The End escrita por Someone


Capítulo 1
Capítulo único




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Este era o final que eu queria. Não é bem um final está mais para um início.
Glee me ensinou muito, não pelas suas histórias, mas pelos seus personagens. Me lembro que assisti o pilot na mesma semana que lançou, eu estava mal e vi o episódio na páginal principal de um site que eu baixava séries e me lembro de pensar "outro hsm?" e não sei porque, mas acabei baixando, mentira eu sei sim. A foto era de Dianna e Lea e eu achei as duas lindas resolvi que era uma boa alternativa para o meu momento depressivo, Glee me ensinou a me aceitar em várias coisas, me fez ser alguém melhor através dos personagens que me serviram de inspiração. Me fez curar feridas e acelerar o processo de outras. Me trouxe pessoas maravilhosas. O que aprendi vai comigo, a vida continua e as histórias também, este é só o meu pequeno agradecimento.

*

Sustentou a nota final até o seu ultimo suspiro antes de se curvar abruptamente, sua respiração pesada obrigava seu peito a subir e descer. O suor escorreu pela sua têmpora enquanto era aplaudida e ovacionada.
Era a sua noite de estréia, finalmente tinha conseguido através dos anos de trabalho duro. Pequenas participações, papéis secundários e todo o resto, ela conseguira. Acabara de fazer sua estreia em um palco da Broadway e Don't rain on my parade nunca havia soado tão bem em sua voz.
Endireitou o corpo olhando pelo teatro, não conseguiu segurar o sorriso e conter os olhos de se aguarem em lágrimas contidas, a risada chorosa lhe escapou. A musica fora se encerrando aos poucos e o público se levantou para continuar aplaudindo, Rachel deslizou os olhos escuros pelos poucos rostos que conseguia ver através das lágrimas e em um vislumbre a viu. Sorriu mais uma vez antes de se adiantar quando o resto do elenco adentrou ao palco, deram as mãos e cumprimentaram a audiência antes de aplaudir do lugar onde permaneceram no palco. Alguém arrastou o diretor do lugar onde ele se escondia atrás das cortinas, em algum momento um buque de flores parou nas mãos de Rachel e ela presenteou o homem.

