– Esse é dos grandes... – murmurou Kin ao olhar o enorme Ayakashi que rondava a cidade – Quanto tempo você dá pra ele, Seiji?

– Ahn? Você quer lutar contra aquilo?! – exclamou o garoto na forma de katana – Você é louca?!

– Ai! – Kin colocou a mão na nuca após sentir uma picada forte – O seu medo me machuca, idiota! Deixa de ser frouxo!

A deusa saltou do prédio que estava e correu até o Ayakashi. O enorme monstro parecia um felino roxo, com patas pequenas, garras e dentes longos e afiados, além de uma língua reptiliana.

– Vamos lá, Seiji! – Kin sorriu avançando no gato gigante – Pelos mais claros e puros desejos, eu, com Seiji, irei livrar sua alma desta...

– Chega dessa ladainha! Vamos embora! – gritou Seiji

– É a minha frase de efeito, idiota! – exclamou a deusa – Todos os grandes deuses tem uma!

– Você não é uma grande deusa – Seiji murmurou

– E você é um Shinki idiota!

– Quer parar de ficar falando "Idiota" o tempo todo?! – exclamou o Shinki, furioso – Vamos deixar que Kofuku ou até mesmo Yato cuidem desse Ayakashi!

– E deixar que minha irmã e o retardado fiquem com todo o crédito? – rosnou Kin – Nem pensar!

O Ayakashi deu um golpe com a mão na deusa, lançando-a no outro quarteirão

– Kin! – gritou Seiji

– Estou bem... – rosnou ela

O enorme felino saltou na frente de Kin, a língua flexível e longa do Ayakashi roçou no pescoço da deusa e a levantou, pronto para devorá-la

– Eu avisei que ia dar merda! Eu avisei! – Seiji choramingou

– E quem disse que deu merda? – Kin sorriu e, com a katana Seiji, cortou a língua do felino ao meio, logo depois decapitando-o

A deusa saltou e pousou no telhado de um prédio

– Sei! – ela exclamou, "Sei" era o nome que Kin havia dado para o seu Shinki, que logo depois foi para a sua forma humana, era um garoto, parecia ser um pouco mais novo que a idade que deusa aparentava, tinha cabelos castanhos, olhos verdes, usava um moletom com capuz e com o tórax de um esqueleto, como se fosse uma imagem de raio-x – Viu? Saímos dessa vivos!

– Idiota! – Seiji bateu na cabeça de Kin com força

– Ai! – reclamou ela – Por que fez isso, idiota?!

– Por que você sempre é idiota o suficiente para sempre ir atrás do maior?! – gritou o Shinki

– Eu gosto de desafios... – ela disse mostrando a língua – E é o meu trabalho, idiota!

– Pare de ser tão infantil! – exclamou ele a encarando

– Se não gosta, por que não se demitiu? – Kin rosnou

– Talvez seja isso que eu queira!

– Ótimo! – os dois disseram em uníssono e viraram de costas um para o outro, como duas crianças emburradas e ficaram num momento longo de silêncio

– Você precisa me libertar... – murmurou ele

– Verdade... – respondeu ela, desenhando o kanji no ar – Seiji, você está livre!

– Oh! A marca está sumindo! – o Shinki sorriu ao ver a marca quase completamente borrada no peito – Até nunca, deusa pobre da riqueza!

– E A MÁSCARA CAIU! – exclamou Kin enquanto o garoto correu para longe dela – Pivete interesseiro... Morreu a dois anos e acha que tem o direito de mandar em mim... Eu sou muito mais velha que ele!

Kin estava num escritório empresarial, observando o único trabalhador que ainda estava lá naquela hora, um homem de meia-idade, sentado em frente a um computador, escrevendo uma espécie de relatório

– Preciso terminar isso... – sussurrou ele

A deusa sorriu e deixou cair, no teclado em que o homem escrevia, um pequeno papel de lembretes

– Hum? O que é isso? – ele perguntou para si mesmo, lendo em voz alta – God Delivery, Kin-sama, deusa da riqueza e do sucesso? Tem um número...

