Cursed Mistakes escrita por CristinaD, Skorgiia


Capítulo 8
Um Amor com Espinhos


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Voltámos finalmente com um novo capítulo, infelizmente este demorou um pouco mais por isso pedimos as mais sinceras desculpas aos leitores. Fizemos o nosso melhor para poder postá-la a tempo mas ambas as autoras estavam ocupadas com assuntos já antes referidos como estudo. A boa notícia é que agora estamos de férias e teremos todo o tempo do mundo para escrever novos e empolgantes capítulos! Muito obrigada por serem pacientes e boa leitura!



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A madrugada chegara rapidamente e consigo uma pequena luminosidade surgia entre as cortinas. O mordomo permanecia deitado em volta dos confortáveis cobertores, o seu jovem mestre ainda perdido em sonhos com uma completa expressão inocente. O maior sorriu, encantado com o rosto angelical da criança que dormia pacificamente ao seu lado. As longas pestanas que permaneciam imóveis, os pequenos lábios vermelhos e húmidos, a pele branca e limpa que faziam o mordomo estremecer e se conter para não perfurar as suas longas farpas naquele apetitoso cordeiro.

Respirou fundo e relembrou-se a si mesmo que estava atrasado para os preparativos da manhã.

Levantou-se, tentando não acordar o pequeno, depois de olhar para o seu frágil rosto novamente. Lentamente, moveu o seu corpo para fora do colchão, mas foi surpreendido ao sentir uma delicada mão, que prendeu o seu pulso rapidamente.

– Fica… - A voz sonolenta murmurou, puxando o mordomo para junto de si.

Sebastian observou o rapaz, surpreendido por momentos. O demónio depois sentou-se, ainda em silêncio, olhando para a expressão doce do pequeno conde.

Ciel encostou a mão do demónio no seu rosto, aconchegando-se a ela e voltando a fechar os olhos pacificamente. Permaneceu desse modo por alguns minutos, até sentir a necessidade de se acomodar mais junto ao mordomo. Sem pronunciar uma única palavra, o jovem conde puxou o braço do homem que estava sentado, desta vez puxando-o bruscamente até si.

Sebastian fora novamente surpreendido pelo acto impulsivo do seu mestre, ainda que fosse do seu agrado. As faces de ambos estavam agora próximas, o corpo do maior curvado por cima do conde. Os olhos que se mantiveram fechados abriam agora inocentemente, o puro azul e o pecaminoso roxo observavam atentamente a expressão de surpresa do mordomo.

O maior sorriu de um modo escarnecedor, curvado sobre o pequeno provocador que fingia ingenuidade. Tomou a liberdade de também surpreender o conde com um suave beijo pressionado nos seus doces lábios, sendo capaz de sentir novamente o célere palpitar do coração do seu jovem mestre. Observou em silêncio aquele sublime e inerte olhar bicolor enquanto acariciava o pálido rosto do pequeno.

"Humm..."

Ciel murmurou contra aos lábios do demónio, a sua pele estremeceu ao sentir os habilidosos dedos do mordomo que tocavam o seu rosto.

O conde alcançou os cabelos negros do homem à sua frente, entrelaçando-os e brincando com eles, até que os puxou ligeiramente para trás, cortando assim o suave beijo.

– O meu chá? - Perguntou com uma expressão autoritária, mas logo um sorriso divertido se formou nos seus lábios, revelando a sua farsa.

Sebastian demonstrou um sorriso motejador perante o conde. -Foi o jovem mestre que me ordenou que ficasse, impedindo-me de preparar o seu chá. - O mordomo explicou respondendo ao exótico olhar bicolor do pequeno.

Ciel sorriu provocantemente e aproximou os seus lábios à orelha do mordomo.

"Sebastian..."

Sussurrou sedutoramente e pôde sentir o corpo do demónio estremecer sobre o seu. As suas pequenas mãos percorrem o peito do maior, sobre a sua camisa branca, e os seus finos lábios voltaram a pronunciar palavras num tom doce.

"Quero o meu chá... Agora. "

O mordomo assentiu e sorriu após o mélico sussurro, beijando uma última vez a autoritária criança.

Levantou-se calmamente e abandonou o quarto que ainda permanecia com fraca iluminação, deixando para trás o carente conde que se enrolava novamente nos cobertores.

*

O mordomo voltou pouco depois, segurando uma travessa de prata que transportava o morno chá. Serviu-o na chávena e logo o entregou ao jovem conde.

Ciel aceitou a chávena nas mãos do mordomo e aproximou-a do rosto, inalando o quente aroma na esperança de adivinhar o sabor do chá antes mesmo de o provar, tal como tinha o hábito de fazer.

– Frutos vermelhos. - Comentou simplesmente e o mordomo assentiu com a cabeça em aprovação. - No entanto é bastante óbvio pela sua cor vermelha...

Levou finalmente a porcelana aos lábios e deliciou-se com as variadas ervas que o acalmava todas as manhãs.