*

Empurrou a porta dos fundos saindo acompanhada de alguns dos amigos da peça, a comemoração esperava por eles em algum bar daquela cidade.
– Rachel. - O chamado lhe fez virar para olhar.
A mulher alta, estava apoiada na parede e olhava diretamente para ela. Olhos esverdeados do jeito que se lembrava, os cabelos loiros estavam abaixo dos ombros e ondulavam formando cachos espaçosos que por um instante lhe lembraram a menina que um dia conhecera.
– Quinn? - Foi algo entre um chamado e uma pergunta, sorriu parando para esperar a mulher cobrir a pequena distância. - Então não foi uma miragem?
– Me viu? - A loira sorriu franzindo o cenho.
– Segunda fileira no centro. - Rachel soltou uma risada fraca. - Achei que... tivesse sido um golpe de olhos.
Quinn suspirou antes de estender a única flor que segurava. As pétalas brancas e as folhas verdes bem vistosas.
– Uma gardênia? - Rachel arqueou as sobrancelhas antes de apanha-la.
– A fragrância é um calmante natural... - Quinn encolheu os ombros. - Achei que fosse precisar, mas hesitei em enviar mais cedo.
– Por quê? - A morena a olhou.
– Não quis te desconcentrar. - Quinn se resumiu antes de sorrir. - Você estava... fantástica.
– Obrigada. - Inclinou o rosto deixando uma mecha dos cabelos cobrir seus olhos. - Você está linda como sempre.
Quinn soltou uma risada baixa.
– Ou seja... continuei a mesma coisa. - Comentou com bom humor.
– Rachel. - Ouviu o chamado dos colegas e se virou para eles.
Estavam parados há alguns passos das duas, Quinn olhou para eles.
– Estávamos indo para a comemoração da equipe. - Rachel explicou se voltando para ela.
– Então eu não vou te prender mais. - Quinn tornou a sorrir. - Você esteve fantástica, fique bem Rachel.
Se inclinou lhe dando um abraço um pouco mais forte do que deveria ser.
– Espere. - Rachel sussurrou antes de olhar para os colegas. - Podem ir na frente, eu já vou chegar. Só quero recuperar algum tempo com uma velha amiga.
Quinn olhou o grupo se afastar antes de voltar seu olhar para Rachel.
– Não precisava ter feito isso.
– Bem... por mais ansiosa que eu esteja para comemorar o sucesso de hoje. - Rachel começou com um suspiro. - Eu gostaria de ter um tempo para mim mesma, sabe? Para sentir que eu realmente estive naquele palco hoje e interpretei Funny Girl para um teatro lotado e fui aplaudida de pé. Eles são ótimos amigos, mas... eles não conseguiriam entender o que estar lá hoje representou para mim.
– Eu sei. - Quinn sorriu com tranquilidade. - É como se... o mundo tivesse parado naquele momento e você finalmente conseguiu respirar. Durante aqueles momentos você se sentiu plena, completa. Como se o mundo fosse aquele palco, aqueles personagens pessoas reais e você tivesse achado o seu lugar. Tudo finalmente se encaixou, todas as dores se foram, tudo valeu a pena para chegar aqui hoje.
Rachel tornou a inclinar a cabeça olhando para os olhos verdes.
– É... - Deu um sorriso fraco. - Como sabe?
– Foi o que eu senti. - Quinn suspirou. - Olhando você recitar aquelas falas, perdão, foi o que eu senti enquanto você ganhava vida no palco. Sabe, Rachel... uma parte minha a menos egoísta, por assim dizer, a menos orgulhosa nesse caso, sempre adorou te ouvir cantar. Era como se eu tivesse acesso a pequenas doses do sentimento que você me proporcionou hoje. A visualização de um sonho se tornando realidade. É algo raro e muito belo de se ver. Obrigada por isso.
– Eu agradeço a você... por estar aqui hoje. - Rachel retrucou soltando um suspiro.
Quinn franziu as sobrancelhas antes de olhar para os lados.
– Venha, ande comigo. - Quinn a chamou dando alguns passos para trás ainda olhando para a morena.
– Para onde? - Rachel aspirou o cheiro da flor.
– Quem se importa. - A loira deu de ombros sorrindo.

