Agilidade escrita por Diane


Capítulo 5
Capitulo 5 - Meus pulsos ficam em chamas.


Notas iniciais do capítulo

Voltei!



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Acordar sabendo que alguém morreu não é um dos melhores modos de acordar.

— Quem morreu? — perguntei.

— Lauren Honeycutt.

Suspirei aliviada, bom, eu não conhecia essa daí. Pode parecer frieza da minha parte, mas é bem melhor saber que o defunto não é alguém que você conheça.

— Morreu como?

— Esfaqueada — Ilithya respondeu.

É, agora ela não podia negar que essas mortes não eram acidentes. Olhei para o relógio ao meu lado. Mal era seis da manhã e já tinha um homicida á solta, olha que maravilha...

— Ela morreu a que horas aproximadamente — perguntei. Sim, eu realmente estou bancando a detetive.

— Meia-noite, segundo a autopsia.

Duas mortes em menos de uma semana. Uma parecendo uma mero acidente, e outra uma tentativa de assassinato obvia.

Isso não tinha o menor padrão.

O alarme do celular tocou, anunciando que eu já estava cinco minutos atrasada para a faculdade. Ilithya saiu do quarto e só então notei que tinha algo de estranho, Vanessa não estava ali.

Normalmente eu não ficaria assustada com o fato de Vanessa não ter amanhecido no quarto, normalmente deduzo que ela dormiu fora. Mas quando tem um maluco homicida percorrendo os corredores...

Notei um bilhete roxo sobre o travesseiro da cama de Vanessa. “Estou no quarto de Ian, não diga nada á minha tia, please... VK”.

É, faz sentido.

Coloquei uma roupa mais decente que um pijama dos vingadores e fui para o refeitório. Como sempre as pessoas ali falavam desesperadamente, só que dessa vez era sobre um assassinato.

Não há nada que o povo fofoqueiro mais goste do que falar da vida alheia, e quando tem um assassinato no meio é bônus.

Sentei-me na mesa de costume, mal me sentei e senti alguém me cutucar.

Atrás de mim estava uma garota loiro, com uma blusa rosa choque e óculos quadrado. Mattew Hier, ou também conhecida como a filha da mãe que adora espalhar boatos pelo campus... Uma vez ela espalhou certos boatos sobre mim... Qualquer dia desses eu arranco a língua dela e empalho... Sim, o nome dela é masculino mesmo, ouvi dizerem que a mãe dela achou que fosse um menino e registrou com nome masculino e só depois percebeu que era uma garota, mas o estrago já estava feito. Trágico para ela, mas muito bom se um dia eu resolver zoa-la.

— Fale criatura — disse me virando.

— Você sabia que Lauren morreu esfaqueada? — Os olhinhos pequenos estavam brilhando de satisfação por estar sabendo de tudo.

— Sim, a própria Ilithya me contou.

— Jura?

— É.

Ela soltou um gritinho fino. Cara, eu prevejo que logo irei ouvir pessoas falando algo como “Ilithya notificou Christine, será que foi ela que matou Lauren?”

— Sério, qualquer dia desses eu vou arrancar a língua dessa criatura — murmurei.

— Eu te ajudo a arrancar a língua dela — Alec sorriu maldosamente enquanto visualizava a cena.

Eu ri maldosamente enquanto imaginava o tamanho da língua de Mattew empalhada. Alec riu também quando viu o que eu estava imaginando. Esse é o mal de uma ligação mental, você não pode imaginar nada sem que o outro veja. Sério, a língua da criatura devia medir pelo menos dois metros...

— Sério, gente, juro pelos deuses olimpianos que Ilithya sabe que Christine matou Lauren — imitei a voz fina de Mattew.

— Não... Ele falaria assim: Oh, meu santo Zeuzinho! Ilithya e Christine mataram Lauren. Notifiquem para o ministério dos seres místicos, a nossa diretora é uma assassina! — disse Alec, imitando a voz de Mattew perfeitamente.

Comecei a rir novamente, mas no fundo eu sabia que Mattew iria espalhar coisas assim pela escola. Aposto que no dia seguinte vai ter gente me olhando de cara feia.

— Lauren morreu e vocês estão brincando? — Vanessa falou indignada.

Vanessa estava com os olhos inchados, Mary também estava assim. Eu tinha esquecido que elas eram amigas da menina que morreu.

— Ontem mesmo nós estávamos vendo um filme no cinema — Mary lembrou.

Vanessa riu secamente.

