Agilidade escrita por Diane


Capítulo 23
Capitulo 23 - Ligações suspeitas.




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Perspectiva de Ilithya.

A primeira coisa que Ilithya viu quando entrou na dimensão foi um monstro. E não foi uma vista muito bonita.

Imagine um cachorro. Agora imagine um bem grande, com asas metálicas, garras de ouro — afiadas, obviamente —, e bem... aquilo era um rabo de cobra? Olhe, Ilithya não esperava ver um jardim com florezinhas flutuando e anjos cantando, mas um cachorro voador? Ok, Erebo tinha criatividade.

A feiticeira apertou o punho esquerdo e o seu cajado apareceu ali, bem na hora. O cajado nem tinha acabado de se materializar quando ela o ergueu e um escudo se formou ao redor dela.

O animal se chocou com o escudo, os dentes se fechando ao redor dele. Era apenas uma parede invisível, mas se Ilithya olhasse pelo canto do olho, ela poderia ver a parede ondulando.

O bichinho de Erebo deveria ser bem forte para conseguir fazer isso, quebrar um escudo com os dentes. Escudos repeliam todo o tipo de força física jogado contra eles, era para o animal ter voado.

Então Ilithya olhou os dentes do animal. Era prata. E prata era capaz de quebrar qualquer tipo de mágica.

Apesar do escudo não ser visível, quando ele quebrou um som alto percorreu o lugar. Lembrava o som de uma janela quebrando, e acredite, Ilithya tinha ouvido muitas janelas quebrando durante sua vida, apenas o efeito de lidar com adolescentes.

Ela pulou para trás, antes que os dentes se fechassem nela. Agora, longe, dos dentes do animal, ela reparou que tinha uma árvore atrás de onde estava á segundos atrás. E o monstro fechou os dentes na árvore, que se dividiu em quatro pedaços.

Era uma boa ideia tentar não ser mordida.

Se ela ficasse só na defensiva, uma hora iria ser atingida, a melhor hipótese seria atacar. Isso era uma boa ideia, mas o monstro tinha a cara de um labrador. Ilithya amava labradores, tinha um quando era pequena, Bob era lindo com seus pelos dourados.

Não é Bob, ela pensou.

Argenteis laminis — murmurou rapidamente.

Duas pequenas lâminas prateadas apareceram na sua mãe e instantaneamente voaram na direção dos olhos do monstro. Ilithya nunca conseguiria mirar perfeitamente sem magia, mas não importava na hora, as lâminas se fincaram nos olhos do animal.

Ai. Era como se ela estivesse machucando um cachorrinho. Bom, na maioria das vezes os cachorrinhos não tem garras de pratas e querem te comer.

A pena era que o monstro deveria ter um bom olfato, por que mesmo cego ele conseguiu localiza-la.

Sério, Ilithya ainda nutria as esperanças que poderia deixa-lo cego e ele, com medo, iria sair correndo por aí e não seria necessário mata-lo. Mas o instinto do animal era matar qualquer um que entrasse ali, mesmo machucado. Por que ele tinha que se parecer tanto com Bob? Ah, Ilithya iria estrangular Erebo se pudesse.

A feiticeira bateu o cajado no chão e um pequeno tremor percorreu o local. O animal oscilou o passo. Fiapos negros se condensavam no chão no lugar em que o cajado tocou. Os fiapos viraram um corvo feito de sombras que se dissolveu em uma revoada de corvos. Os corvos eram grandes, maiores que a média e tinham bico metálico e olhos maldosamente vermelhos.

Os corvos voaram para cima do animal de Erebo, circulando ao redor de ele e o bicando. Ilithya sabia o que ia acontecer, esses corvos iriam bicar o animal até à morte. Ela só podia invoca-los, por que sua mãe era uma filha de Hécate e o símbolo dessa deusa era os corvos.

Depois de um tempo, os ganidos pararam e os corvos sumiram, só deixando uma carcaça no chão. E por mais incrível que pareça, não era uma carcaça semelhante á um cachorro gigante, aquilo tinha uma silhueta estranha, indefinida. Ilithya sabia que existiam monstros que podia se alterar suas formas para algo ameaçador, ou que mexesse com o psicológico das suas vítimas.

Erebo, sempre cheio de truques.

Pela primeira vez, sem cães gigantes e corvos ou ameaças, ela pode observar o lugar onde estava. Era uma clareira de uma floresta. Pequenas pedras estavam espalhadas por todos os cantos.

Não parecia ameaçador.

— Caramba, Ilithya, que treco é esse caído aí? — Uma voz familiar e élfica gritou atrás dela. Ilithya congelou. Vou matar essas pragas

Lentamente ela se virou para trás, se perguntando se não era algum tipo de carma ou teste de paciência interdimensional. E não era, bom, mas podia ser um carma. Mary, Sam, um tigre gigante e uma general de Trivia desmaiada estavam ali, bem atrás dela.

