― Peeta eu não sei se isso é uma boa ideia. – Peeta me fez a proposta, mas... Sei lá, eu estou meio a meio, aceito ou não aceito?

― Apesar de tudo eu confio em você, não posso deixá-los com a mãe e o pai, sabe o quanto é horrível viver com eles. – Não acredito que ele vai querer falar disso agora.

― Não vamos tocar nesse assunto Peeta, isso é passado, vamos falar do presente.

― Deveríamos falar sobre isso, nunca falamos sobre isso.

― O assunto aqui é outro e não vamos falar disso, não agora, talvez outro dia, mas não agora. E continuando o assunto, supondo que eu aceite, você conhece a Katniss ela é cabeça dura e não vai acreditar em mim, eu tenho certeza de que ela não vai acreditar, talvez você pudesse escrever uma carta para ela.

― Isso que dizer que você aceita? – Concordo com a cabeça, já que sou orgulhoso demais para falar para ele que pela primeira vez na vida concordei com algo que ele propôs. – Muito obrigado, certo, eu escrevo a carta, falo tudo nela, inclusive sobre alguns anos atrás.

― Não.

― Sim, se ela souber a verdade ela não vai poder impedir você de fazer nada. - Infelizmente Peeta tem razão.

― Ok, pode contar na carta, vou entregar para ela quando ela voltar da arena. Começaremos a treinar amanhã, minha família vai morrer de fome, já que eu vou faltar no trabalho para treinar um certo idiota.

― Idiota é você Gale, e sua família não vai morrer de fome se você engolir o seu orgulho, você, seus irmãos e a sua mãe podem vim ficar comigo, na minha casa, lá tem bastante espaço e comida.

― Obrigado, eu aceito, agora vou ver como a Katniss está você vem comigo?

Katniss

― EU NÃO VOU VOLTAR PARA LÁ! EU NÃO POSSO VOLTAR PARA LÁ! É ESSA A MINHA PUNIÇÃO!

― KATNISS SE ACALMA! – A única coisa que sinto no momento é raiva, estou praticamente surtando, eu não saí da cama o dia inteiro, não comi nada, só saí da cama agora, quando Gale e Peeta chegaram para me ver, eu do nada comecei a gritar e atirar tudo que eu vejo pela frente ou na parede ou em um dos dois, no começo os dois estavam falando com a maior calma comigo, agora só o Peeta está tentando se manter calmo, porque o Gale já partiu para os gritos.

― COMO É QUE VOCE QUER QUE EU FIQUE CALMA SABENDO QUE EU VOU VOLTAR PARA AQUELE INFERNO SABENDO QUE NÃO HÁ NENHUMA CHANCE DE EU SAIR VIVA DE LÁ?

― KATNISS, fica calma, você vai sair de lá viva e bem, entendeu? – Peeta fala comigo como se eu fosse uma criança que não está entendendo a situação, mas eu estou entendendo muito bem a situação, o presidente nunca teve a intenção de me perdoar caso eu convencesse os distritos, muitos deles engoliram a história do casamento, ele só queria mesmo era se divertir comigo, a única intenção que ele tinha era de me mandar para a arena de novo, um modo fácil de me matar, um modo em que todos acreditariam sem duvidar.

― Não Peeta, eu não vou voltar.

Eu acabo caindo no choro, coisa que eu tenho feito muito ultimamente, Peeta e Gale começam a se olhar como se lessem a mente um do outro, provavelmente nenhum dos dois sabe o que fazer. Os dois seguram cada um de um lado minhas mãos, eles se aproximam de vagar de mim, eles me dão um beijo de cada lado do rosto e em seguida me abraçam, eu aceito o braço, até sentir algo muito estranho. Gale e Peeta não estavam esperando que eu empurrasse eles, e foi isso mesmo que eu fiz, como eles estavam despreparados eles se desequilibram e caem no chão, eu me sento na cama e eles olham assustados para mim, vejo minha mãe da porta do quarto e a chamo.

― MÃE. – Eu grito desesperada.

― O que foi filha? Está se sentindo bem? – Ela vem correndo as pressas.

― Eu não sei, eu acabei de sentir algo muito estranho na minha barriga, não sei descrever, estou sentindo de novo. – Ela imediatamente coloca a mão na minha barriga, quando ela sente começa a rir, do que eu não sei, me dá raiva ver que ela está rindo de mim, eu teria simplesmente começado a gritar com ela se ela não tivesse começado a falar antes de mim.

― Katniss filha, isso que você está sentindo agora é completamente normal.

― Não é não, eu nunca senti isso, o que isso significa?

― Não é normal agora porque é a primeira vez que você sente, vai sentir muitas vezes daqui por diante e também vai ficar bem mais forte, são só os bebês Katniss, eles estão se mexendo na sua barriga pela primeira vez, isso é ótimo.

Foi a coisa mais estranha que eu já senti, não foi desconfortável e nem doeu, só foi... Assustador e saber que foi eles, e também talvez tenha sido bom senti-los pela primeira vez. Peeta e Gale continuam no chão olhando para mim, um com a cara mais idiota que a outra, mas acho que eu também estou com cara de idiota.

