Uma Garota Perdida escrita por Lonely Girl


Capítulo 6
Life can be cruel!




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POV-Samantha

Perguntas rodeiam minha mente, o que virá agora? Kevin me faz sentir, tão feliz, tão segura, tão viva. Nunca pensei que tais sensações existiam, principalmente em mim.

–Então Sam o que quer fazer hoje?-pergunta ele se afastando.

–Não sei!-dou de ombros.

Ele me olha e diz:

–Acho que você está me devendo um ''tour'' pela cidade?!-diz ele rindo.

Eu sorrio e concordo.

Vou até meu quarto, visto uma roupa mais adequada, vamos por assim dizer. Pego meu celular, alguns trocados e desço novamente. Saímos de casa, e fomos andar pela cidade. Engraçado, moro aqui a tanto tempo que todas as vezes que saía parecia ser tudo sem graça, e agora com o Kevin ao meu lado tudo parece ter mais cor, tudo é melhor com ele por perto.

–Então Kevin, por que veio pra cá?-pergunto enquanto andávamos de mãos dadas.

–Bom é uma longa história!-diz ele abaixando a cabeça, sua voz saiu com um tom de tristeza.

–Temos muito tempo!-digo tentando fazer com que ele me conte.

Nos sentamos em um banco na praça, ele me olhou e disse:

–Minha mãe morreu quando eu tinha apenas 3 anos, ela teve câncer e meu pai sofreu muito, mas se manteve forte. Ele me criou, me deu tudo do bom e do melhor. Ano passado descobrimos que ele tem DCJ.

–O que é DCJ?

–É uma desordem cerebral, que causa perda de memória, tremores, desordem na marcha, postura rígida e ataques epilépticos e paralisia facial o que dá a impressão de que a pessoa está sorrindo.

–E tem cura?

–Não!-percebo que uma lágrima escorre dos olhos de Kevin, o mesmo acontece comigo.

Por mais estranho que seja, eu consigo sentir a dor que ele está sentindo, é como se fossemos um só.

–Eu não quero perdê-lo Sam, ele é minha família. Fomos só nós dois durante todos esses anos, e daqui alguns dias ele irá partir.

Agora Kevin não se segurava mais, ele deixou que as lágrimas viessem e se entregou em um choro, cheio de dor e medo. Eu o abracei e disse:

–Kevin, eu gostaria de conhecer seu pai!

Ele me olhou, parecia estar um pouco assustado com meu pedido, mas depois abriu um pequeno sorriso em seu rosto e concordou. Andamos até a sua casa, uma moça toda de branco, cabelos loiros e olhos castanhos abriu a porta.

–Ah Kevin, você voltou! Não devia estar na escola, mocinho?-disse ela com uma voz doce.

–É Annie, essa é a Samantha. Samantha essa é a Annie, enfermeira do meu pai!

–Muito prazer!-digo estendo a mão pra ela, que a mesma pega em minha mão e me puxa para um abraço.

–Samantha é um prazer te conhecer! Kevin, fala muito de você.-disse ela me soltando.

Eu só dou um sorriso.

–Vim apresentar ela ao meu pai!

Annie lançou um olhar desconfiado para nós dois, ela ia perguntar algo mas desistiu. Ela nos levou até a enorme sala de estar, onde o pai de Kevin estava sentado, olhando para o nada.

–Pai!-disse Kevin se sentando perto dele.

O pai de Kevin fez um barulho, como se estivesse perguntando quem eu era.

–Essa é a Samantha, pai!

POV-Kevin

Samantha está conversando com meu pai, naturalmente, achei que ela ia estranhar, mas não. Ficamos algumas horas na sala com meu pai, depois tivemos que sair pra ele poder descansar. Eu e Samantha fomos para varanda e nos sentamos no balanço que tinha lá frente.

–Então o que achou do meu pai?-pergunto a ela, que parecia um pouco distraída.

–Ele é bem legal, parece que ele é bem amoroso.

–Acredite em mim, se ele conseguisse falar, você ficaria envergonhada com as perguntas dele!

Nós dois rimos e ela disse:

–Kevin, o que vai acontecer depois que...você sabe!

