Consciente escrita por wulpyx


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

A narrativa pode mudar de primeira para terceira, mas prossegue bastante tempo na primeira. Tudo é contado do ponto de vista do Kise, mas não deixa de ser menos confuso. Escrita de tal maneira propositalmente, então não há como mudar para melhor compreensão.

Sentimentos e pensamentos. Apenas isso.

Boa leitura.

/revisada



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Uma pessoa de extremo egoísmo e coberta pela mais pura inveja. Quem sabe seja somente um querer próprio; não vejo isso como ser egoísta ou ser invejoso. Apenas gosto de ter tudo e todos somente para mim. Contudo, não é bem que assim funciona. Nunca as pessoas e o todo foram de acordo com o que eu queria, e isso, somente me despedaçava cada vez mais.

Eu queria ser o foco de todos, e consegui. Mas isso nunca foi o bastante... O que adiantava tudo isso se daqueles as quais eram meus alvos não surgia efeito? Eu nunca pareci o suficiente, para ninguém. Sempre fui substituível. Estava sempre buscando ser a pessoa perfeita para você. Até o dia que você disse que não era eu o que procurava. O que queria.

Você não faz noção até hoje de como suas palavras me machucaram, não é? Desde então eu almejei sempre ser alegre para todos enxergarem isso. Um sorriso aparentemente alegre. Kise apresentava-se perfeitamente diante de qualquer um. Palavras em uma primeira análise, doces e gentis, sempre dispostas a lhe ajudar, não importando se você era o amigo, ou até mesmo quem lhe queria mal.

Eu sempre fui uma pessoa boa demais, e isso tudo, se tornava uma pena no final por ser somente falsidade. Eu não consigo ser bom com minhas vontades. Eu invejo a todos e a tudo. Se todos vissem a pessoa fria que sou, como quero somente que todos sumam, e restem apenas os que me trarão algum lucro. Sentimental, material. Físico. Eu acho que não teria ninguém ao meu lado, não? Assim como eu me sinto por dentro. Vazio.

Não se pode ser forte a todo o momento. E fora com um sorriso no rosto e lágrimas tão frias quanto meus sentimentos por todos e comigo mesmo que eu me destruí, começando por dentro e lentamente sendo desfeito até não restar nem mesmo o meu ser.

Vejo pessoas felizes e desejo lágrimas igualmente as que me ferem em seus rostos. Rasgando suas almas, assim como a minha que há muito já está destruída. Ele acabou com ela. Ele acabou com tudo. E o que eu fiz? Tornei-me um boneco de aparências.

Kagamicchi... Eu sempre invejei e queria sua capacidade de se dar bem com todos. De ser feliz com seus verdadeiros sentimentos, de sorrir com um sincero e verdadeiro sorriso em real alegria. Eu sempre quis ter sua capacidade de amar. De proteger alguém que se goste tanto que não se importaria.

Eu aguardei dia após dia para que eu pudesse lhe dizer meus sentimentos com total certeza. Mas eles não saíram, não é? Fiz você sofrer, todos os dias os quais ficamos juntos. Eu não sentia nada por você no final das contas. Tudo foi criado por meu inconsciente. Eu. Alguém capaz de amar. É uma vergonha invejar alguém que tem um coração e ainda admitir isso. Eu sinto realmente muito por tudo o que lhe fiz passar.

Aominecchi... Eu sempre invejei a sua forma sincera e sempre firme. Eu sabia como você se sentia de verdade, por mais que não fosse fácil você se abrir para alguém. Eu fui o escolhido naquela noite tão sem sentido quanto minha existência. Você sempre teve a capacidade que eu mais queria para que todas as outras fossem possíveis. Eu não consigo dizer a verdade, nem mesmo no fim.

Até no meu último segundo eu me peguei a indagar a mim mesmo. Como você era tão capaz de ser alguém completo. Você também possuía um coração, sentimentos, e sempre soube expô-los, por mais que fosse difícil, e você achasse que seu orgulho era maior do que tudo, e se declarar não fosse necessário. Você fez. E foram as palavras mais lindas que eu pude escutar ainda em vida.

