinou como se fosse contar um segredo - Fiquei sabendo que você quase matou seu treinador hoje, eles não vão saber como te treinar. Seus poderes são, digamos, diferentes.

— Então me mostre, suas táticas parecem melhores...

— Garota esperta