A Vida Além dos Jogos escrita por stereblane38


Capítulo 48
Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

Oiee! Então, eu sei que atrasei o capítulo mas tenho um excelente motivo e vou dar todas as explicações. Estou com pneumonia. É um pouco grave e os meus amigos gastaram 200 reais, praticamente, só em remédios. Estou sendo tratada em casa porque meus pais são médicos e tals mas nos últimos dias eu estava sem forças até para pegar o celular e escrever. Juro que tentei terminar logo e cumprir o prazo, me perdoem e espero que entendam. O capítulo está aqui e eu quero muito conversar com vocês sobre o capítulo e sobre a fanfic no geral.



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Pov gale

Ela chorou até dormir, até o remédio fazer efeito. Estou acostumado a ver uma Katniss guerreira, que não se deixa abalar por nada. Hoje vi uma Katniss chorando encolhida na cama. Não imagino o que ela esteja sentindo, mas não é hora de bancar o Magoado. Temos que seguir em frente e tirar o menino da Capital mas o meu trabalho nunca vai acabar, ainda tem a Willow e não vou permiti que ninguém a arranque da Katniss.

Apago a luz  do quarto e saio andando pelo corredor. Algumas enfermeiras ainda estão circulando, essa parte do hospital é calma por causa dos bebês mas em algumas horas vai aparecer uma mulher aleatória gritando por causa do parto. Olho para baixo e esbarro em alguém. Haymitch.

—Como a Katniss está? - Ele pergunta. Observo suas roupas e faço uma cara feia.

—Sedada por tempo indeterminado - ponho as mãos nos bolsos da calça enquanto dou mais uma olhada no Haymitch - Onde você estava e o que aconteceu com as suas roupas?  

—Na sala do Carl, o que tem de errado com as minhas roupas? Falou o cara que não toma banho a um bom tempo.

—Tomei banho hoje a tarde. Suas roupas estão amassadas, a camisa desabotoada, a gola está dobrada e principalmente, o zíper da sua calça está aberto.


—É  que... essa noite está sendo uma verdadeira loucura, estou indo para o centro de treinamento, volto amanhã na hora das fotos, boa noite Gale.

Haymitch me deixa no vácuo e segue caminho pelo corredor. Vou para o berçário ficar com a única pessoa que não me ignora e nem se incomoda com a minha presença. Estou tentando bloquear a minha crise existencial, mas tente se pôr no meu lugar,  com todos os papéis de idiota que já fiz em por causa  da Katniss não sobra dignidade e muito menos controle sobre as mágoas.  

Dessa vez não preciso vestir a roupa especial, os seguranças saíram da porta e o hospital está livre de pacificadores, isso significa que o hospital também está livre de Rye e Peeta. Ela está acordada, isso me deixou feliz? Talvez.

—Oi Willow - abro a incubadora e a pego com muito cuidado. Sento na poltrona, que fica ao lado da incubadora, e ponho a bebê deitada no meu peito. Ninguém vai fazer isso, o Peeta não está aqui e aposto que a Katniss não está muito afim, alguém tem que fazer.

—Não sou um bom cantor, não como a sua mãe, a voz dela é linda. O seu irmão não está mais aqui e a sua mãe vai precisa muito da sua companhia, seja boazinha amanhã. Essa incubadora é frescura, aposto que você já está bem e pode ficar fora dessa coisa.

Acabo dormindo na poltrona com a Willow no colo e sou acordado pelo Carl. Ele pega a bebê e põe ela de volta na incubadora.

—Que horas são? - pergunto coçando os olhos.

—Quase 2 horas da manhã, isso não pode acontecer de novo, a Willow poderia ter caído do seu colo, isso foi imprudente da sua parte. Agora levanta, precisamos conversar no meu escritório.  

Levanto e vou para o escritório, como o meu "superior" mandou. Assim que abro a porta me jogo na primeira cadeira que encontro.

—Viu o Haymitch em algum lugar? Combinamos que ele passaria a noite aqui.  

—Acho que umas 22 ou 23 horas da noite topei com ele no corredor e  não quero nem imaginar o que ele estava fazendo.  Qual é o assunto tão importante? Achei que as nossas reuniões secretas acabariam quando o Rye estivesse em segurança, temos que dar um nome ao nosso grupinho secreto.

