Capítulo 7 –

                Cheguei de madrugada, cansada, suja, com o pé doendo... um caco. Mas eu estava feliz!

                Dancei, me diverti, beijei muito e de brinde ganhei uma pequena vingançinha. Ver a cara do Gustavo... Foi uma das coisas mais lindas que já presenciei!

                Dia seguinte, acordei, com muita dificuldade, mas feliz e renovada. A cara de Gustavo, continuava em minha mente. Não sabia exatamente o porquê de seu ataque de ciúme. Mas tinha uma teoria... [N/P: teorias movem histórias!]

                Talvez ele seja um daqueles garotinhos ridículos – peraí, Isso ele já é! Enfim... – que querem todas aos seus pés... Bem, essa é a única teoria concebível... Que foi? Nunca tive muita imaginação para inventar teorias!

                Cheguei cedo no colégio. Haviam poucas pessoas. Sentei no primeiro banco que vi pela frente. Como de costume , peguei meu MP3, e, quando ia colocando os fones...

-Gabi! – Gustavo?  Há! Se enganaram!

-Oi Daniel! – Ele beijou minha bochecha.

 – Beleza?

-Sim, e você, como está? – Sorri, educadamente.

-Tudo ótimo! Bem, melhor agora – sorri. O moleque ta na minha! Não creio!

-Deixa de ser bobo Daniel!

-É sério! – Nós dois rimos. Ele se sentou.

O silêncio reinou.

-Gabi?

-Sim?

-Já te disseram que você beija muito bem? – ruborizei.

-Não.

-Pois você beija muito bem! Sabe aqueles beijos que você prova e não consegue parar de pensar? E que você sabe que vai ficar... viciado? – Seus olhos soltaram os meus e admiraram minha boca. Sua mão acariciava meu rosto. Seu hálito ficou cada vez mais próximo. Não me leve a mal, mas, não era por ele que eu estava apaixonada, não é por ele que meu coração acelera, não é por ele que minha pele se arrepia, não é com ele que eu sonho toda noite e não é com ele que eu quero me entregar pela primeira vez. Querendo ou não eu ainda estava completa e estupidamente apaixonada por Gustavo.

-Daniel – Falando no Diabo...

-Oi Gustavo. – Respondeu baixo com os olhos fechados. Acho que ele estava tentando não meter o cacete em Gustavo...

-O que você estava... fazendo! – Nunca vi Gustavo tão irritado... Daniel estava pronto pra responder quando eu atropelei.

-Ele estava tentando me beijar - Sorri. Ihh... Gustavo ta ficando roxo...

-O que você está fazendo aí Gabi? – Suspirei.

-Eu estava esperando ser beijada, porque eu sou uma dama. Ao contrário das vadias, espécie onde se enquadra sua namorada, damas esperam os cavalheiros beijá-las. Não saem pegando qualquer cavalo. – Senti Daniel segurar o riso .

-Olha aqui! – Ele gritou – Vocês dois!

-Ihh... Gabi, eu vou vazar! Não to afim de ouvir sermão! – E saiu... Homem frouxo!

-Gabi...

-Cala a boca Gustavo! Não to afim de ouvir tua voz.

  -Mas eu quero falar contigo. – Ele me olhou com cara de cachorrinho abandonado.

-Fala logo!

-Eu to gostando de você!

-Tchau!

-Espera, por que é tão difícil você aceitar que eu gosto de você?

-Não é difícil aceitar – É até fácil demais – É difícil acreditar!

-Por que? Cara, eu te amo! – Eu comecei a rir.

-Cara, é tão cômico! De um dia pro outro você fala comigo e me chama pra uma festa... lá você me trata como uma cachorra, na frente de todos. O feitiço vira contra o feiticeiro. Eu fico triste e depois me levanto, você quase come minha pior inimiga na minha frente, eu fico com seu melhor amigo e você com o rabo entre as pernas, dizendo que acha que gosta de mim. No dia seguinte seu melhor amigo tentar ficar comigo e vinte segundos depois, descobre que me ama. Parabéns Gustavo. Record de mudança de sentimento!

-Gabi... não é bem assim!

- É Gustavo. Realmente não é assim. Por que você não me ama, você simplesmente me quer aos seus pés, como todas as garotas do colégio, quem sabe do bairro.