Foi necessário toda a paciência dela para não se transformar em uma assassina de adolescentes.

— Seus filhos da p— Corte de palavrão — O que estão fazendo aqui?

Nessa altura Ilithya já tinha arremessado o cajado na cabeça deles e batia os pés. Ilithya nasceu no século XVI, e foi educada desde pequena para nunca falar palavrões e palavras grosseiras. E naquela hora, ela perdeu o controle, gritou todas as palavras que estavam no repertório de palavras grosseiras.

Foi tão alto que até a general de Trivia, que estava desmaiada, se remexeu.

Espere, general de Trivia?

Perspectiva de Rosie.

Primeiro tire a espinha, as escamas e as entranhas do peixe. Depois passe ele na farinha de rosca e corte em três pedaços iguais...

Ah? Peixe?

Rosie acordou sobressaltada e olhou ao redor. Estava deitada em um sofá branco e macio, ao invés da sua cama do hotel. No outro lado, sobre um sofá branco, tinha uma gata siamesa assistindo televisão. As patinhas da felina estavam encima do controle e ela aumentava o volume.

Gatas assistindo televisão?

Então todos os acontecimentos da noite anterior a atingiram como um tapa na cara. Leões voadores. Panteras com garras bastante afiadas. Mortos-vivos assassinos. Portas explodindo.

— Eu não estava sonhando não é?

A gata olhou para ela curiosamente.

— Você sonhou com peixe frito em rosca?

— Não, não isso. Estou falando do que aconteceu ontem.

— Ah, isso aconteceu mesmo. Mas, mudando de assunto, você sabe cozinhar peixe?

Aparentemente a gata estava um pouco obcecada por peixe.

— Não.

A gata revirou os olhos azuis e suspirou.

— Sério? Ninguém mais nessa porcaria de mundo sabe cozinhar um bom peixe?

Rosie pensou em argumentar que ela era vegetariana e não cozinhava carne, mas pareceu ser uma boa ideia não interromper a linha de raciocínio da felina. Na verdade, parecia ser uma boa ideia não irritar ninguém que possa se transformar em uma onça. Para falar a verdade, ela nunca pensou que um dia estaria conversando com uma gata falante sobre peixes. Ó como o destino é irônico.

— Bom... Onde eu estou? — Rosie perguntou.

— No hotel New York — Idia respondeu e voltou a ver televisão.

O hotel New York não ficava tão longe do Luxor onde ela estava hospedada com as amigas. Ah, deus, suas amigas deviam estar loucas de preocupação. Ela sumiu por uma noite inteirinha e nem deixou recado. E ainda poderia ser pior, elas poderiam ter ligado para sua tia e seu tio, e ela nunca mais iria viajar novamente.

Christine e Damien tinham acabado de entrar na sala. Aparentemente, eles deviam ter ido comer café da manhã no saguão do hotel, já que Christine estava carregando um pedaço de pizza na mão — Rosie nunca iria entender como alguém conseguia comer pizza logo de manhã.

— Me empresta seu celular? — Rosie pediu para os dois.

Christine franziu as sobrancelhas.

— Por que eu emprestaria? E por que você quer?

Damien revirou os olhos e entregou o celular dele.

Rosie pegou o celular. Parecia ser apenas um Iphone normal, nada de tentáculos e nem dava choques. Ela digitou o número de telefone dos seus tios e ficou esperando eles atenderem.

E eles estavam demorando para atender.

Quando ela era pequena, seus pais morreram em um acidente de trânsito e ela foi criada por Mark e Catherine, Mark era irmão adotivo da mãe dela, e automaticamente a guarda dela passou para ele, já que não tinha mais parentes vivos. Ela vivia com eles desde que tinha cinco anos, e conhecia Catherine suficiente para saber que ela nunca demorava para atender o telefone.

E o celular continuava mudo.

Tudo bem, Rosie pensou, eles devem ter saído. Ou pior, estão vindo atrás de mim.

— Rosie... — Era a voz de Catherine e apesar de Rosie nem ter falado oi, de alguma forma Cathe sabia que era ela na linha. A voz da mulher soava cansada e desesperada — Não volte para casa. Fique na casa de alguma amiga sua, por favor.

Rosie quase deixou o telefone cair.

— Oque?

— Não me questione! — Agora dava para ouvir outro barulho através da ligação como um rangido.

— O que está acontecendo? — Agora Rosie estava soando realmente assustada.

Um grito cortou a ligação e Rosie quase tropeçou no chão, surpresa.

— Cathe? Cathe? — Ninguém respondia — Tia, por favor...

A única resposta era ruídos estranhos e o som de objetos quebrando. Em algum momento Damien deve ter percebido que algo estava errado e pegou o celular das mãos dela.

— Alô? — Ele perguntou.

