A vida sempre foi como uma montanha russa: cheia de momentos bons e ruis, subindo e descendo sem parar. Essa semana a montanha russa esta trabalhando como nunca antes.
Quando eu era mais nova ela costumava descer mais do que subir. Ai eu conheci o Peter e ela começou a subir sem parar. Eu estava bem triste na época, o trabalho não fazia sentido pra mim e morar com os pais aos vinte e cinco anos não era uma coisa a me dar orgulho, trabalhar em uma cantina também não, só que tudo mudou quando um professor substituto de filosofia apareceu e me fez querer ir trabalhar só pra poder vê-lo. Peter Scott Veroni.
Ele era tão charmoso e sedutor (ainda é) e tudo que eu fazia era pensar nele. Ele tinha tantas qualidades: Era um ótimo professor (por isso ele se tornou efetivo como professor no colégio), tinha um sorriso encantador e muitas frases de efeito que ele sempre começava dizendo: "Sócrates disse isso" ou "Aristóteles disse aquilo" o que sempre me deixava interessada em tudo que ele dizia.
É claro que ele tinha alguns defeitos como: Fumar (eu detesto o cheiro de cigarro, simplesmente não suporto), ele odiava o assunto "terror" o que me incomodava um pouco já que eu adoro... e provavelmente outros defeitos que eu não recordo no momento.
Então quando ele me pediu em namoro eu me senti no alto da montanha russa e depois de alguns meses juntos ele me chamou pra morar com ele.
Eu não podia estar mais feliz.
Eu podia não ser realizada com o trabalho como ele, mas eu era realizada como mulher e isso era o que importava. Não se pode ter tudo.
Nossa vida como casal não era perfeita, duvido que de algum casal seja, discutimos as vezes, mas não acontecia muito.
Ele foi o primeiro homem que eu tive, sexualmente falando, e queria muito que fosse o único. Queria ficar pra sempre ao lado dele.
Eramos como marido e mulher... só faltava ele me pedir em casamento.
E ele fez, fez após uma discussão que tivemos. Foi um ótimo pedido de desculpas.
Ficamos bem por um tempo até que eu comecei a pensar na discussão que tivemos, do jeito que ele falava como se... como se não se importasse comigo. Aquilo começou a me afingir de um modo que eu fiquei em duvida sobre os seus sentimentos, eu tive que perguntar: "Peter, Você me ama?" e ele não conseguiu responder... doeu... doeu muito, a montanha russa começou a descer em uma velocidade inimaginável.
Eu estava brava e estava magoada, eu queria que ele me explicasse o que estava acontecendo então quando o meu turno acabou eu peguei um ônibus e voltei rápido para casa para esperá-lo e termos uma conversa. Eu só queria a verdade.
Eu voltava bem mais cedo que ele então resolvi dar uma volta pelo quarteirão até o horário que provavelmente ele voltaria para casa. Quando eu estava voltando da minha caminhada eu vi uma moça de cabelos negros e olhos verdes na porta de casa. Achei suspeito, mas ela começou a andar bem rápido e em pouco tempo ela estava longe do meu lar. Foi estranho de qualquer forma.
Entrei. Peter ainda não tinha voltado. Fiz um chá, sentei na poltrona de couro (amava aquela poltrona) e esperei por ele. O chá me acalmou e eu não queria discutir só conversar.
Trinta minutos. Ele estava trinta minutos atrasado. Eu comecei a me preocupar, será que ele estava bem? alguma coisa aconteceu? ele foi assaltado? acidente de carro? ele...
Eu liguei pra ele. Estava chamando, mas ninguém atendia. Quando eu tentei novamente uma voz disse: "Fora da área de cobertura ou desligado" estava fora de área ou... ou... ele havia desligado o celular?
Eu lembrei da briga, lembrei da forma como ele simplesmente não pode dizer "eu te amo", lembrei da outra noite que discutimos pelo mesmo motivo que eu estava brava naquele instante: chegar atrasado. E eu senti, senti como nunca havia sentido antes... senti que estava sendo enganada.
Senti que estava sendo traída.
Não podia ser verdade, mas eu precisava ter certeza. Eu precisava ir atrás dele.
O primeiro lugar a se procurar? o colégio é claro.
Eu estava pronta pra descobrir a verdade... mesmo que ela doesse.