—Está muito engraçadinho pro meu gosto. O nosso trabalho ainda não acabou e não vai acabar tão cedo, esquecemos de um detalhe muito importante, na verdade eu esqueci. Presidente Snow.

—Acho que o velho não vai ficar feliz em não receber um bebê. O que acha que ele vai fazer? Pegar a Willow? - suponho que sim.

—Não sei, Gale. Mas sei que ele não pode chegar na Katniss, aí ela descobre tudo. Precisamos de um plano incrível mas não consigo pensar em nada, minha cabeça foi por passos e o primeiro passo era tirar o Rye daqui.

Ficamos alguns minutos em silêncio tentando formular alguma coisa, mas nada surge.

—Nós sempre bolamos um plano e ele nunca sai do jeito que foi planejado, sempre precisamos recorrer ao B. Dessa vez deveríamos improvisar - Digo sentando corretamente na cadeira.

—Improvisar? Amanhã de manhã o bebê deveria ser entregue ao presidente, quando ele não receber nenhum bebê a cabeça de cada pessoa nesse hospital estará a prêmio!

—Então vamos bater de frente, se as nossas cabeças já estão à prêmio o que temos a perder? - resposta: não temos nada a perder, nós não temos nada.

—Não estou acostumado a “bater de frente”, meu modo de agir é nas sombras, desculpe Gale, essa é uma péssima idéia.

—Sabe qual é o seu problema, Carl? Você é um covarde. Vamos fazer isso, bater de frente com o inimigo, desafiá-lo. Eu posso fazer isso, posso chegar e por o meu dedo no peito dele.

—E aí? Vai chegar e desafiar o homem mais poderoso do país com o que? Qual é a sua arma e o seu argumento, você precisa ter essas duas coisas e elas precisam ser incríveis.

—Temos a Katniss e temos o Rye - acabei de perceber o que temos em mãos e como podemos manipular o presidente Snow - Sei uma forma de manipular o presidente Snow mas ao mesmo tempo estaremos mentindo pra Katniss.

—Já estamos mentindo para ela, como você mesmo falou, o que temos a perder? Temos a sua coragem e sua forma de manipulação, é tudo que temos, nem armas. O Matteo até poderia conseguir com o traficante dele mas… continua, Gale.

—Posso usar seu quadro branco? - Carl assente e pego o quadro branco, o mesmo que ele usa para anotar os sintomas de um paciente. Pego o pincel preto que está na frente do quadro e anoto  dois nomes, “Snow” e do outro lado “Katniss” - Qual é o ponto fraco da Katniss? - Pergunto.

—Rye, Willow - Carl responde.

—Errado. Esses são os novos pontos fracos dela, e não podemos deixar o velho explorar, mas isso é um outro assunto para outra hora. O principal ponto fraco da Katniss ainda é a Prim - Anoto o nome Prim embaixo do nome Katniss -  Prim é o ponto fraco da Katniss e arma do Snow. Ele sempre usa a ela contra a Katniss. Quando ele não receber um bebê vai pegar toda a comitiva e vai aparecer aqui, e procurar o quarto da Katniss. Não podemos deixar o cara chegar no quarto dela. O presidente Snow é perigoso mas também é previsível.

—Não sabia que você era inteligente - Carl bate palmas.

—Não sabia que VOCÊ conseguiu ficar calada por mais de 2 minutos. Continuando: se ele chegar até o quarto vai ameaçar a Prim e se duvidar ameaça explodir o hospital, que está cheio de bebês e pacientes. A Katniss não gosta de assistir pessoas sofrendo por causa dela, ela vai fazer tudo que ele quer, inclusive entregar a Willow - Anoto o nome da Prim no lado do presidente e o da Willow no lado da Katniss. Prim é o ponto fraco da Katniss e a arma previsível do presidente Snow.

—Ela faria isso? - Concordo com a cabeça - vai direto ao plano.

—O plano é bater de frente, enfrentar a fera e ficar cara a cara com ela.

—Enfrentar a fera cara a cara? Só somos dois e o Haymitch, que nem conta, o Matteo está com o bebê e não pode ajudar. Somos apenas eu e você, faz tempo que não frequento a academia.

—Temos que afastar o velho dos seguranças, com os seguranças ele é poderoso mas sem os seguranças ele é só um velho fraco e doente - Ele vomitou sangue no dia da festa, eu vi.

—Como faremos isso? Tem segurança até no banheiro e dentro da banheira dele.

