Time escrita por baizen


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

OLÁ OLÁ HUMANOS E ETS!
Voltei com essa one, que está iniciada DESDE O ANO PASSADO, CHOQUEM! Só consegui terminá-la esses tempos, e só hoje consegui vir postar porque to sem computador em casa, ae que legal.
XO ♥



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Me dê inveja

Olhá-la, sempre de longe era um problema. Mas Tate não podia evitar, era mais forte que ele. Observava a pequena miss Grunge da escola, todos os dias, enquanto ela tragava um Malboro, olhando para o nada, curvando os lábios, puxando e expelindo toda a fumaça de seus pulmões. A voz de Kurt Cobain e derivados sempre escorrendo dos fones de ouvido em momentos como esses.

Hoje ele a observa, em um dia frio para os padrões de Los Angeles. Ela se veste em camadas, calças grossas, blusas e casacos, tragando aquele cigarro. Ele continua a comer, olhando pelo vidro da janela do refeitório do colégio cada ato dela. Os cabelos louros acastanhados salpicados pela neve, o tremor de seus ossos no frio, se encolhendo para dentro dos casacos tentando se aquecer, enquanto expele a fumaça. Violet Harmon sempre seria seu objeto de amor platônico.

Ela traga uma última vez a fumaça, a bituca do cigarro pairando por seus dedos, antes de apagá-lo no chão. Ela solta a fumaça, pegando em um dos bolsos a pequena caixinha de Mentos, colocando a bala de coloração azul na boca, entrando no refeitório, em direção a fila cheia de adolescentes conversas paralelas. Ele se foca na expressão intediada dela, enquanto o almoço parece cada vez mais descartável, a Coca-Cola quente e o hambúrguer frio já não eram mais tão convidativos quanto ela.

Tate continua a guiar seus olhos até ela, que carrega um copo grande de café e alguns cookies, sentando em uma mesa no canto mais afastado dele, os olhos castanho claros fixos na parede branca, enquanto ela tomava um longo gole da bebida, relaxando um pouco. As únicas mesas ocupadas por somente uma pessoa eram as deles.

Ele afasta a bandeja que continha seu almoço para longe, sacando da mochila um caderno surrado, contendo todos os versos amadores do louro. Uma caneta desliza de dentro, o incitando a escrever, mas ele ignora. A noite o trará inspiração o suficiente para isso, agora, enquanto observa de longe os dedos pálidos dela correrem pelo confeito colorido do biscoito, sorrindo minimamente. Ele sabe que ela gosta daqueles cookies. Que são os seus favoritos, na verdade.

Enquanto ele a observa, Kurt Cobain canta os ultimos versos de The Men Who Sold The World nos fones de ouvido, e ela está no canto oposto, sussurando para si mesma versos de Asleep. Violet anda triste o suficiente para ter cedido á uma ponta ou duas de maconha, talvez até uma linha de coque, mas estava bêbada demais para se lembrar disso. Sua infelicidade e melancolia estavam passando despercebidas mais uma vez aos olhos da família e de qualquer outro com o qual ela tenha convívio social. Ela toma o café quente, logo em seguida mordendo generosamente seu cookie de M&M, ela desvia a atenção da parede branca do refeitório do colégio e encara o lado oposto do local. E fita Langdon, os pensamentos longe. Querendo ou não, ela sente um pouco de inveja dele. Ele risca qualquer coisa em um caderno, totalmente alheio. Ele não parece um daqueles garotos, mais um daqueles garotos. Aparenta várias olheiras, provavelmente pelo mesmo motivo das dela: cocaína. Também é indiferente, assim como ela. Ela sente a inveja tomá-la pois ela desejava ser totalmente alheia a tudo, assim como ele, não enxergar a que ponto as coisas haviam chego.

Ao encontrar os olhos dela pairando sobre ele, Tate sorri.

Ele vê o tom rosado que a pele de Viotel adquire e alarga seu sorriso.

Violet tem inveja do sorriso dele. Por mais sarcástico que fosse, ainda aparentava inocência e doçura. Coisas que ela não tinha -ou via em si mesma- há muito tempo.

Tate se fixa em traçar todos os pontos positivos que vê nela.

Ele percebe de longe a espiritualidade da loura, sente a solidão dentro dela, que de certa forma a agrada. Ele reconhece que a pequena não tem medo, já que ela encarara as vadias das bullies de forma graciosa, zombando delas. A doce ironia que ela carregava em seu tom de voz, era algo intrigante. Sua estatura, beleza e qualquer outros aspectos físicos não importavam para ele. As pequenas cicatrizes em seus pulsos que ele tivera apenas um pequeno vislumbre no fim do verão, talvez, só talvez ele pudesse ignorar. Os pulsos dele eram tão limpos quanto os dela.

De repente, o sinal de volta para as aulas toca, acordando-os de seus devaneiros. Ele guarda o caderno dentro da mochila, passando os olhos de relance pelo almoço, percebendo o quão faminto estava. Talvez até desse para comer o hambúrguer antes da aula de química.

Enquanto ele dá uma mordida no hambúrguer, Violet toma o último gole de seu café. Ela pretende enforcar a aula de Cálculo, mentindo para a enfermeira que não se sente bem. Típico.

Ela só sai do refeitório quando todos já se foram, inclusive Tate. Guarda os outros cookies na mochila, esperando uma brecha - ou a própria fome - aparecer para saboreá-los.

