Uma Garota Perdida escrita por Lonely Girl


Capítulo 4
You are the hero of my dreams?




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POV-Samantha

Hoje é quarta-feira, estou indo pra escola, só pra não ter que ficar em casa e olhar pra Allison. Ainda estou meio mal pelo o que ela me disse, mas tento não demonstrar!

Entro pelos portões da escola, Kevin já estava na sala, eu tinha me esquecido do beijo, mas quando o vi lembrei imediatamente. Ele me olhou e sorriu, fez um gestão com a mão, me chamando para sentar ao lado dele, e eu fui. Coloquei minha mochila no chão, Kevin me olhou e perguntou:

–Você está bem?-perguntou ele preocupado.

–Estou sim!-digo tentando disfarçar com um sorriso.

–Tem certeza?

Concordei com a cabeça, e eu acho que ele acreditou.

PRIIIIIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMMMM-o sinal tocou e Kevin deu um pulo da cadeira, eu dei gargalhada ao ver aquela cena.

–O que foi isso?-pergunto ainda rindo.

–Levei um susto, com esse sinal maldito!-disse ele colocando a mão em seu peito, como se tivesse tido um infarto.

Eu ri e balancei a cabeça negativamente, como se não estivesse acreditando nele.

Os alunos foram entrando e a professora de biologia junto com eles.
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Devo dizer que todas as aulas foram chatas, honestamente às vezes eu nem tenho vontade de estudar. Saindo pelos portões, escuto alguém chamando meu nome, olhei para trás, era o Kevin, correndo feito louco. Eu parei, para que ele pudesse me alcançar, e quando ele finalmente conseguiu, se apoiou em meu ombro e tentou recuperar o fôlego.

–Você está fora de forma, hein?!?!-digo com a voz sarcástica.

Ele olha pra mim, tentando me repreender e eu fico rindo da cara que ele faz.

Quando ele finalmente se recupera, descemos as escadas e estávamos indo embora, quando um homem me parou.

–Samantha?-disse o homem na minha frente.

Eu olhei e o reconheci. Era o homem, que esbarrou em mim no outro dia. Mas o que será que ele faz aqui na minha escola?

–Eu me chamo Ian, podemos conversar?-disse ele me olhando.

Kevin me puxou para trás e sussurou em meus ouvidos:

–Não aceite, Sam! Você não o conhece.

Eu fiquei pensando no que Kevin disse, e eu não ia com aquele homem até que ele disse:

–Não tenha medo, só vim falar sobre seu pai!

Nisso eu senti meu coração parar, por um momento perdi a razão, e depois voltei a olhar o homem.

–O senhor conhece meu pai?

–Eu o conheço a muito tempo.

Eu me soltei dos braços de Kevin, e me aproximei do homem.

–Aonde ele está? Como ele é?

O homem riu, e disse:

–Calma, uma pergunta de cada vez. Venha comigo, que eu lhe conto tudo!

Ele foi andando até o seu carro, e eu fui seguindo ele. Mas Kevin me puxou pelo braço, novamente, e disse:

–Samantha, você realmente vai com ele? Você nem sabe quem ele é.

–Isso é verdade, mas ele conhece meu pai! Quem sabe ele possa me levar até ele.

Me soltei dos braços de Kevin, deixando-o sozinho e voltei a seguir o homem.

Chegamos em seu carro, ele abriu a porta pra mim e disse:

–Vou te levar num lugar especial!
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Percebi que estávamos indo pra um lugar distante, fiquei morrendo de medo. Talvez eu devesse ter escutado o Kevin, mas de alguma forma senti que podia confiar nesse homem.

–Qual é o seu nome, mesmo?-pergunto enquanto ele dirigia.

–Ian.-disse ele olhando para a estrada.

–Como conheceu meu pai?

Ele não respondeu, eu preferi não perguntar de novo. Não sei o que esse tal de Ian, é capaz de fazer.

–Chegamos!-disse ele parando o carro em frente a uma pequena colina que ficava quase no final de Greenville.

Saímos do carro e fomos até a uma pequena árvore que ficava no final da colina, nos sentamos no gramado e ele disse:

–Sua mãe costumava chamar este lugar de ''lugar ao sol''...-disse ele olhando ao redor.

–Você disse que conhecia meu pai, aonde ele está?

–Samantha seu pai, está bem aqui!-disse ele me olhando.

Aquilo não podia ser verdade!

–Como assim meu pai está aqui?-pergunto me levantando.

Ele se levantou também e disse:

–Samantha, há de 16 anos atrás, eu e sua mãe nos conhecemos e nos apaixonamos. Foi algo tão verdadeiro, tivemos uma noite e você sabe. Quando sua mãe descobriu que estava grávida, ela me contou e eu fiquei assustado, admito! Mas ainda sim, contente, nós tínhamos combinado de fugir e ter uma vida juntos, mas eu contei aos meus pais o que íamos fazer, e eles me obrigaram a ir pra São Francisco.

Eu chorava ao ouvir aquilo, tudo está confuso! Ian parou de falar por alguns minutos e depois continuou.

–Eu sei que talvez tudo isso seja demais, mas você precisa saber a verdade! Eu não quis abandonar sua mãe, pelo contrário, eu queria ter estado ao lado dela durante todos esses anos. Mas não pude! Sei que ela deve ter dito coisas horríveis, sobre mim.

