The Killers II- Interativa escrita por White Rabbit, Neve de Verão


Capítulo 15
Capítulo 12 - Burn Your Sure


Notas iniciais do capítulo

Hello people, sei que demorei para postar, mas foi uma semana bem corrida com sarau na escola e tudo mais. Espero que entendam, boa leitura!!!



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Queime sua Certeza

“Porque nessa vida, somos ao mesmo tempo reis e peões”- O Conde de Monte Cristo.

Partners in Crime- Set It Off

Manchado de sangue seco andou por entre as ruelas estreitas do que um dia devia ter sido um vilarejo. Devia fazer um tempo que aquilo tinha começado, que a loucura havia se atentado contra o mundo. Todas as máscaras haviam finalmente caído, todos estavam mostrando quem realmente eram agora, seria belo se não fosse algo realmente trágico. Agora entendia porque as pessoas se escondiam atrás de disfarces, de pinturas, de um monte de coisas, porque no fundo, no âmago de suas almas, havia demônios prontos para destruírem tudo ao serem libertos.

Mas agora isso não importava, as filosofias, as crenças, as histórias, as regras, tudo tinha ido por água a baixo em questão de segundos. Ele próprio tinha coisas que queria esconder, esconder tudo sobre grossas camadas de tinta, de ironia, de sarcasmo, de tudo aquilo que ele não gostava, mas pessoas boas não durariam muito num mundo como aquele. "Secret", talvez fosse o nome correto para ele, aquele guarda todos os segredos, sem que ninguém saiba.

Ele estava sendo perseguido, assim como seus colegas, haviam fugido juntos por um tempo, mas logo foram atrás deles e tiveram que se separar. Não sabia se estavam vivos ou mortos, sabia apenas que nunca mais os veria. Escondera tudo sobre si, seu nome, seus registros, estava tudo apagado, apagara a si próprio da história, assim nunca seria encontrado. Eles nunca o levariam, ele apenas precisava continuar sendo aquele ser errante, que vivia pelas ruelas dos vilarejos e cidades, sem se importar muito com as coisas.

Afinal, apagar-se do mundo era bem mais fácil do que tentar se destacar nele.

° ° °

Yuuka Misaki

O dia começou realmente estranho, pela primeira vez desde que cheguei aqui estava chovendo, e não era apenas uma garoa ou chuvisco, estava chovendo de verdade, a água chegava a alagar as ruas de modo que vi pequenos buracos se abrirem aqui e ali para sugar a água. Eu desconfiei de que iria chover devido às nuvens pesadas de ontem. Monokuma disponibilizou- creio eu que para todos- uma capa de chuva para podermos sair na rua hoje.

E graças a essa capa eu consegui chegar quase que totalmente seca até o restaurante do hotel. Onde já havia apenas algumas pessoas, além de mim, estavam Onihiru, Watashima, Mayu, Mikazuki e Cody. Mas havia outra coisa estranha ali, o restaurante estava decorado com centenas de flores e faixas de todas as cores, e no centro do mesmo estava erguida uma espécie de santuário bastante decorado, feito por três cavaletes nos quais estavam pendurados quatro quadros, com as fotos de Albert, Kazuyo, Miya e Percy.

— O que exatamente significa isso?- perguntei um tanto incomodada, pensando que aquilo poderia ser mais uma brincadeira sórdida do Monokuma- foi mais uma das tramoias daquele urso maluco?

— Não Yuuka, que fiz- Cody disse, olhando para mim com determinação- para manter viva em nós aquelas pessoas queridas que já partiram e manter acesa a chama de que temos que sobreviver, por nós e por elas.

— Não sabia que você era tão profundo assim- comentou Onihiru num pequeno riso- mas, onde você encontrou esses quadros? Não estão na minha lista de produtos.

— Eu pedi ao Monokuma, e em troca ele pediu para que eu deixasse uma capa de chuva na porta de cada um hoje, acho que ele sabia que ia chover- falou voltando o olhar aos quadros, que mostravam nossos colegas, sorrindo, como se nada de ruim tivesse acontecido- mas não importa, o que importa agora, é que ainda temos esperança.

