João Lucas:

Desde o momento em que soube que Fernando queria que nos encontrássemos, sabia que dependeria de mim salvar Du e nossos lekinhos, não sabia o que iria acontecer, mas uma certeza eu tinha: iria tirá-los das mãos daquele louco. Tinha até me esquecido que a Cris tinha se intrometido no meu carro, mas com ela lá algumas coisas poderiam dar certo. Precisava acertar com ela antes.

" - Olha só Cris, eu não quero que tu entre lá, ta me entendendo? Por nenhum motivo entre ali, me ouviu? Liga para minha mãe, passa o endereço certinho pra polícia chegar aqui e prender esse maníaco. Vou tentar segurá-lo e distraí-lo o máximo que der." - digo descendo do carro. Cris desce também e vem ao meu encontro e me dá um abraço.

" - Eu sei que tudo vai dar certo lá Lucas, que você vai conseguir tirar a Du das mãos dele e que vocês serão felizes ainda. Eu sei disso. Boa sorte irmão." - me diz. Agradeço por tudo que ela fez por mim nesse meio tempo e rumo para o hotel que o Fernando deu. Assim que chego, avisto ele logo, pois tenho certeza que ele estava me esperando. Noto que a Du não está ali.

" - Onde ela está seu canalha?" - pergunto. Ele dá aquela sua risada debochada e já começo a perder totalmente o controle.

" - Acho melhor você não fazer nenhum escândalo agora, sabe? Sua esposa irá sofrer muito por isso, se algo acontecer aqui." - ele diz simplesmente, se encaminhando aos elevadores. Tentei controlar o meu gênio, precisava que o foco da conversa fosse em mim, precisava desviar a atenção dele da Du. Subimos juntos no elevador em um silêncio sepulcral. Sigo Fernando assim que saímos do elevador, tinha pensado em um plano que talvez poderia dar certo, mas precisava me manter calmo, independentemente de como eu iria encontrar a Du, precisava me manter calmo e focado. Ele se encaminhou para uma porta de quarto, abriu e me deixou que eu passasse.

Assim que entrei no quarto, vi a pior cena da minha vida, aquela em que eu não iria esquecer jamais, por mais que tentasse. Du estava amarrada na cadeira, com um lenço na boca sem poder gritar. O seu rosto estava todo inchado e roxo e dava para perceber que ela andou chorando muito. Meu sangue ferveu, mas me controlei, eu só olhei para ela e pisquei um olho, dando um sorriso.

Quando estava me virando para encarar Fernando, recebo um soco no rosto e foi aí que perdi a paciência total, não me lembrava mais de plano nenhum e nem nada. Tudo o que eu queria saber nesse momento era socar tanto esse imbecil, por ter mexido com a minha mulher, minha amiga, minha amante e fazê-lo pagar por cada sofrimento que ele causou à ela.

Pulei para cima do Fernando e acabamos caindo no chão, fico um pouco grato pelas surras e os truques que eu aprendi em lutas de ruas, quando era um drogado e não pensava na vida, ele me acertou alguns golpes, mas estava tão cego de fúria que não senti nada, eu só queria saber de bater e bater e bater. Ao longe escutava os gemidos de Eduarda, mas não conseguia parar, um véu negro cobria os meus olhos e só tinha aquele instinto de proteção. Eduarda começou a fazer mais barulhos e percebi que ela tentava me chamar, saí do meu estado de estupor e quando vi, quase acabei com a vida de Fernando, isso iria fazê-lo aprender a nunca mais se meter com um Medeiro.

Corri até a Eduarda e percebi o total desespero em seus olhos, ela chorava ainda quando terminei de desamarrá-la e se jogou em meus braços me abraçando forte. Ela tremia da cabeça aos pés e eu só encostei minha testa em seu pescoço e inspirei o seu cheiro.

" - Lucas, você está bem? Meu Deus, obrigada, obrigada por ter vindo atrás de mim Lucas, estava tão assustada." - diz toda apavorada. Me recomponho, beijo a sua testa, limpo as suas lágrimas e digo.