*

– Você acredita em mágica? - Quinn disparou enquanto andavam.
– Mágica? - Rachel soltou uma risada curta. - Do que falamos? De varinhas, caldeirões e feitiços?
– Não. - Quinn soltou um suspiro. - Eu quero dizer... você acredita que tem algo por ai? Algo além do que vemos? Como quando éramos crianças e acreditávamos em tudo que nossos pais nos contavam.
– Sou judia, Quinn. - Rachel a olhou sem entender.
– Eu não falo de religião. - A loira soltou uma risada. - Falo de... falo daquele cheiro que sentimos as vezes que nos lembra algo bom, mas não parece vir de lugar algum. Falo de ler um bom livro em uma poltrona confortável e se sentir protegido do mundo. De um som que te tranquiliza de imediato. Falo dessas pequenas coisas que sem que seja do nosso conhecimento fazem toda a diferença.
– Sim, eu acredito nessa mágica que você diz. - Rachel suspirou tocando as pétalas macias da flor. - É nisso que você acredita? Nessas pequenas coisas?
– Hoje sim. - Quinn respondeu sem a olhar. - Hoje sim, estou um pouco cansada sabe? Como se algo estivesse faltando. Eu passei os últimos cinco anos planejando, construindo, arquitetando, eu achei que eu tinha a vida inteira pela frente, achei que seria jovem para a sempre.
– Você é jovem. - Rachel rebateu estreitando os olhos. - Aconteceu algo, Quinn?
– Não, não aconteceu nada, estou apenas divagando. - Se apressou em tranquiliza-la. - O que eu quero dizer, é que se eu piscar, se eu parar por um segundo para pensar eu posso me lembrar do que fiz no meu primeiro dia de aula quando tinha apenas quatro anos. Entende? E o tempo passou e eu não senti, eu fiz os meus planos, tive os meus obstáculos, meus erros, minhas vitórias, minhas superações, mas tudo passou tão rápido.
– Acho que entendo o que você quer dizer. - Rachel suspirou. - Hoje eu realizei o meu maior sonho e não foi tão fácil quanto eu imaginei que seria. Enfrentei mais dificuldades do que tracei nos meus planos, eles eram só planos.
– A vida não segue um plano. - Quinn concordou com a afirmação implícita. - Nós que achamos que podemos controla-la. Mas parando agora. - Parou segurando a morena pelo braço. - Parando agora, nesse exato momento, você pode dizer que conseguiu? Pode dizer que realizou o seu sonho.
Rachel a olhou sem entender, quando ainda estavam próximas ao teatro haviam falado naquilo, Rachel realizara o seu sonho.
– Não entendi. - A morena balançou a cabeça.
– Aqui. - Quinn a segurou pelos ombros, as pessoas desviavam delas. - No meio de uma rua movimentada de New York, após sair do teatro, após ter feito a sua estréia na Broadway no papel principal, após ser aplaudida de pé. Você, Rachel Berry, poderia me dizer que conseguiu? Que mesmo com o plano que traçou durante tantos anos ter sofrido tantas mudanças, tantas falhas. Você pode me dizer que conseguiu? Que fez algo importante. Você conseguiu, Rachel Berry?
Rachel a olhou por um instante antes de suspirar enchendo os pulmões de ar, fechou os olhos e conseguiu se enxergar no corredor do McKinley de frente para o próprio armário. A porta cheia de recortes de musicais. As pessoas passando sem realmente a notar ou falar com ela, o banho gelado de slushies, insultos, treinos de voz, ballet, oito horas diárias de sono, coral, chegar em casa a noite e jantar com seus pais os ouvindo falar de seu dia.
Respirou fundo, se lembrando de consumir avidamente qualquer coisa que a fizesse ser melhor. Sentiu os dedos mornos e seus olhos se encherem de lágrimas, cada apresentação por mais insignificante que fosse tinha o seu valor. Aprendera com cada pequena coisa que passara, para poder finalmente chegar aquele momento. Cada desistência, cada perda e cada persistência.
Abriu os olhos sentindo os pelos do corpo se arrepiarem, e os olhos escuros marejarem.
– Eu consegui. - Sussurrou olhando nos olhos verdes de Quinn. - Eu consegui.
– E isso não é mágico? - Quinn sorriu.

