Eu não podia contar as coisas pra ele, não podia dizer que eu era uma hexe. Pelo menos não agora, ele não entenderia. Ele ficaria confuso, assustado, mas não apaixonado. Era mais fácil ele ligar pra um hospício se eu dissesse ser uma bruxa ou para polícia por invasão de propriedade. Ele tinha que achar que eu era uma garota normal que vivia uma vida normal, só assim eu teria a miníma chance de tornar isso recíproco. Eu também teria que me livrar da Christine, mas tudo ao seu tempo.
Agora a melhor coisa que eu podia fazer era voltar a forma que ele conhecia, voltei a ser Felina.
A manhã chegou e com ela a agitação que todas as manhãs tem, claro que não pros gatos. Peter e Christine estavam acordados (as 6:30, como é que pode? eles eram tão focados em ser pontuais que era estranho eles não terem acordados as cinco) e os dois estavam tomando banho, juntos, e após isso terminaram de se arrumar para irem aos seus respectivos empregos (que eram na mesma escola, mas respectivos mesmo assim). Comeram o café da manhã (ovos com bacon, como eles não eram gordos? eu nunca vou intender) e antes de saírem eles colocaram três tigelas pra mim: uma que continha água, outra leite e por ultimo a que continha ração. Peter me acariciou um pouco antes de ir trabalhar, Christine até tentou fazer contato comigo, mas ela sabia que eu não era de ficar perto dela. Ela desistiu e acabou seguindo Peter até a porta de frente. O impressionante é que ela não notou que o livro não estava na sala e nem na bolsa que ela levava. Ela vai ter um ataque quando perceber.
Eu o havia escondido. Eu posso ser má as vezes.
A casa estava silenciosa, voltei a ser humana. Primeira coisa a se fazer: Me olhar no espelho. Pode parecer estranho, mas eu não lembrava direito como eu era. Fui até o banheiro, eu estava com medo de olhar. Depois do que pareceu horas (mas deve ter sido alguns minutos) eu virei o rosto até o vidro. Parecia que eu ainda tinha os meus dezoito anos, eu estava exatamente como eu me lembrava... só que nua (quando eu me transformei em gato pela primeira vez as roupas ficaram muito largas pra mim). Eu precisava de vestimentas, mas eu não podia roubar uma de Christine, Peter era detalhista demais ele poderia desconfiar de mim. Eu pequei uma roupa dela emprestada e pequei os trezentos dólares que Peter guardava em uma meia no fundo da gaveta de cuecas. Ele ficaria furioso com o sumiço do dinheiro, mas ele jamais desconfiaria que era eu... Ele provavelmente culparia a Christine... e era de brigas de que precisava, não daquele clima ameno entre os dois.
Sai de casa com as roupas de Christine e trezentos dólares no bolso.
Vamos ver o que eu poderia comprar.
Eu sabia muito bem onde eu me encontrava, depois de andar de lá pra cá por anos eu conhecia bem onde ficava as coisas, achei o shopping rapidamente. Comprei algumas roupas e algumas outras coisas... coisas que eu não precisava, como brincos e colares, só para acabar com o dinheiro, também comprei uma bolsa grande onde eu guardaria tudo (usaria o feitiço de encolhimento nela, teria o tamanho bem pequeno e eu poderia escondê-la sem nenhum problema, mas por dentro teria o tamanho de uma bolsa normal, poderia guardar tudo que comprei nela sem que o Peter a achasse em sua casa, feitiço super útil). Coloquei uma das roupas que comprei e guardei as de Christine na bolsa, fiz o feitiço de encolhimento (tudo isso no banheiro de shopping), coloquei a mini bolsa no bolso da jaqueta e sai do local.
Comecei a andar até onde era o colégio que Peter lecionava, conhecia bem o local, uma vez eu havia ficado sozinha com Christine quando ela estava com uma gripe forte, mas isso não a impediu de dirigir até o colégio para esperar Peter acabar seu turno. Guardei bem o local na cabeça. Faria igual a Christine: Esperaria ele sair e acabaria esbarrando com ele e assim começaria uma conversa. Não era o melhor plano do mundo, mas serviria. Eu espero.