Continuou perdido em pensamentos enquanto apreciava a sua refeição, mesmo não estando a pensar em algo em concreto. Foi então surpreendido pelo olhar escarlate que atentamente se prendia no seu rosto, deixando-o cada vez mais desconfortável.

– Existe algum problema?

O mordomo foi desperto dos seus pensamentos ao ouvir voz do pequeno conde e escondeu a sua surpresa num sorriso. – Não. Porque haveria de existir? – O mordomo contrariou.

– Isso pergunto eu. O teu olhar assombrava o meu rosto, como se eu fosse o culpado dos teus pensamentos. – O conde sorriu calmamente, voltando a encarar o seu chá. – Estou certo?

O mordomo retribuiu o carinhoso sorriso, acenando com a cabeça positivamente.

– Estava apenas a pensar o que poderia ter levado o jovem mestre a ter tais comportamentos na noite anterior. – Revelou e foi encarado pela expressão de surpresa da criança à sua frente. Sorriu e optou por dar rédeas à tão interessante conversa que estaria por vir. - Não me diga que desenvolveu profunda afeição por um mero mordomo?

Os olhos do conde fitaram atentamente o demónio, que mantinha uma expressão séria após fazer a sua indecente questão. Ciel pousou a chávena, ainda incerto de como iria responder a algo que o tinha apanhado de surpresa.

– Os sentimentos humanos podem ser enganadores. Um dia podemos sentir afeição, no outro desprezo. – O conde esclareceu seriamente, evitando responder directamente à pergunta inicial. O mordomo formava agora uma expressão confusa, não compreendendo ao certo o que aquilo significaria. – Ah… Talvez devêssemos simplesmente esquecer assuntos tão complexos. – Tentou terminar a conversa, mas o rosto do mordomo não demonstrava satisfação com a resposta pouco esclarecedora que recebeu.

Sebastian, ainda não compreendendo ao certo as do conde, riu levemente perante o facto de o seu pequeno mestre estar encurralado naquela conversa. – Eu realmente não sou o ser mais indicado para falar de sentimentos humanos. Mas não penso que esses sentimentos sejam algo tão… bipolar. Aliás, todos os acontecimentos indicam o progressivo desenvolvimento dos sentimentos do jovem mestre, certo? Eu diria, pelas provocações diárias, depois aquela noite em East End e agora um beijo? – O demónio troçou.

– Talvez eu me tenha sentido de maneira diferente ultimamente. – O conde admitiu calmamente, tentando demonstrar pouca importância nas suas próprias palavras. – Talvez eu tenha desenvolvido alguma afeição... – Os seus olhos desviaram-se dos do mordomo, o seu orgulho ferido ao admitir algo que nunca pensou dizer em alto. – Mas e quanto a ti? Vires durante a noite e acariciares o meu rosto enquanto durmo… Não foi a primeira vez que fizeste isso.

Sebastian demonstrou novamente surpresa na sua expressão. Agora que reflectia quanto ao assunto também ele desenvolvia sentimentos humanos, por mais estranho que se sentisse. O demónio franziu o cenho e falou num tom sério. – Tenho uma questão a fazer-lhe… - Disse, olhando agora para o pequeno conde. – O jovem mestre acreditaria que um demónio pudesse desenvolver sentimentos humanos?

Ciel permaneceu em silêncio por alguns momentos, confuso com a pergunta do mordomo. Qual seria o objectivo? O que quereria Sebastian insinuar?

– Eu não sou um demónio para saber a resposta a isso… - O conde ponderou, incerto de como responder adequadamente. – Mas caso fosse possível, seria algo perigoso. Uma criatura que vive eternamente desenvolver sentimentos por criaturas mortais… Seria um final trágico. – Um sorriso triste formou-se nos lábios do pequeno, que se encostava lentamente na sua almofada, suspirando. – Mas seja como for, não penso que seja possível que uma criatura maligna possa experienciar sentimentos humanos.

Sebastian sorriu um pouco, de uma maneira terna perante a resposta do pequeno. – Tudo é impossível até que realmente aconteça, certo? – O demónio perguntou, num tom de dúvida, contudo tentando evidenciar algo ao conde de um modo indirecto.

– Sebastian… - Ciel murmurou o nome do homem à sua frente, novamente surpreendido com as suas palavras incomuns. Aproximou-se do mordomo, ficando frente a frente com ele, e colocou ambas as mãos no rosto do maior, um raro acto carinhoso por parte do conde arrogante. - Será possível que tu... - Silenciou-se por uns segundos, incapaz de pronunciar as palavras que passavam pela sua mente. - Tu... Sentes algo humano?

O conde chocou-se com as suas próprias palavras, as suas mãos aqueciam a pele gélida do demónio, acariciando-a, e observava atentamente a expressão preocupada do mesmo.