Murasakibaracchi... Eu o invejo por ser tão doce e gentil em verdadeiro querer, não por buscar terceiras intenções para algum mérito pessoal. E você sempre foi assim comigo, enquanto eu chorava, com um buraco no meio de meu peito, jorrando sangue junto das minhas palavras em perdão falso. Até aquele dia você não soube me dizer por que eu era de tal forma. Mas eu acho que ninguém seria capaz disso, não somente vendo o que eu permitia que vocês vissem de mim.

Ainda busco seu sorriso enquanto come doce, mas percebo que você tem lágrimas de sentimentos guardados a molhá-los e deixar o gosto que tanto ama amargo para poder ser comestível novamente. Por que você continua chorando por mim? E por que somente no fim você resolveu se importar? Tínhamos um elo. E esse foi desperdiçado pelo tempo em que fomos idiotas a não percebemos o que realmente tinha que ser feito. Poderíamos ter sorrido mais. Poderíamos ter sido realmente felizes.

Midorimacchi... Você foi a pessoa que eu mais fiz sofrer. Eu sempre invejei sua forma a se preocupar com os outros, mesmo que não mostrasse com clareza. Eu queria poder ser assim também, mesmo que um pouco. Você não poderia me ceder parte disso? E mesmo assim, ainda tem um sorriso em meu rosto denunciando que eu não sinto qualquer remorso. As lágrimas que derrubo agora enquanto penso nisso, elas não fazem sentido, eu não sinto nada. É tudo passageiro, tudo se torna um abismo que não pode tem fim ou possibilidades de se estabelecer de um lado para o outro. Até porque, nesse cenário que eu me encontro, só existe essa imensa fenda comigo dentro.

Eu lhe enganei por tempo demais. Eu me enganei ao achar que um dia poderia dar certo qualquer coisa entre nós dois. Aqueles últimos momentos definem bem, não acha? Não poderíamos nem ser mesmo amigos no final das contas. Eu queria poder dizer com lágrimas nos olhos que o que eu sinto é tristeza, felicidade, ou qualquer sentimento que vocês dizem existir para lhe falar que não foi por querer. Eu me encontrei fazendo aquilo, e não podia parar. Prender-me em alguém para sair ao menos um degrau de meu abismo me pareceu completamente certo em minhas condições.

O sorriso de todos vocês murchando como as rosas em meu túmulo desapareceram com o tempo igualmente, em uma velocidade que eu esperava ver. Tudo agora não passam de lembranças, não é? E vocês sorriem com as novas vidas que levam, largaram o que mais amavam fazer por minha existência fútil. Eu fui uma ilusão criada para fazê-los sofrer.

Meus desejos no fim não foram realizados, e eu parti sem esse direito. A vida foi tirada de mim sem me dar o que eu merecia. Dizem que todos nós somos capazes de sentir pelo menos algo ao decorrer de toda nossa vida. Que vamos ser capazes de nos prender em algo e lutar por isso. Eu sempre fui a exceção comentada por todos.

Akashicchi... Eu sinto... Tanto. Eu não pude ajudá-lo, não é mesmo? Midorimacchi não fora o único capaz de ver você mudando, sendo enganado pela vida, essa também sendo roubada de você.  Eu tentei. E nem por aquele a qual eu jurava que sentia algo, fui capaz de realizar algo. Você não chora com suas lágrimas, não é mesmo? Assim como eu. Você foi privado de alguns sentidos, e eu sempre quis te defender do que eu sabia que lhe mataria se encarasse diretamente.

Todos lhe odeiam por motivos estúpidos, e foi ali, que eu achei que poderia haver um pouco do coração ou ser humano em mim. Também estava enganado. Nada. Eu de fato era alguém bem inútil. Minhas lágrimas logo se transformam em sorrisos e risos. Nada mudava e tudo somente piorava.

Eu sempre chorei por você, eu forjei a dor que você deveria sentir escondido chorando por ser rejeitado e odiado. Akashicchi... Eu queria poder realmente lhe dizer que algum dia eu senti muito por tudo isso...

Eu via todos vocês sendo enganados, e mesmo assim, a pessoa que fazia tudo isso acontecer e que poderia evitar esse núcleo de se partir ficou apenas observando. Em seu trono sujo e rasgado como seu corpo pelo tempo. Dessa vez, quem foi cruel fora eu; e eu não sentia o mínimo por isso.

