Tokyo Ghoul: Festival de Carne escrita por L Athan


Capítulo 2
Dias de Escolhas.


Notas iniciais do capítulo

Agora, de fato, começa a história de que se trata o "Festival de Carne". Boa leitura à todos.



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Levantou-se da cama no beliche, olhando para seu amigo ainda com cara de sono que devolvia o olhar. Rastejou pra fora do conforto de seu travesseiro e se pôs, finalmente, de pé.

Seguiu até a janela fechada e abriu a trava que a impedia de ser puxada, viu o sol brilhar e manchar seus olhos negros de pupilas vermelhas com a luz solar. Uma piscada e seus olhos regrediram a olhos de simples humanos.

Limpou a saliva que escorria de sua boca com a manga do blusão que vestia e sentiu um vento forte empurrar seus cabelos negros para trás, lisos e bem hidratados; afinal, ele valorizava sua aparência. Ao virar-se para ir até a porta encontrou Uce vestindo a camisa, ignorando-o passou para a porta e desceu as escadas até a cozinha.

Que bela cozinha, impecável, afinal nunca foi usada para nada mais que fazer café. Botou a água para esquentar e foi buscar um pacote de café na prateleira de cima do armário, rasgou a parte de cima da embalagem usando os dentes e derramou os grãos num coador.

O celular tocava em cima da mesa da sala da grande casa, cinco cômodos e dois banheiros. Pegando o aparelho irritante, hospedou-o entre a orelha e o ombro esquerdo, despejando a água no coador do café, onde já havia os grãos.

– Alô? –

– Bom dia, gostaria de falar com o Sr. Norin, ele está? –

– Eu mesmo, o que deseja? –

– O Sr. Sawada gostaria de falar com o senhor, em sua casa. –

– Ótimo, já vamos aí. –

– A sós, senhor. –

–... Ok. –

A ligação foi encerrada, deixando um pingo de dúvida na consciência de Norin. Por que seu irmão iria querer conversar a sós com ele? Há anos não se falam como uma família normal, apenas como parte da mesma corporação.

Uce desceu as escadas, pegando uma xícara e tomando a vasilha do café para si. Norin também pegou uma xícara, e ambos sentaram-se a mesa para dividir as tarefas diárias; como sempre fazem.

– Vou precisar dar uma saída. –

Norin entregou alguns papéis para Uce, algo como pedidos de missões e essas coisas.

– Ok, ok. Isso aqui é pra você. –

Estendeu a mão e entregou uma carta ainda lacrada para Norin, que a recebeu e instantaneamente guardou-a no bolso interno do blusão. Levantou-se da cadeira e fechou a porta atrás de si antes de sair para a rua.

Uma multidão o aguardava do lado de fora, todos com seus horários á cumprir, metas para bater e famílias para suprir. Humanos são assim mesmo, frágeis, facilmente subjugados. Mas este também é o ponto forte de ser um humano, pelo menos era isso que Norin pensava no momento, pois era exatamente por serem frágeis que eles buscavam incansavelmente se fortalecer.

Humanos estão em constante evolução.

Ou não.

O fato era que, em toda sua fraqueza, humanos eram fortes. Isso se devia, provavelmente, ao fato deles alojarem suas fraquezas dentro de suas forças, como uma couraça que impedia que algo alcançasse seu conteúdo, no caso, impedindo que alguém descobrisse sua maior força: sua fraqueza.

Pensando em tudo isso e ao mesmo tempo caminhando Norin percebeu que chegara a seu destino. Onde já aguardava uma pessoa para lhe guiar até o “Sr. Sawada” mencionado no telefonema.

– Yo! – tentou ser simpático na hora que entrou em seu escritório, mas encontrou a poltrona de seu irmão dando as costas para ele enquanto observava pela janela o mundo lá fora.

– Como vai, Norin? – ele não se virou para dirigir a palavra, permaneceu lá; pernas cruzadas, braços apoiados na poltrona. Irritante.

– E de que importa? Você não liga mesmo. –

– Tem razão. –

Norin rangeu os dentes, o jeito sempre sério e indiferente que seu irmão sempre usou para lhe tratar dava-lhe nos nervos. Sua maior vontade sempre fora de ter seu irmão a seus pés, implorando piedade, onde era seu lugar.

– Vamos ao que interessa logo – disse-lhe Norin, tentando esquecer por que sempre quisera matar seu irmão mais velho.

– Preciso que investigue pra mim um lugar. As coordenadas estão no papel em cima da mesa à sua direita. –

– Mais algo? – pegou o papel e guardou dentro do blusão, junto com a carta que Uce lhe dera.

– Não, adeus. –

Não precisou terminar de dizer, Norin já batera a porta, e batera com uma força dos diabos. Sentia que se não saísse logo dali iria explodir, sempre lhe disseram que era uma bomba. Retornou para sua casa de número quatrocentos e quinze e despencou no sofá para assistir televisão, era um ghoul moderno.

A notícia principal retratada na TV era um caso suspeito de intervenção ghoul, ataque a um armazém de armas. Agora vem a questão: Por que ghouls iriam querer armas humanas? Será que estariam se filiando a alguma organização humana que favorecia os ghouls? Talvez.

