League of Legends: As Crônicas de Valoran 2ª Temp. escrita por Christoph King


Capítulo 14
Capítulo 13: Piltover


Notas iniciais do capítulo

Caitlyn tenta impedir um assalto a banco; Ziggs se apresenta aos professores; Orianna vai até o Departamento de Polícia; Heimerdinger e seus amigos entram numa fria -qq



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Capítulo 13:

Piltover

Caitlyn se encontrava do lado de fora de um banco armada para a porta. Ao seu lado haviam dezenas de policiais armados por detrás de suas viaturas, protegendo-se do que estava por vir. Ela mirava com seu rifle, mas tinha duas pistolas em seu cinto, para casa a situação esquentasse.

Helicópteros sobrevoavam o local e haviam repórteres e câmeras para todos os lados. Ao que se parecia, ladrões haviam entrado no banco e feito de reféns os civis que estavam lá dentro.

Shane Hiroka chegou mais para perto de Caitlyn.

– Me desculpe perguntar dessa forma, mas quando a senhorita...

Xerife – corrigiu Cait, com a mira firme na porta. Podia ver movimentos e vultos lá de dentro.

– Sim, xerife – desculpou-se. – Queremos saber quando irá pôr o plano em ação.

Caitlyn sorriu.

– Agora – saiu de perto do rifle. – Me dê o megafone – e Shane deu a ela. Ela o pegou e colocou à frente da boca e começou a falar em alta voz para os bandidos: – Rendam-se, vocês estão cercados!!

E foi-se feito um total silêncio por alguns segundos.

Caitlyn respirou fundo e continuou a falar.

Libertem os reféns e teremos mais piedade quanto a seus crimes!

A porta do banco se abriu e todos ficaram extremamente chocados com o que viram, principalmente Caitlyn. Um dos bandidos saiu segurando um refém com uma pistola apontada para sua têmpora direita. O bandido se vestia com um casaco preto e uma máscara de esqui. O refém era nada mais nada menos que Corin Reveck, o velho mecânico pai de Orianna e sogro de Shane.

Shane arregalou os olhos, apavorado.

– I-isso não estava em seus planos, estava? – perguntou a ela, preocupado.

Caitlyn estreitou os olhos ao olhar para o bandido.

Largue o refém e renda-se! – gritou.

– Primeiro nos deixe fugir com o dinheiro! – ele exclamou, apertando mais ainda a pistola em Corin, que ficou tenso.

Caitlyn ficou preocupada com aquela situação. Corin tinha quase cinquenta anos e era cardíaco. Uma situação daquelas podia fazê-lo ter um ataque ou coisa do tipo. Orianna deveria estar estudando àquela hora; odiaria que o pai morresse sob sua vigia.

Podemos discutir isso melhor.

O bandido sorriu.

– Então troque de lugar com ele, xerife! Ou tem medo?

Caitlyn cerrou os punhos. Olhou para as janelas do banco e percebeu que não havia ninguém nelas. Pelo menos poderia passear por ali sem levar um tiro. Deveria agir logo.

– Não faça isso, Cait... – Corin tentou dizer, mas o bandido o mandou calar-se.

Um dos policiais olhou para Caitlyn, confuso.

– Você não vai aceitar a proposta dele, vai?

Caitlyn respirou fundo, tomando coragem. Deixou o megafone na mão dele.

– Tenho tudo sob controle.

Shane segurou a mão dela.

– Xerife, deixe que eu vá. Ele é meu sogro, preciso fazer isso por ele e pela Ori. E eu sou só um tira insignificante; você é a xerife!

Caitlyn riu.

– Fique calmo, Shay. Eu sei barganhar, algo sob o qual você nunca foi bom.

Shane era forte e tinha um ótimo desempenho físico, mas mental... nem tanto. Ele era um soldado nato, era imenso e seu braço era três vezes o de Caitlyn; ele claramente se sairia melhor numa cena de ação comparado a ela. Mas ela não era a xerife por qualquer motivo: ela mereceu o cargo e permaneceu por ser boa no que fazia.

Agora ela caminhava em direção do bandido com as mãos levantadas. Chegou a frente dele e disse:

– Deixe que ele vá.