–Ela não disse nada sobre você!-digo interrompendo ele.

As palavras quase não saíram da minha boca, fiz um esforço pra tentar falar mas foi em vão.

–Samantha eu voltei para cá, com intuito de reencontrar sua mãe e explicar o que aconteceu. E fiz isso, ontem a encontrei e trouxe ela até aqui. Talvez tenha sido difícil pra ela...

–Pra ela? Você quis dizer pra mim e meu irmão, né?!-digo o interrompendo novamente.

–Irmão? Você tem um irmão?

–Tenho, de nove anos e ele se chama Lucas!

Ian fica sorrindo e me olhando, eu não consigo sorrir. Aquilo tudo é demais pra mim, meu pai bem na frente, sempre imaginei como seria conhecê-lo, mas nunca pensei que seria tão difícil!

–Allison não liga nem pra mim e nem pro meu irmão. Durante esses anos, eu tive que cuidar de nós dois, enquanto ela só sabia beber e se prostituir. Quantas noites, tivemos que presenciar coisas horríveis! E ontem eu descobri que para ela, eu apenas não passo de um fardo, que ela tem que aturar.

–Fardo? Não, claro que não.-disse Ian, que estava espantado com as minhas palavras.

–Sim, foi ela mesma quem disse isso! Olha Ian, você não sabe a metade do que tive que aguentar, e isso aqui... É demais pra mim!

–Eu posso imaginar, mas Samantha eu quero saber mais sobre você, quero poder ser o seu pai!

–É tarde demais!-digo olhando seriamente para ele.

Vi lágrimas escorrerem de seus olhos, aquilo partiu meu coração. Mas era verdade, já faz tanto tempo, e não há nada que ele possa fazer para concertar!

–Tenho que voltar!

Ele não disse nada, apenas sai andando em direção ao carro e eu fui atrás. Entrei no carro, durante a viagem de volta não disse nenhuma palavra, nada fazia sentido!

Ian parou em frente a minha casa, eu desci do carro e ele disse:

–Samantha, me perdoe!-disse ele com os olhos cheios de lágrimas.

–Não posso te perdoar, não agora! Talvez leve algum tempo...

Fechei a porta do carro e ele foi embora. Eu não entrei em casa, sai andando pela cidade, a procura de um lugar onde pudesse chorar, gritar... Um lugar onde ninguém me encontrasse!

Quando finalmente achei, era um lugar um pouco bonito por sinal. Era o jardim de alguém, parecia que não tinha ninguém em casa. Me sentei perto da árvore que tinha por lá, e comecei a chorar. Até que senti alguém me abraçando, quando olho e vejo quem é, meu coração sorrir!

–Não devia estar em casa?-pergunta Kevin, sorrindo e limpando minhas lágrimas.

–O que faz aqui?

–Eu moro aqui!

Eu fico olhando dentro dos seus olhos, e ele faz o mesmo.

–O que aconteceu, Sam?

–Aquele homem que apareceu no colégio, é meu pai!

Ele se espantou e disse:

–Puxa, isso é inesperado!

Eu concordei com ele.

–Mas como você soube?

Eu contei tudo o que aconteceu para o Kevin, e quanto mais eu conto, mais eu choro. Kevin me abraça e diz:

–Sam é muita coisa! Você contou pra sua mãe?

–Não, e nem vou! Kevin, ela não é minha mãe, depois do que ela me disse ontem, o restinho de compaixão e carinho que eu tinha por ela... Acabou!

Kevin olhou dentro dos meus olhos, mas não disse nada. Ele apoiou sua mão em meu braço, onde estava cortado, e sem querer eu deixei escapar um ''Ai''!

–O que foi?-perguntou ele preocupado.

–Nada!-digo puxando meu braço pra perto de mim, tentando disfarçar.

–Sam você disse ''ai'', deixa eu ver seu braço!

–NÃO!-gritei sem querer.

–Calma, não precisa gritar, só quero ver se você está machucada.

Eu não ia deixar, ele não podia saber que eu me corto. Ninguém precisa saber disso, mas Kevin foi puxando meu braço devagar, e eu acabei cedendo. Quando ele puxou a manga da minha blusa e se deparou com meu braço, cheio de cortes.

–Oh Sam!-disse ele me olhando, com aquele olhar de pena.

–Não me olhe assim Kevin! Não preciso que ninguém tenha pena de mim.

–Não eu não estou com pena de você, só não entendo o por que!

Ele me olhava, ele queria uma resposta, quer dizer, precisava de uma.

–Porque a dor que eu sinto dentro de mim, é tão forte que eu preciso sentir por fora também. Já tentei parar, mas sempre algo acontece e faço tudo de novo! A lâmina já virou minha amiga...

But I'm only human
And I bleed when I fall down
I'm only human
And I crash and I break down
Your words in my hear, knives in my heart
You build me up and then I fall apart
'Cause I'm only human

Mas eu sou apenas humana
E eu sangro quando caio
Sou apenas humana
E eu me arrebento e desmonto
Suas palavras na minha cabeça, facas em meu coração
Você me bota lá em cima e depois eu caio aos pedaços
Pois sou apenas humana


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