Entre Nós escrita por Aline Herondale


Capítulo 6
Últimos Dias como Criança


Notas iniciais do capítulo

Primeiro: sim, eu mudei o nome da Emili para Nicola. Percebi que não transmitia o que eu queria então espero que gostem desse novo nome.
As músicas que postar aqui foram as que escutei enquanto escrevia (isso não quer dizer que a letra tem lá muito a ver com a historia, me foquei mais na melodia).
https://www.youtube.com/watch?v=0DKw_xnzKok
Espero que gostem!



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“Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja normal, poso que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.”






Dona Eva colocou as crianças para dentro olhando freneticamente para os lados, garantindo que ninguém vira Ange e Theo correr com Nicola sangrando. Não queria curiosos perguntando sobre a menininha, no dia seguinte.

Ange estava em choque, estática, com lágrimas escorrendo sem parar dos seus olhinhos. Theo ficou encarregado de explicar a Dona Eva o que acontecera, e quando viu sua expressão mudar de surpresa para depois embaraço, ficou confuso. Ela não deveria sentir algo diferente como pena ou olhar para os gêmeos com piedade, como sempre os olhava quando se refugiavam na casa dela quando seus pais brigavam?

Estranho...

Dona Eva se preocupou em cuidar do ferimento de Nicola mas quando constatou que não passava de um arranhão fundo suspirou alto, aliviada. Ela pegou algodão, álcool e pediu para Theo buscar a tesoura e os esparadrapos. Com todo o cuidado a boa Senhora começou a trabalhar.

Theo, mesmo vendo o olhar assustado de Nicola, não ficou ao seu lado para ar apoio. Admitia que ela havia sido bastante valente - e um tanto louca - para enfrentar Graydon daquela forma, mas não iria se simpatizar só por conta disso, nem sentir pena. Havia sido uma escolha voluntária e Nicola teria que arcar com as consequências. E mesmo que não tenha ajudado em nada, a causa foi boa e é o que importava. Ele virou as costas e procurou pela irmã na sala. Tomou um susto quando não a encontrou, onde Dona Eva a colocara sentada no sofá e andou em direção aos quartos.

Antes mesmo de entrar em qualquer cômodo escutou um fungar baixinho e seguiu o som até a porta do último quarto, aquele que tinha a janela virada para o quintal da casa. Parado na entrada do quarto, Theo viu Ange encolhida no canto do encontro das paredes, se abraçando. Parte do seu rosto e corpo estavam na penumbra, mas podia ver seu enorme cabelo - agora na cor de mel - lambendo o chão. Viu que ela tremia, seus joelhos batiam uns nos outros e seus dedos apertavam com força a carne dos seus braços. Ela fungou alto dessa vez e Theo adentrou o recinto.

De início não emitiu nenhum som mas uma das tábuas do chão o traiu rangindo alto o que fez Ange se encolher ainda mais e abrir os olhos que, até então, mantinham bem apertados. Mesmo ele sabendo que ela o via, não compreendeu porque Ange se retraiu quando ele se agachou na sua frente. Theo esticou uma de suas mãozinhas e fez menção de encostar em Ange, o que bastou para ela soltar um gritinho abafado e tornar a apertar os olhos.

Ele não entendia, ela o estava vendo ali. Era ele. Theo, seu irmão gêmeo. Ela o estava vendo certo? O enxergava não enxergava? O brilho da lua nova invadia o quarto através da janela aberta, e ele estava agachado sobre a janela, então nenhuma parte do seu corpo estava coberto pelas sombras. Então ele tinha certeza de que Ange o via. Como ela podia estar temendo o toque do irmão? Não se tornara cega nos minutos que ficaram separados…ou havia?

— Ange, é o Theo. - Ele anunciou com a mão suspensa no ar.

Ange fungou alto e balançou a cabeça em negação, apertando as suas costas contra a parede, quase numa tentativa de atravessá-la.

Ele engoliu seco e começou a suar frio. Sua pulsação foi ficando cada vez mais acelerada e um pânico ameaçava fechar sua garganta. Como assim sua irmão o estava negando? Ange? Ela devia estar confusa, só podia. Não era possível que agora ela o temia. E porque deveria ter medo dele, ele não fizera nada com ela. Nada! O que estava acontecendo?