O bandido jogou Corin no chão, que caiu olhando para Caitlyn por trás dos óculos de grau. Ele não sabia se sentia gratidão ou culpa. Se ela morresse, ele iria conviver com aquilo. Mas ela piscou para ele e ele decidiu confiar.

Correu para perto dos policiais enquanto Caitlyn era levada até dentro do banco escoltada pelo bandido.

[...]

O banco de Piltover era imenso e parecia uma estação de trens. Era bem desenhado e arquitetado, sua palheta de cores ia do amarelo ao castanho, até ao negro. Tinha bancos acolchoados, vários funcionários e até alguns robôs de guardas. Tanto luxo e nada serviu para impedir os criminosos.

Caitlyn avistou vários civis ajoelhados no chão, com medo. Homens, mulheres, crianças, idosos... todos na mesma situação, no mesmo barco. Não fique com medo, filha, dizia uma mulher para sua garotinha, que deveria ter uns sete anos, apavorada.

Os bandidos apontavam armas para eles e tinham vários sacos de dinheiro ali, ao redor. Tinha tudo que precisavam, só não tinham como sair. Todos se vestiam de maneira semelhante, mas alguns usavam só óculos, um usava máscara de gás, outro um cachecol sob a boca... não pareciam se importar de serem reconhecidos. Caitlyn sugeriu que eles fossem zaunitas.

– Revistem-na – pediu o primeiro bandido.

Um outro chegou: ele era negro, com cabelo espetado e branco e uma espada azulada nas costas. Ele olhou nos olhos de Caitlyn com um certo ressentimento, como se ela tivesse lhe tirado algo, ou como se quisesse que ela se lembrasse de algo. Ele deveria ter uns dezesseis anos, sendo o mais novo dali. Depois ele a apalpou nos braços, na cintura e depois nas pernas.

– Ela tem duas pistolas no cinto.

Um deles fez um som de zombaria.

– Ah, senhor óbvio ataca novamente. Nós sabíamos, Ekko, só queríamos saber se você encontrava alguma coisa escondida. Até minha avó cega consegue ver essas pistolas. Tire dela, neguinho!

Ekko olhou para ele com raiva, mas obedeceu. Enquanto retirava as pistolas de Caitlyn, olhou-a nos olhos novamente.

O primeiro bandido segurou-a mais firme e a jogou no chão, perto de alguns civis. Ela ficou sem seu chapéu, que caiu para o lado. Ela foi obrigada a ficar de joelhos enquanto apontavam uma pistola para seu rosto.

– Olha só, xerifezinha de merda – disse o primeiro bandido –, queremos que você nos deixe ir, aí deixamos sua carinha bonita do jeito que está, hehehe. Ou nós podemos matar todo mundo aqui, pois vamos para a cadeia mesmo.

Ekko riu.

– Eu não vou – e cruzou os braços. – A maioridade penal aqui ainda é dezoito anos, então no máximo vou a um reformatório, o que é bem pior. Aposto que os reformatórios piltovenses são cheios de burgueses infratores, se é que eles são punidos.

– Cale a boca, seu preto retardado!

Caitlyn rangeu os dentes.

– Você sabe que aqui em Piltover racismo é crime, não é? Você, zaunita, poderia pegar cinco anos de cadeia só por ofender seu aliado dessa forma. Não pareceu brincadeira.

Ekko sorriu.

– Sabe que eu até que gostei dela.

O primeiro bandido revirou os olhos.

– Não temos tempo para isso. Xerife, vai ou não dar a nossa liberdade? Eu posso te matar agora, basta um apertar de gatilho.

Caitlyn revirou os olhos.

– Você é tão básico, francamente. Já enfrentei piores que você!

O bandido segurou a arma com as duas mãos mais firmes e bufou, irritado.

– É mesmo, é?! Aposto que enfrentou esses desordeiros idiotas. Não somos simples desordeiros – ele retirou a máscara de esqui e Caitlyn se surpreendeu com o que viu. Em seu rosto havia uma grande cicatriz em forma de XI, a carne parecendo ter sido queimada propositalmente. Ele sorria sadicamente. – Você não sabe com o que está lidando, xerife. Logo sua cidade irá queimar.