*

Quinn colocou o café na frente da morena e se sentou na cadeira vazia, tomou um gole do próprio café e encarou a mulher que olhava pela janela do estabelecimento em que estavam.
– Não vi seus pais... - Comentou em voz baixa atraindo a atenção da morena.
– Hnnn... papai não conseguiu adiar o plantão e meu pai... bem, eu disse que não o queria aqui com o novo namorado. - Rachel comentou com um leve amargor na voz, tomou um gole do café.
– Não aceita que ele pode encontrar a felicidade sem que seja com seu papai? - Quinn perguntou diretamente.
– Não aceito que ele precisou ter outra felicidade. - Rachel respondeu.
– E ele era feliz? - A loira franziu as sobrancelhas. - Quer dizer, ele era realmente feliz? Ele se sentia completo?
– Meus pais foram casados por mais de 20 anos, Quinn.
– Eu não nego isso, mas já parou para pensar que em algum momento depois desses mais de 20 anos... eles tenham deixado de ser o que o outro precisava?
Rachel arqueou as sobrancelhas enquanto tomava outro gole de café.
– Existe muito mais a se considerar em uma relação do que apenas felicidade e amor, Rachel. - Quinn comentou em voz baixa. - Existe uma gama de coisas que só cabe as pessoas envolvidas entenderem quando o relacionamento deixou de ser sadio. Eu acredito que seus pais foram felizes, eles tiveram você, eles te criaram, eles enfrentaram juntos muita coisa, mas em algum momento eles talvez tenham entendido que eram melhores como amigos do que como amantes.
– Foi assim com o Noah? - A morena perguntou em voz baixa.
A loira deu um sorriso simples, tomou um gole do café.
– Sim, na verdade sim. - Respondeu no mesmo tom com o qual Rachel fizera a pergunta. - Nós tentamos, realmente tentamos. Mas acabamos percebendo que o que sentíamos era orgulho um pelo outro, era carinho, era cuidado. Tivemos uma filha juntos e acredite... isso não foi fácil. Ele errou e eu errei, ele me deixou e eu o deixei, talvez não tenhamos ficado realmente juntos até a tentativa final. Mas ai... já era uma forma de tentar justificar que tínhamos que ser, havíamos passado por tanto e nunca havíamos nos dado uma chance real.
– Fala como se tivesse sido uma tentativa desesperada. - Rachel a olhava como se tentasse desvendar o que a loira dizia.
– De certa maneira, tentamos encontrar um no outro algo que nos lembrasse Beth. - A loira respirou fundo.
– Falei com Shelby esses dias... ela disse que esta tudo bem.
A loira ergueu a cabeça para ela e concordou com a cabeça devagar.
– Você ainda pensa nela? - A morena inclinou a cabeça.
– Todos os dias. - A loira confidenciou. - Penso em como as coisas seriam se eu não tivesse a dado. Se teria feito metade das coisas que fiz. Se ela estaria feliz. Se eu acabaria me ressentindo com ela. Se ela pensa em mim. Coisas assim...
A morena concordou com a cabeça.
– Eu te entendo. - Sussurrou antes de soltar uma risada baixa. - Eu entendo perfeitamente, pensei em Shelby todos os dias até o dia que a conheci. E você estava lá, não foi?
– Sim... - A loira suspirou antes de estender a mão por cima da mesa e acariciar a mão de Rachel. - Eu estava lá...
– Você tomou a decisão certa... - A morena a olhou antes de oferecer um sorriso pequeno. - E um dia ela vai querer te conhecer e vocês poderão sentar assim, em uma cafeteria e ter uma conversa franca.
– Como a que estamos tendo? - A loira arqueou a sobrancelha arrancando uma risada da morena.
– Sim, desse jeito. - Rachel tomou um gole do café.