Sebastian pensou antes de responder à curiosa pergunta do pequeno rapaz. "Que tipo de sentimentos poderia um demónio sentir?" Repetiu para si próprio mas nenhuma resposta aparecia. O único sentimento que ponderava agora era sentir afecto pelo seu jovem mestre, aprendendo assim a gostar da sua rotina como mordomo. Mas esse tipo de afecto alterava-se cada vez mais, tornando-se mais forte, a cada dia que passava. O demónio olhou novamente para o pequeno conde e, demonstrando uma certa preocupação enquanto o seu olhar se fixava perdido como se pronunciasse um "Eu não sei", permaneceu em silêncio numa expectativa de responder à criança apenas com o seu rubro olhar.

Incerto de como abordar aquela situação pouco comum, Ciel manteve-se também ele em silêncio. Tinha perguntas que pretendia fazer, mas temia as respostas do mordomo. Ainda assim, decidiu entrar naquele jogo desconhecido, sendo o mais directo possível.

– Começaste a sentir algo que nunca sentiste antes?

O mordomo respondeu novamente ao olhar bicolor depois de alguns momentos de silêncio após a questão do conde. - Sim, de alguma maneira. - Respondeu vagamente. - Mas e o jovem mestre? Decerto que também sente algo diferente. Tendo em conta as suas atitudes. - Comentou, sorrindo de um modo escarnecedor, alterando o clima em que se sentia desconfortável e retornando àquela farsa de um demónio orgulhoso de si.

– Sê mais específico. - O pequeno ordenou, ignorando a tentativa do mordomo em fugir daquela conversa.

Sebastian franziu um pouco a sobrancelha. - Como hei-de eu ser especifico se nem eu próprio entendo o que se passa, jovem mestre? - Explicou educadamente.

O conde surpreendeu-se com a resposta do demónio. O mordomo perfeito incerto de algo? Seria a primeira vez que ouvia tal coisa.

Ainda assim, Ciel não estava satisfeito. Queria saber o que passava pela mente do demónio e não desistiria até que o mordomo lhe revelasse aquilo que sentia.

– Não ocultes nada. Quero que expliques da melhor forma que puderes.

Sebastian suspirou, não adiantava tentar escapar daquela desconfortável conversa com o pequeno mestre, sabendo que o rapaz insistiria até ouvir uma resposta plausível. - Ao longo deste contrato com o jovem mestre o único sentimento que alguma vez presenciei foi aquele ao que os humanos chamam de afeição. É realmente uma falta de dignidade que um demónio sinta tal ou qualquer emoção por uma mera refeição. - Sebastian acentuou o olhar escarlate perante as suas próprias rudes palavras. - Mas contra a minha vontade esse sentimento tem vindo a aumentar gradualmente, ao longo dos anos, meses, dias. Intensifica-se cada vez mais, afetando-me cada vez mais e sem eu ter qualquer controle disso.

– Sebastian...

O conde encarava preocupado o mordomo que mantinha a sua expressão séria. Não sabia como reagir perante a confissão do demónio. O seu coração batia velozmente, a sua pele ardia de desconforto e temia que tudo aquilo que o mordomo lhe dissera fosse apenas mais um joguinho doentio do mesmo. Desviou o seu olhar dos olhos tenebrosos do homem à sua frente e encarou o chão de madeira escura.

– Compreendo... - Murmurou inconscientemente, quebrando o silêncio que o matava lentamente de nervosismo.

O rosto do demónio demonstrava agora uma expressão insegura, revelando a sua impaciência por mais palavras vindas do seu mestre. Contudo, Ciel terminou por ali. Não pronunciou nem mais uma palavra quanto ao assunto e isolou-se nos seus próprios pensamentos.

O mordomo encarou o pequeno por longos e silenciosos momentos. Outra vez aquele silêncio desconfortável que se presenciava cada vez mais nos diálogos entre o mordomo e o pequeno mestre. Este que agora se resignava a olhar para o chão, mas Sebastian também queria explicações por parte de Ciel. - E o jovem mestre? - Quebrou o silêncio - O que o levou a agir de tal modo?

– Por razões semelhantes, embora não esteja com disposição para falar sobre o assunto. - O conde respondeu friamente à pergunta do demónio, escapando o melhor que pôde em responder sinceramente em relação aos seus sentimentos.

"O que me levou a agir de tal modo? "

Questionou-se a si mesmo, incerto de obter uma resposta em concreto. Estava consciente de que se sentia atraído pelo mordomo, físico e mentalmente, fascinando-se com aquele homem que teimava em ser o centro dos seus pensamentos. Temia perdê-lo e que Sebastian o abandonasse, logo compreendia que tinha desenvolvido uma certa afeição pelo o mordomo.

Mas seria apenas isso? Seria essa a fonte de toda a sua angústia?

Suspirou e encarou novamente o demónio. Aproximou o seu rosto e pressionou levemente a sua boca nos esfomeados lábios do maior.

– Seja o que for que me motiva a fazer isto, não importa. Eu faço-o porque te desejo, e irei continuar a fazê-lo até que chegue a hora do meu fim.