Caitlyn sentiu medo por um breve momento, mas foi nesse momento em que ouviu um tiro. XI ficou boquiaberto enquanto um rastro de sangue se formava de sua testa e ia descendo até sua boca. Algumas pessoas ficaram apavoradas quando ele caiu duro de costas no chão.

Automaticamente os bandidos ao redor apontaram suas armas para cima, igualmente assustados. Agora, Caitlyn ouviu. Ela levantou a manga da blusa que ficava por baixo do colete a prova de balas e revelou ter uma espécie de exoesqueleto mecânico em seu braço que parecia emitir ondas elétricas. Ela ergueu-o para cima e um pulso elétrico desarmou as armas de todos os bandidos.

Vi desceu de um ponto escuro no teto, caindo com tudo em cima de um bandido que segurava um tablet em mãos, possivelmente o hacker que permitiu tudo aquilo acontecer. Ouviu sons de ossos quebrando e Vi gritando enquanto avançava nos homens com seus punhos mecânicos. Os socava e eles ficavam fora de combate.

Ekko pareceu assustado demais para reagir.

– Vi? – mas ela o ignorou.

Ele sacou sua espada e avançou contra ela.

– Fique longe, garoto! – ela exclamou.

Ele brandiu a espada, enfurecido, mas ela desviou.

– O que você está fazendo aqui, Vi?! – ela socou a espada dele com tanta força que ele não aguentou a pressão e caiu para trás. Ela saltou em outro que tentava fugir e o deixou inconsciente.

Ao final de tudo, Caitlyn se levantou e anunciou:

– Podem levantar, vocês estão livres!

E as pessoas se levantaram, sorrindo. Agradeceram à xerife e saíram para sua liberdade. Teriam morrido sem as duas naquele momento, um trabalho em grupo que salvara várias vidas.

Caitlyn suspirou.

– É, bom trabalho. Pensei que você os espancaria mais e assustaria os civis.

Vi riu e bateu as mãos, ou manoplas de ferro.

– Estou trabalhando nisso, sabe?

Caitlyn ouviu um barulho semelhante a um vórtex se fechando se virou para trás, percebendo que Ekko havia desaparecido. Ficou pensando naquele garoto e naquele primeiro bandido, o XI. Logo sua cidade irá queimar, dissera ele. Não sabia o porquê, mas estava se sentindo angustiada com aquela frase.

– Vamos lá – disse Vi, preocupada. – Vamos sair logo daqui!

[...]

Ziggs estava particularmente nervoso. Esperou aquele momento por todos seus cinco anos de estudos, francamente, e agora estava nervoso. Odiava dizer, mas Jayce era o culpado por aquilo. Tê-lo ajudado em seu fortalecimento e destruição a Viktor lhe rendeu créditos e naqueles cinco anos seguintes estudou em uma universidade para yordles piltovenses. Caitlyn o incentivara a prosseguir, mesmo que os outros yordles não gostassem muito dele e os professores o achassem estranho.

Usava um jaleco branco e pequenino. Parecia um yordle fofo com aquela cara de constrangimento e com os óculos na cabeça. Bastava um sorriso insano e todos o veriam de outra forma. Ele se segurava para não rir, mas ou ele ria ou ficava nervoso. Odiava aquilo. Queria um emprego, queria passar na prova prática, mas se sentia tão oprimido. Queria ser ele mesmo pelo menos uma vez naqueles longos cinco anos.

Sentia saudades de Caitlyn e de Jayce – por mais incrível que pareça.

Ele tinha uma mesa só para ele e à sua frente, há alguns metros consideráveis, uma mesa para os professores yordles. Heimerdinger era o primeiro, seguido por Corki – que parecia um humano anão com um bigode imenso – e outros dois peludos de óculos. Heimer olhava para Ziggs com severidade, como se tivesse medo do que podia acontecer.

À porta ficavam alguns outros yordles aprendizes, colegas de Ziggs. Eles riam e apontavam para ele, fazendo gestos com as mãos. Existe bullying até entre os menores seres de Valoran, dissera Jayce certa vez.

Heimerdinger se levantou e foi até Ziggs.

