Estilhaço emocional.

Capítulo único.

MimQueen

“Não sabia, o Sasuke se casou?”

Pasma, passou as mãos nos fios avermelhados da cabeça. E então, tentou – novamente- processar as palavras ditas por Juugo. Não era possível, simplesmente, “engolir”. Algo estava errado. Aquilo tinha que a afetar negativamente, mas, nada aconteceu. Nem tristeza, nem ciúmes. Absolutamente nada. Ela devia estar chorando agora, contudo, aquilo não doeu em canto nenhum do seu coração. Karin queria sentir, ela precisava daquilo.

Abraçou o próprio corpo tentando reconfortar-se. Tentando se livrar da falta de sentimentos. Porém, isso nada adiantaria. Porque a ficha finalmente caiu: nunca amou Uchiha Sasuke. Pensou em chorar, mas não conseguiu, parte dela gostava de não ama-lo, entretanto, a outra parte precisava manter aquele sentimento vivo, era o último sentimento que lhe restava. E ele se foi.

Passou muito tempo sem vê-lo e esqueceu-se de alimentar sua paixão alienada. Mesmo sem ama-lo, ela desejava amar. Estava livre, porém queria estar presa.

Seu coração rachou-se, quebrou-se e dividiu-se em milhares pequenos fragmentos. Eles queimavam, destruindo toda a sua humanidade, confundindo-lhe a mente e matando sua paixão por Sasuke de uma vez, enquanto o suor descia frio e ela tentava inutilmente catar os cacos de seu emocional.

Doía porque ela estava vazia. Tudo aquilo no qual ela passou a vida toda acreditando, morreu.

Logo sentiu a presença de outro chakra ali. Chakra cujo ela conhecia bem. Era e quente, no entanto, não lhe parecia agradável agora – e em nenhum outro momento-. Sorrateiramente, deslizou o olhar para as sandálias gastas de Suigetsu, afastando para o lado, dando-lhe um lugar pra sentar.

-Achei que já sabia. – comentou, após sentar-se.

-Não. Eu nem fazia ideia. – a menina confessou, fechando os olhos com força e balançando a cabeça em sinal de negação.

E, então o silêncio veio.

Refletiva, ergueu a cabeça, virando se para o homem ao seu lado. Suigetsu fitou-a do mesmo modo; indecifrável. Antes que pudessem perceber, tinha virado uma competição. Tratando se deles, era inevitável. Quem decifraria o outro primeiro? Suigetsu estava confuso. Por outro lado, Karin não entregava nada, nem raiva, muito menos alegria. Estava vazia demais pra qualquer um dos dois.

Porém, Suigetsu abaixou a cabeça. Parando de fita-la. Ela tentou –realmente- recuperar aquilo. Aquele ser estava a exasperando. De qualquer modo estava entregando-lhe algo; raiva. Não era exatamente o desejado, mas nesse momento, qualquer coisa que preenchesse seu buraco seria aceita.

Rápida, empurrou o rapaz para o lado, seguidamente, deferindo-lhe um soco no ombro.

-Qual o seu problema?- subiu o tom de voz, confuso.

-Idiota! –exclamou, alterada. - Será que não percebe? Eu quero que me dê mais! – os profundos olhos roxos de Suigetsu estavam perplexos. –Por favor...- sussurrou.- Eu preciso disso!...- finalizou.

Implorou. Era uma necessidade. Se precisasse humilhar-se, faria. Rezou para que não tivesse sido em vão.

-Babaca...- ouviu, antes de sentirem as mãos do rapaz em seus ombros. Colou a testa na dela, enquanto as respirações misturavam-se em tons diferentes. – Achei que nunca fosse pedir.

Foi rápida para aceitar o fato de que estavam ali, beijando-se, entendendo-se. As línguas enroscavam-se, enquanto eles prendiam a respiração, querendo estender o ato.

-Não pare. – proferiu, antes de buscar o desejado ar. – Conserte-me.

Ansiava por emoções, e aquele maldito lhe dava todas de uma só vez.