Mais uma vez Norin saíra de casa, agora andava por uma calçada qualquer do 14º Distrito. Vestira o capuz e certificara-se de levar consigo sua máscara ghoul: Uma máscara negra com um enorme sorriso desenhado na boca. Alguns minutos se passaram e, por estar imerso em seus próprios pensamentos, não percebera que ficara solitário ali.

Caminhando por uma ruela escura, Norin ouviu com sua audição naturalmente superior um grito distante, assombroso. Ele não sabia por que, mas suas pernas se mexeram sozinhas e alcançaram uma velocidade que ele nunca alcançara, vestiu a máscara e partiu de encontro ao local de qual saíra o grito.

Usando seu faro perfeito e um pouco de seus instintos foi questão de segundos até chegar onde queria, viu uma menina de aparentemente 15 anos deitada próxima a uma lata de lixo e, em sua frente, um ghoul deliciando-se enquanto mordiscava sua presa prestes a mata-la.

Arrancava pequenos pedacinhos de carne dos braços da jovem e saboreava sua reação. Ao se virar, o ghoul percebeu a presença de um intruso, mas tratou de ser legal para não acarretar em uma batalha.

– Quer um pouco, amigo? Hihi –

Norin permaneceu em silêncio, olhava para baixo e, de costas para o sol, tinha sua expressão oculta pela sombra projetava pelo capuz; perfeito. Pois, mesmo sem entender, ele fizera a pior expressão de sua “vida”, um misto de ódio e sofrimento, pena. Um turbilhão de emoções.

Poucos milésimos se passaram, um monte de sangue jorrou, suas roupas se rasgaram e voalá as correntes dizimaram o crânio do ghoul, aprisionando seu corpo e o prensando para quebrar-lhe os ossos.

Anoitecera rápido demais, teria ele perdido a noção do tempo? Era uma explicação plausível. Mas o verdadeiro problema era que ele estava cercado por dezenas de ghouls, pelos lados ou pendurados nas paredes, em cima dos prédios e aguardando nas outras ruas. Amigos do cadáver, provavelmente.

A humana desmaiara, não aguentou a tensão e o estresse impostos a ela. Normal. Humanos são tão frágeis... Agora, Norin a entregaria para sair daquela situação? Não, eles não iriam ficar satisfeitos com isso, era uma questão de vingança. Correria e deixaria ela para trás? Então por que, primeiramente, salvou-a?

Escolhas. Malditas escolhas.

Um assovio interrompeu o clima pesado e todos voltaram os olhos para o céu. Parecia algo como... Um pássaro. Mas estava vindo exatamente em sua direção. Após o objeto voador não identificado aproximar-se mais um pouco foi que Norin abriu um largo sorriso. Uce colidiu com o chão e levantou um montão de poeira, usou sua kagune para amortecer a queda e não tomara, aparentemente, dano algum. Era, afinal, um escudo muito duro e grande.

Lado a lado, os dois amigos encaravam a ameaça. A luta iniciara-se e Norin arremessou quinze ghouls contra as paredes com um simples chacoalhar das correntes, Uce defendeu-se ao mesmo tempo de cinco golpes simultâneos e usou seu kagune para arremessar os cinco ghouls contra outros vinte atrás deles e derrubar todos de uma vez, usando uma investida rápida.

Minutos intermináveis de luta se seguiram, mais e mais oponentes apareciam dos mais diversos lugares e os dois já estavam desgastados demais para lutarem por mais tempo.

Seus corpos travaram e não conseguiam sair do lugar, um ghoul grandalhão partira para dar o golpe final neles. Mas, contudo, fora interrompido por ninguém menos que a humana, que se metera entre os três e recebera o golpe, tendo seu abdômen cortado de costela a costela.

Os ghouls dos dois lados se espantaram com a atitude no mínimo, atrevo-me a dizer, heroica. Mas logo ouviram risadas e então todos estavam rindo, exceto Norin e Uce.

Humanos são frágeis, mas em toda sua fragilidade, são durões. São fracos, mas em toda sua fraqueza existe uma grande força de vontade. Foi essa força de vontade que moveu o corpo da jovem humana, que caíra no chão com o golpe na barriga, agora verdadeiramente inconsciente.

Juntando forças das quais não sabia que tinha, Norin entrou em êxtase e partiu enlouquecidamente contra os ghoulsrestantes. Movia-se majestosamente entre os inimigos e golpeava-os incansavelmente, vez dava socos e pontapés, vez usava sua kagune.

Os ghouls já estavam desesperados e partiram todos ao mesmo tempo contra Norin, que foi soterrado pelo peso dos corpos dos ghouls. Mas não por muito tempo. Todos os golpes chocaram-se em sua kagune e quebraram algumas de suas correntes, oque feriu Norin, mas as restantes uniram-se para criar um turbilhão de chicotadas com as afiadíssimas correntes, destroçando o restante dos oponentes.

Uce assistira aquilo tudo espantado, surpreso, e preocupado também. E no fim teve que carregar os dois: Norin e a humana ainda sem nome, para sua casa.


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Notas finais do capítulo

Agradeço por ter lido até aqui, aguarde para mais um capítulo.



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