– Ziggs – ele chamou –, meu garoto, não me envergonhe na frente desses outros gênios. Eu disse a eles que você é brilhante, claro, não menti, mas seja seguro de que isso não vai explodir.

Ziggs não entendeu absolutamente nada do que o professor lhe dissera. Ficou prestando atenção em sua imensa cabeça e em seus “cabelos de miojo”, como alguns de seus colegas chamavam.

Ele assentiu.

– Pode ter certeza, chefe!

– Você prestou atenção no que eu disse? – antes que pudesse responder, Heimer o interrompeu. – Não importa, só comece logo esse teste e você será aprovado. É simples, ok?

– Ok!

Heimerdinger voltou a se sentar e deixou Ziggs ali. O único som que podiam ouvir eram das zombarias de seus amigos. Ziggs pensou que ninguém faria nada, que ele ficaria ali, sendo feito de trouxa até a apresentação terminar, mas Heimer exclamou:

– Se continuarem zombando vão perder pontos na média! – e os yordles se calaram.

Ziggs sorriu, nem metade de sua capacidade mandibular de sorrir, mas assim o fez.

À sua frente ele deveria apresentar um motor hextech que ele havia feito em outra aula. Engoliu em seco e começou.

– Bom, hehe, esse motor é feito de tecnologia hextech, como dita em seu nome, e... – se distraiu rapidamente com seus colegas que começaram a rir baixinho. Fez uma cara feia e prosseguiu, sem querer clicando em dois botões ao mesmo tempo. – E ele é produzido com energia limpa... – fungou três vezes seguidas, sentindo algum cheiro estranho.

– Algum problema, Ziggs? – zombou um de seus colegas. – Acho que tem alguma coisa queimando aí.

De fato, tinha algo queimando ali. O motor hextech estava soltando vapor e quando Ziggs tocou nele, queimou o dedo. Ficou paralisado perante àquela situação. Era sua grande chance de passar na prova prática e o motor superaquecera. Não podia prosseguir daquela forma.

Heimerdinger se levantou, preocupado.

– Saia daí, Ziggs. É perigoso. Motores hextech jamais podem superaquecer.

Ziggs fez uma cara triste e olhou para seu motor. Não imaginou que aquilo poderia acontecer, foi tão imprudente em sua construção e agora estava pagando por isso. Sempre via filmes de mecânicos que faziam grandes máquinas de pouca coisa e sem qualquer cuidado daqueles de sua apostila. Pensou que poderia ser como eles, mas se enganou, pois aquela era a vida real e percebeu que seu motor iria explodir.

Saltou para o lado e ele explodiu, abrindo um buraco na parede. Quando ergueu a vista, viu os professores assustados por detrás da mesa e seus colegas caídos no chão, surpresos.

– S-senhores... – Ziggs se levantou com o jaleco cheio de fuligem. – E-eu posso explicar. Não foi minha inten...

– Reprovado!! – gritou Heimerdinger. – Olha, Ziggs, eu quis mesmo acreditar em você, pois sei que é brilhante, mas assim não dá. Deverá refazer a prova.

– Refazer? – perguntou um outro professor de pele azul e grandes óculos. – Esse garoto é um perigo para nossa academia. Devemos expulsá-los!

– Certamente! – exclamou outro.

– Ele já teve outras chances, Heimer – argumentou Corki.

Heimer olhou para Ziggs com uma melancolia clara. Sempre teve uma preferência por ele, mas não podia admitir tantas reprovações. Queria permitir que ele refizesse e assim aprendesse com o erro, mas viu que não era possível.

– Ziggs, seu sinto muito... – o professor cabeçudo parecia desolado. – Sinto muito, mas terei de te expulsar. São três votos contra um. Devolva seu jaleco e pegue suas coisas.

Por mais que odiasse muita coisa naquele local, Ziggs gostava de seu mentor. Heimer era justo, e nada mais justo que uma votação. Estava triste não pela expulsão, mas pela forma como Heimer o olhava, como se estivesse decepcionado.

Retirou o jaleco ali mesmo e deixou na mão do mentor. Saiu pela porta, devastado e envergonhado. Nem mesmo seus colegas tiveram a coragem de humilhá-lo naquela hora, pois aquilo era demais para uma pessoa só. Ou um yordle só.