— Mana, é o Theo, seu irmão gêmeo. - Ele tentou mais uma vez, vendo sua própria mão tremer. Ange não podia estar fazendo isso com ele, não agora, não naquele momento. Nem nunca! Ele não suportaria conviver com a ideia de não poder tocá-la, abraça-la, ou sentir seu perfume. O que aconteceria com as noites? Como dividiriam a cama sem se encostar? Quer dizer, isso se ao menos Ange aceitasse ainda dormir no mesmo quarto que o dele. Suas vidas nunca mais seriam as mesmas.

E tudo por culpa do pai, que a traumatizara.

Eles já haviam presenciado várias brigas, óbvio. Mas ai estava o problema. Eles já haviam presenciado demais. Uma quantidade gritante para crianças de apenas quatro anos. Aconteceria o momento em que ambos não aguentaria e surgiriam as sequelas, e isso havia chegado para Ange. A pobre e inocente Ange.

Mesmo sabendo que era errado uma raiva involuntária foi crescendo no pequeno peito do menino e ele respirou bem fundo antes de jurar uma promessa silenciosa para o Papai Do Céu:

— “Eu prometo - prometo! - nunca tirar os olhos da minha irmã. E protegê-la bastante do nosso pai. Não vou deixar nada, nem ninguém fazer nada com ela. Nunca!” - E antes de finalizar olhou para o céu negro e sussurrou um pedido. - Protege nossa mamãe, Pai. Obrigado.

Theo olhou mais uma vez para Ange antes de se levantar e ir buscar um copo d'água. Tanto ele quanto a irmã precisavam se acalmar ou tudo pioraria. Ele sabia que conseguiria resolver essa situação, e mesmo que ela não fosse resolvida Theo nutria esperanças e lutava para manter a calma.

Ele atravessou a sala e viu que Dona Eva finalizava o curativo de Nicola, mas deu pouca importância. Pegou seu copinho de plástico, separado para ele e sua irmã usar, e encheu de água morna, depois retornou para os quartos.

Entrou silencioso e assim que se aproximou mais um pouco conseguiu notar que Ange não estava mais da forma que ele a deixara. Não estava mais encolhida no canto ou abraçando o corpo. Agora ela estava apenas recostada na parede, com os olhos fitando o vazio com lágrimas molhando suas bochechas. Os braços estavam sobre o colo, moles, sem vida. Parecia que de repente ela havia ficado sem forças.

Theo engoliu seco.

— Mana, aqui. Trouxe água. - Ele estendeu o copo próximo a ela, mas Ange se quer mexeu os olhos. Ele sabia que ela não estava morta pelo sutil subir e descer do seu corpo, acusando que ela respirava. Mesmo assim ele começava a se preocupar.

— Ange por favor, bebe pra’ você ficar mais calma. - Theo respirou fundo antes de continuar.

Seu coraçãozinho estava começando a doer, vendo a imagem que via. Ele queria se manter forte, mas mesmo assim sua voz saiu carregada e seu visão começou a ficar turva. Theo não sabia mais o que fazer - E, por favor, não chora. Por...favor…

Ange ameaçou chorar ainda mais, sentindo a dor do irmão através daquelas palavras, mas nem ela conseguia parar de chorar. Estava assustada demais, horrorizada demais. Sentia que nunca conseguiria tirar da memória a imagem do seu pai esbofetando sua mãe. Ela só queria esquecer tudo aquilo. Ange também não queria fazer Theo sofrer mas não conseguia sequer se por de pé. Ela tornou a abraçar o próprio corpo e balançou a cabeça negando o copo.

Só queria ficar sozinha.

— Ange...por favor...não...faz isso… - Theo pediu, já chorando. Irônico era que um ver o outro chorar só os davam vontade de derramar ainda mais lágrimas, num ciclo infinito.

Theo balançou o copo mais uma vez mas Ange negou novamente. E foi quando ele desistiu.

Subitamente Theo largou o copinho no chão e se aproximou da irmã, arrastando as pernas contra a madeira gasta. Ele precisava do contado da sua pele e sabia que, com um abraço, tudo ficaria melhor, como sempre. Juntos eles eram fortes, unidos conseguiam se manter em pé.