Todas as suas faces eu desejava vê-las distorcidas. Eu queria tudo o que cada um de vocês tem. Até hoje. Eu olho para vocês daqui de baixo, onde habito verdadeiramente. Era esse lugar a qual eu deveria ter pertencido desde o início e nunca saído. Eu sempre morri de inveja de todos vocês, não conseguia aceitar a realidade. Até agora, eu não sou capaz de aceitá-la.

Por que vocês tem o direito de serem felizes e eu não? Por que eu fui ser logo essa exceção? Ela dói. Eu só queria poder sorrir com todos, sendo igualmente importante como vocês se consideram uns aos outros.

Sempre sendo expulso, ignorado, me batiam, e julgavam aquilo como brincadeira. As palavras de ofensas em amizade que falavam, brincando comigo. Aquilo nunca foi uma brincadeira para mim, por mais que eu dissesse que estava tudo bem e retribuísse vez e nunca suas palavras. Meu riso era dolorido, assim como meu sorriso. Tudo o que eu queria era somente vê-los pararem com isso, me tratarem como alguém qualquer que merece algum tipo de atenção e carinho. Mas eu sempre fui o alvo de vocês, como se não bastasse ser despedaçado a todo segundo por minha própria pessoa.

Kise nunca possuiu sentimentos reais, e isso, nem ele queria negar. Todos os sorrisos entre os chutes de Kasamatsu, mesmo com suas palavras a botá-lo num caminho para ser forte. Isso nunca seria possível. Ele não possuía vontade própria, não tinha uma alma que regia seu corpo para ações com um verdadeiro querer. Kise sempre se sentiu usado por si próprio.

Copiando... Copiando... Até mesmo Haizaki era mais capaz que si. Ele roubava, fazia sua própria felicidade. Mas por dentro, eu sabia que ele estava tão acabado quanto eu. Ser alguém que copia para poder ser feliz por um segundo no mínimo, machuca, não é? Haizakicchi. Eu também o invejei, por mais que fossemos parecidos em vários aspectos. Você é tão destruído quanto eu fui.

Naquele dia eu consegui falar uma coisa que talvez fosse verdade. Eu não achava graça com o que faziam comigo... Suas palavras, conversas, atos. Eu consegui. Pela primeira vez, eu podia sentir o peso de meu corpo sumir por alguns segundos. Mas logo tudo voltou. Vocês acabaram comigo... Pisaram no que eu era, ou do que restava de mim.

Riram. Continuaram. Como sempre, eu nunca fui verdadeiro, vocês não acreditaram nas minhas palavras. Nem nas minhas lágrimas em meio ao riso e sorriso amargurado enquanto eu dizia estar brincando novamente.  Eu senti que pela primeira vez, poderia ser o que eu deveria ser. O que era para Kise sentir e falar? Para que exatamente ele estava ali vivo? Sua existência não existia significado nem para si, imagina quanto aos outros que faziam pouco caso de si.

Meu psicológico foi sempre muito fraco para aguentar qualquer tipo de brincadeira com o que eu sou, pareço, ou até mesmo com o que gosto. Qualquer palavra é capaz de me ferir, por mais que eu não identifique o motivo da mesma fazer isto. Por que exatamente dói? Não bastava somente saber que não era divertido?

Pontapés fracos, tapas para que eu calasse a boca. Odeio sua voz. Odeio seu cabelo. Seu jeito. Olhar. Você. Você deveria estar morto, Kise. E não é que após um tempo os desejos dessas pessoas se realizaram e somente os meus que não?

Até mesmo estando aqui, nesse abismo em completo abandono, eu queria poder sentir algo, mesmo que sozinho. Eu não sou capaz de sentir nada que vocês tem a possibilidade de até mesmo sofrerem por isso. Eu queria entender ao menos o sofrimento de um sentimento não correspondido. Eu me sinto quebrado, rachado.

Por que vocês me abandonaram? Eu tentei ser perfeito para vocês, porque para mim, eu nunca poderia ser realmente nada. Não fazia sentido. Eu me cuidava, eu queria parecer alguém que fosse digno de estar com vocês. Mas nunca, tudo nunca pareceu o suficiente. Eu poderia estar botando pressão em mim mesmo no tempo, mas agora eu percebo. Tudo ainda não faz sentido.