—Sistemas de segurança. Aprendi sobre eles durante esses dias. O sistema desse hospital é potente mas podemos bloquear todos os elevadores fazendo o presidente recorrer a o único elevador funcionando. Vou estar lá dentro, quando Snow entrar o seu amigo que toma conta dos elevadores vai fechar as portas. Vamos ficar sozinhos por uns 5 minutos dependendo da boa vontade do funcionário mas é o suficiente para dar o recado. Causar um apagão no hospital será menos suspeito.

—É um hospital! Não pode ficar sem energia mas verei o que posso fazer. Qual seria o recado?

Nao acredito que vou falar mas de acordo com a situação a única solução é algo repudiante e vai contra os meus princípios. Não posso deixar que ninguém machuque a Willow.

—Manipular e ser manipulado. Trabalhar com o inimigo, vou falar que sou o responsável e que fui eu que tirei o Rye daqui, não vou meter o Matteo ou você.

—Passei a ter medo dos seus planos. Então vai ser isso? E se der errado? Espera, já sei a resposta. Vou dormir e amanhã é com você, vai ficar com a Katniss?

—Não. Ela não vai querer ninguém por perto quando acordar e não encontrar o Rye.

Carl acena e vai embora. Me jogo no sofá de couro preto que fica encostado na última parede do escritório. Essa história de não temos nada a perder é mentira. Tenho 3 irmãos e minha mãe, o ideal para mantê-los seguros é não me meter nessa situação. Quero ajudar a Katniss e a Willow mas tenho família… eles precisam de mim. Virei o chefe da Casa com 14 anos e o chefe precisa pensar no bem de todos, mas nos últimos dias eu só pensei na katniss. Não sou uma pessoa ruim, me torno ruim por pensar em abandonar o barco agora?

NÃO! não vou desistir agora. Pego no sono em alguns minutos.


—Acorda, agora - Carl está dando tapas no meu rosto. Sento no sofá, bocejo e limpo os olhos - O presidente Snow vai fazer uma visita como o esperado mas ainda não chegou. A Katniss está em uma sala ao lado do berçário com a Willow, vai lá, ela está péssima mas se controlando na frente dos fotógrafos. A Willow vai passar o dia 100% longe dos respiradores e veremos como ela vai reagir.

Sem falar adeus, levanto e vou direto pra sala. Entro silenciosamente e vejo Katniss sentada em uma poltrona com a Willow no colo. Katniss está vestindo um vestido amarelo e sapato preto. O cabelo com a mesma trança de sempre. A Willow está embrulhada com uma manta branca  e lilás com uma touca da mesma cor.

—Isso é tão tocante! Eu estou tocada por essa cena - Effie e Haymitch estão paradas um pouco distante de onde estou, Effie limpa os olhos e sorrir.

—Fala sério, todo mundo já tocou você Effie, e não estou falando de uma forma pura - Haymitch fala.

Faço o possível pra não rir. Tento de todas as formas conter o riso, acho que descobri porque o Haymitch estava daquela forma ontem a noite. O meu aparelho de telefone vibra. Tiro do bolso e abro a tela, é uma mensagem do Carl.

“Ele chegou, vai pro elevador central e espera lá dentro, não mata o velho” - a mensagem diz.

Aceno para a Katniss e saio da sala. Tenho que parecer confiante e sem medo. Confiante e sem medo. Vou conseguir. Chego no elevador e entro. Me escondo atrás da porta e o elevador começa a andar para baixo. Odeio a sensação que tenho todas as vezes que ando aqui. A porta se abre e um homem de vermelho, cabelo e barba branca entra. A porta fecha antes que alguém possa entrar e a luz é apagada no mesmo instante. É agora.

Confirmo a presença do presidente Snow e minha primeira ação é empurrar o cara contra a parede. Ponho meu braço debaixo do seu pescoço, olho nos seus olhos com ódio e não consigo evitar cuspir no seu rosto.

—Agora nós vamos conversar seu velho desgraçado e no final dessa conversa seremos melhores amigos.   


               Pov Katniss


Tento mais uma vez levantar do chão do banheiro e mais uma vez escorrego e caio. Estou sem nenhuma roupa, tremendo e chorando ao lado do vaso sanitário. Enfio as unhas na minha perna e tento mais uma vez. Primeiro me apoio no vaso e depois na pia. Finalmente consigo ficar de pé. Meu músculo da perna está tremendo e me agarro a pia. Encaro a pessoa estranha no espelha. Olhos vermelhos, cabelo bagunçado, boca mordida.