Eu sorri em meio a inocência do garoto, ele passou por maus bocados, perder a pessoa que amava daquele modo era realmente insano, eu também havia perdido Albert e sequer sabia quem ele era direito, mas eu sentia algo por ele com certeza. As lembranças do garoto que recitava poemas e usava um casaco de capuz invadiram a minha mente num milésimo de segundo. Não, eu não queria que ele tivesse partido.

Sentei-me em uma das cadeiras, pegando um pequeno cupcake com cobertura dourada, dei uma pequena mordida me perguntando quem preparava todas aquelas comidas frescas. Seriam máquinas? Pessoas? Não teria como uma única pessoa fazer todo então seria tudo tramoia de uma organização? Balancei a cabeça, porque pensar nisso agora? Não havia o por que.

— Upupu- um dos televisores ligou-se automaticamente, mostrando uma imagem de um Monokuma bastante risonho- um cadáver foi encontrado, após um período de investigação teremos o nosso excitante julgamento escolar!

Me levantei assombrada. Um cadáver? Mas onde? Todos ficaram atordoados, olhei ao redor tentando ver quem não estava ali. Aru, Annie, Kocho, Aya, Nathan e Kon, nenhum deles estava presente, um deles estava morto. Mas quem? Quem encontrou o corpo devia ter vido correndo até nós naquele exato momento.

A porta foi aberta repentinamente e por ela entrou Kocho, estava ensopado e tremia de frio, estava pálido como um fantasma e batia uns dentes nos outros parecia estar traumatizado com algo. Todos olharam para ele assustados, será que havia acontecido alguma coisa? Teria sido algo sério? Ou... Aquilo que temíamos se tornou realidade?

Ele sentou-se em uma cadeira, olhando estático para o chão. Nunca o vi daquele modo, ninguém ousou dizer uma única palavra durante muitos segundos, os segundos mais silenciosos já vistos. Antes de Kocho arregalar os olhos como se eles fossem saltar para fora, ajoelhando-se repentinamente, gritando como um demente mental antes de cair num choro profundo e barulhento em meio aos olhares confusos de todos os outros.

Aproximei-me rapidamente do garoto, ajoelhando-me junto a ele, tomei seu rosto entre as minhas mãos olhando fixamente nos seus olhos, aqueles olhos assustados e que pareciam mudar de cor. Enxuguei suas lágrimas, e tudo o que ele fez foi ficar ali olhando para mim, soluçando, sem conseguir articular uma única palavra.

— O que aconteceu?- ele mexeu os lábios murmurando palavras incompreensíveis para mim- acalme-se, o que aconteceu?

— E-eles estão... No estádio... Eu não pude aguentar...

— Em qual estádio?- perguntei aflita.

— Atletismo... Estão lá...

Olhei para os outros que apenas acenaram com a cabeça, levantei-me e saí correndo, vi que Watashima e Mayu foram socorrer Kocho enquanto o resto de nós saiu correndo restaurante afora, precisávamos saber quem havia morrido. Atravessei as portas do hotel as pressas, pensei ter ouvido um choro atrás de mim, me virei apressada, não vi nada além de algo como um vulto. Devia ser minha imaginação. Balancei a cabeça e voltei a correr na direção das quadras.

° ° °

Nos separamos para procurar pelo corpo no Bairro Esportivo, poderia estar em qualquer lugar ali, lembro claramente de Kocho ter mencionado o estádio, então fui para lá imediatamente. Era a maior construção do bairro, e não foi difícil chegar até lá. Respirei fundo chegando a entrada do mesmo, quem estaria morto. Dei alguns passos a frente quando senti uma mão pegar em meu ombro. Virei-me assustada dando de cara com Annie:

— Eu escutei o anúncio e vim correndo para cá, quem foi que morreu?

— Ainda não sabemos- falei me virando para o estádio- deve estar ali dentro.

— Então, vamos logo- ela falou pegando pela minha mão e me levando até a porta do estádio, a porta de vidro abriu-se automaticamente- vamos procurar por aqui.

Engoli em seco e comecei a andar pelo local, atenta a qualquer coisa de anormal, continuei andando pela entrada aleatoriamente, indo em direção a pista de corrida que havia após a recepção, foi quando escorreguei em algo e quase caí. Parei, enquanto olhava o chão. Aquele líquido vermelho, não havia dúvidas do que era, segui seu rastro lentamente com os olhos, até me deparar com algo que preferia que nunca tivesse visto.