— E agora ela está morta. É tão difícil acreditar nisso não é? Lembra quando ela derrubou pipoca na coca-cola ontem quando apagou as luzes da tela?

— E depois derrubou a coca-cola em mim —Damien disse.

— E depois você esbarrou em mim e quase torceu meu braço — Ian olhou para o braço enfaixado em gaze e depois lançou um olhar fulminante para Damien.

Todos ficaram quietos por um segundo. Damien encarou o braço de Ian.

— Sério que torci seu braço? — ele perguntou.

— Não, eu só estou com o meu braço enfaixado por que é nova moda agora — o feiticeiro disse sarcasticamente.

Logo em seguida eles começaram a trocar irônias. Alec ajudava Damien contra Ian, e Sam ria igual uma hiena parindo. Seres esquisitos...

Depois de comer meu pudim – Sei que comer pudim logo de manhã não é nada nutritivo, mas quem liga para a nutrição? – sai da mesa e fui para a faculdade.

[...]

O dia passou muito rápido, e tinha um clima tenso em todo lugar. Enquanto o professor discursava sobre tecidos do corpo humano na faculdade juro que vi uma sombra atrás de mim, e quando virei era apenas a cortina da janela.

Estava me sentindo exausta como se algo drenasse minha energia. Depois da faculdade fui treinar lutas corpo-a-corpo á tarde, como um dia normal. Raphael estava de mau-humor e me mandou lutar com Alec, bom, depois da aula eu e Alec tivemos que fazer uma visita à enfermaria. Um conselho: Jamais pratique luta-corpo-a-corpo com alguém que quando você bater, os efeitos da sua pancada também vai refletir em você.

Á noite fui para aula de Ilithya, embora eu estivesse quebrada, é, descobri da pior forma que meu chute dói.

A aula foi normal, acredite, nada de lustres caindo na cabeças de pessoas que passavam no corredor. Treinei o controle do elemento água, já que tinha mais facilidade para controlar água que o fogo.

Resumindo, foi tudo normal. Mas por que eu sentia aquela sensação estranha?

Por volta da meia-noite eu estava deitada na minha cama, tentando dormir, sem muito êxito. Prevejo que terei que tomar remédios para insônia futuramente.

— Vanessa — chamei.

— Âhn?

Isso foi um bom sinal, normalmente ela jogaria um travesseiro na minha cara por ter interrompido seu sono de beleza.

— Por algum motivo estranho não consigo dormir — falei.

Ela me olhou incrédula. Sou conhecida por dormir a qualquer hora do dia e a qualquer momento, e quando durmo sou pior que uma pedra. Então a criatura parou de me olhar e enfiou a cara no travesseiro.

— Vá dormir. Estou exausta por causa de ontem.

Ela não disse o porquê da exaustão, mas deu para adivinhar. Ian. Ela. E um quarto vazio.

— Vanessa... Como era a garota que morreu? — perguntei.

Por que eu queria saber isso? Difícil explicar mas acho que todos esses assassinatos tem uma ligação e alguém quis me matar. As vezes me sinto até responsável por achar o culpado e puni-lo – de um modo bem doloroso, preferencialmente.

— Lauren não era boazinha e meiga como Mary, mas nem sarcástica e irônica como você — ela me encarou antes de continuar —, ela era legal, sei que é clichê só falar coisas boas de quem morreu, mas não tem quase nada de ruim para falar dela. Ela gostava de se divertir, gostava muito, só vivia em baladas. Era um tanto inconsequente. Não gostava de estudar e tinha reprovado no último ano do colegial. E ela amava coturnos, as vezes penso que ela dormia de coturnos de tão obcecada que era. E também fazia mexas coloridas no cabelo, e, ahn, é claro, vivia ouvindo rock.

Era fácil imaginar Lauren. Uma garota inconsequente usando coturnos e com mexas no cabelo enquanto ouvia rock no celular e discutia com adultos de um jeito rebelde. Sim, era fácil.

Então imaginei aquela garota morta, esfaqueada. Algumas pessoas dizem que ela estava seminua quando foi morta. Tem ideia de quanto isso soa mórbido?

— Mas por que você quer saber isso? — Vanessa perguntou.

— É estranho. Mas sei lá, eu quero descobrir quem matou essas pessoas. Acho que essa mesma pessoa já tentou me matar. E saber quem são as vitimas ajudaria a achar o assassino. Bom, pelo menos eu acho.

Ficamos paradas em silêncio. Vanessa sabia do caso da moto, todos pensaram que era acidente, mas agora isso poderia ser sério.

