Quinn

Eu queria gritar, queria brigar, chorar, matar esse maldito que fez mal a minha Rach... Mas de repente tudo que sinto é calma, há uma luta entre cérebro e corpo. Meu corpo está dominado por uma calma, já minha mente está gritando.

–Você está fazendo, não é? - Perguntei olhando para Rachel.

–O que?

–Você sabe, usando seus "super poderes" - Falei fazendo aspas.

–Hum, talvez?

–Rachel!

–O que? Você ia acabar pirando, senti várias emoções confusas vindo de você, mas a raiva estava sobressaindo, só quero que fique calma... Já passou. - Rachel falou de forma doce enquanto acariciava meus cabelos.

–Mas e se você não tivesse voltado!? -Falei, parece ter um nó em minha garganta ao imaginar que minha Rachel poderia não ter voltado. - O que esse homem fez foi horrível, ele abusou de uma criança e fez o mesmo com você...Ele, ele merece - Fui interrompida.

–Shh, não diga isso... Eu estou aqui agora, a criança também está bem - Ela sorriu.

–Mas a que preço!? Sua morte, você teve que morrer, sua morte foi horrível e agora você é um, um...

–Um? - Ela perguntou arqueando uma sobrancelha.

–Você se arrepende? - Perguntei.

–Não...

Rachel disse sem nenhum arrependimento no olhar.

–Eu fiz o que achei certo, salvei aquela criança. E se fez essa pergunta por causa do que me tornei, a resposta continua a mesma... Eu pude conhecer e salvar pessoas maravilhosas, eu não vou dizer que amo tudo isso, mas de alguma forma eu sinto que faço diferença, fico feliz ao ver às pessoas que salvei mudando de vida, tornando-se pessoas melhores graças a nova chance que tiveram.

–Você mantém contato com às pessoas que salva? E quantas você salvou?

–Calma, vou responder a todas às suas perguntas - Ela diz sorrindo.

–Desculpe, eu...

–Sem problemas, Quinn... Foram apenas 5 pessoas.

–Você "morreu" cinco vezes!? - Falei com os olhos arregalados.

–Seis, contando com essa vez que salvei você. E com relação a manter contato é meio complicado.

–Como assim 'complicado'?

–Digamos que grande parte das pessoas que salvamos estava tentando suicídio, deixa eu pensar em um meio de te explicar melhor... Hum, uma jovem de 15 anos tentou suicídio, ela pulou de uma ponte, eu pulei logo em seguida; ela deveria ter morrido, mas eu dei minha vida por ela. É como te dissemos antes, se você morre no lugar de alguém automaticamente você volta. Esta conseguindo entender?

–Mais ou menos - Respondo meio confusa.

–Entendo... Isso é bastante confuso - Ela fala sorrindo. - Ian estava lá por mim, ele a tirou do rio. E eu, bem, você sabe "morri". Às vezes eu à procuro, ela está bem e feliz, quando salvamos alguém criamos uma "ligação" com o mesmo, temos que nos certificar que eles estão bem, não mantemos contato com ninguém que salvamos, preferimos nos manter escondidos apenas observando.

–Então você... - Fui interrompida pelo meu celular que começou a tocar.

Minha mãe...

–É minha mãe - Disse para Rachel que me observava.

–Pode atender.

Levantei-me da cama indo para o outro lado do quarto, próximo à janela.

...

–Oi, mamãe...

–Lucy Quinn Fabray, onde é que você esta?

–Eu disse à você onde estaria.

–Disse, acontece que Santana acabou de sair daqui. Quinn, você mentiu para mim? - Mamãe usou um tom de acusação.

–Podemos conversar quando eu chegar em casa?

–Estou esperando, agora, Quinn. - Mamãe desligou antes de qualquer resposta minha.

...

–Problemas? - Rachel perguntou - me.

–Mais ou menos - Eu disse mexendo nervosamente no cabelo...- Vou ter que ir para casa.

–Ah - Rachel respondeu meio triste.

–Vou poder te ver novamente? - Perguntei insegura.

–Você quer me ver novamente? - Ela perguntou feliz.

–Claro - Respondi rapidamente e Rachel sorriu.

–Vou pedir para Ian te levar.

–Não precisa...

–Claro que precisa, já está tarde e você não vai sair daqui sozinha - Rachel fala de uma forma protetora.

Olhei a hora no meu relógio de pulso, e realmente está tarde, fiquei tão absorta na conversa com Rachel que não vi o tempo passar.

–Tudo bem - concordei.

–Vem cá - Rachel me chamou.

Andei lentamente até Rachel que por sua vez tinha um sorrisinho divertido no rosto.

–O que... - Antes que eu pudesse terminar Rachel puxou-me rapidamente, acabei caindo em cima dela.

É incrível como meu corpo reagi apenas com um olhar de Rachel...

Nossos lábios estão separados por míseros centímetros, em um movimento rápido a distância entre os mesmos foi quebrada... De início foi apenas um roçar de lábios, mas logo o beijo foi tomando outras proporções. Eu nunca vou me cansar dos beijos de Rachel, são cada vez melhores, sempre causam reações boas em todo meu corpo; paramos quando o ar se fez necessário.

–O que você quer, Rachel? - Ian pergunta entrando de repente no quarto, fazendo assim às meninas separarem-se rapidamente.

–Não sabe bater antes de entrar não? - Rachel perguntou, Ian apenas deu de ombros - Leve a Quinn para casa.

–Sim, senhora... - Ele disse fazendo Rachel revirar os olhos.

–Então, te vejo depois... - Rachel fala fazendo um carinho um no meu rosto.