[...]

Orianna adentrou ao Departamento de Polícia extremamente preocupada. Saber que seu pai fora feito refém de bandidos zaunitas a deixou com o coração na boca, quase que literalmente. Ela correu para lá, pegou até um táxi. Normalmente ele a busca, mas naquele momento não foi possível.

Ela viu várias pessoas prestando depoimento para policiais ali dentro, enquanto procurava por ele.

O viu contando a situação para Shane. Ficou feliz em ver que as duas pessoas mais importantes de sua vida estavam bem. Correu até o pai e o abraçou, encostando a cabeça em seu peito.

– Pai – ela apertou mais forte. – Fiquei tão preocupada com você!

Corin sorriu.

– Eu ainda estou me recuperando, filha. Se você quebrar minhas costelas eu posso ficar em um estado pior – e retribuiu o abraço.

Ela o soltou e olhou para o namorado com um sorriso emocionado.

– Obrigada. Eu sabia que você não falharia – e o beijou.

Ele sorriu após o beijo.

– Não agradeça a mim, mas à xerife Caitlyn e à sua assistente Vi. As duas deram uma surra neles, foram ótimas. Eu duvidei da xerife, mas me arrependi muito depois.

Orianna riu.

– Eu sei, bobo. Eu vi a entrevista das duas. O povo já as chama de heroínas – se virou para o pai. – Mas ela disse que nada seria possível sem o seu aparelho, pai, aquele que desarmou as armas.

Corin Reveck deu de ombros.

– Ah, Caitlyn me pediu um aparelho que lhe fosse útil em situações daquelas e eu fiz um favor – ele sorriu e cruzou os braços. – Nunca se sabe quando pode ser útil.

Caitlyn apareceu ao lado de Corin.

– Ouvi meu nome – e deu uma rápida risada.

Orianna a abraçou.

– Obrigada mesmo, Cait. Eu vi a forma como se entregou para salvar meu pai.

– Que xerife eu seria se não o fizesse? Fora que a Vi já estava lá dentro, era só uma questão de tempo. Falando nisso, eu gostaria que vocês a conhecessem – virou-se para trás, como se procurasse alguém. Praguejou baixo, algo como droga, Vi. – Só um minuto.

Foi andando até o policial mais próximo.

– Você viu a Vi? – perguntou.

Ele apontou para um lado e Cait o seguiu. Aparentemente, Vi havia subido para a antiga sala de Caitlyn, a mesma na qual ela levara Jayce, onde ele conhecera Ziggs. Sentiu uma pontada de nostalgia enquanto subia, pois não ia naquela sala faziam alguns meses.

Encontrou Vi jogando videogame em uma TV velha, sentada com as pernas apoiadas em uma mesa próxima. A sala era apertada e cheia de armários, mas ela parecia ter pego um local bem grande para uma mulher de seu tamanho.

– Onde esteve, Vi? – perguntou Caitlyn. – Eu queria te apresentar aos Reveck.

Vi bufou.

– Não quero conhecer ninguém. Tô bem do jeito que tô.

Caitlyn cruzou os braços, irritada.

– Vi, você foi uma heroína hoje e eu só vi repúdio seu. Mal falou com os repórteres, ignorou os seus novos fãs e quase que não deixou ser fotografada.

– Eu estou sendo paga para trabalhar com meus punhos, não para servir de emprego aos paparazzi. E somos tiras, não celebridades.

Caitlyn riu.

– Não é isso que o povo pensa. Eles te veem como uma celebridade justamente com a forma que você se veste.

Vi pausou o jogo e franziu a testa para Cait.

– O que que tem a forma que eu me visto, hein?

– Não tem nada, acredite. Mas que o povo gosta, eles gostam. Tem várias garotas imitando seu penteado e desde que começamos a atuar juntas você tem virado um símbolo para as lésbicas – e riu.

Vi fez uma cara feia.

– Vê o que me faz, chapeleira? Agora sou conhecida por todos vocês, Pilties.

Caitlyn franziu a testa.

Pilties?

Vi semicerrou os olhos.