Fungando alto e de modo cauteloso, Theo aos poucos foi se aproximando mas Ange também começou a se mexer. Para trás. Ela virava o rosto e procurava aumentar a distância entre eles. Vendo aquilo Theo não aguentou e se adiantou e colocou os braços ao redor do corpo miúdo da irmã. No mesmo segundo Ange se contorceu e gemeu em recusa, depositando as mãozinhas contra o peito do irmão, mas no segundo que o perfume característico alcançaram o seu nariz, Ange hesitou por um segundo.

Pareciam apenas um ser, com Ange entre seus braços, num encaixe perfeito, metida entre as pernas do irmão com as suas jogadas para o lado.

E agora ambos choravam de modo despretensioso. Quando Theo percebeu o hesitar da irmã a apertou ainda mais contra o seu corpinho e enfiou o rosto no seu ombro, chorando alto.

Theo precisava daquilo. Precisava da irmã porque sem ela não havia sentido lutar contra a dor e a pontada de inveja que sentia sempre que via imagens de pais dos seus coleguinhas, se dando perfeitamente bem, em contraste com as de Corrine, coberta de roxos. Ele não podia fazer isso sozinho. E Ange sabia disso. Sabia porque, assim como ele, ela também não conseguiria. Sentiam a mesma dor da ausência. Quem a abraçaria? Quem dividiria a cama com ela? Quem rezaria em voz alta e faria os mesmos pedidos que os dela sem ela precisar dizer em voz alta? Ninguém a conhecia tão bem quanto ele.

E por isso Ange cedeu, e entendeu. Começou a chorar alto, libertando os soluços que até então segurava e, aos poucos foi relaxando o corpo, pesando sobre o do irmão. Ange enfiou o rostinho na curva do pescoço de Theo e esticou os dedos, apertando o pano da blusa encardida do irmão numa tentativa de liberar toda aquela carga emocional.

E quando Theo sentiu sua irmã corresponder, rapidamente se afastou o suficiente para fitá-la nos olhos e então segurou seu rostinho com as duas mãos.

— Ange sou eu. O Theo. Eu nunca vou deixar nada acontecer com você 'ta? Nada! Nunca! - E num misto de medo com promessa selou os lábios da irmã com os seus.

Os olhinhos de Ange estavam mais do que vermelhos, e já bastante inchados, o que só o encorajou ainda mais a dizer o que tinha em mente. Mas ele nem precisava prometer nada, Ange já sabia de tudo isso. Mas aceitou de bom grado as palavras do irmão e quando ele a beijou, ela agarrou ainda mais sua blusa e o puxou para sí, apertando seus olhinhos. Ambos não sabiam que, para outros olhos, o ato que faziam era um tanto quanto perigoso pois depositavam emoção demais. Uma coisa era o selinho que davam na mãe para se despedir, mas o que faziam ali tinha muito mais sentimento envolvido - e o pacto de uma promessa. Coisas que terceiros não compreenderiam e veriam apenas o ato em sí, cru, sem saber o que estava por trás e como e porque ele chegara a esse ponto.

Theo encostou a testa na da irmã e percebeu que ela se acalmara. Ange mantinha os olhos fechados e gradativamente se acomodava contra o corpo do irmão, sendo puxada para o calor que amanava dos braços dele - tão conhecido - e,como um filhote no colo da mãe, se esfregou e deitou a cabeça. Theo sorriu e a envolveu com seus braços, ato que fariam incontáveis vezes nos anos seguintes.

Porém, Theo não notou um detalhe - o menor de todos - mas aquele que, futuramente mudaria tudo. Se, no momento em que retornava para aonde Ange estava, ele tivesse se virado para trás, perceberia que Nicola o seguia com os olhos e que logo se levantara para seguí-lo também, deixando Dona Eva limpando os pingos de sangue do chão. Se Theo tivesse se virado, talvez a teria impedido de ver Ange, talvez ele tivesse fechado a porta após entrar no quarto ou talvez ele não tivesse feito o que fez logo que Ange o encarrou profundamente. Mas Theo não se preocupou com o menor dos detalhes, e agora Nicola via tudo.

Nicola via o amor que eles compartilhavam. De algum modo ela conseguiu compreender que o que tinha ali estava bem mais além do tipo de sentimento que acreditava existir entre eles - aquele conhecido: amor de irmãos.

Não.

Era algo muito maior. Bem mais profundo e intenso. Era algo transcendental, tão profundo e intenso que qualquer outro ser humano ficaria no mínimo envergonhado assistindo o que via. Mesmo se tratando de apenas duas crianças.