Corpo Descoberto

O corpo de Aru estava ali, estava sentado, encostado no balcão da recepção, uma ferida atrás de sua cabeça, de onde um filete de sangue ainda escorria por todo o seu corpo e formara aquela poça, perto dele havia um bastão de basebol de aço também manchado de sangue. Dei uns passos para trás surpresa, Aru era uma companhia incrível, ele fora a pessoa mais divertida que eu conheci por aqui depois de Albert, eu realmente preferia que ele estivesse vivo.

— Upupu, um corpo foi encontrado, após um período de investigação, teremos um julgamento escolar!

Espere, o anúncio de novo? Mas já havíamos recebido ele uma vez? Senti um aperto em meu peito, eu queria que aquilo não fosse verdade, mas era, então duas pessoas estavam mortas. Isso explicaria o motivo de dois anúncios de corpo descoberto. Enxuguei o suor da testa enquanto me vire, quando vi Annie olhando para algo no meio da pista de corrida, os olhos arregalados, como se visse um fantasma.

— O que houve Annie?- perguntei atônita.

— Nós só podemos estar sonhando- ela apontou para algo próximo, corri para ver o que era- não pode ser verdade.

Corpo Descoberto

O corpo de Aya estava caído a poucos metros dali, estava caída de bruços com uma poça de sangue envolta de sua cabeça, corri até ela e tomei seu pulso, seu corpo estava gélido, não havia sinal de vida. Então Aya também estava morta, levantei-me e olhei para Annie que apenas sibilava coisas incompreensíveis.

Em poucos minutos todos estavam no local, foi difícil de ver Kocho se debruçando sobre o corpo de Aya, implorando para que ela acordasse, difícil ver a reação de Kon ao ver que seu amigo estava morto. Eu não queria mais mortes, queria apenas que pudéssemos seguir em frente ignorando os motivos que Monokuma nos dava, mas parece que sempre há uma armadilha, como se alguém estivesse nos controlando e nos fazendo matar uns aos outros mesmo que evitemos. Depois de longos e dolorosos minutos, todos ficaram olhando uns para os outros, esperando que alguém tomasse a liderança em mais uma difícil investigação:

— Upupu, parece que estão como um bando de cordeiros sem pastor não é? É melhor começarem logo, antes que o tempo acabe- o urso surgiu magicamente como sempre fazia- como foram duas vítimas, terão o dobro do tempo para procurar pistas.

— O dobro?- falei surpresa- isso não seria uma vantagem?

— Talvez sim, talvez não- ele falou com ar de superioridade- bom, boa sorte e sumiu como sempre fazia.

Senti meu ID vibrar no bolso do casaco e o puxei, em sua tela piscavam as Monokuma Files, dessa vez eram duas páginas com dados sobre ocaso. Respirei fundo, dando uma olhada no material, enquanto todos os outros faziam o mesmo.

Investigação

A primeira vítima foi Aya Hariyama, morreu no início da manhã, encontrado no Estádio de Corrida, existe uma ferida grande envolta de sua cabeça e provavelmente esta é a causa da morte, ela recebeu um único golpe de algum objeto pesado e cilíndrico e morreu instantaneamente. A segunda vítima é Akise Aru, encontrado na recepção do estádio, existem pequenos hematomas em seu braço e sinais de lutas em seu corpo, foi morto por um objeto de metal com um golpe certeiro em sua cabeça, morreu poucos minutos após o golpe.

(Prova N°1- Monokuma File)

— Bom pessoal, temos o dobro de vítimas dessa vez- Onihiru falou meio que tomando a liderança- e o dobro de tempo também, vamos nos dividir logo e sair investigando todos os locais, precisamos descobrir os maiores detalhes sobre isso.

Todos assentiram, e nos dividimos. Ficando apenas eu, Nathan e Onihiru no local onde estavam os corpos. Investigar a cena do crime era primordial, afinal poderíamos descobrir muitas coisas sobre o mesmo aqui. Aproximei-me primeiro do corpo de Aya, analisando o machucado em sua cabeça, tem realmente um formato cilíndrico como diz o arquivo, e pela poça, parece que ela morreu no local, virei o corpo com cuidado, seus olhos estavam abertos numa expressão de surpresa, seu rosto sujo de poeira. Com uma dor no coração fecho seus olhos e olho em volta, percebo que a poucos metros dali tinham duas pegadas na pista, estranho, então ela devia estar com alguém aqui? Seria o assassino?