– Deixa pra lá.

A porta da sala se abriu e uma figura pequena entrou. Era Ziggs, de cabeça baixa. Ele carregava consigo uma mala grande demais para ele, mas ele carregava mesmo assim.

– Ziggs? – Caitlyn se abaixou para olhá-lo nos olhos. – O que há com você? Parece triste.

Ele não parecia em nada com aquele Ziggs que ela conhecera. Aquele yordle feliz, insano e hiperativo que treinou Jayce em sua missão especial. Ele sempre parecia tão feliz... até aquele momento.

– Vim dizer adeus, Cait – ele falou.

– Ih, legal, um yordle – Vi comentou, com um pirulito na boca. Logo voltou ao jogo.

Caitlyn acariciou a cabeça felpuda do yordle.

– Por que? Você não foi fazer sua prova final da academia hoje... de novo?

– Heimer não conseguiu me dar outro prazo, Cait. Eu tentei, juro. Eu fui muito descuidado na criação do motor hextech e ele explodiu. Os outros professores votaram por me expulsar. Vou voltar pra Bandópolis ainda hoje. Acho que meus pais vão gostar de me ter por perto... eu acho.

Caitlyn o abraçou; era como abraçar um boneco de pelúcia com ossos.

– Tem certeza disso? Você podia morar comigo e com a Vi.

– Como é que é? – perguntou Vi, mas foi ignorada.

Ziggs balançou a cabeça de forma negativa.

– Não, não. Não quero ser um peso morto. Eu não tenho mais espaço aqui. Já até comprei minha passagem de avião pra Bandópolis.

Caitlyn se sentia triste, mas sabia que nada faria ele mudar de ideia. Conhecia Ziggs. Quando ele tomava uma decisão, nada o fazia voltar atrás.

Por isso ela sorriu.

– Espero que venha nos visitar futuramente.

Ziggs respirou fundo.

– Virei sim – e abriu aquele extenso sorriso que ela tanto adorava.

[...]

Já estava de noite quando Heimerdinger decidiu se reunir com seus amigos professores da Academia Yordle de Piltover. O local estava vazio e só haviam eles no local. Estavam numa sala, debatendo sobre os alunos enquanto comiam uma pizza com suco natural, algo típico deles.

– Ainda não sei o que você viu naquele garoto Ziggs, Cecil – comentou o yordle azul de óculos em referência a Heimerdinger. Só ele o chamava pelo primeiro nome. – Ele é tão... destrutivo.

Heimer comeu um pedaço de pizza, mas fez uma cara feia.

– Não questione meus alunos, Stephen. Ele teve um mal dia, só isso.

Outro yordle professor falou. Ele tinha pelugem laranja e olhos miúdos. Se chamava Albert.

– Francamente, Heimer, ele teve quatro apresentações malsucedidas em um ano. Claro, nas outras ele não explodiu nada, mas foi muito mal. Ele faz tudo muito rápido e acaba se sabotando.

Corki bufou.

– Vocês são muito ignorantes, meus amigos. A verdadeira genialidade está dentro de nossas mentes, não em nossas atitudes.

Heimer sorriu.

– Sim, sim!

Stephen revirou os olhos.

– Eu ainda acho que deveríamos tê-lo expulsado logo de primeira.

Heimerdinger iria falar alguma coisa, mas sentiu-se extremamente sonolento.

– Nossa... de repente bateu um sono. Que horas são? Está tarde.

Corki caiu de joelhos no chão.

– Estou... caindo. Ejetar, ejetar.

Stephen e Albert caíram duros no chão, roncando. Heimer foi o único a ainda ter alguma consciência enquanto os amigos dormiam.

– A... pizza... – percebeu ele que a pizza estava envenenada com algum sonífero poderoso. Logo ele cairia em um sono profundo e não sabia nem mesmo o porquê.

– Lalalalalaaaaa... – ouviu uma voz feminina e aguda cantar. – Alguns yordles vou sequestraaaaar.

A última coisa que ele viu foi a expressão insana de uma garota de cabelos azuis, e nada mais.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi o que eu escrevi em menos tempo. Demorei apenas duas horas, por isso decidi postar de uma vez.



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