Cry Wolf escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 3
Capítulo 02 - Um Corpo Que Cai




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Um pouco mais tarde, por volta das onze horas, eles haviam decidido passar a noite no local. O corredor onde os quartos ficavam estava vazio e o silêncio predominava. A casa estava quieta. As janelas fechadas e cobertas com cortinas.

Edward estava sentado na cama do seu quarto, com notebook à sua frente. Tentava conseguir conexão de algum modo. Estava quase arrependido de ter aceitado a oferta do homem misterioso. Não havia informações sobre ele, o que era estranho para uma pessoa tão rica. Havia vários “Roberts Greyhearts”, mas ele não poderia descobrir quem era ele.

A tela do aparelho teve o brilho diminuído, avisando que a bateria estava prestes a descarregar. Ele fechou o notebook e procurou o cabo do carregador dentro da mochila. Ao achar, conectou-o à entrada e colocou na tomada. Deixou o aparelho sobre o criado-mudo e deitou-se de lado, fechando os olhos em seguida.

Poucos minutos depois, quando ele estava quase caindo no sono, a porta do seu quarto lentamente foi aberta, fazendo um ruído baixo. Edward não percebeu, mas havia alguém vestindo uma capa preta e uma máscara assustadora, com uma “pele” extremamente pálida de borracha. Os olhos por trás não eram vistos por causa de uma tecido preto e levemente transparente que os cobria. Não havia buraco na boca, apenas os lábios pálidos da máscara.

O som dos seus passos era quase inaudível por causa das botas de borracha que a pessoa usava, e mesmo que fossem sapatos barulhentos, os trovões cada vez mais frequentes da tempestade não permitiriam que Edward ouvisse.

Ela colocou a mão dentro do casaco que vestia e tirou uma pistola. Não era muito grande, mas havia um cabo comprido na extremidade. Um silenciador.

A pessoa se aproximou mais e pegou o travesseiro ao lado dele. Edward finalmente se mexeu. Ele sentiu que algo estava errado e virou-se, dando de cara com o sujeito lhe observando. Não deu tempo de gritar, o assassino colocou o travesseiro em cima da barriga dele e tapou as mãos com a boca.

Edward teria conseguido fugir ou lutar, mas a pessoa colocou a arma sobre o travesseiro e atirou. Não dava para ouvir nada, não apenas pelo silenciador, mas também por conta do travesseiro que abafava o som dos tiros.

Foram sete tiros descarregados na barriga de Edward, cuja boca já deixava derramar um pouco de sangue. Ele estava sentindo dor, era perceptível, pois ele estava chorando. Chorando de dor.

O assassino foi até a janela e a abriu, deixando o vento gelado entrar no quarto, junto com pequenas gotas de chuva.

Edward estava deitado no chão, havia caído da cama, mas não conseguia andar. Os lençóis brancos estavam bastante ensanguentados e o chão também.

Ele estava com as mãos na barriga, tentando se levantar, mas o sangue parecia fluir com mais intensidade à medida que se esforçava. A dor era tremenda. Ele estava prestes a tentar gritar, quando foi atingido por um chute no rosto. Sentiu a borracha da bota do assassino quase quebrar-lhe o nariz. Em seguida, ele deu coronhadas com a arma na cabeça, até Edward desmaiar – Foram necessárias três.

A pessoa segurou os dois braços do homem e o arrastou até a janela. Com um pouco de dificuldade, levantou o corpo, de modo que ele ficasse com a barriga sobre a janela, com metade do corpo para dentro e metade para fora.

Levantou as pernas e o empurrou para fora. O corpo atingiu o chão em um baque surdo. Uma das pernas ficou em uma posição que denunciava sua quebra. Ele ainda rachou o crânio no piso e o sangue se espalhava ao redor de sua cabeça. O assassino olhou pela janela o cadáver no chão, enquanto o espesso líquido vermelho se misturava com a água da chuva. Em seguida fechou a janela. Ninguém viu, ninguém ouviu, mas Edward estava morto.

***

Harry estava na sala quando Charlotte entrou pela porta da frente, com os braços cruzados.

– Que frio – Disse ela.

– O que estava fazendo? – Perguntou ele, que tomava em pequenos goles, o uísque em seu corpo.

– Fumando um cigarro – Respondeu ela.

Ele a olhou, sem dizer nada.

– O que foi? – Perguntou ela.

– Você é a famosa Charlotte Winston – Disse ele, sorrindo.

– Bem, nem tão famosa, mas estou no caminho – Brincou Charlotte.

– É famosa pra mim... Eu amo “Ferrugem”

– É meu filme favorito, dos que fiz.

– Eu nunca conheci uma atriz pessoalmente, é estranho ver alguém que você só via nas telas.

– Você não é a primeira pessoa que diz isso – Ela sorriu e caminhou até ele, despejando uísque em um copo logo em seguida. Charlotte pegou o copo e começou a beber, em goles pequenos.

Neste momento, Miranda desceu as escadas, com o ruído dos saltos batendo no mármore ecoando pela sala imensa.

– Nenhum sinal dele? – Perguntou ela.

– Não – Respondeu Harry.

– Que droga.

– Precisa de uma bebida? – Perguntou ele.

– É, acho que sim.

Harry pegou um outro copo e colocou uísque dentro, em seguida, entregou a ela.

– Parece que essa tempestade não passa – Disse ela, dando um só gole no uísque e bebendo tudo.

– Você parece preocupada – Percebeu Charlotte – O que houve?

– Eu tenho uma papelada importante para preencher e está em casa – Respondeu ela – Não posso deixar de entregar, mas parece que não vou conseguir chegar lá tão cedo.

– Estamos verdadeiramente isolados aqui.

Klaus e Fiona desceram as escadas neste momento. Ela primeiro, ele em seguida.

Os outros os olharam.

– Não consigo dormir – Disse Fiona.

Ela sentou no sofá.

– Ele mora sozinho em uma casa grande assim em um lugar desses? – Perguntou Miranda, intrigada.

– Eu não moraria aqui – Comentou Harry – Nem em uma casa dessas, é tão... Isolado, tão longe de tudo.

– Por que você está com outra roupa? – Perguntou Charlotte à Fiona.

– Eu trouxe na minha mochila, eu vim para ficar como babá dessa criança misteriosa do homem, então já sabia que teria que passar a noite aqui... Eu deveria ter ficado em casa.

– Deixa eu adivinhar, precisa de dinheiro para ir a um show? – Perguntou Harry, brincando.

– Passou longe – Respondeu ela, sorrindo – Preciso de dinheiro para um projeto da faculdade.

– Ah, você faz faculdade?

– Sim, estou no quinto período de engenharia mecânica.

– Na UCLA?

– Sim.

– Uma futura engenheira... Talvez trabalhemos juntos algum dia...

Ela sorriu.

– Talvez.


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