Eu estava revisando minha mala mentalmente pela milésima vez, estava com medo de esquecer alguma coisa. E lá estava eu a caminho da minha escola, estava deixando minha casa pela segunda vez. Na verdade é muito estranho quando refiro a minha casa como casa, porque vivo mais no colégio que já o considero assim. Pra quem não sabe eu estudo em um colégio interno há dois anos. Ao contrário das histórias clichês, eu não estou no colégio interno porque sou rebelde ou porque meu pai está doido para se livrar de mim. Na verdade meu pai sempre se preocupou com a educação que eu iria receber na escola e por isso resolveu me colocar no melhor colégio do meu estado. Sim, um colégio interno. Parece estranho neh? Para mim também pareceu. Na verdade fiquei me perguntando o que eu tinha feito de errado para meu pai tomar essa decisão, mas logo compreendi que meu pai estava apenas preocupado comigo. E quer saber? Depois que eu entrei no Elite School eu agradeci aos deuses por estar estudando lá. Sério! É impossível se chatear em ser mandada por um colégio interno quando se tem amigos maravilhosos por lá que você pode confiar. Eu particularmente espero passar anos e anos naquele colégio. Tudo se torna mais fácil quando se tem pessoas maravilhosas ao seu lado.

Na verdade, não é tão dificil morar em um colégio interno quando mal se tem a presença do seu pai em casa durante boa parte de sua vida. Meu pai é um empresário de moda muito requisitado por famosos e está sempre muito ocupado com questões do trabalho. Não vou mentir, eu queria muito que ele se dedicasse menos ao trabalho, mas sei que sempre que pode ele está ao meu lado e vai me visitar no colégio. Eu não posso culpar, acho que ainda é muito traumatizado com a partida da minha mãe. Minha mãe se casou muito jovem com ele e era sempre problemática, bebia muito, fumava e passava noite fora e brigavam bastante por causa disso. Resultado? Ela quis ter sua vida de solteira e se separou do meu pai me levando junto com ela. Após um ano, ele conseguiu tomar a minha guarda alegando que ela não tinha condições de me dá uma boa educação. Desde então moro com ele e ele tem se esforçado bastante para nos dar essa vida que temos hoje.

Não tenho amor de filha pela minha mãe. Na verdade é meio difícil quando ela não se importa muito com você. Ela já tem sua própria família: Um marido, e dois filhos. Me visita duas vezes ao ano e é assim que a minha vida segue. Tenho uma irmã caçula muito fofa que se chama Alice. Não, não é fruto do meu pai com outra mulher, e sim ela é adotada. Eu e meu pai adotamos porque eu me sentia muito só. Agora minha família é apenas: Eu( Beatriz), meu pai( George), Alice e Pierre( Meu mordomo). Pierre é um amor de pessoa, o tenho como segundo pai.

Caso estejam se perguntando, meu nome é Beatriz e tenho 17 anos e sou dona de um temperamento muito forte e acabei de chegar ao meu colégio.

– Tchau, papai! Tchau Pierre! Tchau Alice! - Falei enquanto Pierre me ajudava a tirar a mala do porta-malas do carro.

– Bia! - Minha miniatura de gente me chama pulando do carro. Droga, eu odeio esse momento! Eu odeio me despedir da minha baixinha.

– Oi, meu amor! - Digo, me abaixando para ficar do mesmo tamanho que o dela.

Seus olhos brilhantes e quase chorosos me encaram. Meu coração se aperta.

– Vou sentir saudades! - Ela diz

– Eu também vou, meu amor, mas você sabe que posso lhe visitar quando puder e você também viu? - Falei abraçando ela.

– Eu sei! Você vai arrasar na escola com essas suas roupas fantásticas! - Ela diz sorridente

Eu riu. Eu sou antenada em moda, gente. Na verdade eu sou tão antenada nisso que eu me torno chata sem querer, mas sou bem humilde. Mas é claro que eu não pude evitar de influenciar a minha irmãzinha para que ela andasse arrasando quando crescesse. A Alice me viu preparando as malas e eu sei que estava falando aquilo para evitar o clima nostalgico.