–Sim - Digo dando um selinho rápido na mesma. Ian é claro fez gracinhas com Rachel.

O silêncio que se seguiu durante o caminho foi confortável, diferente das outras vezes em que eu estava angustiada.

–Obrigada... - Agradeci quando paramos em frente a minha casa.

–Não precisa agradecer - Ele disse com um sorrisinho de lado.

–Estou agradecendo por tudo, por ter me levado até Rachel...

–Realmente não precisa agradecer, vocês foram feitas uma para outa, e agora é que devem ficar juntas mesmo, ela não vai mais conseguir ficar longe de você - Ele murmurou a última parte pensativo.

–O que? - Perguntei confusa.

–Nada - Ele disse com um sorriso amarelo. - Nos vemos depois.

Ele já ia saindo quando eu o chamei.

–Ian? -...- Obrigada por tudo mais uma vez - Disse dessa vez indo até ele, dando um abraço logo em seguida. Senti um beijo sendo deixado no topo de minha cabeça.

–Se cuida... - Ouvi um sussurro vindo do mesmo.

Entrei dentro de casa e todas às luzes estavam apagadas, agradeço aos céus por isso, conversarei com mamãe pela manhã... Assim terei tempo de inventar algo.

Ao pisar no primeiro degrau a luz da sala é acesa.

–Quinn? - Ouço minha mãe chamar.

–Sim? - Respondo nervosa.

–Estava te esperando...

Droga!

Rachel

–Você acha que fiz certo ao contar tudo para ela? - Elise veio conversar comigo assim que Quinn havia ido embora.

–Sim - Ela respondeu sem hesitação.

–Mas... - Fui interrompida.

–Não quer pôr ela em perigo e blá blá blá. Todos já sabemos disso... Alec já sabia dela, sempre soube, ele te odeia, mesmo que ela não soubesse da verdade ou que vocês não ficassem juntas ela estaria correndo perigo. Alec não exitaria em mata-lá, será mais fácil de você protegê-lá agora que ela sabe da verdade.

–Talvez você tenha razão.

–Talvez? Eu tenho razão - Elise disse convencida.

–Certo, vou descansar agora, tenho que voltar para casa amanhã cedo, não sei o que vou inventar para os meus pais, sumi por três dias...

–Eles acham que você está em NY visitando um amigo muito doente - Elise fala calmamente.

–Vocês fizeram isso? -Perguntei.

–Ian...

–Não sei o que seria da minha vida sem o Ian - Falei sorrindo.

–Seria extremamente chata - Ian falou entrando no quarto.

Joguei um travesseiro nele que desviou rapidamente.

–Esse é o agradecimento por eu ter levado sua linda loira em segurança para casa? - Perguntou ele - Sabe, foi muito difícil, Quinn é muito linda e é difícil resistir por muito tempo.

–Ian, eu vou te matar - Falei entre dentes. Levantei-me da cama, e fui em direção à ele que parou de rir quando viu meu olhar ameaçador.

–Eu só estou brincando, Rach - Ele engoliu em seco.

Comecei a rir da cara dele, sempre foi muito fácil para eu pôr medo em Ian.

–Idiota - Resmungou ele.

–Eu ouvi isso - Disse, ele apenas deu de ombros. -Quem deixou de vigia?

–Gustavo e Jesse.

–Ótimo...Preciso descansar agora, ainda não estou bem o bastante.

Os dois apenas concordaram, saíram logo em seguida do quarto...

No dia seguinte voltei cedo para casa, quando entrei estava tudo silencioso... Mas logo esse silêncio foi quebrado por uma voz que mostrava irritação.

–Rachel Barbra Berry, você está muito encrecada - Hiram disse.

–Pai, eu posso explicar - Digo engolindo em seco.

–Pois bem, comece explicando porque sumiu por 3 dias e mandou apenas uma mensagem sem muitos detalhes... - Ele me encarava furioso.

Fui em direção à ele, sentei no sofá a sua frente.

–Recebi uma ligação de NY... E falaram que um amigo estava muito doente. - Tentei mentir da melhor forma possível.

– E quem seria esse amigo? - Pai Hiram perguntou desconfiado.

–Lembra que eu disse que algumas pessoas me acolheram em NY? - Perguntou e ele confirmou - Um desses amigos estava muito doente, e pediu para que eu fosse vê-lo imediatamente... Não pensei em nada, apenas fui para lá o mais rápido possível, desculpe, eu deveria ter ao menos ligado para vocês.

–Rachel você mudou, não parece mais a nossa estrelinha de antes, eu sei que está mentindo.

–Mas pai, eu... - Ele me interrompeu.

–Não, Rachel, eu conheço você... Aconteceu algo que você não quer nos contar.

–Eu não posso - Murmuro triste.

–É algo errado? Rachel, você está metida em coisas perigosas? Você pode nos contar, vamos dá um jeito. - Pai Hiram falou desesperado enquanto segurava minha mão.

–Pai, eu não estou fazendo nada de errado, muito pelo contrário, vocês vão ter que confiar em mim, só confiem, por favor... Eu preciso ir à escola, vou tomar banho antes.

Dei um beijo em sua bochecha, levantei-me indo em direção às escadas.

–Essa conversa ainda não acabou, Rachel... Quando voltar do Colégio iremos a delegacia, os detetives querem falar com você novamente.

Droga! Como pude me esquecer disso? -Claro... -Respondi já correndo para meu quarto.

"Pensamentos on"

–Me encontre no estacionamento do Colégio, antes das aulas.

–Tudo bem.

"Pensamento off"

Preciso me livrar desses detetives, e eu já sei como.