Sebastian sorriu num tom motejador, após o leve beijo que o rapaz lhe dera. – Ora mas que palavras tão ousadas perante um simples mordomo. – O demónio provocou o jovem, afastando-se um pouco ainda com o sorriso escarnecedor. Aquele conde que se impunha frio, orgulhoso e rude e que estava agora a denunciar os seus sentimentos mesmo assim de um modo pretensioso era um raro cenário que o demónio apreciava.

O pequeno trocou mais um sorriso com o mordomo ao fim de um segundo beijo. Largou a sua gravata e deixou-se cair para trás, deitando-se por completo na cama, apenas os seus joelhos semi-levantados. Inspirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos.

– Qual é a minha agenda para hoje? - Questionou pouco interessado, ainda na pose sugestiva que não deixou o demónio indiferente.

– Está vazia sendo que o combinado seria visitar as ruas de comércio em Londres durante o dia. – O mordomo respondeu disfarçando-se desprendido em relação à postura do jovem conde. Aproximou-se para que o rapaz se sentasse devidamente, começando assim a desabotoar a longa camisa branca que o pequeno vestia.

O conde suspirou insatisfeito. Não se recordara que hoje teria planeado passar o dia na zona comercial de Londres. Tinha uma vasta lista de objectos que necessitava de comprar, não só para si, mas também para algumas pessoas de importância nos eventos a onde teria que atender.

– Não estou com disposição nenhuma para fazer compras... - O pequeno resmungou, a sua expressão descontente divertia o demónio.

Este que sorria levemente perante a resposta do conde e começava por vesti-lo. – Perdoe a minha insistência jovem mestre, mas é realmente necessário que vá. Além disso, nada melhor do que um passeio por Londres para acalmar toda essa instabilidade aparentemente stressante de emoções. – O mordomo provocou o rapaz com as palavras e o olhar, já abotoando o colete negro no mesmo.

– Aparentemente não sou o único que precisa de "acalmar as emoções". - O conde respondeu elevando a sobrancelha, divertindo-se com os comentários do mordomo. Levantou-se, já completamente vestido, e passou ao lado do maior, demasiado perto, chegando finalmente à porta e pronto para sair.

– Se tenho mesmo que ir, então que seja o mais rápido possível. - Ordenou e saiu, deixando o mordomo para trás que se preparava agora para seguir o seu mestre.

– Certamente. Logo após o pequeno-almoço do jovem mestre partiremos, se assim lhe achar conveniente. – Sebastian sorriu e seguiu pequeno nobre.

*

As ruas agitadas de Londres eram algo que o pequeno conde não conseguia suportar. A confusão e o barulho instalados em volta das pequenas praças de comércio impediam a passagem do menor, que, embora fosse bastante pequeno, tentava furar os caminhos com uma expressão autoritária no seu rosto. Atrás de si, o mordomo andava calmamente, divertido com a atitude do seu mestre.

O comercio era forte na zona central de Londres, sendo o local apropriado para grandes eventos, reuniões importantes, para todas as classes, venda dos mais variados tipos de produtos, desde o peixe fresco aos mais dispendiosos fios de ouro. Era o local perfeito para o jovem Phantomhive comprar as melhores carnes e peixes, as mais frescas frutas e especiarias que resultariam em deliciosos jantares para os seus convidados de maior importância. Era aqui também onde Ciel mandava embrulhar os mais excêntricos presentes, surpreendendo aqueles que eram merecedores de os receber.

O preço não era uma preocupação, sendo que nas suas visitas ao local levava inúmeras pequenas bolsas carregadas de moedas de ouro. Comprava não só produtos para a mansão e presentes para os seus conhecidos, mas também objectos que fossem do seu agrado. Pequenos presentes para si mesmo, e claro, para os seus servos que trabalhavam tão arduamente.

Estava sem dúvida um dia de sol aberto que iluminava os inúmeros pequenos mercados, chamando a atenção das centenas de clientes que percorriam as fabulosas ruas. Os constantes dias de chuva pareciam ter terminando, recebendo Londres com um esplêndido Sol que daria inicio à época de verão que Ciel tão odiava.

Ao fim de algum tempo a percorrer os passeios agitados, juntamente com Sebastian e o resto dos servos, o conde parou em frente a uma livraria de esquina. Olhou pensativo para a montra, observando calmamente os produtos expostos.

– Vou entrar e escolher alguns livros. – Anunciou, chamando a atenção dos outros servos. – Enquanto isso, vocês podem ir visitar os locais que quiserem.

Dito isto, o pequeno abriu a porta do estabelecimento e percorreu as prateleiras atentamente, incerto daquilo que procurava.

Sebastian esperou perto da livraria, como se não tivesse qualquer interesse em procurar algo nas outras lojas que chamasse a atenção dos seus gostos pessoais, ao contrário dos outros servos. O mordomo permaneceu observando-os. Mey-Rin que se fascinava ao contemplar numa montra um vestido elegante e adornado de um modo quase excessivo. Finnian abria o amplo e usual sorriso ao ver umas rosas brancas que se encontravam perto de mais umas tantas numa loja florista. Mas quando o demónio se virou para saber o que fazia Bard surpreendeu-se ao ver que o cozinheiro continuava ao seu lado, com o habitual ar sério.