Mas Nicola não, ela não ficou envergonhada porque não via motivo para isso. Não era como se fosse uma surpresa. De algum modo inconsciente ela esperava que chegasse a esse patamar; pela forma como falavam, agiam, orbitando um sobre o outro. Não era uma questão de "se" acontecesse e mais para "quando" iria acontecer. Nicola também não entendia como ninguém ainda os havia notado, e porque ninguém se dava ao trabalho de parar alguns segundos para apreciá-los, afinal, ali estava acontecendo um dos mais belos milagres.

Internamente Nicola abriu um sorriso, agradecida por poder ser uma pessoa participando disso. Não era vergonhoso nem feio, era lindo. Fora educada e criada por famílias tradicionais e nunca em toda sua vida havia tido contado com a maldade ou as atrocidades do mundo. Entendia sobre o bem e o mal, e sabia que deveria sempre fazer o bem, dentro das limitações. Nicola sempre seguia seu coração, só queria a felicidade, e como boa italiana exalava isso por onde passava. E naquele momento ela sentia que deveria ficar feliz pelos seus amigos gêmeos.

E foi o que fez.

A forma como Theo envolvia Ange e depois a forma como Ange se enroscou no irmão era muito mais revelador do que uma declaração entre dois amantes. E mesmo que nenhum dos dois se desse conta disso, Nicola já dava.

Se beijavam para afogar o medo, a imponência e, acima de tudo, como uma forma de suporte para sí mesmos pois já sabiam que apenas juntos conseguiria superar mais essa dificuldade. Além das muitas outras que ainda viriam a acontecer.

Um acordo selado na penumbra do quarto que dava para o quintal de Dona Eva.













Os passeios haviam acabado. Primeiro porque homens estranhos começaram a visitar sua casa, fazendo perguntas e os analisando com olhos acusatórios. Graydon nunca passou tanto tempo em casa e eles nunca tiveram noites tão tranquilas; sem brigas ou xingamentos vindo do pai. Mas depois de semanas as visitas terminaram e quando Ange e Theo retornavam para casa, depois da creche, encontravam a mãe sempre com novas marcas roxas espalhadas pelos braços. Corrine começou a usar mangas longas e camisas com gola, mesmo nos dias quentes.

As visitas de Nicola também cessaram e nem mesmo os pais dela aprovaram visitas dos gêmeos na sua casa. Por um tempo se mantiveram afastados mas não por parte deles, e sim pelos pais de Nicola. E mesmo Nicola sendo pimenta, girassol e estalo ela não era desobediente, e nem rebelde à ponto de atiçar a fúria de seu pai - um homem de ideias próprias e filhas bem cuidadas.

Ainda conseguiam manter contato na escola, mas quando boates de que Nicola não fazia tanto esforço assim para evitar os gêmeos Heavenlly, uma ameaça de mudança de creche caiu no colo dos três como uma bomba.

No dia da tragédia, Dona Eva fez um telefonema e em doze minutos os pais da italiana estavam tocando a campainha. A desculpa de que ela havia batido a cabeça na aresta da mesa fora aceita e Nicola foi embora com um aceno de mão para Dona Eva e os gêmeos. Eles nunca souberam o que Dona Eva inventou sobre as crianças estarem na casa dela e sem Corrine por perto, o que ficou ruim. Porém pior ainda foi o momento em que os pais de Nicola passaram na porta da casa dos gêmeos Heavenlly, e um grito de Graydon reverberou de dentro. Se não bastasse, o clamor era chamando Corrine acompanhado por um nome chulo.

Os pais de Nicola entendiam que os inocentes gêmeos nada tinham culpa de ter aqueles pais, mas ficaram receosos quanto às vantagens do desenvolvimento daquela amizade.

— Não acredito que seu pai fez isso. É absurdo. - Ange se pronunciou. Desde o dia da notícia ela vivia irosa, principalmente quando precisavam se esconder embaixo das escadas que davam para o segundo andar do colégio, à fim de conversarem sem intromissão dos professores. Não que eles não pudessem mais se encontrar mas não conseguiam trocar mais do que cinco palavras sem que algum professor se intrometesse, dizendo querer mostrar algo à Nicola.

Emili riu e Theo a olhou levantando as sobrancelhas.

— E quando começou a falar “absurdo”?

Ange cruzou os braços.