Vocês podem ver as lágrimas em meus olhos? Elas sempre estavam presentes em todas as brincadeiras e palavras trocadas. Sempre... Eu sempre estive quebrado por tudo. Nada me alegrava; tudo me entristecia. Como vocês não repararam a tempo? Eu me pergunto hoje, se ao menos um de vocês tivesse enxergado por de trás do falso eu, teria dado certo de alguma maneira meu salvamento? Eu acredito que não.

Eu estive tentando ajudar cada um de vocês enquanto estava sumindo aos poucos. Kagamicchi sempre mostrou seu amor por mim, e eu nunca pude responder de forma verdadeira. Tudo o que pude fazer fora afastá-lo lentamente, mexendo nas cartas da vida para que alguém merecedor de seus sentimentos chegasse a ele. Eu vejo que hoje ele sorri, mas não me esqueceu. Sempre que posso, afago sua cabeça, e torço para que ele esqueça. Ela não pode virar alguém como o que eu sou.

Tratava de arranjar e até mesmo furtar doces para dar a Murasakibaracchi. Ele pode não ter sido o que mais sofreu, mas vê-lo desolado, sem seu sorriso ao rosto mesmo a comer os pequenos doces não podia permanecer. Ele encontrou alguém. Murasakibara se esqueceu de Kise completamente.

Aominecchi fora uma das pessoas mais controversas que eu encontrei em minha partida. Ele não aceitava o fato de que eu havia partido, e era a segunda pessoa a qual eu mais estava presente. Ele não mudou, mas foi um dos mais afetados, ele havia deixado de ser firme como eu sempre o enxerguei. Queria que eu estivesse em seu lado, pedir desculpas. Eu nunca o vi tão acabado.

É engraçado, não? No abismo onde eu fico chove toda vez que vocês dão falta de mim acabam em lágrimas. No começo eu costumava pensava que era meu interior sendo finalmente liberto, e que eu estava criando sentimentos e eles estavam se mostrando após minha ida. Mas com o tempo, eu notei. Toda gota que caía sobre mim me fazia se sentir bem. Eu não sabia que a morte deixaria de ser assustadora e se tornaria acolhedora.

Eu nunca consegui seguir a lógica, eu nunca possuí algum tipo de juízo, princípio. Por que tudo era tão aleatório? Eu estive sempre borrado pelo o amarelo berrante, e que nunca chamou a atenção se quer alguém.  Uma monocromia dourada. Eu estava e permaneço borrado pelas cores da vida. Eu queria que existissem outras e elas pudessem se misturar. Mas nada vejo, e como nunca, apenas sinto. A chuva incessante.

Eu grito enquanto ela cai, me cobrindo com seu afago que fica quente em meu contato. Eu estou gritando nesse abismo sem sentido como o único habitante dele. Aqui eu pude pensar com o restante de minha consciência. O que eu estava esperando? O que eu estive esperando todo esse tempo? Foi o dado momento que eu percebi que viver não era mais necessário. Eu fiquei cansado de procurar. Mas o quão cansado eu estava?

Distribuir sorriso, palavras gentis, receber isso falsamente de volta. Esquecer o que passei para ser feliz. Eu nunca fui capaz de nada disso.  Eu na verdade nunca fui capaz de nada. Kise sempre foi uma figura que teve vontade simples, mas os fatores aplicados em sua vida o limitavam para tudo.

Novamente, ele estava rindo e se matando aos poucos. Eu ria e me matava com cada fala e ação contrária do que eu queria. Não era culpa de ninguém, nem mesmo eu. Quem sabe eu não tivesse propósito mesmo e estivesse exigindo demais dos outros?

Midorimacchi não me permite partir. Ele me odeia até hoje, não é? Nada o conforta, ele se tornou mais frio do que eu esperava, e isso somente piora a cada dia. Nem mesmo aquele seu amigo igualmente sorridente e que sofre por dentro está sendo capaz de mudar algo. Por que um sorriso em meu rosto cresce com isso e um lado meu apenas quer vê-los igualmente sozinhos num lugar como esse em que estou? Realmente, não somos capazes de nos dar bem nem após um dos dois morrer.