O homem loiro trincava um palito no canto da boca, como habitualmente fazia, e encarava o mordomo com uma expressão pouco feliz. Manteve-se um silêncio ameaçador entre os dois, algo que nunca tinha acontecido antes, até que Bard decidira revelar aquilo que lhe remoía a mente.

– Ultimamente o jovem mestre tem andando bastante… relaxado. – O cozinheiro comentou, deixando claro no seu tom algo subentendido na última palavra que pronunciara. – Até mesmo no dia do jogo não me parecia estar nas suas melhores figuras, hum Sebastian?

O mordomo encarou o cozinheiro, com uma expressão de seriedade como sempre fazia. – Ora, como vocês dizem, o jovem mestre é ainda uma criança, certo? Temo que não haja mal em que se deixe levar por tais jogos infantis de vez em quando. - Sebastian respondeu rapidamente, perguntando-se o que pretendia Bard com aquela conversa.

– Certamente que o tipo de jogos que o jovem mestre jogou foram tudo menos infantis… - O rosto do cozinheiro tornava-se cada vez menos amigável. O palito que tinha preso nos dentes partia-se agora em dois, o seu descontentamente completamente visível. Quebrou o contacto visual com o demónio por breves momentos, verificando-se que o conde ainda se mantinha ocupado com os livros.

– Qual é o objectivo desta conversa? – Sebastian perguntou, franzindo a sobrancelha, a sua expressão tornando-se cada vez menos agradável.

– Eu não vou permitir que essas suas mãos sujas toquem novamente no jovem mestre. – O homem loiro disse quase num sussurro, calando-se de imediato ao notar que o pequeno conde se aproximava de ambos. Levava consigo dois livros de capas escuras, observando-as atentamente enquanto murmurava algumas palavras para si mesmo.

– Vou levar estes dois. – O pequeno disse, entregando os livros ao mordomo. – Bardroy, não queres levar nada?

– Obrigado jovem mestre, mas não existe nada em particular que queira comprar. – O cozinheiro respondeu com um sorriso, passando desajeitadamente a mão nos cabelos.

– Ora, pelo menos dá uma volta pela loja. Pode ser que algo te capte o interesse. – O pequeno sugeriu, educadamente, embora a sua sugestão soasse quase como uma ordem.

O homem loiro acenou positivamente com a cabeça, dirigindo-se calmamente até às prateleiras de livros mais próximas.

Assim que o cozinheiro se afastou, o pequeno conde aproximou-se do mordomo e num tom baixo e discreto questionou-o.

– Estavam a conversar sobre o quê?

Quando esteve entretido nos seus livros, foi surpreendido, ao olhar de canto, pelas expressões pouco contentes na cara de ambos os homens que conversavam no canto da loja. Desde então questionava-se de qual seria o assunto de conversa para que Sebastian estivesse tão incomodado.

–Temo que Bard suspeite de algo que se passou entre mim e o jovem mestre. - Sebastian respondeu num tom baixo. – Penso que ele realmente suspeita que alguma coisa pouco apropriada se tenha passado.

O choque visível no rosto do conde foi imediato, tentando ainda assim disfarçar a sua preocupação quanto ao que acabara de ouvir. Puxou pela camisa do mordomo, levando-o até ao canto mais isolado da loja, onde teriam total privacidade.

– Mas como é que deixaste algo assim acontecer?! Se mais alguém ficar a saber disto a minha vida é arruinada! Vai ser uma humilhação para o nome da minha família, já para não falar de que se a Rainha for informada com certeza que serei punido!

– Tratarei de contrariar o que Bard diz, as minhas desculpas pela minha falta de cuidado, não se voltará a repetir. - O mordomo falou com uma expressão neutra no rosto e quando terminou formou um pequeno sorriso motejador.

Ciel soltou um pequeno “unf” enquanto cruzava os braços. Estava com vontade de discutir com o maior, irritado com a sua falta de cuidado, mas a resposta do mordomo tinha sido totalmente educada e esclarecedora. Foi também surpreendido com o leve sorriso do demónio, deixando-o ainda mais descontente com o mesmo.

Decidiu então esquecer o assunto, na esperança que o mordomo tratasse conta disso. Iniciou o seu passo, afastando-se do mordomo, à procura de se acalmar e aliviar a sua mente, até ser interrompido por uma mão firme em volta do seu pulso.

“Jovem mestre”.

O mordomo aproximou os lábios do ouvido do menor e murmurou algumas palavras que deixaram o rosto de Ciel extremamente corado e em choque, fazendo-se libertar de imediato da mão do mordomo. Soltou um quase engasgado “Sebastian!” que deixou o demónio a rir enquanto observava o seu indignado mestre a se afastar num passo apressado na tentativa de esconder a sua vergonha.