— Quem gostaria de mata-la? — perguntei.

Vanessa me lançou um olhar vago e irritado.

— Ela era inofensiva se você ignorasse que ela era atrapalhada. O mais estranho de tudo é que ela estava nervosa no dia antes de morrer, não creio que ela soubesse que iria morrer. Devia ser pressentimento. Ela sempre tinha pressentimentos, só que geralmente era nada. Uma hora antes de morrer, quando ainda estávamos no cinema ela disse que estava com um mau pressentimento. E... ela morreu.

Ficamos em um clima incrivelmente tenso. Não consegui dormir depois disso, e suspeito que Vanessa também não devido ao barulho dela se remexendo toda hora.

Uma típica adolescente rebelde. Um garoto galanteador. Os dois mortos pela mesma pessoa, provavelmente.

Algo sem a menor ligação.

Então tive uma ideia súbita e louca. Bem, eu sempre tenho ideias loucas, então não acho que deve ser surpresa.

[...]

Bati na porta de Alec três vezes. Ele não atendeu, provavelmente estava dormindo. Pensei em pegar um grampo de Vanessa e tentar abrir a fechadura, mas a porta estava aberta. Sim, exatamente isso, a porta estava aberta! Vários assassinatos ocorrendo e aquele garoto idiota deixava a porta aberta!

Abri a porta rapidamente e entrei no quarto. Detesto admitir isso, mas o quarto de Alec é bem mais arrumado que o meu. Era tudo limpo e no lugar certo, e as mesinhas, e estantes de livros estavam arrumadinhas.

No canto do quarto, próximo á uma janela, estava a cama dele. Era uma cama king size, enorme e luxuosa como todos os moveis do quarto, com o dobro do tamanho da minha, o que era injusto. Enrolado em cobertas e lençóis tinha um vampiro dormindo na cama.

Eu não conseguia ouvir a respiração dele. Tive apenas um momento de pânico antes de lembrar que vampiros respiram mais baixo que os outros seres.

Aproximei-me lentamente, sem fazer nenhum barulho e apenas o observei. Dormindo e sem o sorriso irônico ele ficava parecendo quase angelical.

Qualquer pessoa boazinha ficaria atônita olhando um ser tão bonito dormir tranquilamente e sentiria pena de acordar. Sinto muito, eu não sou uma pessoa boazinha e ele não é um anjo, então merece pagar os pecados.

Pulei na cama com todo impacto possível.

— Alexander Kroell, levanta daí criatura!

Um segundo depois os cílios longos dele tremeram e ele me encarou furiosamente. Ninguém acorda de bom humor depois disso. Poderia ser pior, talvez um balde de água. Deuses, como sou malvada.

Ele me empurrou para baixo dele e ficou por cima de mim, segurando meus pulsos e imobilizou minhas pernas. O rosto dele estava tão próximo de mim que pude ver que as pupilas dele se dilataram, como as de um gato sobre ataque.

Debati-me, não funcionou muito bem já me os meus pulsos estavam presos e minhas pernas também. Se eu fosse experiente em judô ou em alguma luta solo talvez pudesse me livrar dessa situação, mas sempre fui péssima em luta solo. Quer me vencer numa luta corpo-a-corpo? Prenda-me no chão. Ou em uma cama. Sério, isso foi sem malicia, juro, seus maliciosos.

— Christine? — Finalmente ele parecia ter notado que era eu e não um assassino psicótico.

— Não, o papai-noel.

Ele revirou os olhos. Era bem obvio que era eu.

— O que você está fazendo aqui?

— Eu queria conversar com o meu melhor amigo, mas ele é um ninja psicótico e me atacou antes de eu ter a oportunidade de abrir a boca.

Ele ergueu uma das sobrancelhas.

— Criatura, o que você quer conversar ás duas da madrugada? Não tem horário melhor?

Se minhas mãos não estivessem presas eu socaria ele por ter me chamado de criatura.

— Solta meu pulso! — rosnei.

Alec revirou os olhos e soltou meus pulsos e se deitou de lado na cama, me encarando.

Olhei meus pulsos. Estavam levemente avermelhados. Nada muito sério, mas se amanhã ficasse roxo... bom, um certo vampiro perderia os dentes. Alec leu meus pensamentos e sorriu maldosamente.

“Vampiros não quebram dentes... É impossível, nossos dentes são resistentes”, ele pensou.

— Vamos ver quão impossível é isto se meus pulsos ficarem roxos... — murmurei.