Mas não podia ser, para Aya ter caído de bruços, deve ter sido acertada na parte de trás da cabeça, logo o assassino teria de estar atrás dela. A menos que ele tivesse matado Aya e depois ficado ali olhando para seu corpo como um maníaco, mas tenho dúvidas sobre isso, talvez fosse Aru que estivesse ali com Aya e o assassinou teve de matar os dois para se proteger, de qualquer modo é um ponto importante.

(Prova N°2- Pegadas junto ao corpo)

(Prova N°3- Posição do Corpo de Aya)

— Ei, venham ver uma coisa- Nathan chamou, eu e Onihiru fomos até ele rapidamente- esse bastão está disponível na loja de esportes, será que podemos encontrar a nota fiscal?- ele perguntou.

— Não, as notas fiscais não possuem nomes de quem as comprou- disse Onihiru analisando o taco cuidadosamente- estranho.

— O que é estranho- perguntei.

— Esse bastão foi usado para acertar duas pessoas não é mesmo? Então deveria ter mais sangue aqui, no entanto ele contém uma única marca de golpe.

— Será possível que a arma que matou Aru foi outra?- o garoto de cabelos brancos comentou- a posição do corpo dele é estranha também, ele foi atacado na parte de trás da cabeça, no entanto está assim, encostado no balcão.

— Acha que alguém pode ter arrumado a cena do crime?- falei em tom preocupado- para esconder alguma coisa?

— Talvez, podemos pedir para a Mikazuki olhar os ferimentos, ela parece ter uma habilidade especial com esses assuntos.

— Tudo bem- falei- eu vou falar com ela, vocês dois fiquem aqui e investiguem mais um pouco, podem ter outras pistas importantes sobre o caso.

(Prova N°4- Taco de Beisebol)

° ° °

Saí do local apressada, olhando para os lados feito louca, em pouco tempo avistei Mikazuki olhando para o nada, com as mãos entrelaçadas como um servo que espera por ordens. Corri até ela, a garota apenas me olhou enigmática, fico me perguntando em que tipo de casa ela trabalhava, empregados não costumam ser tão quietos ou submissos, ela ás vezes me assusta:

— Oi Onimaru-san, queria pedir para você ir ajudar os meninos com a... Autópsia- engoli em seco, odiava aquela palavra- se pudesse.

— Claro, vou dar o meu melhor- ela falou dando um sorriso tímido- ah, e Yuuka, eu estive pensando aqui comigo mesmo, não é estranho? Todos os assassinos até agora, mataram uma única pessoa, mas porque esse assassino matou dois?

— Talvez ele estivesse matando um, e o outro apareceu na hora- comentei- não há nada de misterioso nisso.

— Eu entendo- ela disse- mas o que me intriga foram os anúncios, um deles foi dado quando a maioria de nós estava no restaurante, e são necessárias três pessoas além do assassino para que um anúncio seja feito.

— Está me dizendo que...

— Que algum dos nossos colegas que não estavam no restaurante quando o primeiro anúncio foi dado, viram o corpo, a primeira a morrer foi possivelmente Aya, então temos Kocho, Aru e uma terceira pessoa que deve ser o assassino.

— Com isso você quer dizer...

— Que todos que não estavam no restaurante devem ter um álibi, incluindo o próprio Kocho. Um deles pode estar mentindo.

— Entendo, é uma ideia bastante esperta, vou falar com todos eles!- falei com um sorriso.

— E eu vou ajudar os meninos- e saiu dando de ombros.

Ela era mais inteligente do que eu imaginava que fosse, comecei a andar pelo bairro quando avistei Kon saindo da loja de esportes junto a Cody, estava com um semblante mais sério do que o normal, ele e Aru eram amigos, passavam um bom tempo na biblioteca lendo e pesquisando, até me ajudaram a descobrir mais sobre aquele diário que achamos há um tempo atrás.