Jamais imaginava o mordomo que conseguia receber uma reacção tão deliciosa por parte do seu jovem mestre ao dizer uma frase que, na sua opinião, não era tão indecente assim, mas que aparentemente conseguia deixar Ciel completamente corado e envergonhado.

Seguiu então o pequeno que se afastava num passo autoritário, em silêncio, e com esse silêncio a vergonha que transparecia na sua face lentamente desaparecia. Enquanto isso, o mordomo caminhava e continuava a observar a movimentada rua com um pequeno sorriso no rosto.

*

A chegada à mansão fora calma e sossegada, tal como era habitualmente. Depois de passar o dia inteiro a caminhar nas agitadas ruas de Londres, tudo o que o pequeno conde queria era sentar-se e relaxar na cadeira do seu escritório.

E assim o fez.

Deixou-se encostar na confortável cadeira e ordenou que Sebastian lhe trouxesse uma sobremesa, algo do seu agrado e que satisfizesse o seu apetite.

Decidiu pegar num dos livros novos que comprou e quando se preparava para ler a primeira página foi interrompido pelo barulho da porta que se abriu bruscamente.

– Jovem mestre! – Finnian aproximou-se com uma expressão preocupada. Atrás de si vinha Mey-rin e Bardroy, também eles aparentavam estarem pouco felizes.

– Mas o que vem a ser isto? – O conde perguntou enquanto pousava o livro na secretária. Os três criados manteram-se em silêncio, aguardando que Bardroy fechasse a porta.

Os servos alinharam-se todos enquanto Ciel olhava para eles ainda surpreendido pela brusca entrada. Mey-Rin e Finnian olharam para o mais velho, Bard, este que limpou a voz e falou num tom habitualmente bruto. - Jovem Mestre, perdoe-nos pela entrada inesperada - O cozinheiro iniciou o diálogo com a sua voz rouca e grave mas Mey-Rin interviu antes que este pudesse continuar. - O problema é que apenas queremos protege-lo e... Não queremos que o jovem mestre se magoe! - A empregada revelou, mas mesmo assim nenhum dos servos davam a entender onde queriam chegar com aquela conversa, tornando o conde ainda mais impaciente.

Ciel suspirou. Não estava com disposição nenhuma para aturar os disparates dos três servos. Tudo o que queria era uma tarde relaxante, sozinho, com a sua sobremesa. Praguejava mentalmente pela demora do seu mordomo e por não estar ali para controlar a situação. Sendo assim, percebeu que teria que ser ele mesmo a resolver tudo, embora não estivesse com vontade de o fazer.

– Expliquem qual é o problema. E não se interrompam uns aos outros. – Ordenou e manteve-se em silêncio, aguardando impacientemente que algum dos três idiotas se pronunciasse.

Todos se calaram quando o conde falou e olharam uns para os outros decidindo quem devia falar primeiro. – Nós temos que afastar o jovem mestre do Sr. Sebastian! - Finnian disse num tom determinado.

O conde piscou os olhos várias vezes, chocado pelas palavras do rapaz loiro.

Suspirou novamente, a sua relaxante tarde já estava arruinada. Não havia nada que pudesse fazer senão negar aquilo de que os servos o acusavam, e embora soubesse que aqueles três estavam apenas a tentar protege-lo, sentia-se bastante descontente com o facto de eles se meterem na sua vida privada. Numa mansão normal aquilo seria inaceitável, embora Ciel estivesse perfeitamente consciente de que nada na sua mansão pudesse ser considerado “normal”.

– Porque é que eu haveria de me afastar do meu próprio mordomo?

– Eu acho que ele está a esconder algo. - Bard falou desta vez - De qualquer maneira, o jovem mestre deve afastar-se dele. - Teimou o cozinheiro. - Talvez ele queira algo de si. - O homem continuou, olhando seriamente enquanto articulava aquelas palavras.

– Chega! Eu confio plenamente em quem contratei e o Sebastian continua a fazer um excelente trabalho tal como sempre fez. – O conde pegou novamente no seu livro e dirigiu a sua atenção para a folha branca. – Agora, se não tiverem mais nada para dizer, por favor retirem-se.

Finnian abrira a boca para dizer algo mas Bard segurara-lhe no braço como se lhe dissesse para parar. Os três sairam e logo após isso Sebastian chegou, trazendo consigo a sobremesa do pequeno conde. - O que é que eles pretendiam? - O mordomo interrogou, curioso.

Nada de importante. – Disse, sem nunca desviar o olhar do seu livro.

– Certamente. - O mordomo sorriu. - O livro é de tal modo interessante que o leva a ignorar a sobremesa ou é apenas impressão minha?

– É de facto interessante. – Ciel pousou o livro, olhando de imediato para a sobremesa que o esperava. – Só uma fatia? – O conde arqueou a sobrancelha, uma expressão descontente no seu rosto.

– O jantar será servido brevemente, perdoe-me, apenas não quero estragar o seu apetite - O mordomo desculpou-se.

