– Não Jade! Não vou te trocar, estamos conversando não estamos?

– Você prometeu hein, já tá até morando com outra menina e vai me esquecer!

– Ah Jade dá licença se é pra ficar de mimimi deixa eu falar com a Bella então!

– Pode ficar quieta ai TomTom! Eu peguei o notebook primeiro, deixa eu me resolver com a Bells!

– Aí Jade deixa eu falar com a Bella...Oi Bella como tá tudo aí?

– Oi Cobra! Que saudade de você!

– Ah saudade do meu namorado você sente e de mim não?

– Oi Bella tudo bem ai?

– Oi Duca! Tudo ótimo aqui, São Paulo é lindo!

– Você já foi no shopping daí amiga?

– E a sua amiga lutadora? Já te levou na academia que ela treina?

– Filho eu queria saber se...MAS QUE ZONA É ESSA AQUI RICARDO COBRELOA?

Essa era a zona que se encontrava o quarto do Cobra. Estavam ele e Jade, Tomtom e Duca no quarto do lutador, em frente ao notebook falando comigo via skype. Mas na verdade nós apenas tentávamos conversar já que com todos falando juntos era quase impossível entender algo.

– Ah pai sabe o que é, é que a gente tá falando com a Isabella pelo notebook, chama a Dandara pai! - meu coração saltou ao ouvir o nome da minha mãe. É claro que nessas duas semanas que se passaram ela me ligou todos os dias, mas vê-la era muito melhor do que apenas ouvir sua voz.

– Oi gente o Gael pediu pra eu vir aqui e...Oi filha! Olha só você aí, que saudade meu amor! - ela falava mais encantada com a tecnologia do que realmente por estar me vendo. Mas isso não importava afinal, eu a estava vendo também.

– Ai mãe que saudade de você, te ver é bem melhor que falar só por telefone. - disse sorridente ao ver todas as minhas pessoas preferidas juntas. A saudade estava mesmo grande.

– Filha você tá tão diferente...tá mais magra, até meio pálida...trabalhando num restaurante e não tá comendo direito Isabella? Pelo amor de Deus não me faz passar nervoso! - ela falava com a mão no coração daquele jeito preocupado, e eu via todos atrás segurando o riso do exagero da minha mãe.

– Não mãe! A imagem do not do Cobra é que deve ser ruim mesmo...eu tô comendo bem sim, e muito! - falei risonha.

– Então conta mais Bells, tem muito boymagia aí ou é verdade esse papo que em sampa não tem amor? - Jade falou debochada e levou um aperto na cintura de Cobra que a segurava por trás enquanto os dois estavam sentados no puf. - Ai lutador...não precisa rosnar! - ela disse rindo a seguiram.

– Até agora não conheci nenhum amiga, mas pelo que eu vejo deve ter sim! - eu disse rindo e Gael fez seu famoso gesto dizendo que estava "de olho" em mim.

– Ah mas até parece que ela já esqueceu o Pedroso...duvido! - Duca falou e todos os encararam com raiva, seguido de Cobra e Gael que lhe deram pescotapas seguidos, e Antônia que o beliscou por ele ter lembrado de alguém tão desnecessário.

– Aquele lá já é passado faz tempo ó - pisquei estralei os dedos pra Duca que riu seguido de todos.

– Quem virou passado? - Nat se aproximou com um balde de pipoca.

– Nem vale a pena lembrar lutadora, mas vem cá deixa eu te apresentar meus amigos, ou melhor, minha família! - ela pegou uma cadeira e se sentou ao meu lado - Esse aqui é o mestre Gael, namorado da minha mãe e dono de uma academia de artes marciais, essa é a famosa Dandara, a cantora mais talentosa do Rio de Janeiro - ela sorriu e me mandou um beijo carinhoso - Esse casal aí é o Ricardo e a Jade, mas pode chamar ele de Cobra mesmo, ele também luta como você Nat e super bem! - eu disse empolgada, e ouvi uma tosse exagerada de Jade, anunciando que eu deveria apresentá-la de novo - A Jade é dançarina Nat, ela é super talentosa também, esses dois aqui são o Duca, que também luta e a TomTom! - Nat sorria com sua simpatia absurda e todos pareciam satisfeitos.

– Muito legal conhecer vocês! A Bella fala muito daí, espero que um dia eu possa ver vocês pessoalmente, tá todo mundo convidado pra vir aqui visitar a gente! - depois de mais alguns minutos conversando, todos deram tchau, e eu fechei o notebook já morrendo de saudades.

– E ai Bella? Não vai se trocar não? - Nat perguntou segurando uma saia preta na mão.

– Me arrumar pra quê? Pra dormir? Domingo é a sua luta a gente tem que dormir cedo né...- falei dando de ombros e Nat rolou os olhos.

– É eu luto depois de amanhã, mas nós temos festa hoje! Eu avisei, a festa à fantasia no campus da minha faculdade! - eu arregalei os olhos confusa. Sim, Nat havia me avisado mas em vista que ela iria competir domingo eu achei que não era sério.

