Trabalhar no mesmo lugar que Sirius Black era...desafiador.

Sirius era provavelmente a pessoa mais bagunceira do mundo, e ele também parecia não se importar com convenções óbvias sobre ser médico.

-SIRIUS! Tira esse bicho daqui!

Remus estava com o rosto vermelho de raiva, enquanto a sua paciente apenas sorria bondosa, passando a mão no enorme cachorro negro que agora estava subindo nas pernas dela.

-Almofadinhas, vem com o papai, vem.

Sirius estava lá, na porta do consultório, todo sorridente, como se fosse absolutamente normal um...cachorro num ambiente clínico.

-Black, esse cachorro não pode ficar andando por aí, ainda mais quando estou com paciente.

-Eu não me importo Remus, é um cachorro tão bonito.

O médico sorriu sem graça para a Sra. Weasley, e logo em seguida deu um olhar mortal para o amigo, que levou o cachorro e parou de sorrir na hora.

-Então? Quando você vai me dar alta?

-Calma Molly, preciso acompanhar esse tratamento. Mês que vem, dia 17 pode ser?

-Pode, pode...mas na parte da tarde.

E Molly não pode deixar de perceber que além do consultório novo de seu médico ser em uma casa, agora ele próprio marcava em sua agenda as consultas, e também dividia sua mesa com o outro médico, porque haviam muito papéis lá com o nome dele.

-Esse Dr. Black, da onde você o conhece Remus?

-Faculdade. E Hogwarts. Nós não éramos muito amigos, mas fico feliz por ele estar me ajudando.

-Meio calado o Remus, ele não deu chance de sermos amigos na verdade.

Os dois olharam e viram Sirius parado na porta, sorrindo.

-Não se preocupem comigo, só vim saber se o papel que a minha prima me entregou está aqui.

Remus suspirou e girou os olhos, fazendo a paciente rir.

-Está, você largou em qualquer lugar como sempre e eu guardei.

A bondosa mulher se levantou e abraçou o médico, se despedindo dele e do outro médico, que ela comentou ser muito bonito, arrancando outro sorriso por parte do moreno.

Remus já estava trabalhando ali há um mês, que mais parecia um ano, porque as manias de Sirius Black o faziam querer sair correndo e gritando em algumas horas.

Em outras ele estava rindo até chorar, como não se lembrava de ter feito antes com ninguém.

-O Almofadinhas gostou dela, ficou chorando quando coloquei ele no quarto.

-Sirius, não é higiênico ter um cachorro andando pela clínica.

-Remus, essa é a minha casa, não uma clínica normal, e se você estivesse em algum procedimento eu jamais deixaria ele chegar perto.

Lupin bufou, desistindo de discutir sobre o cachorro, porque sabia que aquele era provavelmente o ser que mais importava para Sirius.

O que era muito estranho pois este era absurdamente bonito, e charmoso, além de engraçado. É, Remus podia entender porque estava solteiro, e a lista enorme já começava por "Lobisomem", mas porque Sirius não tinha casado, era algo intrigante.

Tirando o lupino de seus pensamentos uma grande coruja parda pousou na janela da clínica, trazendo obviamente uma carta.

-De qual das namoradas? -Brincou.

Sirius apenas riu alto, lendo a mensagem antes de responder.

-Deixa o James saber que é assim que você se refere a ele.

-Potter? Vocês ainda se falam?

Sirius agora pareceu realmente orgulhoso e empolgado.

-Eu vou ser o padrinho do filho dele, com a Evans, lembra? A ruiva, mesmo ano que a gente.

E Remus não pode conter um suspiro surpreso.

É claro que se lembrava de Evans, haviam sido monitores juntos em Hogwarts, e se lembrava-se bem, ela odiava com todas as forças Potter.

Bom, mas era sempre assim, muito ódio quase sempre significava amor enrustido.

-Puxa, que legal, parabéns Sirius.

O moreno simplesmente pulou em cima do frágil Remus, abraçando-o forte, fazendo com que o outro médico conseguisse identificar perfeitamente o perfume que ele usava.

Um barulho alto vindo da sala indicava que alguém havia usado a lareira, e Sirius se afastou rápido, puxando Remus pela mão, para que juntos encontrassem um James Potter muito irritado tirando fuligem das vestes.

-Sirius, seu safado, quantas vezes já pedi pra você limpar essa porcaria?

Remus ainda sorria por ver a intimidade dos dois amigos, e só percebeu que ainda segurava a mão do outro quando James os encarou com um sorriso estranho, e ele se sentiu corar.

-Seu cachorro.

Sirius estava rindo alto de novo, dando palmadinhas animadas em James, chamando-o para se sentar,

Remus parecia perdido, os dois se conheciam a tanto tempo quanto o conheciam, mas ele se sentia um estranho.

-Lilly vai te matar se você der uma vassoura pra ele.

-James, o pequeno Harry precisa manter o legado dos Potters!

Remus se sentou e tentou sorrir naturalmente, entendendo que falavam do filho que os Potter esperavam.

-Ele ainda nem nasceu cara, ela disse que você tem que comprar um presente de gente normal, e deixar as loucuras pro seu próprio filho.

-Lilly ainda tem esperança que eu vá ter um filho algum dia?

Sirius e James deram tanta risada que Remus pode até mesmo ver lágrimas saindo por seus olhos.

-O que? Não é como se fosse impossível. -Comentou sem entender porque para os outros dois parecia tão absurdo.

Sirius encarou James, que não disse nada, e o moreno então voltou sua atenção para Lupin.

-E você Remus? Já achou a mulher da sua vida?

Lupin sentiu como se um buraco pudesse se abrir abaixo dos seus pés.

-E-e-eu, n-não, na verdade eu não tenho muito tempo pra...pra namorar.

Sirius o encarava tão sério que era como se estivesse tentando ler seus olhos, Remus corou.

James estava sorrindo para eles, e quando olhou no relógio levou um susto e se levantou num pulo, pegando um pouco de pó de flu de cima da estante.

-Sirius, é sério, se você esquecer do jantar hoje a Lilly vai te matar, e depois me matar.

Black bateu continência, fazendo Remus rir, e James girar os olhos.

E antes que qualquer um deles pudesse comentar a visita absurdamente rápida de James a campanhia tocou, e Sirius foi animado atender o seu paciente.

Continua...