— Ei Kon- o garoto me fitou com seus olhos verdes- então, achou alguma coisa?

— Parece que estão faltando dois potes de polidores de metal- Cody meteu-se na frente de Kon, parecia que o mesmo não queria falar- segundo Kon a prateleira estava cheia antes, mas agora não está.

— Entendo, e acham que isso é importante?

— Bom, pensamos que o assassino pegou, sabe, o bastão era de metal, então o plano devia ser limpá-lo e coloca-lo de volta, mas deve ter dado errado.

— Entendo- aquilo fazia um pouco de sentido- Kon, onde você estava hoje de manhã? Não leve a mal, mas todos os que não estavam no restaurante são os maiores suspeitos.

—Uhm- ele me olhou arqueando uma das sobrancelhas, mas suspirou e finalmente disse- eu estive na biblioteca, estava dando uma olhada no diário que achamos a uns dias atrás, e vendo outras coisas é claro. Tinha alguém comigo lá, mas essa pessoa não vai poder confirmar nada.

— E por quê?

— Era o Aru, e agora ele está morto, ele disse que precisava pegar algo no quarto dele e saiu apressado, e não voltou mais, quando eu ouvi o anúncio saí e me encontrei com o restante de vocês.

— Entendo, não estou te acusando nem nada, eu só... Precisava mesmo dessa informação.

— Não se preocupe Yuuka-san, cada informação é crucial nesse caso, afinal precisamos descobrir o culpado não é mesmo? - ele disse dando um pequeno sorriso- acho que precisa correr, é melhor pegar os álibis dos outros alunos.

(Prova N°5- Limpadores de Metal)

Assenti em afirmativo enquanto virei-me na direção oposta. Precisava perguntar aos outros o que eles faziam pela manhã. Um deles deveria ser o culpado. Percebi certo movimento em frente ao Hall dos troféus, e resolvi ir até lá. Quando cheguei me encontrei com Kocho, seu olhar estava vazio assim como o de Kon, ele olhava para os troféus a frente dele, como se estivesse desinteressado.

— Kocho?- chamei-o, ele me encarou surpreso, a mesma expressão de quando ele entrou no restaurante- o que está procurando por aqui.

— Só queria poder pensar um pouco- ele falou voltando seus olhos para os prêmios mais uma vez- é estranho...

— O que é estranho?

— Venha ver- ele disse fazendo um breve sinal com a mão esquerda, eu me aproximei dele e olhei para os troféus- esse aqui tem uma mancha estranha não é? Algo meio acinzentado.

Ele tinha razão, todos os outros troféus eram dourados ou prateados, mas esse apresentava uma mancha estranha, que decididamente não estava ali antes. Fora que ele estava fora do lugar, era bastante estranho e eu me perguntava se aquilo era um detalhe realmente importante. Balancei a cabeça e olhei para Kocho mais uma vez, eu precisava perguntar a ele:

— Kocho, o que você fez hoje de manhã? – ele me olhou confuso, piscando os olhos algumas vezes- é realmente importante que você me conte tudo.

— Eu e Aya tínhamos combinado de comer alguma coisa, ela disse que tinha muito para conversar comigo, sobre meu potencial de médium. Então eu procurei por ela e não a achei, continuei procurando até que vi os corpos, então eu fui correndo até onde vocês estavam.

— E você não fez nada além disso? - ele acenou em negativo- tem alguém que te viu e possa confirmar sua história?

— Sinto que está suspeitando de mim- ele falou num tom sério.

— Todos os que não estavam no restaurante essa manhã são os principais suspeitos, espero que entenda Kocho, mas precisamos descobrir o culpado- ele abaixou a cabeça e apenas murmurou alguma coisa, estava deprimido demais para falar- eu vou indo, te vejo depois.

(Prova N°6- Troféu)

Deixei Kocho para trás e tentei memorizar lentamente quem ainda precisava ser questionado. Já havia falado com Kocho e com Kon, e Anne me falara mais cedo que passara a manhã em seu quarto até ouvir o anúncio de cadáver. Restava eu perguntar somente a Nathan que estava examinando a cena do crime junto com Onihiru. Tinha tempo ainda, então poderia falar com ele depois. Primeiro eu devia dar uma volta pelo local, atrás de novas pistas.