— Não vão ficar roxos — ele falou.

Eu duvidava, ele só faltou quebrar meu pulso quando viu que tinha um intruso no seu quarto.

— Duvido.

— Eu tenho meus truques.

Alec pegou o meu pulso direito delicadamente e analisou. Logo em seguida, filamentos de chamas negras subiram da mão dele para o meu pulso e o circularam. Se eu fosse uma pessoa normal, eu teria um pulso tostado agora mesmo, mas graças a aquela ligação mental idiota os poderes dele não me causam danos.

As chamas negras percorriam o pulso e por onde elas passavam deixavam uma sensação de frio, e surpreendentemente, a dor passava e a vermelhidão do aperto também.

Ele soltou o meu pulso e olhou para mim.

— Legal, né?

Encarei-o, irritada.

— Todos tem poderes de cura — disse — Menos eu que pretendo ser uma médica especializada em genética, mas ainda sim médica.

Ele pegou meu outro pulso e repetiu o processo.

— Isso não é exatamente um poder de cura, se eu fizesse com outra pessoa ela se queimaria gravemente, para falar a verdade, ela viraria cinzas. Você sente frio quando as chamas te tocam por que elas são tão quentes que seus nervos entram em colapso. As chamas tem efeito de cura em mim, é um efeito bem pequeno, nada muito milagroso, e então pensei que teria o mesmo efeito em você.

Provavelmente ele herdou isso da tia. Ilithya era tão boa em feitiços de cura que era capaz de curar até membros decepados.

— Pouco importa as chamas curativas. Eu preciso descobrir quem é o assassino — falei.

Ele me encarou.

— Até que demorou para você ter sua crise de Sherlock Holmes, mas ás duas da manhã?

— Ah, mas eu sou um anjinho... — falei angelicalmente.

Alec me encarou, totalmente cético. Por que ninguém cai no truque da minha carinha angelical?

— Ah, é, um anjinho — ele falou sarcasticamente.

Peguei o travesseiro e taquei nele. Isso foi apenas uma das minhas demonstrações de comportamento angelical.

— Eu preciso que você me fale quem gostaria de matar Ethan — falei justamente quando ele estava se preparando para jogar um travesseiro em mim.

Eu não conhecia Ethan muito bem. Na verdade só o vi uma vez, quando ele deu encima de mim e eu quebrei o nariz dele que foi prontamente reconstituído por uma plástica, mas eu duvido que Ethan fosse com a minha cara.

— Acho que ninguém o odiava a ponto de querer mata-lo — Alec disse — Mas havia pessoas que não gostavam dele.

Peguei um caderno na escrivaninha próxima da cama e com uma caneta junto. Abri uma página no final e escrevi: “Suspeitos”.

— Quem não gostava dele? — perguntei.

— Eu.

Escrevi “Alexander Kroell” abaixo de onde estava escrito suspeitos.

Alec olhou para o que estava escrito e depois olhou para mim.

— Isso não teve graça nenhuma — ele disse enquanto arrancava a folha.

— Okay, mas agora falando sério, cite pessoas que o detestavam — falei.

Ele pareceu pensar um pouco.

— Tinha alguns garotos que o detestavam: Ah, sim Tyler Stwert, Max Kewood, Alaric Greyback... E também tinha aquela ex-namorada dele: Cassie Lye.

Anoitei todos os nomes na minha lista de suspeitos.

— Por que você quer esses nomes? — ele perguntou.

— Pretendo descobrir o assassino...

Expliquei para ele toda aquela sensação que tive esses dias como se quem estivesse assassinando essas pessoas tivesse algo a ver comigo. Também falei uma das minhas teorias, a que o assassino de Ethan era o mesmo assassino de Lauren, e que ele só assassinou Lauren por que de alguma forma ela sabia sobre ele. Era uma boa teoria, mas por que o assassino gostaria de me matar ou tentar matar Damien.

Depois de discutir inúmeras teorias que cada vez perdiam o sentido, comecei a sentir sono e o pobre vampiro também, e então resolvi voltar para o meu quarto e dormir.

Após sair do quarto e fechar a porta, desta vez a trancando, virei para o corredor e deparei com a presença de uma pessoa.


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Notas finais do capítulo

Não me matem... A única coisa que tenho a declarar é: Semana de provas e feriados. Não me culpem. Culpem Darwin, Thomas Edison, Bhaskara... esses caras e a minha preguiça.

Mas e aí, o que acharam do cap? Quem não gostaria de ser presa por Alec? Hushuahsuashuashau