– Certo. – Disse num tom baixo, ainda pouco contente. Levou um primeiro pedaço da tarte aos lábios, com o seu olhar preso nos olhos do mordomo, e esboçou um pequeno sorriso. – Está agradável.

O demónio sorriu um pouco mais em retorno e fez uma pequena reverência de agradecimento.

Ciel continuou entretido com a sua sobremesa, a sua mente divagava para locais desconhecidos, e deixou-se perder em pensamentos enquanto ainda encarava distraidamente o mordomo.

O olhar azul focava intensamente o rosto do demónio, que também o observava curiosamente. Permaneceram em silêncio por alguns longos minutos, o pequeno conde perdido nas próprias ideias e o mordomo que analisava atentamente o rosto distraído do seu mestre. O ambiente sossegado fora interrompido quando Ciel pousou abruptamente o garfo no prato de loiça, acordando-se a si mesmo da sua curta hibernação. Os seu olhar desviou-se para o prato, desiludido por não ter mais nenhuma fatia da deliciosa sobremesa. Voltou a encarar o mordomo e quebrou o silêncio instalado.

– A morte da Lizzy não foi um acidente. – Afirmou, e chocou-se com as suas próprias palavras. Também o demónio fora surpreendido.

A expressão de surpresa na cara do demónio logo se substituiu pelo habitual sorriso provocante. – Ora Jovem mestre, e eu que tinha dado como esquecido por si um acontecimento desses. - O mordomo tentou adiar a conversa.

– Não sejas insolente. – O conde abriu a gaveta da sua secretária e de lá retirou um colar de pérolas. – Quero que me digas o motivo pelo qual a decidiste matar.

Aguardou pela sua resposta em silêncio enquanto observava tristemente o brilhante colar que segurava com ambas as mãos.

Aquele fio que iria oferecer à sua noiva no seu aniversário, aquele aniversário que nunca se chegou a concretizar. Não sentia saudades da sua prima, nunca sentiu muita afeição por ela. Porém, sentia-se culpado. Não só isso, sentia-se traído pelo seu próprio mordomo, que tirou da sua vida a única pessoa que realmente o amava. Ciel sabia que o amor de Elizabeth por ele era puro, verdadeiro e eterno. Todo esse amor que Ciel nunca fora capaz de retribuir.

Mesmo depois da morte da sua prima, continuou a confiar com toda a sua vida no demónio. Por mais que Sebastian errasse ou o destruísse, Ciel não o conseguia odiar.

Todos os dias recordava-se mentalmente que não podia confiar naquele homem, que não se podia apegar a ele. Mas nas últimas semanas tinha feito exactamente o contrário. Aos poucos e poucos, lentamente, Ciel necessitava cada vez mais de estar próximo do demónio. Deixava-se esquecer que aquele homem não era humano, que era uma criatura detestável que estava apenas à espera de uma boa refeição.

E a sua mente acordou novamente quando foi avisado pelos seus três servos. Foi alertado que Sebastian era perigoso, que Ciel se deveria afastar dele. E o conde ria-se, pois jamais aqueles três humanos podiam imaginar o quanto perigoso Sebastian realmente era.

Agora, insultava-se a si próprio, furioso consigo mesmo por se deixar levar nas falsas seduções do mordomo. Por se deixar acreditar na longa teia de mentiras que aquele homem tecia, continuamente, e deixando a sua alma cada vez mais negra. Todo aquele sofrimento, toda aquela falsidade recorrente, apenas por uma boa refeição.

Sebastian franziu o cenho em desaprovação ao ver o brilhante colar. – Insolente? – O demónio questionou, a sua face mostrando uma expressão pouco satisfatória – Como eu disse, a morte da Srta. Elizabeth foi um acidente, mas o jovem mestre não se pode queixar muito, certo? Aliás o senhor nada fez para evitar a morte da sua suposta futura esposa, ao invés disso, o jovem mestre resignou-se a ficar ali, especado, fazendo-se passar também por vítima do que aconteceu. O jovem mestre, que diz ser senhor de seu próprio orgulho, não fez o mínimo sequer para salvar a sua noiva da sua horrível morte. Sinceramente, vê-lo ali sem fazer nada e depois colocar todas as culpas em mim é realmente um acto de pura covardia.

– Covarde? Eu? Que podia eu fazer? – Ciel levantou-se da cadeira, as suas mãos pousavam agressivamente na secretária. – Eu confiei em ti! Tu é que a devias ter salvo, não cumpriste a ordem que eu te dei!

– Qual era o seu objectivo? Salvar a sua noiva ou ver-me a cumprir uma ordem? – Sebastian disse, também ele falava, pela primeira vez, num tom quase agressivo.

– Ambos! É o teu trabalho, é o teu dever obedeceres a todas as minhas ordens! – O conde demonstrava-se cada vez mais exaltado. Atirou brutalmente o colar para o chão, fazendo com que as pequenas pérolas de espalhassem por todo o escritório. - Desrespeitaste o contracto para que a minha alma se tornasse mais escura!