Faça cara de quem está passando mal, faça cara de quem está passando muito mal, ela repete para si mesma como um mantra, ficando pálida e abaixando os olhos de forma exausta. Deveria bastar. Foi se arrastando até a enfermaria, esperando que Gladys a dispensasse das últimas aulas e pudesse ir correndo para seu estoque de entorpecentes. E é o que acontece. Vinte e dois minutos depois ela está em casa, enquanto Ben estava palestrando psiquiatria na UCLA, Vivien e o irmão, Joseph fora e Moira na cozinha, arrumando tudo de forma metódica.

Ela se afunda em duas linhas de cocaína, cortadas com o cartão da biblioteca do colégio e cheiradas com uma nota de um dólar. O efeito da droga é rápido, deixando-a paranóica. As pupilas mais dilatadas que o normal e um enjôo forte batem sobre ela, que não hesita em tomar duas pílulas para dormir. Ela tem total ciência que pode ser fatal, mas não o suficiente para se importar.

O sono rasteja até ela de forma lenta, mas antes de que Ben e Vivien percebam.

Violet ficaria bem.



Me dê malícia

No outro dia, depois de quase vinte e seis horas de sono profundo, ela se sente fisicamente acabada. O fino sol de inverno entra pelas cortinas do quarto, fazendo-a apertar os olhos lacrimejantes. Agradece as forças maiores por permitirem que fosse um sábado. Ela passará o fim de semana todo tentando se recuperar.

O exemplar surrado de O Tradutor Cleptomaníaco, os fones de ouvido e os CDs de bandas como The Smiths, Nirvana e The Killers passam a ser a companhia dela durante aqueles dois dias. Ben e Vivien tentam fazê-la sair de sua cova, falhando miseravelmente. Ela sai do quarto duas vezes nesse período, comendo um sanduíche por pauta. Se sente enjoada cada vez que pensa em comida.

Na segunda, ela se sente bem o suficiente para ficar longe de sua cama por algumas horas. A rotina continua a mesma: sair da cama, tomar banho, vestir algo quente e confortável, descer todos os lances de escada que lhe direcionam a parte térrea da casa, uma xícara grande de café deslizando até ela por Moira, enquanto ela bebe seu café amargo, o pai desce, recebendo uma dose igual a dela. Ele a leva até o mais perto do colégio que consegue, sem se desviar da rota da UCLA. E lá vai Violet, andando por dois quarteirões até a Westfield High. Aguenta toda a merda dos populares, suspirando pesadamente, segurando todo o seu ódio por pessoas daquele gênero. No meio do segundo período de Cálculo, Harmon se permite sacar um pequeno caderno de anotações aleatórias de dentro de sua mochila, tendo um pequeno vislumbre do garoto louro na última sexta.

Ela esboça algumas frases disconexas, antes de finalmente ser liberada da aula pelo barulho estridente do sinal.

Guarda o material rapidamente dentro da mochila vintage, antes de arrastar a cadeira dura para trás e se retirar da sala. Nos corredores apinhados de adolescentes, ela só deseja sair e fumar um de seus Malboros, coisa que consegue alguns minutos depois, afastando os colegas á cotoveladas nada tranquilas.

Ao chegar na parte exterioro do refeitório do colégio, ela saca o isqueiro preto de um dos bolsos do jeans, pegando um cigarro levemente amassado de dentro da bolsa. Acende-o, puxando toda a nicotina para dentro de seus pulmões. A tão conhecida e amada nicotina massacrando suas vias respiratórias e a relaxando.

Quatro tragadas depois, Harmon flagra o olhar de Tate, mais uma vez.

Um desejo súbito de maliciá-lo o máximo que pode toma conta dela. Por mais que não gostasse de admitir, ela gosta de jogos preliminares, e era exatamente o que Tate parecia precisar.

Não existem nada melhor que as preliminares. A tensão sexual escorrenndo por dentro de suas veias enquanto há apenas provocações.

A única coisa que supera o doce gosto da provocação é o do ato. Quando mãos apalpam tudo que está ao seu alcançe, bocas coladas, corpos se movendo em sincronia, enquanto há marcas sendo espalhadas pelas superfícies de suas peles… ah.

E a percepção chega.

Ela o quer.

Mais do que tudo.

Mais do que todos.

Ela o quer.

E em vez de uma pequena preliminar, ela simplesmente sorri ao capturar os olhos dele fixos nos seus.

Me dê atenção

A atenção é algo complicado. Geralmente, as pessoas se mostram para consegui-la, em todos os sentindos. Mostram seus talentos, seus corpos, seus pontos de vista, o simplesmente sorriem.

Violet não era alguém que sorria. Tate muito menos.

De longe, enquanto ela tragava seu Malboro em um dia de fim de inverno, ela sorri e observa o sorriso torto que brota nos lábios finos do louro, pela parede de vidro que cobre o refeitório. Ele está lá, sentado, com uma bandeja com salgadinho e refrigerante, lendo um livro.

Ele desvia os olhos das páginas braco-amareladas para sorrir para ela.

É estupidamente adorável.

Uma tragada e os pulmões de Violet se enchem da doce sensação do alívio que a nicotina lhe dá. É calmante e agridoce.

Ela ama.

Mais do que os olhares do louro que se parece tão deslocado para um atleta.

Ela sorri, mais para Tate do que para o cigarro.

E ele vêm até ela.

Agora, Tate tem toda a atenção que queria de Violet Harmon.


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