— Olá Damien — Rosie estava perto o suficiente para ouvir a voz que respondeu. E não era a voz da sua tia. Era uma voz feminina e suave— Pode passar para Christine, por favor?

Por algum motivo, ele estava terrivelmente pálido, oque evidenciava ainda mais a cor dos olhos dele. Rosie enfinco as unhas na palma da mão. Agora não era hora para ficar admirando garotos bonitos.

Damien estendeu o celular para Christine. Ela estava esparramada no sofá lendo um livro.

— O que foi? — Ela perguntou, mas pegou o telefone.

Daquela distancia, Rosie não conseguia ouvir o que quem quer que seja no celular tinha falado, mas ela observou a expressão de Christine. Ela não falou nada, mas ficou parada e imóvel.

Então ela ouviu um estralo agudo. Christine tinha esmagado o celular.

Perspectiva de Vanessa.

Vanessa nem sabia qual era o assunto do livro que estava lendo. Ou melhor, fingindo ler.

Ela estava na sala. As janelas estavam abertas e o frio noturno do deserto entrava lá. O frio era desagradável, mas ela nunca pegaria uma roupa de frio que pertencesse a Trivia emprestada. Estava frio e ela não queria ler. O único motivo para ela estar na sala era o fato de Trivia e Thanatos estarem lá. E melhor, eles estavam conversando.

Já que Alec preferia ficar trancado no quarto lendo livros, alguém tinha que espionar de verdade.

— Então, eles já falaram alguma coisa? — Thanatos perguntou, lançando um olhar divertido para Trivia.

— Não, mas vou fazer eles falarem — O sorriso de Trivia era um pouquinho cruel demais para o gosto de Vanessa.

Vanessa virou lentamente uma página, só para fingir que estava lendo em um ritmo normal e não apenas encarando uma folha. Ela levantou os olhos cuidadosamente para eles não perceberem que ela estava olhando.

Trivia estava sentada no sofá, completamente formal como uma dama. Já Thanatos estava esparramado no sofá e com os pés numa mesinha de centro que deveria ser bem cara. Era um milagre que Trivia não estivesse xingando ele.

— Ah, mas eles me parecem tão determinados — Thanatos zombou.

— Nada que umas torturas não resolvam — Para Trivia, torturas resolvem tudo.

— Se papai descobrir, irmãzinha... você está ferrada.

— Ele não vai descobrir.

— É admirável a sua certeza plena.

— Ele só vai descobrir se você contar.

— Ah, mas eu não vou contar.

Mas pelo tom de voz de Thanatos, algo indicava que ele não estava falando a verdade.

— É bom que aquele velho odiável não descubra nada — Trivia falou. Vanessa se controlou para não levantar uma sobrancelha. Alguém aqui não gostava muito do pai.

Trivia se levantou e saiu da sala com os saltos altos estralando no chão e bateu a porta quando saiu.

Demorou cerca de dois segundos para Vanessa perceber que tinha ficado sozinha com Thanatos e que ele tinha sentado do lado dela.

— Então, descobriu alguma coisa? Pelo menos entendeu algo? — Ele perguntou sorrindo.

— O que você quer dizer com isso? — Vanessa perguntou cuidadosamente.

— Sinceramente, você acha que sou burro? Por que mais você estaria aqui, no frio, sendo que podia estar quentinha dormindo do seu quarto? Você queria espionar. E lamento informar, você está fazendo um péssimo trabalho, meu anjo.

Vanessa ignorou o “meu anjo” com precisão.

— Já que você sabe que eu e Alec viemos aqui para espionar, por que não nos mata logo?

— Talvez eu não queira matar você. Além disso, sou contra os planos de Trivia e seria útil se vocês estragassem eles sem eu precisar me intrometer.

Vanessa levantou uma sobrancelha.

— E quais são seus planos?

— É muito simples. É só aterrorizar sua raça o suficiente para eles pararem de cultuarem Nyx. Daqui uns séculos ela seria esquecida, e deuses quando são esquecido, ficam fracos, quase não existem mais. Sem ela, meu pai estaria no poder. E ele me daria o mundo inferior.

— Isso seria muito trabalhoso — Vanessa observou — Entendo por que Trivia não gosta disso.

Thanatos riu. E ele ficava incrivelmente bonito quando ria. E isso fazia Vanessa querer se estapear para parar de ser idiota.

— Trivia é uma criaturinha adorável. Só pensa em vingança, sangue e guerra. Ah, se ela soubesse como dá trabalho conduzir toneladas de almas para o mundo inferior.

Então, quando ela menos esperava, ele se aproximou rapidamente e beijou sua bochecha, em uma parte muito perto da boca dela. Perto demais para ser saudável.

— À proposito, você deve estar com frio — Ele tirou a blusa de moleton preta e jogou com cima dela.

Antes que ela pudesse protestar, ele sumiu nas sombras.


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