Tudo o que julgava triste, resolvi esquecer. Mas, afinal, o quanto eu esqueci? Não fora o suficiente para tirar tudo o que me apunhalava, e ainda permaneceu bem pouco. Num dia que eu notei que as luzes estavam borradas assim como meu ser, eu percebi um sentimento finalmente. Eu queria desaparecer.

Minha coragem para isso era quase nula, eu sempre temi sair desse mundo, mesmo que fosse para viver ao lado de todos como estava e prosseguir com a vida trivial que sempre levei. Alguém fez o favor de apagar esse medo de mim, e hoje me encontro no que deve ser um caminho alternativo. Não sei onde estou; eu nunca soube onde estive mesmo. Eu não sei a que lugar pertenço, e acho que nunca pertenci a lugar nenhum. Eu nunca tive para alguém ou local para voltar e ser dali para a eternidade.

Porém, mesmo com o desejo latente de minha pessoa por desaparecer com um misto de medo desmedido. Eu queria respirar. Eu quero morrer, mas eu ainda quero respirar. Eu não imagino um cenário a qual não faça parte, não quero me imaginar parando no tempo. Tudo isso ainda me assusta, por mais que seja minha realidade faz bastante tempo.

Eu sempre tive o sonho de cantar, e até mesmo treinava. Era algo mais distante do que a compreensão dos meus sentimentos. Tudo o que eu fiz até hoje foi copiar, e eu não podia fazer isso por mais que amasse e quisesse.

Eu tentei copiar todos vocês para encontrar minha felicidade ou sentido em tudo na vida, mas no fim, todos vocês estão me copiando. São vocês que agora não tem sentimento algum, não sabem como reagir diante da vida. Não sabem que caminho seguir.  Meu sentimento com tudo isso é felicidade.

No final, eu somente queria que vocês passassem por tudo o que eu senti e sinto até hoje. Isso nunca vai terminar, eu estou quebrado? Eu estou quebrado. Dentro dessa loucura a qual eu chamo de existência nula, eu encontrei meu conforto, passar em vidas opostas, conectá-las. Fazê-las sofrer para meus próprios desejos egoístas e prazer.

Eu não sinto nada realmente. O que poderia dizer? Todos meus sinto muito são completamente vagos. Eu não compreendo mais nada... Eu somente poderia querer desaparecer junto do meu consciente. Por que meu corpo está morto e eu prossigo pensando? Tendo tudo isso como turbilhões horríveis e bons a me consumir?

Meu ser já quebrado teve os pedaços reunidos pelas lágrimas em dor de vocês, e a cada banho de chuva em sentimento que eu tomo, um sorriso surge em minha face junta às lágrimas sem razão. É linda a existência de tais sentimentos, o que eles causam.

Eu apenas copiava para encontrar a felicidade, mas no fim, eu não achei nada. Nem mesmo fui capaz de me achar. Copiar vocês me pareceu o caminho mais fácil, e toda vez que eu tentava repetir a cópia de uma felicidade, tristeza, amor, era incapacitado. Tudo não passou de uma ilusão, uma mentira criada por meu próprio ser.

Eu forjei o amor em meus sentidos, e ele era tão passageiro quanto uma fraca brisa ao decorrer do dia levando consigo as pétalas de alguma flor. Ninguém notava, nem mesmo eu que as lágrimas eram falsas, tudo o que eu sentia. Até mesmo a dor, a tristeza. Tudo não passou de algo vago.

Eu queria ser capaz, pelo menos uma vez em toda a minha existência, mesmo que agora perdido no que deve ser meu consciente pós-vida, sentir qualquer coisa. Eu queria poder amar, eu queria poder sorrir com verdadeiros sentimentos. Eu queria poder chorar por verdadeira tristeza. Eu queria poder ser feliz por coisas que me fazem de fato feliz. Eu não entendo mais...

Tudo o que eu pude fazer até hoje foi chorar, e até agora, esse foi o único ato que permaneceu das minhas capacidades. Toda vez que isso ocorre, eu apenas tenho mais vontade de desaparecer junto desses sentimentos e pensamentos. Isto não pode ser real. Eu não sou real.