Abaixei a cabeça, eu ia contar a verdade a ela, mas preferi não falar disso...Não agora! Levantei a cabeça, soltei um leve sorriso e disse:

–Não vamos falar disso agora, está bem?

Ela concordou.

Ficamos lá, abraçados, nos beijando, falando bobagens e depois ela me olhou e disse:

–Eu tenho que ir!-disse ela se levantando.

–Ah não, fica mais um pouquinho!-digo puxando ela, fazendo-a cair no meu colo.

Ela ri e me dá um selinho.

–Eu adoraria, mas tenho que buscar o Lucas!

–Oh, é mesmo! Quer que eu vá com você?

–Não precisa, a gente se fala mais tarde!

Ela se levantou e foi embora. Eu voltei pra dentro de casa e fiquei pensando na Sam.
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As semanas foram se passando e tudo estava indo bem, Sam e eu estávamos meio que namorando, não era oficial ainda. A vida da Sam está um pouco complicada, sua mãe saiu da cidade com um grupo ''amigos'', se é que me entende! Ela está sozinha com o Lucas, pelo jeito ela não se importa muito com isso. Está até feliz!

Estou voltando pra casa, consegui um trabalho como ajudante de mecânico, sempre gostei de carros e motos. Juntei dinheiro suficiente e comprei uma moto pra mim, chego em casa e Annie diz:

–A Kevin eu tenho que sair por alguns minutos, toma conta do seu pai, está bem?

–Ok!

Eu fui para meu quarto, tomei um banho e vesti uma roupa bem fresquinha. Fui até o quarto do meu pai, ele estava deitado na cama, estava quieto. De repente ele começou a se remexer, e sangue escorria pelo seu corpo, entrei em desespero. O que eu faço agora? Imediatamente, liguei para a ambulância:

–Boa tarde, qual a emergência?-respondeu a atende do outro lado da linha.

–MEU PAI ESTÁ MORRENDO!-gritei.

–Calma senhor, estaremos ai o mais rápido possivel!

Desliguei o telefone, nisso Annie chegou, eu gritei seu nome ela subiu as escadas correndo foi até o quarto e disse:

–Kevin, espere lá embaixo por favor!

Eu não queria descer, queria ficar ali ao lado do meu pai, mas ela não deixou e eu tive que ficar lá embaixo. A ambulância chegou e levaram meu pai, eu e Annie fomos com eles, chegamos no hospital, eu liguei para Samantha, mas só dava caixa-postal. Onde ela está? Preciso dela ao meu lado, eu sabia que isso ia acontecer.

Sabia que a morte de meu pai tinha chegado, mas não queria aceitar, era demais pra mim. Ainda sou aquele garotinho de 3 anos, meu pai não pode ir agora, não... Por que ele? Com tanta pessoa ruim no mundo, porque levar meu querido pai, que só fez o bem as pessoas que amava, nunca machucou nem uma mosca.

Fico sentado nos corredores sem poder fazer nada, sem saber o que está acontecendo naquela sala. Eu sei que não tem mais jeito, que meu pai não sobreviverá. Annie se aproxima de mim e diz:

–Kevin, você quer se despedir?

Assenti. Ela me levou até a sala, onde meu pai estava deitado na cama com os olhos fechados, parecia que já tinha ido, mas ainda estava respirando. Annie disse que eu tinha apenas alguns minutos antes que ele se vá...Pra sempre!

–Pai?!-digo já com uma lágrima escorrendo dos meus olhos.

O silêncio fazia parte daquela sala, fazia parte de mim.

–Pai durante todos esses anos você cuidou de mim, você me amou e nunca me deixou sozinho. Eu gostaria que o senhor pudesse ficar mais tempo aqui, queria que o senhor fosse a minha formatura, que pudesse conhecer os filhos que ainda terei. Pai, obrigado por tudo, queria poder ter a cura, mas a decisão não é minha e sim do Grandão lá em cima!

Fiquei olhando para ele por um tempo, acho que estava esperando uma resposta ou algum tipo de sinal.

–Eu te amo pai, você irá para um lugar melhor!

A máquina onde estava ligado o coração do meu pai, começou a apitar. Meu pai tinha ido, os médicos entraram na sala e me colocaram pra fora, eu só sabia chorar e gritar! Agora eu estava precisando de um abraço, não de qualquer pessoa e sim do abraço da Sam, mas onde ela está? Já mandei mensagem, liguei e nada. No momento em que eu mais preciso dela, ela some...