Paro de encarar meu reflexo e vou até o box do banheiro. Ligo o chuveiro e me sento no chão. Meu cabelo é ensopado em questão de segundos. Abraço meus joelhos e volto a chorar. Minhas lágrimas se misturam a água e as poucas lembranças do meu filho. Como alguém daquele tamanho pode me destruir desta forma? Como alguém tão puro e inocente pode me causar tanta dor e sofrimento? Preciso tocar seus dedinhos pequenos e beijar  seu rosto mais uma vez. Preciso pega-lo nos braços e sentir seu pequeno corpo junto ao meu. Preciso sentir a sensação maravilhosa de ter meu filho comigo. Parece que estou em um lugar sem luz, completamente escuro, só eu e a água, um lugar sem saída e sem fim.


Não posso demonstrar nada do que estou sentindo. Tenho que pôr a minha máscara e fingir que não estou ligando pra nada pelo bem da prim e do meu bebê. O Peeta me odiaria se soubesse que deixei nosso filho ser tirado de onde pertence. Meu filho não é um objeto, ele é meu é do Peeta. Ele e a irmã não fazem parte de um mero teatro para a capital. Eles fazem parte de algo sincero que eu e o Peeta tivemos mas ainda não encontrei a palavra certa para catalogar.

Eu não deveria estar aqui, não deveria mesmo, vou acabar arrebentando os pontos. Levanto do chão do banheiro e me apoio na parede. Desligo o chuveiro e visto o roupão branco. Ouço Effie e cinna conversando dentro do meu quarto mas logo Effie vai embora. Saio do banheiro e visualizo Cinna sentado na minha cama dobrando uma das mantas do Rye, eu dormi abraçada com ela. Cinna larga a manta e corre para um abraço caloroso e apertado, aproveito para aconchegar meu rosto na sua camisa laranja.

—Eu estou bem - sussurro.

Cinna faz meu cabelo, maquiagem e unhas sozinho, ele sabe que a equipe seria um grande incômodo agora. Visto um vestido amarelo e ridiculamente alegre com um sapato baixo e preto. Cinna me leva até a sala ao lado do berçário onde estão 3 fotógrafos a minha espera com seus equipamentos. Haymitch e Effie estão discutindo em um canto escondido da sala mas não consigo ouvir nada porque um dos fotógrafo puxa meu  pulso e me põe em uma poltrona. Logo em seguida uma enfermeira entra com a Willow no colo. Ela está com uma manta branca e lilás.


A enfermeira põe a menina no meu colo com muito cuidado. Ela continua pequena, o Rye engordou bastante desde que nasceu.  

—Eu estou bem - Fecho os olhos e respiro fundo.

Evito olhar para a criança, é doloroso ter um bebê no colo e não ser o Rye.

A sessão de fotos começa e ponho o no rosto o sorriso mais convincente de todos os tempos. 1, 2, 3 fotos e Gale entra. Ele fica por alguns poucos minutos e logo vai embora um pouco nervoso. Perdi a conta de quantos clicks já foram. O meu sorriso é de uma pessoa morta mas isso não faz sentido, pessoas mortas não sorriem e nem sentem a angústia que estou sentindo, morte é uma boa opção.

A criança começa a chorar e a sessão é interrompida. Ela se debate no meu colo mas não faço nada. Estou parada olhando pra parede enquanto a bebê se debate e grita. Ela não é o Rye e eu só sei acalmá-lo, ele é um bebê doce e calmo que não faz muito escândalo. Não é ela que quero acalmar.

—Katniss - Effie chama minha atenção - a Willow está chorando.

—Eu sei - Digo - Pega ela por favor. Não posso fazer isso, não quero. Apenas tira ela do meu colo por favor.


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Notas finais do capítulo

Vocês gostaram do capítulo? Não foi legal o que a Katniss fez mas vamos dar um crédito pra ela kkkkk. Eu preciso muito da opinião dos meus queridos leitores. Falem o que gostaram, sua parte favorita e também o que querem ver no próximo capítulo, dêem idéias e sugestões, eu levo muito em consideração a opinião dos leitores. Bjs galera! Até os comentários.