Ao comentarem que uma pessoa não pode ajudar ninguém se ela ao menos nem consegue ajudar a si próprio é correta. Não importa o que você faça. Você sempre vai ser incompleto. Sua existência nunca fará sentido. Você nunca fará sentido. Enquanto penso nisso tudo, lágrimas escorrem, sempre sem um sentimento para defini-las.

Eu fui capaz de tudo... Ao mesmo também que não sou capaz de nada. Estou sendo restringindo? Estou sendo limitado. Por que as lágrimas não param de cair? As flores despedaças em meio ao choro daqueles que eu considerava amigos são rasgadas por entre seus dedos trêmulos diante de meu túmulo.

Sentir. Mesmo que seja meu peito se aquecendo de algum sentimento. Seria bom. Mas tudo some como meus pensamentos. Eu já não me lembro de mais nada, e tudo tem que ser escrito para que minha existência, de fato, não se torne nula ao menos para o mundo. Por mais que eu deseje desaparecer, eu não quero sumir...

Eu sorrio com coisas tristes, e me sinto triste por coisas felizes. Isso é realmente muito cruel, sabia? Não existe um meio termo a qual eu possa ficar. Eu queria ser capaz de rir de uma piada, chorar por um acontecimento triste. Eu só queria poder existir com sentimentos para que eu ao menos possa viver...

Por mais que eu tente, não sou capaz de alcançar nenhum de vocês da maneira que quero. Tudo desaparece, e eu me torno inútil outra vez. Eu queria sentir o afago de uma mão em verdadeiro gostar de mim. Por que nem isso me é permitido? O que eu fiz de errado para tudo ser assim?

Os sorrisos o qual distribuo perante suas lágrimas por minha morte, minha felicidade insana por desejar a morte de todos; a infelicidade. Eu estou conseguindo isso de pouco em pouco. Ao passar dos dias vazio e de cores borradas, eu vejo vocês se destruírem.

Eu invejo seu progresso, Akashicchi. Eu sempre o invejei por você ser alguém tão brilhante e criar tudo em tão pouco tempo. Eu odeio você. Odeio sua inteligência e criatividade. Sua beleza, e apenas desejo que todos continuem a odiá-lo para finalmente se esquecido, assim como eu fui. Eu apenas queria tudo isso para mim!

Eu invejo a sensibilidade e capacidade de odiar que você tem, Midorimacchi. Eu passei por cima de todos os seus sentimentos possíveis e existentes sem nem ao menos deixar de rir e pensar no caso. Eu invejo seu ódio por mim. Eu apenas queria ser capaz de odiar!

Eu invejo como você é tão sincero e se manteve por tanto tempo firme, Aominecchi. Tudo o que eu queria foi capaz de ver. Eu lhe destrocei, e mesmo assim, você segue tudo isso olhando para trás e chorando. Eu apenas queria ter igualmente tal liberdade para expressar como me sinto!

Eu invejo a sua capacidade infinita de proteção e amor, Kagamicchi. Eu apenas queria saber um terço do que você sente quando tem sentimentos...

Eu rasgo todo meu pulmão a gritar por entendimento. Gritar por sentimentos. Eu não quero senti-los, só de imaginar que posso sofrer dói, ao mesmo tempo em que fico feliz em saber que vou sentir algo. Eu não quero existir e não quero parar no tempo. Eu não sei...!

Assim como essas palavras desaparecerão como meus sentimentos e pensamentos um dia, eu permaneço imóvel sob essa chuva no abismo. Cansado de esperar, exausto de procurar. O sentido que eu jamais irei achar. A morte é realmente confortante e desesperadora como imaginei. Ninguém nunca será capaz de me ajudar, de entender como eu me sinto. Isso é impossível para qualquer um.

Enquanto isso, eu continuo a não existir sendo banhado por todas essas lágrimas, com a vontade vazia, com o desejo egoísta, com a inveja vil, com todos os sentimentos que não são meus e nem de ninguém. Eu nunca existi e isso tudo também não. Como tudo o que vejo e sonhei sentir, permanecendo como algo que nem sequer teve vida ou alma. Isso segue sendo um sonho que jamais alcançarei e nunca serei capaz de compreender.


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Notas finais do capítulo

Poderia ter prolongado durante bem mais tempo, mas não quero continuar isso. Reviews são bem-vindos, por mais que eu ache que isso não está no padrão usual de Fanfic para receber algum.

Até.