– Tá brincando? Porque eu achei que estivesse! Não vamos na festa! - eu sentei no sofá e peguei o controle. Ela veio em minha frente e desligou a tv. Eu protestei mas ela levantou uma das mãos e eu me calei.

– Nada disso Duarte! Eu avisei que teria a festa e você vai comigo sim senhora! - ela colocou as duas mãos na cintura como uma criança e eu ri.

– Não Nat! Não gosto de festa, muito menos à fantasia! Não vou e devolve o controle! - tentei pegar de sua mão mas a lutadora parecia irredutível.

– Vamos logo Isabella! Vai se trocar que daqui a pouco vamos sair! - ela saiu batendo o pé pelo corredor e eu cansada de discutir a segui gritando.

– Eu.Não.Vou.Na.Festa! - explodi e ela se virou com um sorriso perverso.

– Então esquece área vip domingo mocinha...posso fazer com que você seja barrada ainda na porta, sabe disso não? - eu arregalei meus olhos e ela sorriu vitoriosa. Ela era maquiavélica.

– Ai meu saco! Tá legal! Eu vou! Mas nada de fantasia! - ela sorriu e deu de ombros.

– Ou é com fantasia ou não entra na festa, você escolhe! - e correu para seu quarto gargalhando e eu a segui.

– Peraí Nat! - falei entrando no quarto onde ela fuçava dentro do guarda roupas. - Eu vou fantasiada de quê?

(...)

– Essa sua ideia foi ridícula! - reclamei bufando enquanto tentava abaixar um pouco daquele short que mais parecia um pedaço de pano.

– Para de bobeira bella! Você tá uma gata loira! Até eu te pegava! - ela riu e piscou pra mim, enquanto me puxava pra dentro do campus onde acontecia a tal festa à fantasia.

A fantasia horrorosa que Nat havia me arrumando de última hora era de "ring girl" ou seja, aquelas garotas que desfilam seminuas nos intervalos das lutas. Eu estava me sentindo invadida, devido ao tamanho daqueles trajes. Se é que posso chamar disso, já que a roupa consistia em uma mini blusa vermelha, e um short jeans preto. Nos pés depois de muito insistir ela me deixou colocar meus alls stars para meu alívio.

(...)

– Essa festa tá bombando! - Alan dizia animado olhando em volta do campus cheio. Vários jovens e adolescentes, torrados de hormônio e com copos de bebida na mão. Que empolgante.

– É, tá bem cheia mesmo...- comentei me dirigindo ao bar, ou quiosque que se encontrava no meio da grama do campus. Era um largo balcão circular, coberto por um telhado cheio de palha. Mas a frente havia um palco onde o dj cuidava do som, e se eventualmente alguém quisesse cantar poderia subir à vontade.

– Cadê a animação cara? Hoje é dia de tirar o atraso! - Alan esfregava as mãos e sorria de um jeito malicioso.

– Tá bem aqui Alan, vou pegar algo pra beber, e de preferência, forte...- e saí o deixando em direção a pista já cheia. O problema era aquele diabo de fantasia. Aquela máscara de zorro me irritava, mas com exceção da mesma, a roupa nem era tão ruim, já que ela consistia em uma calça justa de moletom, uma camisa de botão branca aberta no início e umas botas pretas que consegui em um brechó perto da faculdade. Alan estava vestido de arqueiro, não sei como em pouco tempo ele conseguiu algo tão incrementado, já que apenas ficamos sabendo da festa um dia antes.

Fazia duas semanas que minhas aulas haviam começado e eram mesmo tão incríveis como eu pensei que fosse. Música era minha vida. E Alan era um cara legal, ele estudava educação física no período da manhã na universidade assim como eu, e o resto do dia passava na academia onde treinava. Eu nunca havia ido lá. Não por falta de oportunidade e sim por falta de tempo. Eu havia arrumado um emprego no café da universidade e desde então trabalhava até tarde todos os dias depois da aula. Chegando ao bar, uma garota ruiva com grandes olhos castanhos e uma fantasia de princesa do Mario Bros, só que com trajes bem mais curtos, se aproximou e jogou os cabelos pro lado.

– E aí gatinho, o que vai querer? - ela falou piscando pra mim e eu ergui as sobrancelhas.

– Algo forte, por favor. - ela abriu um sorriso malicioso e eu revirei os olhos enquanto ela rebolava fazendo minha bebida. Me entregou um líquido que eu pude identificar como sendo whisky.

– Mais alguma coisa bonitão? - coçei minha barba que agora estava visivelmente grande, e feita.

– Seu telefone pra mais tarde...talvez. - dei de ombros e em meio segundo ela já estava me entregando um papel com seu número. Coloquei no bolso sem nem me dar ao trabalho de abri-lo. Peguei meu copo de whisky e virei em um gole só, o que o fez descer queimando por toda minha garganta. Perfeito. Sacudi a cabeça e saí andando pelo campus.

Ao caminhar eu pude ver Alan, dançando com uma garota peituda de cabelos pretos e curtos. Aquele ali não marcava bobeira. Me aproximei e o chamei.