-O que? Gabi, não é assim!

-É assim sim, caramba! Sério, deixa de ser estúpido e egocêntrico. O mundo não gira em torno do seu umbigo. E mentir é feio. E dá rugas. – Sorri. Finalmente coloquei tudo que queria dizer pra fora.

-Gabi, pára de ser idiota e enxerga a verdade! Eu gosto de você porra!

Meti o dedo na cara dele.

-Em primeiro lugar, me respeite! Não sou uma das suas vadias. E não grite comigo! – Me exaltei. Eu sou da paz, mas quando eu rodo a baiana... não há quem me segure.

-Desculpe! Mas é que você não entende!

-Ok Gustavo, vamos supor que no mundo imaginário de Wally, você goste de mim. Só imaginar – ele ia falar, mas eu interrompi. – Então você gosta de mim, Beleza. Mas se você gosta tanto de mim a ponto de dizer que me ama o que você faz com a Fernanda? – Ele abriu a boca pra falar mas, e mais uma vez eu o interrompi. – Vamos supor que você sabe que eu ainda não estou pronta para... um relacionamento mais sério. Vamos assim  chamar... Você só está com ela porque ela é a única que te dá quando você quiser?

-Na verdade...

-ok! Vou recapitular minha pergunta. Ela é a única que te dá quando você quiser e na hora que você quiser?!

-Tecnicamente...

-Tudo bem! Vou recapitular minha pergunta novamente. Ela é a única que te dá quando você quiser, na hora que você quiser e de graça?!- Ele pensou por um segundo e concordou. – Então você continua sendo um idiota. Não que isso mude qualquer hipótese, mas enfim... Você é um idiota porque está trocando “seu amor” por um líquido branco saindo de seu membro rígido. Não tô falando que não seja bom... Deve ser. Se não fosse ninguém faria, mas ainda assim, você está trocando seu amor por uma noite de sexo... – Seus olhos estavam surpresos – Afinal... o que é sexo pra você?

-Sexo? Sexo é bom... sexo é vida, sexo é fogo, paixão, ardência e tesão. Sexo é ápice, sexo é pecado, vermelho e doce... Sexo é sexo.

-Só que é mais que isso Gustavo. Para mim, e para uma pequena, bem pequena parte da população, sexo é a mais bela e mais corajosa prova de amor. Pode me chamar de careta e idiota, mas... sexo sem amor, não deve ser nada. – eu disse

-Então pra você amor é menos importante que sexo?

Eu ri sem humor.

-Tem um poema de Luís Fernando Veríssimo que diz “Dar é muito bom. Mas experimente ser amado.” E eu digo, transar deve ser muito bom, mas experimente fazer amor.

                E nessa hora o sinal bateu.

-Então, me dê licença, que é aula de geografia e só nós sabemos que o nosso professor fica uma fera se chegarmos atrasados...

                As aulas passaram rápidas, o recreio, como sempre, passou voando. Logo o dia acabou. Estávamos no pátio. Eu me preparando para ir embora quando mais uma vez, aquela voz me xingou.

-Sua vadia! Vou acabar com você sua piranha! Sua puta de botequim! – Olhei para os lados

-Ta falando comigo? Que foi Fernanda? Gostou da surra e veio pedir bis?

-Você roubou meu namorado, sua puta!

-De novo? –ouvi alguém cochichar.

-Em primeiro lugar, eu nunca roubei namorado de ninguém.

-Como não? Se ele acabou de terminar comigo?

-Amiga... Namoros acabam... por que a culpa têm que ser minha?

-Porque ele disse que te ama. – Sabe novela mexicana? Quando alguém fala que o carinha pelo qual a mocinha chorona ta apaixonada? Geral faz som de “OOHHH”? Foi isso mesmo que aconteceu. Então lá longe avistei Gustavo. Nesse momento, Fernanda estava fora de si e dois enfermeiros da escola haviam a levado para algum lugar que eu não reparei.

                Inconscientemente me aproximei dele. Eu queria dizer algo. Qualquer coisa. Mas nada saía.

-Espero que agora - ele me fitou com um olhar triste - você acredite. – e se foi.