Kin abriu mais seu sorriso, já pegando seu celular no bolso, pronta para atender

– Nunca ouvi falar dessa deusa... – o homem murmurou e jogou o papel no lixo

– O QUE?! – gritou ela – Nunca ouviu falar de mim? DE MIM? Tá! Não quer minha ajuda, então procure o Yato, aquele retardado! Nem pra ser um deus de calamidade que preste...

Assim que Kin deixou o prédio, seu celular tocou e ela atendeu de imediato, animada

– Alô! God Delivery, Kin-sama à seu dispor! – Kin sorriu, finalmente agradecida por receber um trabalho

– Kin-chan! É a Kofuku! – disse a voz do outro lado da linha

– Ah... Oi, Kofuku...

– O que houve? Parece decepcionada!

– Ando mal nos trabalhos... Você sabe... Sua irmã aqui é uma deusa do mesmo nível do idiota que está ao seu lado – Kin forçou um sorriso com a última frase

– Ei! – ela ouviu a voz de Yato reclamar do outro lado da linha

– Enfim... Você pode vir aqui? – a deusa da pobreza perguntou

– Claro, apareço em cinco minutos! – Kin sorriu e desligou o telefone

Antes que Kin pudesse bater na porta, Kofuku saltou em cima da deusa

– Nee-chan! – gritou ela animada, abraçando Kin com força

– É bom te ver também, Kofuku... – disse ela sorrindo e virando-se para os outros que estavam na sala, almoçando – Oi, pessoal!

– Yo, Kin! – Yato acenou, com a boca cheia de comida

– Quer almoçar conosco, Kin? – Daikoku sorriu

– Acho que não teria problema – ela sorriu e se sentou ao lado de Hiyori – Ah... Você é a híbrida que eu tanto ouvi falar...

– Ahn? – Hiyori virou a cabeça e Kin apontou para o corpo da garota, que estava adormecido no chão – AAAHHH! MEU CORPO DE NOVO NÃO!

– E, Kin... – Yato sorriu e encarou a deusa – Aquilo... Ainda não acabou...

– Eu sei... – Kin sorriu

Ambos, rapidamente abriram espaço na mesa e bateram seus cotovelos com força na madeira, mais uma disputa de queda-de-braço

– Dessa vez eu vou te vencer, desgraçada! – ele gritou tentando derrubar o braço de Kin

– Lembre-se, Yato! Tem trezentas e quarenta e duas vitórias para mim e duzentas e sessenta e quatro para você! – Kin sorriu triunfante – Eu estou mais perto de quinhentas!

– Sonha! Eu vou ganhar – gritou ele, tentando fazer mais força, mas o braço de Kin nem se movia e Yato já estava perdendo as forças, ela aproveitou e o venceu com facilidade

– Trezentas e quarenta e três para mim! – Kin mostrou a língua, sorrindo – Quantas vezes eu tenho que te falar que você tem que esperar o oponente se cansar em vez de partir para a força?

– Eu vou chegar à quinhentos primeiro! – Yato fez um bico e Yukine estava segurando o riso

– Eu não o conheço, garoto – Kin sorriu para o menor

– É o meu Shinki, Yukine – disse Yato enquanto observava sua mão, que estava vermelha – Kin, você tem que pegar mais leve! Quase arrancou a minha mão!

– Desculpe... – ela disse ainda sorrindo

– Ah, Kin, aonde está o seu Shinki? Qual era o nome dele... Seiji? – perguntou Daikoku

– Eu o demiti – Kin disse se sentando novamente – Ele vivia reclamando dos trabalhos, além de me picar o tempo todo!

– Ah! Precisamos achar um novo Shinki para Kin! – Kofuku sorriu – Vai ser divertido!