– Não entendo porque é que o jovem mestre recomeça esta conversa, eu já lhe disse, foi um erro meu e que não se voltaria a repetir, que mais é que o senhor quer que eu faça? - O demónio respondeu, firme.

– Não quero que cometas mais erros! Quero que pares de me mentir, de omitires e de desobedecer às minhas ordens. Tudo o que tu queres é a minha alma, então age de acordo com isso e não me tentes iludir com a tua falsa preocupação! É apenas isso que eu quero que tu faças! – O conde gritou por fim, exausto de todas as mentiras do mordomo. Respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos, sentindo-se aliviado por finalmente ter dito aquilo que lhe passava pela mente. Encarava agora o mordomo que se mantinha em silêncio, o seu rosto impossível de descrever.

Sebastian esperou em silêncio para entender aquilo que o pequeno disse. - Falsa preocupação? - O mordomo falou num tom mais baixo. - Eu realmente omiti certas informações... Mas eu não menti, eu não minto, eu não posso porque estou acorrentado a este contracto... Então, se eu não sou digno de lhe mentir, porque é que o jovem mestre teima em ignorar o que eu lhe confessei esta manhã? - O demónio aproximou-se da criança, em passos calmos e silenciosos.

O mordomo estava agora a milímetros de si, a sua pele corou da proximidade. Virou a cabeça para o lado, desviando o olhar e encarando o chão. – Que confissão? – Questionou o demónio, embora soubesse a resposta a essa pergunta. Queria ter a certeza, queria que o mordomo pronunciasse palavra por palavra. Queria que no meio de todas aquelas omissões pudesse revelar uma única verdade que o confortasse.

Sebastian sorriu levemente aproximando-se do pequeno conde. - Ora, como assim o jovem mestre não se relembra das minhas indirectas palavras? Eu disse que nada era impossível, que talvez um demónio pudesse amar. - O demónio aproximou os esfomeados lábios ao ouvido do jovem nobre, sussurrando - Eu amo-o.

Ciel perdeu a respiração por alguns segundos, o seu coração parou de bater por milésimos, recomeçando forte e exaltadamente. Os seus lábios separaram-se, sedentos, em busca de pronunciar alguma palavra, mas nada saiu. Os seus olhos extremamente abertos encaravam os do mordomo, que observava o seu pequeno mestre com o habitual sorriso, e permaneciam estáticos e em choque.

– Jovem mestre… - O mordomo tentava chamar a atenção do pequeno, passando a sua mão no rosto frágil.

Ciel acordou do seu estado de choque e encarou o mordomo novamente, desta vez uma expressão confusa no seu rosto. Preparava-se para pronunciar o nome do maior, mas não o fez ao perceber que a sua voz tremia.

Manteve-se em silêncio e fechou os olhos por algum tempo, procurando compreender se tinha ouvido correctamente. Decidiu ignorar os seus próprios pensamentos, não se querendo perder neles novamente.

– Sebastian… - A voz trémula finalmente se fez ouvir, quase num murmúrio, e calando-se de seguida.

O conde colocou-se em ponta dos pés, e alcançou o rosto do mordomo, beijando-o suavemente. Um beijo quase inocente que apanhou o demónio de surpresa.

Os lábios finalmente separaram-se e o pequeno continuou com o seu olhar preso no vermelho quente, incerto de o que fazer de seguida.

O demónio riu levemente perante o estado do menor que, pela primeira vez, não tinha resposta. – E jovem mestre? O que é que sente por mim? – Perguntou, não num tom habitualmente provocante mas desta vez num tom suave, convidando o pequeno conde a denunciar tudo aquilo que sentia.

Ciel colocou novamente os braços em volta do pescoço do mordomo, aproximando os seus lábios da boca do demónio.

– Eu quero-te. – Sussurrou e beijou novamente o maior, desta vez um beijo longo e esfomeado, fazendo curtas pausas para recuperar a respiração. Apertou o seu corpo no do mordomo, procurando suporte para sustentar aquele beijo demorado, e Sebastian puxou Ciel contra si, elevando-o e sentando o seu frágil corpo em cima da mesa de madeira.

Os lábios separaram-se e o pequeno conde respirou fundo, os seus olhos ainda fechados ao sentir a boca do mordomo na sua.

– Tentei reprimir tudo aquilo que sentia mas… - A sua respiração ofegante fazia a sua voz tremer, mas Ciel não se importou com isso. – Eu quero-te tanto. Eu preciso de ti, não me deixes, por favor.

Sebastian sorriu calorosamente. – Eu estarei aqui, para si, por toda a eternidade, até ao fim. – O mordomo prometeu, ajoelhando-se e depois beijando a mão do pequeno. Agora ele, este demónio que se comprometia a caminhar pelos caminhos da dilecção, ele iria entender como o amor se assemelhava a uma rosa, bela, rara, como não outra flor igual mas também espinhosa, que se não a segurasse com cuidado tomava o risco de se cortar e ferir-lhe a pele.


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