" - Eu estou bem, Eduarda, está tudo bem com vocês? Esse desgraçado tentou fazer mais alguma coisa? Eu sempre virei atrás de você meu amor, eu te amo, esqueceu?" - digo beijando a sua testa e abraçando. Eduarda tremia muito e comecei a ficar preocupado. - "Vamos sair daqui lek, você precisa descansar, vamos. Já acabou tudo!" - digo levando ela porta à fora rumo o elevador, quando estamos esperando o elevador chegar, Eduarda, do nada dá um grito que me gela por dentro. Olho para ela tentando entender o que aconteceu e ela só me diz.

" - Lucas, a bolsa estourou. Os nossos lekinhos irão nascer." Começo a ficar um pouco desesperado, mas o som do elevador chegando me desperta e carrego Eduarda para dentro, ela começa a dar uns gemidos de dor e eu só peço que esse elevador seja mais rápido, assim que ele chega no térreo digo a Eduarda.

" - Olha nosso carro está logo ali, é só andar mais um pouquinho apoiada em mim, que já já nós estaremos no hospital." - digo tentando aparentar calma. Eduarda só concorda e começamos a andar um pouco mais rápido, assim que avisto o carro, Cristina desce e corre em nossa direção, grito com ela - " Não temos tempo para isso, sobe no carro que a Eduarda entrou em trabalho de parto, vamos pro hospital e você irá dirigir." - digo colocando a Eduarda no banco detrás e me sentando com ela. Ela dá uns gritos de dor enquanto saímos cantando pneu dali. Cristina corre o mais rápido que pode, mas percebo que Eduarda não irá aguentar muito tempo, do nada Cristina para o carro e quando pergunto ela diz.

" - Ta tudo parado Lucas, não dá para sair daqui, estamos presos." - percebo o tamanho do nosso problema quando Eduarda grita mais alto ainda. - " Lucas ela não vai aguentar por muito tempo, você vai ter que fazer o parto dos seus filhos" - diz Cristina.

Eu? Fazer o parto dos nossos lekinhos? Eu nem sei se estou preparado para isso. Digo para a Cristina ligar para o médico e pedir instruções de como fazer um parto, pois se uma coisa que não irei deixar nunca acontecer de novo nessa vida, é abandonar a Du. Dou um beijo na sua testa e digo tentando acalmar nós dois.

" - Vai dar tudo certo, ouviu? Já já nós iremos ver nossos lekinhos, não desiste agora e muito menos perca as esperanças Du, tudo vai dar certo." - Cris me cutuca e me dá o celular. O doutor Marcos está do outro lado da linha e tem toda a pinta de profissional e me dá as instruções para eu fazer o parto dos meus filhos.

Quando chega a hora de Eduarda fazer força, ela parece toda calma, mas sei que está gastando cada força que tem para ajudar nossos lekinhos vir ao mundo. Cristina está segurando a mão de Eduarda e tenta nos acalmar, quando o meu filho nasce, uma alegria invade meu coração. Corto o cordão umbilical, como o Doutor Marcos manda eu fazer e logo em seguida, peço pra Du fazer só mais um pouquinho de força, que nossa filha já está quase nascendo. Assim que ouço o choro da minha filha, começo a chorar, tão pequena e já é tão forte. Ambos meus filhos passaram por muitas coisas nas últimas horas e se mostraram fortes, lindos e cheios de saúde, assim que corto o cordão umbilical da minha filha, enrolo ela na minha blusa e Cristina fez o mesmo com meu filho, ambos estão quentinhos e ao lado da Du, que está chorando e agradecendo por eu ter salvado a vida dos nossos filhos, a cena é toda emocionante, eu não consigo me controlar e só sei chorar e beijar minha esposa e os meus filhos. Logo o trânsito volta a andar de novo e Cristina assume a direção de novo.

Chegamos no hospital e tanto Eduarda quanto nossos filhos e eu, vamos para a emergência, eu nem tinha percebido o meu estado com a luta do Fernando, mas ele me deu uma surra que nem eu mesmo estava imaginando, mas Fernando era a última pessoa que estava pensando no momento. Agora estava pensando nos três anjos que estão em minha vida e não acreditando que fui eu quem trouxe vida aos meus filhos. Fico emocionado, pelas minhas mãos, dois anjos vieram a Terra.

Obrigado Senhor, por tê-los protegido, obrigado por tudo o que o Senhor já fez por mim, penso chorando feliz com a minha vida, de uma forma que nunca senti antes.