― Eles estão se mexendo de novo. – Diz a minha mãe, eles realmente estão se mexendo de novo e ela ainda está com a mão na minha barriga. – Peeta vem aqui sentir, antes que eles parem. – Peeta levanta do chão com a cara mais idiota do que antes, ele fica parado olhando para mim sem se mexer até que a minha mãe pega a mão dele e puxa ele, ela coloca a mão dele na minha barriga e ele sente. Ele fica tão aterrorizado quanto eu, mas ele dá um sorriso, é totalmente estranho, eu sabia que estava grávida, mas agora eu tenho certeza. Peeta tira a mão da minha barriga e puxa o Gale, que ainda está no chão.

― Eu tenho que ir Katniss, mas o Gale vai ficar com você. – Quando ele acaba de falar faz um leve aceno de cabeça para Gale, provavelmente para o Gale chegar mais perto de mim.

O Peeta sai do quarto quase correndo, eu ouço a porta bater quando ele vai embora. O Gale se senta na cama, ao meu lado e me pergunta se eu estou bem, ele também me pergunta se eu pretendo ter outro ataque de nervos. Eu respondo apenas sim e não, mas percebo que ele está sendo bem mais atencioso que o Peeta, não que eu esteja reclamando de algo, mas quem deveria estar fazendo essas perguntas para mim era o Peeta e não ele. Como já é de noite eu convido ele para ficar, e quando os bebês se mexem pela terceira vez, ele e não eu, coloca a mão na minha barriga, mas o que está acontecendo com o Gale e o Peeta?

Eles estão totalmente com os papeis investidos. No outro dia acontece algo muito estranho, Gale e mais seus três irmãos e sua mãe se instalam na casa do Peeta, mas o que está acontecendo? Eles começam a treinar, primeiro ficam se batendo, o que eu não acho que seja treinamento e depois eu e o Gale levamos o Peeta para a floresta, onde tentamos ensinar algo para ele, mas ele só é realmente bom em bater e na espada. E assim pelo resto do mês, Peeta aprendeu muita coisa com o Gale, segundo ele, eu quase não pude treinar, não por causa do Peeta e sim por causa da minha mãe e do Gale, ele está muito estranho.

Durante todo o mês o Peeta agiu de modo muito estranho comigo, ele sempre se afastava de mim, toda vez que eu sentia os bebês se mexendo ele saia de perto, como a minha mãe disse, eu estou sentindo eles muito mais vezes durante o dia, ainda não é tão forte, a minha barriga está um pouco maior, mas ainda dá para esconder a gravidez com algumas roupas, toda vez que eles se mexem eu fico triste já que provavelmente nunca os verei para acreditar que eu estou grávida de gêmeos, talvez o Peeta não queira se apegar, como eu já estou.

Enfim chega o dia da colheita, eu não dormi a noite inteira, ninguém dormiu a noite toda, ficamos na sala, Peeta, Gale e Haymitch conversando sobre estratégias, eu calada, estou vestindo a roupa mais frouxa, não tão frouxa, mas que dá para esconder bem minha barriga, que já aparecendo um pouco.

― Você já está pronta? – Minha mãe aparece na porta do meu quarto com cara de choro, eu vou até ela e a abraço, eu parei de chorar, já me conformei. Nós descemos as escadas e vimos Prim sentada no sofá, ela está chorando, eu converso com ela, mas ela continua chorando. Nós saímos de casa onde encontro Gale e Peeta me esperando, minha mãe e Prim vão na frente para que eu possa conversar com eles.

― E então Catnip, pronta para o jogo? – Gale fala tentando ser otimista, mas não está se esforçando muito.

― Sempre. Vou sentir muito sua falta Gale. – Eu e ele nos abraçamos, um abraço de despedida, quando eu e ele nos separamos ele começa a olhar para o Peeta com um olhar de tristeza, não uma simples tristeza, mas sim tristeza e dor dão para ver nos olhos dele.

― Vou sentir sua falta Peeta, de verdade. – Eu acho que meu cérebro está me pregado peças, mas eu juro que eu vi eles dois se abraçando, o Gale nunca demostrou gostar do Peeta e agora eles dois se abraçam, eles só podem estar querendo me deixar louca, Peeta fala alguma coisa no ouvido dele e ele responde em seguida e eles se soltam e Gale segue caminhando sozinho, sem ao menos falar comigo.

― Vamos? – Pergunta o Peeta para mim, eu e ele vamos andando em silêncio até a praça.

Eu queria muito saber o que está acontecendo com ele e o Gale, eles nunca foram amigos, nem ao menos desejavam um bom dia para o outro e do nada o Peeta tenta defender o Gale de um pacificador, eles começam a conversar, depois o Gale e a família dele vão morar na casa do Peeta e agora eles simplesmente se abraçam, como se fossem amigos. Nós subimos no palco montado na praça, Effie, que não está nada animada, chama o primeiro nome, Haymitch foi o sorteado e Peeta se oferece como voluntario, ela tira o meu nome em seguida e como da última vez, eu e Peeta apertamos as mãos. Um grupo de pacificadores vem para nos levar para a estação, sem despedida. O trem, como sempre já está nos esperando, assim que entramos ele começa a andar, sem enrolação, os jogos precisam começar.