A loira se distraiu brincando com um guardanapo, fazendo pequenas dobraduras nele.
– Tem falado com Santana? - A morena perguntou olhando para as dobraduras que iam sendo feitas.
– Não, mas falei com Brittany hoje mais cedo. - A loira deu de ombros. - Santana estava em estúdio gravando alguma faixa nova... Brittany estava de saída para a academia de dança. Elas parecem felizes depois da última pequena crise.
– Espero que sim. - Rachel resmungou. - Santana fica insuportável quando Brittany a obriga a fazer algo que ela não quer.
Quinn soltou uma risada baixa antes de inflar o balão que havia feito e o colocar no meio da mesa.
– Mike esta em turnê não é? - Perguntou vendo a morena sorrir de leve para o balão.
– Sim e Artie esta viajando junto pela Europa fazendo aquele documentário. - A morena sorriu com a lembrança do último e-mail que havia recebido, parou soltando um suspiro pesado. - Você tem orgulho do Noah? Do homem que ele se tornou?
– Claro que tenho. - Quinn inclinou a cabeça tentando adivinhar onde iriam parar.
– Fico pensando se ele teria orgulho de mim. - A morena abaixou os olhos lambendo os lábios, de maneira inconsciente tocou as costelas com a ponta dos dedos. - Da mulher que me tornei.
Quinn suspirou pesadamente antes de estender as mãos apanhando as de Rachel e as apertando.
– Eu tenho certeza que ele está. - Falou de maneira firme atraindo o olhar de Rachel. - Ele está muito orgulhoso de você, Rachel. Da mulher que você se tornou, de ter conseguido o que sempre sonhou. Onde quer que Finn Hudson esteja, ele esta sorrindo de orgulho.
A morena sorriu deixando a lágrima escorrer pelo olho esquerdo.
– Sinto falta dele. - Sussurrou.
– Eu sei que sente. - Quinn puxou as mãos delicadamente e as beijou com cuidado. - Todos sentimos, mas eu acredito que ele esteve te vendo hoje.
Rachel respirou fundo e apertou a mão de Quinn antes de soltar uma risada baixa.
– Onde esta Kurt? - A loira perguntou sem solta-la.
– Ele e Blaine tiveram que ir a Paris, Kurt tinha uma reunião com a Vogue francesa e Blaine o acompanhou para uma segunda lua-de-mel. - Sussurrou. - Só veio você e Deus, como eu estou agradecida por você ter estado naquele teatro hoje.
– E onde mais eu estaria Rachel? - Quinn sussurrou, com o polegar acariciou o dorso da mão da morena. - Não parou pra pensar que de um jeito ou de outro sempre estivemos nos momentos mais importantes uma da outra?
– É... - A morena sorriu. - Parece que no final sempre sobra eu e você.
– Eu tenho uma ideia sobre o porque nos intrometemos tanto na vida uma da outra. - Quinn se inclinou sobre a mesa como se estivesse prestes a contar um segredo, não soltou as mãos de Rachel.
– O que? - Rachel se curvou para ela tentando conter o sorriso.
– Acho que queriamos que fossemos melhor do que já eramos. - Quinn inclinou a cabeça. - De alguma maneira, minhas ações por mais desgraçadas que tenham sido... fizeram de você uma performista melhor, uma cantora melhor, uma artista melhor. E suas ações.. por mais egoístas que tenham sido, fizeram de mim uma mulher melhor, me fizeram amadurecer mais.
– Esse é o seu pensamento?
– Bem, prefiro acreditar que no final das contas fizemos o que era melhor para nós mesmas. - Quinn sussurrou, olhou para as mãos das duas unidas sobre o tampo da mesa. - No final das contas, com todos os nossos erros nós acertamos. Você fez de mim uma mulher melhor, Rachel Berry.
Rachel inclinou a cabeça buscando os olhos de Quinn.
– É aquela mágica? Certo?