— E desde o dia que a tia da secretária não me deixou sair da escola sozinha pra comprar um sorvete. Depois que expliquei que já tinham ligado pra’ mamãe e a própria Diretora tinha me liberado, ela saiu andando dizendo isso. - Respondeu como se fosse algo óbvio.

— Mama mia! - Nicola gargalhou alto enquanto batia palmas.

— E aonde eu estava esse tempo todo? - Theo questionou franzindo o cenho. Quase nunca se separavam, ainda mais no colégio.

— Você foi no banheiro, e eu ví um carrinho de sorvete do outro lado da rua. Queria sair. - Ela respondeu dando de ombros.

— Nunca mais faz’ isso, Ange. É perigoso!

— Mas eu só queria um sorvete… - Ange murmurou ranzinza. Ela se levantou e caminhou para longe, alegando ir ao banheiro quando Theo a saturou de perguntas.

— Porque ela ta’ tão irritada? - Nicola conseguiu perguntar depois de cessar os risos.

— E eu sei?

Ambos acompanharam Ange com o olhar, balançando a cabeça.












Mesmo com as dificuldades impostas pelos pais, Nicola, Theo e Ange continuaram se encontrando às escondidas.

Era um dia comum, o outono manchava o chão do pátio com suas folhas alaranjadas e vermelhas, o vento soprando frio já antecipando o que enfrentariam nos próximos meses de inverno, quando a Diretora irrompeu na porta da sala no meio da aula de artes.

— Professora, me desculpa mas preciso que os gêmeos Heavenly venham comigo.

Todos os alunos a olharam assustados, principalmente os gêmeos, e por algum motivo ficaram receosos, esperando por alguma notícia ruim. A professora fez um aceno com a cabeça para que eles começassem a guardar seus materiais.

Enquanto Ange e Nicola trocavam um olhar assustados a professora caminhou de encontro a Diretora que lhe cochichou algo no ouvido. Ambas abriram um enorme sorriso e olharam para os gêmeos com as orbes brilhantes.

— Podem ir meninos, amanhã entrego a vocês a tarefa de hoje. Podem ir, podem ir!

Saíram agarrados nas suas mochilas e apertando a mão um do outro, ainda esperando pelo pior.

Theo foi quem quebrou o silêncio primeiro.

— O que aconteceu Tia?

A Diretora parou no meio do corredor para agachar e ficar no mesmo nível que eles. Abriu um enorme sorriso enquanto anunciava.

— O irmãozinho de vocês nasceu.











Ammon tinha bochechas rechonchudas e rosadas. Nascera gordo e saudável com apenas alguns fios na cabeça mas já era possível distinguí-los como negros, diferente dos dos gêmeos. Logo no primeiro dia abriu seus olhinhos e Ange e Theo ficaram maravilhados com as orbes castanhas que ele exibiu, depois abriu a boca num bocejo revelando a gengiva rósea.

— Mamãe, cade os dentes? É mesmo, como ele vai comer? - Ange e Theo estavam em pé ao lado de Corrine que o segurava envolto numa manta amarela, a mesma usada por Ange. Corrine sorriu com a pergunta inocente enquanto ajeitava o peito para Ammon mamar.

— Eles vão nascer depois meu amor. Porque, por enquanto, vai ser a mamãe que vai dar de comer para ele. Ammon só vai precisar mamar leite.

— Porque vocês escolheram esse nome? - Ange comentou de repente.

— Foi Graydon quem escolheu querida. Ele quis decidir dessa vez.

Ange franziu o cenho revelando não ter lhe agradado, mas depois deu de ombros.

— Ele escolheu os nossos também?

— Nós dois escolhemos, mas dessa vez a mamãe deixou ele escolher sozinho.

— Porque?

Corrine demorou alguns segundos para responder, se lembrando da noite em que os dois estavam deitados na cama e Graydon simplesmente anunciou que ele já tinha um nome em mente. E pelo tom de voz Corrine compreendeu que não havia como contestar, e talvez nem quisesse, àquela altura do campeonato só queria uma gravidez tranquila. E se parasse de questioná-lo sobre qualquer outro assunto relacionado às suas vidas, ela sabia que teria uma vida tranquila.

Naquele momento ela acreditou com toda a fé que tinha.


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Notas finais do capítulo

O que estão esperando da história? Por favor me contem...
XOXO