Outro lado do amor escrita por Ju


Capítulo 3
Praia




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Eu voltei pra casa como um idiota completo. Já estava vendo meus amigos fazendo um círculo em minha volta, e apontando o dedo falando tudo que quiserem sobre como estou bobo e idiota. Quando cheguei em casa vi minha mãe no sofá agarrada com um saco de pipoca de microondas, isso tinha virado seu prato preferido.
– Vou fazer comida, o que você quer?- Perguntei e ela me olhou assustada, como sempre não ouviu o barulho de quando entrei.
– Eu não estou com fome.- Ela balançou o saco de pipoca, como se aquilo bastasse.
– Tudo bem, vou deixar na geladeira pra você comer mais tarde...- Eu terminei de fazer a comida e subi pro meu quarto. Notei meu celular vibrando na cama, era o Bruno.- Oi cara.
– Oi cara? Onde você tava...Eu te liguei umas cem vezes!
– Eu saí...O que você queria?
– Ia te chamar pra ir na casa de uns caras, mas já voltei. Deu uma briga lá e eu vazei antes que desse merda.
– Ahm...E aí, o que tem pra hoje?
– Hoje nada, mas amanhã tão marcando uma praia, a galera do colégio todo vai.
– Amanhã?
– É, parece que todos foram liberados de ir a igreja com os pais.- Ele disse rindo, pelo visto ele também.
– Tudo bem, eu vou dormir então, não dormi nada essa noite. Vejo você amanhã...
Eu acordei pensando em chamar ou não chamar a Júlia pra ir comigo. Essa seria a terceira vez saindo com ela, e seguidas. Eu estaria muito na cola dela? Talvez sim, mas eu queria muito que ela fosse. Na verdade essa praia seria uma desculpa perfeita pra falar com ela hoje, então resolvi ligar.
– Oi, tem algum plano pra hoje?
– Ahm...Na verdade não, mas tenho que ficar com a minha irmã, meus tios vão visitar um parente no hospital, porquê?
– A galera marcou de ir a praia hoje, queria saber se você queria ir comigo...
– Olha, eu realmente não vou fazer nada, mas você teria que aguentar a Duda.- Ela riu.- Eu realmente tenho que ficar com ela hoje.
– Tudo bem por mim, levamos ela sem nenhum problema.
– Sério isso?
– Muito sério.
– Ok então, vou falar com meus tios.
– Já chego aí, te mando mensagem avisando.
Quando o Bruno falou comigo, achei melhor não mencionar o fato de ir com a Júlia, e ainda levar a irmã dela. Seria melhor se ele visse na hora e assim não falasse merda pra mim. Com toda certeza ele iria me obrigar a não fazer isso. Obriguei a minha mãe a comer antes de sair, ela já tinha perdido muito peso desde que meu pai tinha saído de casa. Logo depois disso fui até a casa da Júlia, os tios dela já tinham saído, mas deixaram elas irem.
– Você tem certeza disso?- Ela perguntou rindo.
– Claro que tenho, mas e você, tem certeza de que quer ir pra lá? Todo pessoal do colégio vai estar lá...
– Eu sei, tudo bem.- Ela colocou a Júlia no banco e colocou o cinto mandando ela se comportar.- A minha amiga da festa vai estar lá, o carinha que ela ficou a convidou e tal...
– Ahm, entendi.- Chegamos na praia e claro que o Bruno fez uma cara de espanto. A Fernanda estava no mesmo lugar que ele e ficou olhando curiosa.
– Ei cara.- Ele disse chegando perto.- Não sabia que vinha acompanhado.
– Essa é a Júlia, Júlia esse é o Bruno.- Eles se cumprimentaram e ficou aquele silêncio enquanto ele olhava pra Duda.- Bom, acho melhor pegarmos um lugar bom pra Duda.- Segurei na mão da Júlia e acenei pro grupo que estavam nos olhando.
– Eu to com pasta de dente no rostou ou algo do tipo?- Ela perguntou espantada, realmente, todos estavam nos olhando.
– Você ta linda, devem ta te olhando por isso.- Ela desviou o olhar com vergonha, mas eu vi um sorriso de lado e me dei por satisfeito.- Vou fazer uma piscina pra Duda, vem princesa.- Peguei a Duda e ficamos cavando na areia, depois que tive que fazer várias viagens carregando um balde minúsculo com água, foi que notei que essa não foi uma boa ideia. Com certeza um castelo seria melhor, mas ela adorou a piscina e ficou com seus brinquedos sem notar nossa presença.
– Posso te fazer uma pergunta, agora você tem que responder com sinceridade, sem pensar.
– Tudo bem, manda lá.
– É que sei lá, do nada você veio falar comigo, e ta assim todo legal... Não sei explicar sabe, mas você trouxe minha irmã num programa que olha só.- Ela apontou para todos em volta.- Não é bem o lugar que você quer ser visto assim, não sei.
