O casulo se abriu. Skye olhou ao redor, focando o agente ao seu lado. Se despedaçando. Morrendo. Por culpa dela.

Ela abriu os olhos, aturdida. Encarou o teto cinza da quarentena, se perguntando até quando não conseguiria mais fechar os olhos (nem que fossem por segundos) sem ver o que tanto queria esquecer.

Há pouco, Skye acordara do sedativo e, para seu desespero não havia mais nenhum por perto. Ela simplesmente não aguentava mais. Odiava mudanças. Odiava não ter ideia do que aconteceria a seguir. E mais do que tudo, odiava o fato de que Trip não estaria mais ala para ajuda-la com tudo.

Não haveria mais nada. Nem teorias bizarras sobre o futuro. Nem comentários desnecessários e idiotas que a faziam chorar de rir. Nem conselhos vindos do Comando Selvagem. Não haveria mais Trip.

Agora, só teria a culpa, a tristeza e aquela dor aguda, martelando seu coração. E as lágrimas escorrendo sem freios por seu rosto, molhando o travesseiro, não aliviando em nada o maldito peso em suas costas. Ela passou as costas das mãos nas bochechas, tentando fazer com que as lágrimas cessassem. Em vão, fazendo com que sua cabeça latejasse mais ainda.

Desde sempre, Skye odiava perder as coisas. Fossem elas pessoas ou oportunidades – boas ou não. Apenas porque não conseguia parar de pensar no que poderia ter acontecido, ou sido.

Por mais que grande parte dela não se arrependesse (por se sentir mais completa, mais certa) de ter entrado naquele templo, outra parte sentia nojo, raiva de si mesma. Trip não devia ter entrado lá. Ela não devia ter entrado lá.

Durante toda a sua vida, Skye quis saber tudo sobre seu passado. Hackear a S.H.I.E.L.D. aquela vez torno isso possível, mas ela nunca achou que, depois de um tempo, isso pareceria completamente errado, porque não era mais importante para ela. Agora, ela já tinha uma família. Coulson era seu pai (o melhor que a vida podia ter lhe dado) e, por mais que não parecesse ou soasse estranho, tinha May como sua mãe cabeça dura. Nem precisava comentar que tinha Fitz-Simmons como os melhores irmãos do mundo. E houvera Trip.

Aquele primo/irmão/melhor amigo. Que fazia nenhum dia ser como o outro. Que fazia tudo brilhante, esperançoso e feliz.

Não teria mais nada. E a única coisa boa era que ele estaria em paz. Não teria mais que se preocupar em sobreviver e fazer desse mundo um lugar melhor. Na verdade, Trip fizera tudo bem bom que fora possível a ele em vida.

Skye nunca acreditara em Deus. Contudo, pela primeira vez na vida, ela desejou que uma força boa existisse para reger o Universo, porque com certeza, Trip estaria com ela.

E, por mais que demorasse, Skye sabia que tudo ficaria bem.