– Claro que vou! E você também, tá? Não esquece de nada que te ensinei por favor! O Pierre vai tomar conta de você quando o papai não estiver. Se comporte! - Dou um beijinho na sua bochecha grande.

–Te amo, Bia!

– Também, meu amor! E já sabe! Qualquer coisa me telefona que eu passo hoooras falando com você!

Fico com o coração apertado ao ter que deixar minha irmã de 7 anos sozinha. Eu sei que é muito chato ficar sozinha. Tento esquecer e abraço ela denovo e a coloco dentro do carro.

Sorrio para o Pierre e o papai e saio andando pelo colégio em rumo ao meu quarto. Todos param e me cumprimentam. Sou bem conhecida no colégio e sou parada em todo o canto.

– E ai, gata?- O Diego me cumprimenta piscando um olho para mim. Reviro os olhos. Não acredito que fiquei com esse cara. Eu só poderia estar bêbada. É claro que eu estava bêbada. Eu bebi pela primeira vez naquela festa e fiquei com ele.Nunca mais me perdoo. Ele é o mais galinha desse colégio.

Chego no meu quarto e encontro a Suhelen sentada e tentando arrumar as roupas que tinham por lá.

– Amigaaaaaaaa! - Ela corre e pula em cima de mim. Oh meu Jesus! - Que saudades! Já estava pensando que não ia aparecer!

– Ai, sua gorda! - Eu riu e a empurro.- Claro que não estava com saudades de mim. Não me retornou nenhuma vez. Eu so liguei pra você. - Fiz drama

– Ai, Bia, é que eu tava na Espanha né? Impossível parar um pouco para te ligar com tantos gatos ao meu redor. Foi perfeito! Pena que acabou!

– Nem para ligar pra sua melhor amiga? - olhei fazendo bico

– Ain, nao me olha assim. Eu errei.

– Tudo bem! Mas e ai? me conta dos gatinhos que você pegou por lá. - Dou uma piscadinha e me jogo na cama. - Estou de volta!

– Tem um que NOSSA SENHORA!

– huuuuum então quer dizer que andou aprontando muito por aí num é dona Suhelen?

Ela ri

– Ai Bia, eu posso dizer que aproveitei bastan...

Na mesma hora ela é interrompida por uma doida que entra pela porta do quarto chutando uma mala e resmungando

– O que é que tinham na cabeça quando pensaram em me trazer para esse colégio? Só tem meninas com merda na cabeça e garotos apenas pensando com a cabeça de baixo. Que povo idiota! Não acredito que vou ter que conviver com essas meninas fúteis. Eu não mereço isso...- Ela se interrompeu ao notar que estávamos no quarto. bufa

Eu e a Suh ainda estamos olhando para ela com os olhos arregalados. Essa garota é doida. Veste um vestido preto surrado e um cabelo azul cortado em formato chanel.

– Não acredito que ainda vou ter que dividir o quarto com essas aí. - Ela diz

Me levanto e tomo coragem.

– OK. Olha eu não sei de onde você veio ou o que fizeram com você, mas não se preocupe porque para tudo existe um jeito, menos para a morte. - Eu riu. - Bom, mas com umas roupas que tenho super descoladas você mudará e vai ver que vai estar arrasando por onde passa.

– Olá, sou a Suhelen, eu sei que no começo é um pouco complicado para se adaptar. Tem muitos garotos safados mesmo, mas tem uns legais. E sei que é cansativo ver as meninas dando em cima deles descaradamente,mas você se acostuma.

Ela me olha dos pés a cabeça

– Quem você pensa que é para me tratar desse jeito?- Oi? Ela pirou?

– Desculpe, não entendi!

– Talvez seja porque você não tem cérebro, sua barbie de quinta categoria.

– Escuta aqui, sua idiota, se pensa que vai falar assim com a minha amiga desse jeito eu te garanto que não vai! - A Suhelen me defende.

A doida levanta as sobrancelhas.

– Ah é?

– Claro! Agora se você é uma mal amada que já chega aqui e pensa que vai mandar em tudo está muito enganada. Se toca garota! Sua bruxa, ridícula. A propósito O que aconteceu com seu cabelo? Você está horrível.

E o inesperado ocorre. Ela parte para cima de mim e começa a puxar meus cabelos. Jesus! Essa garota não é normal!