*

Quinn a olhou de soslaio antes de assobiar baixinho uma melodia bastante conhecida para ambas. Rachel sorriu antes de cantar baixinho.
– I feel pretty... Oh, so pretty... I feel pretty and witty and bright! And I pity... any girl who isn't me tonight... - Sorriu olhando para os próprios pés.
– Eu também tenho. - Quinn deu um sorriso pacifico.
– Do que? - Rachel franziu o cenho olhando para a loira.
– De qualquer garota que não seja você essa noite. - Quinn apressou o passo para andar virada para Rachel dando as costas para o caminho que seguiam.
Rachel sentiu o rosto corar de leve e agradeceu mentalmente terem resolvido andar ao invés de pegar um táxi, poderia culpar o frio pelas suas bochechas.
– Cuidado. - A morena a alertou.
– Eu confio em você para me dizer quando devo parar. - Quinn piscou um dos olhos verdes e sorriu vendo Rachel corar outra vez. - Posso fazer uma pergunta?
– Acho que você me fez mais perguntas essa noite do que o nosso High School inteiro. - A morena provocou arrancando um suspiro da loira.
– E só Deus sabe o quanto eu me arrependo disso. - Falou parando de andar, deixou Rachel se aproximar o seu corpo.
– Pergunte então. - A morena assoprou as palavras se aproximando mais do corpo da loira, ergueu o queixo a encarando.
– Se você pudesse voltar no tempo, por um dia apenas. - Quinn ergueu o dedo. - Para qual dia voltaria?
– O dia em que ganhamos as nacionais. - Rachel respirou fundo fechando os olhos.
– Por quê?
– Por que eu senti aquela ansiedade, não sabia se ganharíamos, se ela estaria lá para me ver. - Rachel mordeu o lábio abrindo os olhos. - Não sabia se você conseguiria. Finn estava lá, todo mundo estava lá e foi o nosso momento de maior glória. Acho que... eu nunca tinha sido tão feliz até aquele momento.
Quinn concordou com a cabeça.
– E você Quinn, para quando você voltaria?
– Você vai achar estranho. - A loira soltou uma risada baixa. - Não seria um dia na verdade e sim uma sensação. Lembra da primeira aula que eu fui do Glee Club? Com Santana e Brittany?
– Hnnn... sim, você e Santana me hnnn... a coreografia que Sr. Shue estava planejando, vocês me manipularam. - Rachel deu um sorriso vendo Quinn inclinar a cabeça para o chão escondendo o rosto. - É desse dia que fala?
– Não falo do dia. - Quinn murmurou antes de erguer o rosto. - Falo da sensação. Eu sei, eu estava lá por causa de Finn e para destruir o Glee, mas quando eu entrei na sala com Santana e Brittany nos meus calcanhares... eu me senti outra pessoa. Eu ainda estava mal intencionada, mas me senti... protegida. Entende? Mesmo que eu soltasse comentários maldosos, fosse má intencionalmente, fizesse piada, tenta-se atrapalhar, vocês estavam lá pra mim. Eu me senti parte de algo, mesmo que eu negasse e isso era muito pra mim.
– Você era a head cheerio.
– E? - Quinn soltou uma risada amarga. - Isso não significava nada, não entendeu com o passar dos anos?
– Sim, eu entendi, mas... achei que naquela época, aquilo era tudo para você.
– Não, não era, mas se me permite... - Quinn deu um passo para mais perto deixando as duas a escassos centímetros uma da outra. - Eu gostaria de estar em outro lugar além daquele que eu mencionei. Na verdade eu queria o lugar, o momento e não apenas a sensação.
– Qual?
– Nossa primeira seccionais. - Quinn sorriu antes de timidamente tocar os dedos de Rachel com os próprios. - Lembra? Perdemos a nossa lista de músicas e tivemos que improvisar.
– Lembro que foi quando eu contei ao Finn sobre você e Puck. - Rachel suspirou. - Você disse que não sentia raiva de mim.
– Foi a primeira vez que você me deixou completamente arrepiada. - Quinn segurou a mão de Rachel. - Com Don't rain on my parade, você me fez esquecer tudo o que estava de errado. E me fez muito mais feliz do que eu já tinha sido até aquele momento.
Rachel mordeu o lábio gordo e sorriu, respirou fundo.
– Bem, você me fez ir atrás do que eu queria no nosso ultimo ano. - Rachel virou a mão entrelaçando seus dedos aos de Quinn. - Obrigada, por tudo.
– É sempre um prazer... - Quinn inclinou a cabeça dando um pequeno sorriso. - Acho que tenho que te levar até a sua comemoração, certo?
– Não. - Rachel sussurrou. - Não quero ir.
– E para onde você quer ir?
Rachel sorriu inclinando a cabeça.

