Aquele era um dia especial, sem dúvidas. Não apenas para ela, mas para todo o Exército Revolucionário que dava uma ligeira pausa em suas tarefas para prestar homenagem ao homem que agora era o segundo em comando. Sabo era o conselheiro de Monkey D. Dragon e um dos homens mais fortes daquela resistência. Mas era humilde, de personalidade gentil e desligada. Um homem de bom coração, o que foi diretamente percebido pela instrutora-assistente de Karatê-Tritão. Koala tinha chegado à base revolucionária um pouco antes do loiro, e ajudou no cuidado dos ferimentos deste quando Dragon voltou com o menino. Algumas cicatrizes ficaram no corpo dele, mas a garota não se importava. Ela mesma tinha suas próprias cicatrizes de um tempo do qual preferia e fora alertada a não se lembrar mais.

Agora que estava com eles, era verdadeiramente livre. E trabalhava em prol da liberdade dos outros da tirania imposta pelo Governo Mundial. Motivação mais nobre que essa, para ela, não existia. E viver por tal objetivo junto das pessoas que amava, era ainda melhor para mulher e uma dessas pessoas era Sabo. A relação deles era única, quem não os conhecesse diria que se odiavam, pois viviam em guerra enquanto um implicava o outro. Aqueles que estavam em constante convívio os provocavam dizendo que eles acabariam juntos. Koala odiava ter que concordar com essas pessoas, mas elas estavam absolutamente certas. Não que ela fosse admitir, claro. Nunca, jamais.

Enquanto jazia perdida em seus devaneios, a mulher observava de longe a festa que os companheiros faziam para Sabo. Até mesmo Dragon se juntou a eles e isso deu trabalho extra para a equipe da cozinha que servia a todos os mais variados tipos de comida que ela podia imaginar e assim como seus irmãos, o loiro gostava de carne de rei dos mares. O saquê também não foi regrado, era uma ocasião importante afinal. Todos comeram, beberam, cantaram e celebraram a vida de um dos homens mais importantes naquela base – e o mais importante da vida de Koala, sem dúvidas.

Demorou muito tempo para que Sabo sentisse falta da mulher em meio à festividade. E nas poucas vezes que tentou se esgueirar até ela, fora interceptado por alguém que lhe desejava parabéns e o distraía, fazendo com que ela sumisse do seu campo de visão. A festa tinha sido tão animada, que em algum momento sua cartola foi tomada por alguém e não foi devolvida. Não lamentou tanto, no dia seguinte o encontraria, tinha certeza.

Sabo estava levemente alterado com a bebida, não era de seu feitio beber até se embriagar. O álcool era traiçoeiro e ele permanecia sempre atento. Um sorriso iluminou as feições do homem quando adentrou seu aposento particular; encontrou a mulher sentada sobre a sua cama com a cartola em mãos. Ela lhe devolveu o sorriso quando ficou de pé e se aproximou dele. A diferença de altura era notável, ela era mais baixinha.

- Você esqueceu isso, Sabo. – proferiu, com a voz doce que soava como a mais linda melodia para ele.

Koala ergueu-se na ponta dos pés para levar o chapéu até a cabeça de Sabo, que a inclinou para baixo enquanto o ficava ali. Seus rostos estavam nivelados e muito próximos; aquela proximidade perigosa que sempre os deixava com as bochechas enrubescidas, e os lábios eram acariciados pelo hálito morno alheio.

Era impossível resistir.

- Obrigado por trazer ele de volta. – agradeceu, sinceramente.

Era típico de Sabo roubar beijos da mulher por diversão, para vê-la desconcertada. Mas viu-se surpreendido quando Koala tomou a iniciativa de diminuir a já curta distância entre eles e cobrir os lábios dele com os seus. Ele ainda estava atônito, enquanto ela prolongava aquele toque terno e suave entre seus lábios, apreciando a maciez e textura deles. O loiro se rendeu, e tentou aprofundar a carícia, mas os lábios dela se afastaram abruptamente. Viu-se completamente confuso, quando aquela voz aveludada lhe sussurrou ao ouvido, antes de depositar um beijo sobre a lateral do rosto do homem.

- Feliz aniversário, Sabo.

Seguido de uma piscadela, Koala sorriu para ele e o deixou sozinho em seu quarto. O homem apenas sorriu, se dando conta que aquele tinha sido o melhor presente de aniversário que tinha recebido dela, até então. Aliás, Koala era o seu maior presente.