A Resistência escrita por ShiroMachine
Eu e Julia acordamos com o barulho da confusão. Fomos pro salão de entrada da Resistência, e encontramos uma multidão lá. A multidão se reunia num círculo, no qual no meio dele estavam o Marechal, nosso pai e Nicolas de um lado, e Alex do outro. Alex tinha uma expressão feroz no rosto. Eu e Julia nos aproximamos.
_Alguma coisa a dizer em sua defesa?_ Perguntou o Marechal, se direcionando a Alex.
Alex não respondeu, não fez nada.
_Alex, por favor, ouça a voz da razão._ Disse Nicolas, dizendo isso de um jeito quase que robótico.
_Ele não é a voz da razão, Nicolas!_ Exclamou Alex. _E espero que não seja tão tolo a ponto de acreditar e confiar nele.
Papai tinha uma cara indecifrável. Nicolas suspirou e olhou pro chão.
_Alex, eu estou tentando te ajudar, estou tentando te salvar de um destino horrível._ Nicolas falava como se cada palavra o machucasse. _Sabe-se lá o que tem lá fora. Peça desculpas ao Marechal, e tenho certeza que ele te aceitará.
Alex fez uma careta.
_Eu não vou fazer nada disso. Não vou me tornar uma marionete.
Nicolas tentou falar algo mais, mas o Marechal o interrompeu. Colocou a mão em seu ombro e falou:
_Nicolas, infelizmente seu irmão foi corrompido, ele não tem salvação._ E se aproximou de Alex. _Eu vou te dar duas opções garoto. Ou você fica de joelhos e pede perdão... ou sai por aquela porta e nunca mais volta pra Resistência.
Eu me sobressaltei, e Julia fez o mesmo. Sabíamos que Alex não iria recuar, e sair da Resistência significava que ele ia ter que enfrentar Exodus, encontrar comida, sobreviver sozinho.
“Por favor, Alex”, implorei mentalmente. “Não faça nenhuma estupidez”.
Mas ele fez. Tirou o uniforme de soldado, ficando só com a camisa branca e a calça jeans, e o jogou no chão. Então, saiu pela porta. Eu senti lágrimas em meu rosto. O Marechal disse, com uma voz zangada.
_Todos vocês, voltem a seus postos._ E então disse algo a Nicolas, que começou a segui-lo.
_Eu vou ver se descubro o que aconteceu._ Disse Julia. _Vou atrás do papai. Você fale com Alex.
Eu não esperei ela falar mais nada. Sai pela porta e vi Alex, num andar apressado, quase que sumindo na neblina.
_Alex!_ Gritei, com a voz quase falhando.
Ele olhou pra trás e corri até ele.
_O que você fez?_ Eu bati nele, com os punhos fechados, mas teria dado no mesmo eu bater numa árvore.
Ele segurou minhas mãos, e me olhou bem sério.
_Kamila, eu quero que você me escute. Fique tranquila. Eu vou ficar bem. Sei perfeitamente o que estou fazendo.
_Por que você fez aquilo?
_Não podemos deixar o Marechal no poder, ok?
Eu balancei a cabeça. Estava desesperada sobre o que podia acontecer com Alex, e queria que ele voltasse.
_Isso é loucura._ Eu estava sendo estúpida, Alex era louco, falar que algo que ele faz é loucura é tipo elogiar ele.
_Maninha..._ Ele fez o que eu odiava. Me chamou de maninha com a voz mais doce do mundo. Fazia isso quando eu chorava, ou quando estava com raiva. Eu estava com um pouco dos dois naquele momento. _Vai dar tudo certo. Eu juro. Eu vou voltar, tudo vai voltar a ser como era antes. Tenha fé no seu irmão mais velho.
Eu olhei pra ele, e o abracei, chorando o máximo que conseguia. Eu evitava chorar na frente de Alex, não porque ele não me entendia, mas ele entendia e fazia tudo melhorar num piscar de olhos, o que fazia com que eu me sentisse idiota por estar triste por algo que podia ser resolvido tão facilmente.
Eu me controlei, soltei ele, e olhei pro chão.
_Nada vai acontecer a vocês. Eu juro.
Eu ergui os olhos, e ele estava sorrindo, mas tinha lágrimas em seus olhos.
_Boa sorte, Alex. Volte logo, por favor.
Ele assentiu, se virou, e sumiu na imensidão cinza. Eu esfreguei meu rosto pra secar as últimas lágrimas que tinha nele.
_É melhor ele voltar, Marechal._ Eu sussurrei, com minha voz ainda falhando.
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