*

Quinn soltou uma risada baixa vendo Rachel correr por entre as fileiras com a garrafa de licor nas mãos.
– Cuidado. - Alertou a morena que parou se virando para ela. - Certeza que podemos estar aqui?
– Acho que estou autorizada a tomar um par de bebidas no palco em que fiz meu maior papel, até o momento. - Fez uma mesura para Quinn antes de soltar uma risada tomando um gole da garrafa.
Quinn sorriu se aproximando da mulher para poder antecipar qualquer eventualidade.
– Eu sempre quis te fazer uma pergunta. - Rachel murmurou apoiando o corpo na divisão entre a plateia e o fosso da banda.
– Pergunte. - Quinn se sentou na poltrona em frente a morena.
– Como você conseguiu voltar tão rápido para o colégio após o acidente? - A morena franziu as sobrancelhas. - Quero dizer sua coluna estava comprimida, mas você voltou em um pouco menos de um mês. Tinha controle do tronco e sabe... de suas necessidades. Não que eu não esteja dizendo que isso era ruim, mas agora parando para pensar era confuso. E então você estava em pé e dançando daquele jeito nas nacionais e não tinha passado nem cinco meses direito...
– Rachel, respire. - Quinn soltou uma risada baixa antes de permanecer quieta olhando para a morena. - O que eu posso dizer? Sou Quinn Fabray, tudo é possível quando se trata de mim. Além do mais, eu não poderia perder a oportunidade de dançar em Chicago.
Rachel soltou uma risada curta antes de tomar outro gole do licor.
– Você sabe... sua recuperação foi estranha.
– O que não foi estranho nas nossas vidas? - Quinn deu de ombros. - Tudo parecia um pouco bizarro, convenhamos.
– Isso é verdade. - Rachel parou inclinando a cabeça. - Na verdade, você está certa. Por que sempre tinha uma banda nos acompanhando quando resolvíamos começar a cantar do nada? E como diabos eles sempre sabiam qual era a música?
Quinn soltou uma risada alta que ecoou pelo teatro vazio.
– Você conseguiu? - Rachel a olhou inclinando a cabeça. - Se formou com honras?
– Sim. - Quinn abaixou os olhos para a ponta dos dedos que se tocavam. - Eu consegui, vim para New York e após alguns testes consegui um papel em uma peça que vai estrear. Não é a Broadway, mas é um bom inicio, não acha?
– É um ótimo início. - Rachel pulou no lugar antes de se sentar ao lado de Quinn. - Isso é ótimo Quinn, quero estar lá na noite de estreia.
– Não, não precisa... - Quinn murmurou sentindo o rosto esquentar. - Não é nada grande, e você tem isso aqui. - Olhou pelo teatro sorrindo. - Não tem por que perder tempo indo lá quando pode estar aqui todas as noites.
– Quem disse? - Rachel se inclinou sorrindo, estendeu a garrafa de licor para ela. - Eu quero te ver no palco... quero ver se ainda é tão boa em chorar.
Quinn soltou uma risada antes de pegar a garrafa e tomar um gole.
– Quinn... eu estarei lá. Primeira fileira no centro, me procure.
– Eu vou procurar. - Quinn sorriu antes de suspirar tomando outro gole. - Me deixa te ver no palco outra vez?
Rachel sorriu antes de pular para fora da poltrona e desaparecer no caminho que levava ao backstages. Não demorou nada para as luzes do palco se acenderem e Rachel aparecer sorrindo para ela.
– Talvez você reconheça essa aqui. - Sorriu limpando a garganta. - Só um pedacinho ok?
Quinn sorriu franzindo as sobrancelhas antes de Rachel começar.
– Just go ahead and hate on me and run your mouth... so everyone can hear... hit me with the worst you got and knock me down... baby, I don't care... - Ouviu a risada de Quinn e ao abrir os olhos a loira tinha as mãos juntas próximas a boca que sorria. - Keep it up and soon enough you'll figure out... you wanna be... you wanna be... a loser like me... a loser like me...
Quinn aplaudiu com força ainda sorrindo, soltou uma risada rouca.
– Maravilhosa. - A Fabray garantiu. - Como sempre. Afinal, fazer parte de algo especial nos torna especial não é?
– É o que eu gosto de acreditar. - Rachel sorriu para a loira. - Afinal, todos nós terminamos bem, não é? Perseguindo nossos sonhos, alguns já os conquistando. Você realizou o sonho de ser a melhor aluna da classe em Yale e eu realizei o sonho de estar aqui. No final todos terminamos bem.
Quinn apoiou a cabeça com o dedo indicador tocando a têmpora, Rachel se sentou na beirada do palco deixando as pernas balançarem.
– E você Quinn Fabray?
– Eu?
– Sim e você... o que andou planejando para o seu futuro? Qual é o seu próximo sonho a ser realizado?
Quinn respirou fundo sentindo o corpo quente e confortável.
– Eu estive te esperando para poder decidir. - Sua voz doce assim como o sorriso.

And that's what you missed on Glee!


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Notas finais do capítulo

@just_someone13 e ask.fm/PSomeone