Comecei a andar pelo local quando avistei Watashima e Mayu que apareceram na entrada, quando me viu, Watashima acenou para que me aproximasse. Deviam ter achado alguma coisa importante. Mayu tinha uma expressão assustada, o que era raro. Quando me aproximei, as duas se entreolharam e Watashima finalmente falou:

— Nós fomos atrás de pistas em outros locais, vasculhamos os quartos das vítimas e não achamos nada que pudesse nos ajudar. Mas uma coisa que Kocho nos falou despertou nossa curiosidade- eu fiz um gesto para que ela continuasse- quando estávamos no restaurante, ele disse que podia ter protegido Aya, que tudo era culpa dele, e que a outra garota nunca iria perdoá-lo

— Espere, outra garota? Não estava falando de uma das estudantes? Ou da própria Aya? – falei intrigada.

— Isso mesmo, perguntei se estava falando da Aya, ele acenou negativamente, falou que não. Dizia coisas desconexas como “gêmeas” ou “cabelos brancos” e “ela me salvou”, coisas do tipo. Depois quando o nervosismo passou ele disse que não estava passando bem e que o que ele disse era apenas um delírio, mas eu realmente achei estranho. E depois a Mayu acha que viu...

— Eu não acho, eu tenho certeza- ela disse em tom irritado- eu vi a Aya, não sei se era um espírito, um clone, mas eu vi ela correndo pela rua enquanto investigávamos, eu corri atrás dela, mas ela tinha sumido. Era Aya, eu tenho certeza, aqueles cabelos brancos eram inconfundíveis.

— Você devia estar muito nervosa- sugeri- Aya está morta, todos nós vimos o corpo.

— Eu sei o que eu vi- ela falou dando de ombros e caminhando na direção da saída do bairro.

— Ela deve estar muito nervosa, eu já volto- disse Watashima correndo atrás da garota. Era algo realmente intrigante.

(Prova N°7- Testemunho de Watashima)

(Prova N°8- Garota Misteriosa)

Balancei a cabeça, era loucura demais para um único dia, por isso resolvi que devia conversar logo com Nathan e recolher os álibis de todos, e é claro ver se eles tinham descoberto alguma coisa. Tínhamos duas vítimas, quatro suspeitos principais, e muitas perguntas sem respostas. Isso me fazia lembrar os dois últimos casos, eu sabia que um dos meus colegas estava nos traindo, um deles estava mentindo, mas quem? Quem era o assassino?

° ° °

Quando cheguei a cena do crime, vi que Onimaru e Onihiru olhavam os corpos com uma exatidão policial, Nathan apenas vasculhava os locais com um leve sorriso no rosto, como se estivesse achando tudo aquilo muito divertido. Quando o garoto me viu, veio até mim saltitando numa felicidade infantil, abriu um sorriso largo e disse:

— Você não sabe o que eu descobri Yuuka-san! – ele disse me puxando pela mão e apontando marcas no chão do local- existem muitas pegadas aqui, então eu comparei com os sapatos das vítimas. Além das pegadas de Aru e Aya, existem três outras pegadas.

— Três?

— Isso mesmo, três delas vem do portão do portão de ferro que liga todas as quadras esportivas, depois param no corpo de Aya- ele me dizia enquanto apontava para as marcas de pegadas- duas delas depois vão até o corpo de Aru, e tem essa que vem da entrada, e a outra que vem do outro lado, e depois segue em direção a saída de emergência. Ou seja, cinco pessoas estavam presentes durante os assassinatos, contando que duas delas são as vítimas, e um o assassino, podemos dizer que as outras duas são dos que acharam o corpo, possivelmente Kocho e outra pessoa.

— Isso é uma loucura não acha? – disse num tom desconfortável.

— Bom, tentaram limpar algumas pegadas com produtos do spa, mas não deu muito certo. E sabe outra coisa que me intriga? Os anúncios, Aya morreu primeiro, então três pessoas além do assassino encontraram seu corpo, o anúncio de Aru foi dado somente quando chegaram aqui, por isso menos de três pessoas presenciaram a morte de Aru.

— O que está querendo dizer com isso?- falei erguendo uma das sobrancelhas, era uma teoria realmente muito louca.