– E qual é a sua pergunta?- Ela riu e levou as mãos ao seu rosto, escondendo o riso.- Nao faz isso, não tampa seu sorriso, é lindo demais pra ficar escondido.
– Ta vendo! Olha só, essa seria a pergunta...Pra quê tudo isso? Porquê? Porquê comigo...Sei lá.
– Com toda minha sinceridade...Eu não sei, mas to vendo em você o que eu não vejo em nenhuma outra garota. E não tem nada haver com a sua beleza, que é bastante, tem haver com o tipo de pessoa que você é.
– E onde você quer chegar com tudo isso?
– O mais longe que eu puder.- Definitivamente eu estava sendo honesto, nem pensava antes de falar. Ela ficou me analisando por um tempo, e depois simplesmente pegou minha mão e entrelaçou na sua. Sem dizer nada, ficamos assim durante todo tempo. Ela ficava dividindo seu olhar entre o mar, a duda e por fim me olhava. Até eu a olhar e ela sorria e desviava logo em seguida.
Não sei que tipo de encanto ela tinha, e rezava pra que só funcionasse comigo, por que não queria que ninguém notasse ou visse o que eu podia ver naquela garota. A Júlia tinha algo a mais, algo que eu nunca tinha visto antes, em ninguém. Ninguém tem a pureza, ou a beleza interior dela.
– Duda, você quer entrar no mar?- Eu perguntei e ela fez que sim animada e logo fez a Júlia se levantar. E nós fomos juntos, peguei a Duda no braço pois ela ainda não sabia nadar.
– Droga, o nó desatou, me dá a Duda e amarra pra mim.- Ela disse rindo, entreguei a Duda, que nesse momento servia de tapa peitos.
– Você precisa de umas aulas de como dar nó no biquini?
– Você é bem engraçadinho né? Eles vivem se soltando, foram feitos pra você passar vergonha.
– Ou não...- Ela virou e me deu um tapa no ombro.
– Obrigada pela ajuda, agora segura essa baleia.
– Baleia? Você está chamando a Duda de baleia? Guerra d`água!.- Nós ficamos nessa guerra, jogando água um no outo, até nossos braços pedirem socorro. O que não demorou muito no nosso caso, no da Duda demorou e muito.
– Vem Duda, deixa eu te secar.
– Não, eu quero ir pra água!
– Duda...- Ela fez uma voz mais firme e a menina logo foi pra perto. Eu sorri vendo isso, como ela conseguia fazer uma menina de quatro anos desistir tão rápido do que queria...
– Você quer voltar pra casa?
– Querer não quero, mas tenho...A Duda tem que comer e tomar um banho antes que pegue um resfriado.
– Vem Duda.- A peguei no braço.- Vamos nessa.- Mais uma vez todos estavam nos olhando, com certeza pelo fato de estarmos de mão dada e eu segurando a Duda no braço...Um prato cheio para eles. Falei com o Bruno antes de ir, ele olhou pra duda e balançou a cabeça rindo. A Júlia encontrou com a sua amiga e fui andando até elas.
– Dudinha, que saudades que eu tava de você.- A Duda se jogou nos braços dela.- Ai como eu sou sem modos...Meu nome é Sara, sou amiga da Júlia.
– Oi, meu nome é Leandro.
– E você é o que da Júlia?- Ela perguntou rindo e a Júlia lhe olhou irritada.- Ai gente desculpa, meu humor é meio sem noção, não me julguem.
– A gente já ta indo, a Duda precisa comer alguma coisa...
– Ah não...Não fiquei nem um pouco com ela! Mas prometo que passo lá mais tarde.
– Tudo bem...Vamos?- Ela perguntou me olhando e eu fiz que sim.
Entramos no carro e conversamos sobre coisas do colégio, sobre música e outras coisas. Quando chegamos na casa da Júlia, vimos que a Duda estava dormindo. Conversamos tanto que não notamos isso.
– Quer que eu leve ela pra dentro?
– Pode ser.- Ela abriu a porta do carro, peguei a Duda e fomos até a casa.- Pode deixar ela no sofá, vou ter acordar ela mesmo...
– Acho melhor eu ir, seus tios podem chegar e não vão gostar de me ver aqui.
– Eu te levo lá fora.- Ficamos parados na frente do carro.- Obrigada por hoje, nós nos divertimos muito.
– Eu também...Muito.- Ela sorriu.- Vem cá.- A puxei para um abraço, precisava sentir esse abraço.
– Só quero te pedir uma coisa...Se você tiver pensando em sumir da minha vida num determinado momento, é melhor que suma agora, essa é a hora pra ir ou ficar de vez.
– Eu fico.- Ela levantou a cabeça e ficou me encarando.- Eu quero ficar.
– Isso é bom, muito bom.- Ela me deu um selinho e entrou sem dizer mais nada. Ainda fiquei parado ali durante uns dois minutos. Depois voltei ao normal e dirigi até chegar em casa.


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