POV-Samantha

Depois que cheguei da escola, me deitei no sofá. Não tinha ninguém em casa, Allison saiu da cidade e não sei se ela irá voltar, Lucas está na casa de um amigo dele e eu não sei onde está o Kevin. Meu celular descarregou e então deixei ele carregando.

Nisso alguém bate em minha porta, eu abro e quando vejo quem era.

–Você?-digo olhando pra ele.

–Oi filha!-ele abre um sorriso.

–Ian o que está fazendo aqui?

–Precisava conversar com você e sua mãe!

–Allison não está em casa.

Ele ficou me olhando até que disse:

–Que tal darmos uma volta?

Eu assenti. Fomos até o carro dele, e fizemos um passeio pela cidade. Ele me contou sobre a vida dele aqui quando era mais novo, contou sobre meus avós que morreram a alguns anos atrás. Era tudo tão estranho, meu pai bem do meu lado e a algumas semanas atrás, eu nem o conhecia.

Minha vida deu uma reviravolta e fez com que tudo ficasse um pouco melhor!
Voltamos pra casa, Ian foi embora e eu peguei meu celular. Quando liguei ele, tinha apenas uma mensagem, era do Kevin.

''Sam cadê você? Estou te ligando, mas só dá caixa-postal! Por favor, vem até o hospital meu pai está morrendo.. Preciso de você, vem rápido!''

Quando terminei de ler a mensagem, sai correndo. Dei sorte, pois Ian ainda estava lá fora e pedi a ele que me levasse até o hospital, entramos no carro e fomos. Chegando lá, entrei as pressas e procurei pelo Kevin, até que avistei Annie sentada chorando, corri até ela e disse:

–Annie, onde está o Kevin?

Ela enxugou as lágrimas e disse:

–Está lá dentro se despedindo dele!-disse ela num tom calmo, mas quando terminou de falar, voltou a chorar.

De repente, houve uma correria dentro daquele hospital, todos entraram no quarto onde estava Anthony, o pai de Kevin.... Parece que ele se foi!

POV-Kevin

Quando sai do quarto, dei de cara com a Samantha no corredor, corri pra perto dela e a abracei forte, ela retribuiu meu abraço. Tinha um homem ao seu lado, eu apenas o ignorei, na hora só sabia chorar e abraçá-la. Fomos até uma sala mais reservada, nos sentamos no sofá que tinha lá e eu chorava muito.

–Sam...-era só isso que conseguia dizer, o nome dela.

–Calma, eu estou aqui! Tudo vai ficar bem...-a voz dela me acalmava um pouco.

Ficamos em silêncio por um momento, Annie entrou na sala e disse:

–Kevin temos que ir!-disse ela com um olhar meio abatido.

Nos levantamos, e eu fui com Annie e Sam com aquele homem. Quando chegamos em casa, subi para o meu quarto e me deitei na cama, estava tão cansado que acabei apegando no sono.

Acordei com Annie me cutucando, ela estava com uma expressão de preocupação.

–Annie o que foi?-digo sentando-me na cama.

–Eles ligaram Kevin, viram te buscar amanhã.

–O quê?!?!?!-digo espantado.

–Amanhã? Não, eles não podem me levar, eu tenho que ficar aqui. Preciso ficar aqui!-digo já em pé.

–É por causa dela, não é?-perguntou Annie.

Eu abaixei a cabeça, sim era por causa da Sam, não queria deixá-la.

–Kevin você sabia que esse dia ia chegar, sei que não devíamos falar disso hoje, mas é preciso. Eles tem o direito!

–Não, eles me ignoraram durante anos e pra mim não são nada!

–Olha eu não posso fazer nada, eu queria muito poder cuidar de você, mas sou apenas uma enfermeira. -percebi que lágrimas escorreram dos olhos de Annie, ela me via como um filho.

Whoahh
No we're not gonna waste another moment in this town
Whoahh
We won't come back the world is calling out
Whoahh
Leave the past in the past gonna find the future
And misery loves company
Well,so long
You'll miss me when I'm gone
You're gonna miss me when I'm gone


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