— Digamos que Aru viu Aya morrer, e Kocho viu os corpos depois, mas quem era a terceira pessoa presente quando a Aya morreu?

— Está dizendo que...

— Um de nós está protegendo o assassino, alguém mais estava aqui quando a Aya morreu, sei que é loucura, mas é a verdade.

— Entendo... Mas, onde você estava hoje de manhã?

— Eu acordei cedo e fui para o fliperama, fiquei lá a manhã toda. E se quiser provar, pode olhar nos jogos Clock Tower e Mistery Castle. São jogos de mistério, e tem os meus recordes e os horários em que os fiz.

— Entendi, obrigado Nathan.

— Disponha.

(Prova N°9- Teoria de Nathan)

(Prova N°10- Testemunha Secreta)

(Prova N°11- Álibis dos suspeitos)

Depois da estranha conversa com Nathan, me dirigi até os que olhavam os corpos. Quando me viram, apenas Onimaru veio falar comigo, Onihiru continuou analisando cuidadosamente o corpo de Aya, a procura de pistas. A garota, olhou para mim com ar de mistério, percebendo que eu estava um tanto atordoada com tudo o que estava acontecendo:

— Pegou os álibis? – falou seriamente.

— Sim. Descobriram alguma coisa?

— Duas coisas importantes, a primeira é que o corpo de Aru foi movido do lugar, ele não morreu junto ao balcão, mas foi arrastado até lá por algum motivo, ambos foram mortos por objetos de metal, e que foram golpeados com muita força.

— E a segunda coisa?

— Sabe, sei que isso parece muito estranho, mas os músculos de Aya e Aru estão um tanto tensos, percebe-se isso numa análise bem feita, eles estavam correndo antes de morrer, ou então passaram por uma situação intensa, que exigiu adrenalina do corpo, como uma luta por exemplo.

— Então eles estavam fugindo de algo...

— Ou de alguém- ela falou com um pequeno sorriso- estamos bem perto de ter todas as peças para juntar o quebra-cabeça.

Era um caso difícil, eu não sabia o que pensar. Não sabia como reagir a tudo aquilo, afinal dessa vez foram dois corpos, duas pessoas estavam mortas e não havia nenhuma pista concreta que nos apontasse o assassino. Tudo se baseava em suposições e meras teorias. Espero apenas que consigamos todas as respostas, ou será o fim para todos nós.

— Upupu, o tempo acabou bastardos, dirijam-se ao elevador para mais um empolgante julgamento! - e estava na hora, a hora de colocar nossas vidas em jogo.

° ° °

Aya segurou nas mãos da garota enquanto andava pelos corredores da escola, estava nervosa, afinal era o primeiro dia de aula e ela não conhecia ninguém ali. Estava em meio a pessoas famosas, pessoas influentes, pessoas que ela nunca sonhara em conhecer na vida. E tímida do jeito que era, não iria fazer amigos tão facilmente. Torcia apenas para que as pessoas de sua turma fossem simpáticas, assim como a garota ao seu lado sempre fora com ela:

— Agora vá lá e tenha coragem- ela disse, com um sorriso estampado nos lábios- e lembre-se das orientações que te dei.

— Pode deixar, afinal você sempre cuidou de mim não é?

— Sim e sempre cuidarei.

As duas se abraçaram e depois cada uma seguiu seu caminho. Aya entrou na sala apreensiva, recebendo olhares curiosos de algumas pessoas que estavam no local. O ano estava começando apenas, ela ainda tinha muito do seu potencial para mostrar. Afinal ela também tinha seu talento, era uma importante sacerdotisa apesar de ser tão jovem, e se tudo desse bem, ela sobreviveria até o fim do ano... Pelo menos assim esperava.


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Notas finais do capítulo

Quem será o assassino? Hehe, estarei esperando as teorias de vocês e seus comentários também. Se você não está comentando, comente, para me fazer feliz e assim eu ter mais ânimo e postar mais rápido :)- chantagem? Que isso...- Enfim, vou dar duas dicas a vocês:

—O ASSASSINO É UM DOS QUE NÃO ESTAVAM NO RESTAURANTE;
— PELO MENOS DOIS DOS SUSPEITOS ESTÃO MENTINDO FEIO;

Quem será? Até mais!!!



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