– Ei cara...- ele logo se virou segurando a garota peituda pela cintura e rindo.

– Fala Pedroso! Tá curtindo? - ele gritou pois o barulho não iria permitir que conversássemos normalmente. Eu me esforcei para entender e acenei com a cabeça, ele logo sorriu e voltou a dançar com a morena gostosa. De longe pude avistar uma garota interessante. Era alta, tinha cabelos castanhos e lisos, olhos grandes e castanhos e um sorriso maravilhoso, e estava vestida de egípcia com uma saia curta que valorizava seu corpo escultural. Assim que percebeu que eu a encarava, ela sorriu ainda mais e piscou pra mim. Era a minha deixa. Comecei a caminhar até ela, até que gelei e imediatamente parei. Uma outra garota se aproximou dela. Essa era diferente. Ela tinha cabelos loiros e lisos. Um corpo que eu conhecia bem. E quando virou-se eu pude reconhecer os olhos azuis. Mas acreditar era impossível, era Isabella ali. Vestida de "ring girl" que era o que dizia sua mini blusa vermelha na parte de trás. Acompanhada por um mini short preto que deixava suas pernas torneadas e aumentava o volume de seu bumbum que já não era pouco. Ela continuava maravilhosa.

(...)

– Aquele raio de música estava me enlouquecendo. Nat havia sumido e me deixado sozinha no bar. Apesar de ser ao ar livre fazia um calor enorme em São Paulo. Eu estava irritada, com calor e dor de cabeça devido ao som da música ensurdecedora. Pedi uma batida ao barman e depois de tomar e notar a grande quantidade de álcool que continha lá, meneei a cabeça alguns minutos e olhei para o lado. Um garoto me olhava. Ele estava vestido de pirata. Era do meu tamanho, tinha os cabelos loiro escuro e uma barba rala. Era muito bonito. Ele caminhou até mim e abriu um sorriso canalha. Típico.

– Aposto que você não vem sempre aqui não é? - ele, assim como eu arqueou uma das sobrancelhas e puxou minha mão depositando um beijo nela. - Breno, prazer.

– Não faz o meu feitio...- respondi dando de ombros e ele sorriu novamente. - Isabella, o prazer é todo meu. - pisquei sorrindo.

– Realmente Bella não? Provavelmente a mais linda dessa festa! - ele exclamou e eu neguei com a cabeça.

– E pra quantas aqui você já disse isso? - perguntei arqueando a sobrancelha novamente e ele riu.

– Ainda não havia achado uma que valesse a pena jogar essa cantada, ela pode me dar a deixa perfeita, você sabe...- ele entortou a cabeça e eu sorri.

– Sei sim...tanto sei que concordo...- ele arregalou os olhos castanhos e eu continuei sorrindo.

– Jura? - ele se aproximou e rodeou a minha cintura com uma das mãos. Enquanto olhava mais para meus lábios do que para meus olhos.

– Sim...essa é realmente uma cantada muito eficiente...- a essa altura eu já sussurrava olhando para sua boca tentando parecer sexy, não sei se estava realmente sendo sensual, mas devia funcionar já que depois disso ele colocou a mão livre nos meus cabelos, os colocando para trás, olhou para minha boca entreaberta, e atacou meus lábios. O beijo era rápido e ágil, nossas línguas brincavam e a boca dele tinha um gosto diferente. Sua mão continuava apertando minha cintura enquanto a outra me causava arrepios toda vez que mexia no meu cabelo e na nuca, mas o toque não era o mesmo, eu mexia em seus cabelos claros tentando bagunça da mesma forma que fazia com...Não! Porque nem beijar outro cara eu consigo sem pensar naquele demente? Cortei o beijo enquanto ele puxava meu lábio inferior com os dentes e sorria. Nos afastamos e eu sorri de volta. Ele pegou um papel e me entregou. Eu abri e identifiquei como sendo seu nome e número - Breno Leone -

– Você sempre tem papeizinhos com seu número e nome assim à disposição? - perguntei curiosa e ele deu uma gargalhada.

– Digamos que eu ainda não tive tempo de fazer meu cartão de visitas...sou fotógrafo gata! - ele piscou, me deu um selinho e saiu andando.

Caminhei pelo campus olhando em volta à procura de Nat, mas estava tudo tão embaralhado que eu nem mesmo conseguia ver sua sombra. De repente avistei um sorriso que brilhava de longe e identifiquei como sendo o de Natália. Fui em sua direção e pude ver que ela olhava para alguém com um sorriso malicioso, e um olhar carregado de sedução. Ri da falta de vergonha na cara da minha amiga e continuei seguindo até ela.

– Ei Nat...- a chamei e olhei na mesma direção que ela, para o rapaz que ela flertava, vestido de zorro.

"Eu sei, tudo pode acontecer
Eu sei, nosso amor não vai morrer
Vou pedir aos céus você aqui comigo
Vou jogar no mar, flores pra te encontrar...

Não sei, porque você disse adeus
Guardei, o beijo que você me deu
Vou pedir aos céus, você aqui comigo
Vou jogar no mar, flores pra te encontrar..."